Na residência Sparkle, Thomas havia acordado com uma enorme dor de cabeça. O garoto sentia uma vontade enorme de ficar naquela cama confortável, mas ele sabia que teria que levantar para fazer algo.
   
Após escovar os seus dentes, desceu as escadas enquanto olhava suas últimas mensagens no celular. A maioria eram de pessoas que ele nem sequer conhecia, então, preferiu ignorá-las e partir para as mais importantes.

Colégio Easton - Grupo

Louis: GALERAAA, que tal uma festa hoje?

Beverly: Uma festa hoje, Brett? No meio da semana?

Louis: Qual é problema? Relaxa, docinho. Que eu saiba hoje é feriado.

Brett: Eu topo!

Beverly: E seria na casa de quem?

Louis: Bem, poderia ser na casa do @Thomas. O que você acha, cara? 

   Vendo aquelas mensagens, Thom respirou fundo e balançou a cabeça. O rapaz era cansado de tantas festas que faziam quase toda a semana, que nas quais causavam confusões e lixo, muito lixo espalhado pela sua casa.
   
   No entanto, Thomas nunca teve coragem de falar um "não" para eles. Ele sempre era o "bom moço" da história que nunca rebatia nada.

Thomas: Claro, cara! Só trazer as bebidas e chamar as pessoas :D Sem problemas. 19:23, beleza?

   Ele suspirou olhando aquela mensagem e ao saiu do aplicativo de conversa, Beverly começou a ligar.

– O que é?

– Ai, seu grosso! — Ela disse ofendida. – Deve ser por isso que a Grace não gosta de você.

– Pode falar logo? 

– Hm… Ok. Bem, eu acabei de ver a sua mensagem no grupo e tive uma ideia I N C R Í V E L!

– Lá vem… — Thomas bufou.

– Que tal você convidar a Grace para a festa?

– O quê?

– É! Eu falei com ela que estávamos planejando fazer uma festa na sua casa, e ao invés da Grace reclamar, ela ficou calada!

– Ahn… Isso não significa nada, Bev.

– Você é um tonto! Ela quer ir pra essa festa.

– Ela te disse isso?

– Não! Mas expressou!

– O.k, o.k… Então você quer que eu convidei a Grace, é isso?

– Sim! Então você conseguirá passar mais tempo com ela.

      Thomas pensou um pouco no que Beverly disse e tinha que admitir que era uma boa ideia. Era uma oportunidade perfeita para Grace conhecê-lo melhor. Bem, pelo menos talvez seja uma oportunidade perfeita.

– Tá. Não sei se ela vai aceitar, mas é uma tentativa de meio "encontro".

– Ótimo! Me avise se tiver alguma novidade.
 
    A garota desligou e Thomas foi para sua lista de favoritos. Clicou em "Grace 💖" e ligou para a pizzaria.

– Pizzaria Central, em quê posso ajudar?

– Quero uma pizza de quatro queijos.

     Conversou com a atendente por mais um tempo e depois de dizer tudo, se jogou no sofá mais próximo e esperou a entregadora chegar.

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    Desde que se jogou no sofá, Thomas dormia. Ok, talvez ele tenha passado a madrugada jogando videogame, mas não era sua culpa, ele estava com insônia.
  
Porém, o seu sono foi interrompido com o barulho da campainha tocando várias vezes. Thomas esqueceu da pizza. Ele se levantou o mais rápido que pôde e caminhou até a porta, a abrindo e se deparando com o rosto nada feliz de Grace — não tão diferente das outras entregas.

– Garoto, deixa eu te avisar uma coisa. Quando você pede uma pizza ou qualquer outra coisa você tem que ficar ATENTO a campainha, ouviu? — Ela disse enquanto entregava a caixa de pizza. – Eu estou a quase 20 minutos aqui parada.

– Ah...Eu acabei "pegando" no sono. Foi mal, Grace. — Thomas pegou a caixa.

– Dá próxima vez que isso acontecer eu deixo a pizza aqui mesmo no chão. — Ela suspirou. – Não preciso falar o valor da pizza pra você.

   Thom deu um sorriso para ela e entregou os 5 dólares.

– Hey, e a sua chefe? Reclamou por sua demora?

– Não. Eu disse para ela que eu cai na lama. — Grace sorriu fraco.

– E funcionou? — Ele arregalou os olhos e ela concordou. – Wow. Eu não esperava que a minha ideia iria dar certo.

