CAPÍTULO 4 - Sensações
Algo dentro de Estela dizia que Paulo estava com problemas, no íntimo do seu ser, uma voz singela vibrava, ecoava dentro dos seus pensamentos. Intuição, a famosa intuição, que naquele instante tratava-se do espírito de Dora, mãe desencarnada de Paulo, a lhe inspirar pensamentos.
- Estela minha querida, procure ouvir-me, Paulo não está bem, seja forte, seja muito forte, algo está por vir, mas não se preocupe, a espiritualidade amiga está contigo...
Estela não conseguia compreender de onde vinham aqueles pensamentos, algo forte pulsava em seu coração. Ao mesmo tempo que sentia um sentimento de conforto, também sentia algo pedindo para ter coragem. A intuição lhe dizia que seu esposo não estava bem e que precisava ser forte. Seu coração se encontrava acelerado, com a mão tentou afastar aqueles pensamentos que pareciam ser mais avisos, e continuou seguindo o seu percurso.
O carro de Estela para em frente à casa de sua mãe. Ela bate na porta.
- Mamãe?
- Sim filha! Pode entrar estou na cozinha.
A voz carinhosa de sua mãe lhe trazia conforto. O amor de mãe é incomparável, singelo e simples. Estela lembrou naquele momento de sua infância, simples, mas muito amada e protegida por seus pais. Passando pela sala viu o porta retrato, uma foto, uma recordação sua com o seu pai.
Ah, quanta falta fazia o seu paizinho, as cócegas, os dias no parque, onde seu pai Jonas, adorava lhe ver descendo pelo escorregador, ajudava no balanço, e naquele momento a lembrança veio em mente.
Era um dia lindo de domingo, Jonas e Estela no parque do quarteirão, a luz do sol brilhava intensamente, parecia envolver o seu espírito, quanta alegria, felicidade fraterna.
- Papai, me balança mais alto!
- Lá vou eu, se segura filha!
- Mais alto papai, mais alto! Isso!
Quantas risadas, momentos vívidos, alegrias compartilhadas. Primeiro dentinho, primeiros passos, primeira palavra dita. Estela lembrava de tudo aquilo com tanta saudade, e estar ali, lhe trazia em mente todas essas recordações. Ela sabia que seu pai a amava muito, e com sua partida todos sofreram. Estela, voltou a realidade quando sentiu um aroma gostoso vindo da cozinha.
- Mamãe, que cheirinho delicioso, o que a senhora está fazendo?
- Uns biscoitinhos daqueles que quando você era criança adora come-los, às vezes gosto de fazer. Fazia tanto tempo que você não vinha tomar um chá comigo. Tem horas que me sinto tão sozinha aqui, falta de você, de seu pai...
- Há mamãe, faz mesmo viu! Também sinto saudades, muita mesmo. Acredito que o meu quarto está do mesmo jeito, não é verdade?
- Do jeitinho que você deixou quando se casou com Paulo, gosto de entrar lá quando estou com saudades de você, me sinto muito bem. Venha, vamos para a sala, lá conversaremos melhor.
As duas dirigem-se para a sala.
- E o Paulo não veio com você?
- Ele disse que não estava se sentindo bem, disse que estava muito cansado e que preferiria ficar em casa.
- Tudo no seu devido momento minha filha! Nada de pressa!
- Isso mesmo mamãe, cada dia aprendo mais com a Senhora. Mas sabe mamãe, senti ele triste, o que será que estava acontecendo?
- Deve ser problemas no trabalho, stress minha filha! Nesse mundo corrido que vivemos somos cobrados toda hora pela sociedade, pelo trabalho, a vida realmente não está fácil, muitas responsabilidades! É normal não estarmos bem de vez em quando.
- Verdade mamãe, quando estava no carro meu coração acelerou, senti uma forte intuição, algo pedindo para ter coragem.
- A vida nesta terra nos pede coragem, resignação e paciência. Tenha fé minha querida, você também deve estar cansada. Agora vamos tomar o nosso chá, ele está um delicia com esses biscoitinhos.
Tranquilamente o chá foi tomado, conversa vai, conversa vem, é chegada a hora de ir ao centro.
- Já está na hora de irmos ao centro, vamos mamãe?
- Vamos! A conversa estava tão agradável que nem percebemos que a hora estava avançando. Vou pegar meu casaco.
As duas saem sorridentes, alegres por estarem aproveitando momentos juntas. Ao chegar no centro espírita, sentam-se confortavelmente, onde todos aguardam se estabilizar o silêncio para assim iniciar.
- Silêncio por favor, vamos em poucos minutos dar início a nossa palestra aberta.
Pediu com voz de carinho uma senhora de cabelos grisalhos, voz doce e cheia de paz.
- Mãe, quem é ela?
- É Carmélia, ela é a nossa médium e dirigente deste centro espírita, ela quem vai nos presentear com a palestra de hoje.
- Ela parece ser uma senhora muito meiga!
- E ela é. Vamos agora prestar atenção, pois a palestra já vai iniciar.
Todos em silêncio, vibrando em sintonia de paz e oração, dá-se início a palestra.