– Se eu falasse que eu entrei na casa de um cliente e começamos uma guerra de brigadeiros ela provavelmente iria me comer viva. — A entregadora colocou o dinheiro no bolso. – Bem, eu já vou indo. Até mais, tapado.

    Ao ver Grace caminhar até a sua motocicleta, Thomas estava entre convidá-la enquanto é tempo ou deixá-la ir com medo de receber um "não". Mas o pior que iria ocorrer era não tentar.
   
– Espera, Grace!

   Ele andou até a garota e parou em sua frente, enquanto ela o olhava com um olhar confuso e esperando que Thom falasse algo.

– É que… Bem, eu acho que você já sabe sobre a festa que eu vou fazer hoje à noite.

– É… A Beverly me contou.

– E eu queria saber se você… Se você gostaria de vir.

   A entregadora arregalou os olhos em surpresa com o que ele dissera, enquanto o garoto suava frio esperando que ela lhe socasse ali mesmo.

– Você… Está me convidando pra sua festa, Thomas?
 
   Thomas concordou e Grace começou ao seu redor esperando encontrar alguma câmera escondida ou algum dos amigos dele, mas simplesmente não encontrou ninguém por ali.

– Hoje à noite eu não irei trabalhar, então… O.k, eu posso aparecer.

– E-espera, v-você está falando sério? — Falou o garoto com um sorriso no rosto.

– Era para eu falar "não" ou algo assim? — Ela perguntou confusa.

– Não! Claro que não! É que eu estou surpreso que você aceitou. Esperava que você me desse às costas, sei lá. — Ele riu fraco.

– Hm… Eu não tinha pensado nisso. — Ela brincou. – Eu vou perguntar para Beverly se ela pode aparecer lá em casa para nós irmos.

– São às 19:34, não esqueça.

– Beleza.

Ela se virou, subiu em sua motocicleta e colocou o seu capacete vermelho. Thomas acenou para ela com um sorriso e Grace apenas ligou o automóvel e foi para a pizzaria. Ele tinha que garantir que aquela festa seria incrível.

   Às 19:13, Thomas se encontrava em seu quarto escolhendo a roupa mais adequada para aquela noite. Desde que Grace foi embora, ele começou a arrumar aquela casa e deixar um pouco mais apresentável — mesmo que iriam deixar tudo bagunçado depois. Ele decidiu usar uma blusa preta acompanhada de um casaco com listras e uma calça confortável. O garoto esperava que não estivesse parecendo formal demais.
   
Ao terminar de colocar os seus tênis de cor branca, escutou vários gritos e barulhos vindo do lado de fora do quarto. Confuso, saiu dali e percebeu que várias pessoas se encontravam na sala bagunçando tudo. "Eu avisei que era às 19:34!", Pensou Thom inconformado.

– EAE THOMAAAAS, GOSTOU DA NOSSA SURPRESA? — Gritou Louis percebendo a presença do amigo.

– Cara, você já está bêbado? — Ele arqueou as sombras.

– Qual é o problema, "bom moço"? Para de reclamar e vai beber também. — Ele disse segurando uma garrafa de whisky enquanto uma morena ficava ao seu lado lhe dando beijos pelo pescoço.

– Não. Eu não vou beber. — Thom suspirou. – Você viu a Beverly?

– A Beverly? Aquela fracassada? Ela trouxe a BOSTA da entregadora de pizzas. Daqui a pouco ela vai deixar os populares e se "mudar" para o clube daqueles idiotas.

– Onde ela está? — Ele perguntou tentando ignorar os insultos que o amigo falava de Grace.

– Ela estava na cozinha, sei lá. Por que você quer saber?

    Sem responder Louis, Thomas passou por meio da multidão apressado e parou na entrada da sua cozinha. Realmente MUITO impressionado com o que via em sua frente.

   Grace estava acompanhada de Beverly. Ela usava um vestido longo de cor bege com arabescos de flores, que realçava a sua maquiagem leve. Thomas a achava bonita de qualquer forma, mas naquele dia ela tinha se superado em todos os sentidos.

– Ah, olha o Thomas ali! — Pude escutar Beverly falar. – Vamos até ele?

   Logo depois, Grace cochichou algo no ouvido de Bev, que a fez gargalhar antes de se aproximar de Thom junto com a loira.

– E então? Como estamos? — Beverly tentou se referir a elas duas, mas o Thom só conseguiu olhar para Grace.

– Vocês estão incríveis, sério. — Ele sorriu.

– Ah, ainda bem. Só para essa madame loira escolher um vestido que ela gostava demorou  1 hora. Pelo menos eu fiz um bom trabalho.

    Grace pisou no pé de Beverly, que provavelmente se arrependeu do que tinha dito. Enquanto isso, o garoto ria.

– Mudando de assunto… Você viu o Louis? Queria falar com ele.

   A vontade de Thomas era de contar que Louis estava aos beijos com uma outra garota  mas ele tinha medo de estragar o relacionamento dos dois ou Louis até acabar a amizade.
  
Todas as festas era a mesma coisa. O amigo de Thomas ficava com todas as garota e Beverly continuava a procura dele. Claro, ele fazia isso sem a presença dela e os seus amigos — ou seja, a escola inteira. — não falavam nada a respeito.

– Não… Ele deve estar com o Brett. — Thom deu um sorriso nervoso.

    Por mais errado que o Louis estaria, o medo de fazer Bev se chatear era inevitável. Ele não queria estragar a noite dela. Ela se arrumou o restante da tarde inteira com a Grace para no fim chegar e voltar para casa angustiada? Não, isso não aconteceria.

– É, você tem razão. Maaaas, mesmo assim, eu vou andar um pouco pela sua casa. Vai que eu o encontre. — Ela deu uma piscadela. – Grace, se importa em ficar sozinha por um instante?

– Mas Beverly, você prometeu que iria ficar o resto da festa perto de mim.

– Sério, eu não vou demorar. Você pode até ficar conversando com o Thomas, se você quiser.

   Grace me olhou dos pés a cabeça como se estivesse me analisando, mas no fim, ela cruzou os braços e suspirou.

– Não demore.

   Beverly deu um olhar de felicidade para Thomas e sorriu, saindo rapidamente na cozinha o deixando com a Grace e um bando de adolescentes loucos comendo tudo que tinha na geladeira.

Já faziam 10 minutos que a amiga da loira tinha saído e o silêncio reinava entre os dois adolescentes. Grace parecia entediada enquanto olhava para o teto, enquanto Thomas olhava para os seus próprios pés e com as mãos no bolso.

Não aguentando o pavor daquele silêncio, Thomas decidiu puxar algum assunto aleatório.

– Então, você já veio em alguma festa antes?

Sério, de todos os assuntos diversificados do mundo, de todos os assuntos que poderiam render uma boa conversa, porquê Thomas decidiu fazer essa pergunta tão tosca e sem sentido?

Grace arqueou suas sobrancelhas e se virou para o garoto, que naquele momento se arrependia amargamente da pergunta

– Eu posso te fazer uma perguntinha básica? — Thomas concordou. – Você conhece alguém no colégio Easton que nunca foi para uma festa?

Dessa vez, Thomas negou.

– Foi o que eu pensei. — Ela deu um sorriso forçado.

– É que eu não te vejo em nenhuma festa…

– É porquê eu não vou. — Ela olhou para o lado. – Eu só fui em uma única festa, que realmente foi um fiasco total. Tinha decidido não ir mais para nenhuma festa adolescente, mas, cá estou eu.

Ela deu de ombros e eu confirmei com a cabeça, enquanto os olhos dela se mantinham em Brett, que pegava algumas bebidas e as misturavam, logo bebendo entre os amigos bêbados.

– Ei, Grace! Tá olhando o quê? Vai dizer que quer beber com a gente? — Gritou Brett rindo com os amigos.

– Eu nunca beberia com vocês.

– Ah, é mesmo. Eu esqueci que você além de entregadora de pizzas você não pode beber, já que trabalha amanhã. — Ele deu um sorriso maligno.

  Thomas pôde ver Grace apertar os seus punhos fortemente e logo depois, respirar fundo.

– Você está falando com a entregadora errada.

Thom não entendeu no momento o que ela quis dizer com aquilo, mas ao ver Grace se aproximar dos seus amigos idiotas. Entendeu muito bem o que ela iria fazer.

– Quer dizer que vai mesmo beber com a gente? — Um dos garotos falava rindo.

– Por quê não?

– Não. Ela não vai beber com vocês. — Falou Thomas olhando diretamente para Brett.

– E quem é você para decidir o que eu quero ou não fazer?

   Os quatro amigos do rapaz começaram a debochar e deram altas risadas com o comentário de Grace. Thomas estava ficando irritado.

– Gra—

Thomas iria falar, mas foi interrompido ao se surpreender em ver a entregadora tomando  copos cheios de bebidas. Não tinha o que fazer. Ela não iria parar agora.

Enquanto o garoto observava os garotos celebrarem ao ver a garota tomando vários copos de uma vez, a mesma já estava cambaleando para os lados, parecendo super bêbada.

Ao ver que ela tinha parado por um instante, Thom percebeu que seria a hora perfeita para parar com aquilo.

– Grace, vamos. Você vai morrer se continuar bebendo desse jeito. — Ele puxou o braço dela.

– Queeeem você pensa que é, Thomas? Não é porque você é popular que você mandaaa em mimmmm. — Ela dizia entre soluços.

– Eu nunca pensei que falaria isso pra você, mas para de falar, Grace.

    Os dois saíram da cozinha e se dirigiram até a sala, onde o volume da música estava no máximo e as pessoas dançavam como loucos.

– Aaaaaa eu AMO essa música. Vamos dançaaaar, Thoomas? — Ela dizia enquanto segurava na gola da camisa dele. – Só uma musiquinha.

   O rapaz gostaria muito que ela tratasse ele dessa forma quando está sóbrio, mas isso não acontecia. Thom não iria aproveitar que Grace estava bêbada.

– Não. Você não vai dançar nada.

– Eu vou sozinha então, chatu.

   Rapidamente, Grace conseguiu se largar de Thomas e começou a andar até uma mesa que estava rodeada de pessoas, onde subiu encima.

O garoto não poderia acreditar no que estava vendo.

A loira dançava loucamente ao som da música enquanto os garotos gritavam, em sentido que estavam gostando daquilo — provavelmente porque aparecia a calcinha dela.

Thomas, cansado daquilo, foi até a mesa e sem mais nem menos, pegou Grace no colo tirando de lá, recebendo olhares curiosos.

– Eii, me larga, seu idiota! — Ela disse batendo no ombro dele. – Eu não gosto de você!!!

– Eu sei, não precisa dizer.

– Se vucê sabe porque anda atrás de mim igual a um cachorrinho? — Ela disse em voz alta, fazendo com a maioria olhasse, já que a próxima música era baixa.

– O quê?

– É, em todos os lugares que eu vou você vai. Todos os dias você liga pra onde eu trabalho. Qual é o seu problema?

Naquele momento, todos os adolescentes ao redor cochichavam e alguns riam baixinho. O DJ, também curioso para ouvir, decidiu parar o som. Thomas não sabia o que fazer.

– V-você está enlouquecendo. Eu não faço isso.

– Gente, dá pra acreditar? O mais popular do colégio está apaixonadinho por mim, uma entregadora de pizzas. — Ela riu enquanto dava alguns soluções. – Por que não admite, Thomzinho?

Prevendo que ela não iria parar de falar, Thom subiu as escadas passando por algumas pessoas deitadas no chão bêbadas. Se encaminhou até o seu quarto e entrou, deixando Grace em sua cama.

– Ei, por que você me trouxe pra cá? Eu não sou uma das suas garotinhas que você leva pra cama.

– Você não é mesmo... — Ele disse baixo enquanto sentava se em uma poltrona.

– Eu quero voltar pra festa.

Grace ficou de pé e caminhou até a porta, mas foi impedida pelo garoto que a segurava pela cintura. E naquele momento, os seus rostos estavam mais próximos do que nunca.

A garota olhou para Thomas por um minuto, esperando que ele a beijasse ou fizesse qualquer outra coisa, mas ele apenas a levou até a cama e a deitou.

– Por que você não me beijou? — Ela disse com seus olhos pesados quase adormecendo.

– Eu nunca me aproveitaria de você, Grace.

Thomas passou a mão pela cabeça dela e logo a cobriu com um de seus lençóis.

O garoto poderia ser um babaca como ela dizia. Poderia ser um idiota, um tapado e tantas outras coisas. Mas ser um aproveitador era uma coisa que ele nunca seria. Principalmente se a pessoa pela qual se aproveitaria seria Grace.

Thomas ficou olhando a garota por alguns instantes a vendo dormir. A sua noite não tinha sido tão incrível como imaginava que seria, mas estava feliz pela entregadora ter dado uma chance e vir para a sua festa.

Depois de um tempo, Thomas se levantou com a intenção de fazer a festa parar. Mas ao se virar, se deparou com uma mulher de cabelos loiros encaracolados até os ombros e vestindo uma roupa super formal o olhando com um olhar nada feliz.

– Eu posso saber o que você fez nessa casa durante todo esse tempo em que eu estive fora, Thomas Sparkle?