- Iniciemos com a nossa prece inicial: Pai, Dá-nos, Sagrado Princípio, o amparo das Legiões Mensageiras; envia-nos, Pai Divino, a Luz da Verdade, para que possamos trabalhar na direção do bem, a fim de trilha o caminho que conduz à divinização do espírito. Inspira Teus filhos, Senhor, no sentido de conhecer a verdade e praticar o bem, porque fora disso ninguém é cristão, ninguém desabrocha o cristo interno, que é o sagrado objetivo da existência. Assim seja, Amém.
Estela não percebia, mas próximo a ela estava a pequena Letícia que era tutelada por Dora, mãe de Paulo, aquele anjinho pequeno que sorria constantemente pra ela.
- Como eu fico feliz de ver minha mamãe, muito obrigado vovó Dora!
- Não poderíamos perder essa chance minha pequenina. Momento esse em que sua mãe terá notícias mais concretas de você, e saberá que você não é somente um sonho.
- Estou tão feliz, eu a amo tanto, estou com medo de voltar e ela não gostar de mim!
- Ela vai gostar sim de você, você será de grande importância para fatos que estão a prestar de acontecer, será uma gotinha de amor e de união!
- Eu espero cumprir a minha missão e poder ser amor na vida de meus pais.
- Não tema pequenina, quem ama de verdade nunca esquece, você estará em outro corpo, mas será a mesma menina, doce de sempre.
- Vovó quando eu poderei ver ela novamente?
- Hoje, quando o corpo físico dela adormecer você poderá vê-la, será a última vez antes de você reencarnar.
- Certo vovó, muito obrigada por tudo!
- Agradecemos pequenina a Deus, Ele é quem nos concede as graças divinas.
- Vovó ela pode me sentir?
- Ela sente sim uma vibração de amor e paz, mas não consegue identificar o que é.
- Que bom que logo estarei nos braços dela, e assim ela poderá me sentir e me ver!
- Isso mesmo, agora vamos, temos que ir ao Departamento de Comunicação, de lá você visitará sua mãe e em seguida partiremos para o Departamento de Reencarnação.
- Certo vovó, vamos! Que Deus abençoe minha mamãe!
O espirito de Letícia e de Dora partiram para a colónia, enquanto isso, o tempo passou e a palestra terminará.
- Mãe, senti uma sensação tão grande de amor, como se alguém estivesse perto de mim.
- Quando cultivamos bons pensamentos, atraímos bons espíritos para nosso meio. Agora vamos ali conversar com Carmélia, ela vai aplicar os passes agora, vamos perguntar se ela pode aplicar em você.
Estela e Vânia seguem a procura de Carmélia.
- Boa noite Carmélia, que linda exposição! Essa é a minha filha Estela, gostaria que você a conhecesse.
- Sua mãe fala sempre de você. É uma alegria conhecê-la, que linda moça você é!
Carmélia demonstrava alegria em conhecer Estela.
-Também fico alegre em conhecer a Senhora! Foi uma linda palestra, aprendi bastante.
- Não precisa me chamar de Senhora, pode me chamar de você, dispensemos essa formalidade.
Risos singelos emanaram de ambas as partes.
- Carmélia, é a primeira vez de minha filha no centro, você poderia aplicar um passe nela? Se fosse possível é claro!
- Posso sim e com toda a alegria, por favor me acompanhe Estela.
Carmélia e Estela seguiram para um pequeno quartinho todo iluminado por uma cor azul.
- Sente-se, por favor!
- Obrigada!
O passe foi inicializado. Enquanto isso, em casa, Paulo encontrava-se na mesa de jantar, pensativo.
- Não sei como contar para Estela, aquele sentimento de tristeza me aflige novamente. Amanhã terei que sair cedo, irei fingir que vou trabalhar, mas não sei para onde eu irei. Me ajude meu Deus, me ajude.
Retornando ao centro, a sessão de passe se encontrava no final.
- Como está se sentindo agora?
- Eu já estava bem e agora estou muito melhor! Muito obrigada dona Carmélia!
- Não se assuste com o que vou lhe falar, mas a todo momento, durante a palestra, vi perto de você uma pequenina criança, semblante de alegria e de amor.
- Tratava-se de uma menina ou menino?
- Os espíritos não possuem sexo, mas seu perispírito apresentava características femininas.
- Então é minha filha, a menina que sonhei a alguns dias atrás.
- Ela olhava o tempo todo para você, parecia tão feliz.
- Eu estou tão emocionada, que felicidade, obrigado meu Deus por não ser somente um sonho.
A voz em entonação de emoção, fez daquele momento muito especial. Confirmação de que aquele não era somente um sonho, mas de alguma forma um momento vivido pelo espirito.
- Com ela tinha uma senhora que lhe acompanhava, e antes da reunião iniciar, se apresentou a mim com o nome de Dora.
- Dora? Não estou acreditando! Ela é a mãe do Paulo, meu esposo! Estou tão feliz, será que posso lhe dar um abraço?
- Claro!
Um abraço de conforto e sensibilidade foi reciproco. Estela estava muito emocionada e não acreditava que tudo aquilo era real.
- Obrigada Deus por tudo, muito obrigada!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro