Verdade ou Desafio.
Já não tinha muitos mais convidados, alguns dormiam nas cadeiras, outros apoiados na mesa, o Dj se tinha ido embora e apenas Hélio e seu grupo de amigos bem como Sérgio continuavam empolgados.
— Hora de verdade ou desafioooo — gritou Osvaldo com a garrafa de gin Gordon erguida no ar.
Um grito eufórico de jovem a caminho da embriaguez se ouviu pelo salão quando todos empolgado assumiam um lugar na roda.
— Eu começo — gritou uma menina — nunca tivera participado de um jogo, porém, assisti netflix vezes demais para saber como funciona. Alguém da roda girava a garrafa e fazia uma pergunta e dava um desafio a quem a garrafa estivesse direcionada. Participar de um desses jogos era algo interessante que sempre desejei fazer.
Seria com amigos mas, por agora e com minha estimativa de vida, conseguia me contentar em fazer com uma dúzia de amigos de Hélio dos quais conhecia apenas seis dos mesmos e outros tivera ouvido seus nomes quando alguém se dirigisse a eles.
Então a primeira ronda começou, a garrafa foi girada por Suzana, a baixinha trunchuda que pela forma que esteve perto do Zeca durante a noite só podia ser sua namorada.
— Verdade ou consequência? — perguntou Suzana com o sorriso provocador
— Verdade...
— Ah... Não estraga a brincadeira — gritaram alguns deles
— Estamos só a aquecer...— defendeu-se o rapaz
— Fale alguma coisa que tem no seu histórico de navegação que ficaria constrangido se alguém visse!
— Meu link para Xvideo — contou com deleite e gozação levando todos do prazer á repulsa.
— Que nojo Carlos — disse Carmen
— Vai dizer que nunca subiu a temperatura com Hélio? — Carlos quis saber
— Não me envolva nisso, Carlos — se impôs Hélio com aquele sorriso esnobe.
A garrafa é girada, dessa vez foi Sérgio o sorteado.
— Verdade ou desafio, Sérgio?
— Desafio — disse Sérgio com satisfação.
— Te desafio a nos proporcionar um show de striper por 5 minutos .— Sorri curiosa. Com meu sorriso veio grunhidos divertidos do resto dos participantes.
Sérgio não pareceu nenhum pouco afetado pelo desafio dado pela garota, pelo contrário, estava radiante. Bebeu todo conteúdo do copo e entrou na roda de onde a garrafa foi retirada.
— Olhem como se faz — avisou.
Com lentidão e emanando sensualidade Sérgio abriu o cinto da calça e o puxou lentamente pondo em seguida em volta do seu pescoço, rebolava e fazia a famosa dancinha do makeup que se resumia em passar as mãos sobre o peito vagarosamente lamber o dedo depois de apontar para os próprios genitais.
Quanto mais nosso anfitrião dançava mais os grunhidos se intensificavam, pareciam todos familiarizados com a situação que apenas sorriam tal com como eu, embora abismada.
— É isso aí... — Splaudiram
Como se jogassemos gasolina no incêndio Sérgio tirou totalmente sua t-shirt exibindo a boa forma física debaixo da falsa magritude.
— Alguém acabou de ter um infarto — gritou Suzana
Olhei para os lados e vi Lucia abanando o rosto enquanto fingia passar mal no colo da Carmen, com um bom e empenhado striper, Sérgio jogou-lhe a ponta do cinto e a puxou para junto de si no meio da roda. Ato que terminou em beijo caloroso iniciado pela menina aumentando a euforia. Por sorte ou talvez maldição de Sérgio, o cronômetro apitou.
— Terminaram os teus 5 minutos de espetáculo — disse Carmen.
— Eeee... — murmuram.
— O jogo continua — anunciou Milton em alto e bom tom.
Não era difícil perceber o clima pesado em volta, não só podia sentir a repentina tensão instalada na atmosfera como podia ver nos olhos de Hélio, então não foi tão difícil deduzir o drama que rolava entre os amigos, Carmen, Hélio, Sérgio e agora Lúcia estava envolvida.
— Verdade ou desafio?
— Verdade.
— Se considera uma pessoa egoísta?
— Sim e não me sinto culpada por me colocar antes que qualquer outra pessoa. Antes que perguntem — frisou Carmen.
Vi o olhar Suzana revirar os olhos e sacudir a cabeça quando o jogo continuou. Enquanto tentava lidar com minha mais nova descoberta ouvi as palavras.
— Desafio — Hélio respondeu, arqueei o sobrolho direito questionadora, o que ele faria?!
— Meu Brother — começou Sérgio, quero que escolhas uma menina entre nós e beijes todos os lados dela, da cintura para cima... — meu coração falhou me senti tonta, essa última talvez fosse pelo shot de Gordon que dei mais cedo. — terminando bem aqui — tocou os próprios lábios.
Parte de mim ansiou ver isso, outra parte morria de medo do que aconteceria quando o olhar do Hélio segurou o meu. Naquele momento esqueci-me de respirar.
Foi difícil decifrar, o que seus olhos diziam, talvez Amônia já não fosse composto capaz de ler Hélio ou talvez meu cérebro não soubesse descodificar tal mensagem. Senti falta de ar e concentrei o olhar nos gestos do garoto a minha frente. Foi quando Hélio estendeu a mão para uma garota que sequer sabia o nome, a segurou olhando para mim e depois para ela.
Diferente da outra vez, houve silêncio, até a música tivera parado nos meus ouvido, eu sentia o drama, o ouvia sossurar "não foi escolhida".
Continuei presa nos movimentos de ambos, com a garota deitada sobre o casaco de Sérgio, o primeiro beijo foi dado e logo o segundo.
— Qual é Hélio? Ninguém chamou a polícia. — repreendeu Sérgio — Então faz isso direito.
— Não precisa ter pressa — desdenhou Carmen.
Foi então que o primeiro golpe foi dado. Seus labios tocaram a pele nua da garota com delicadeza, a seguir outro beijo e assim o beijo seguinte. Os beijos subiam cada vez mais. Vi seu peito subir e descer profundamente absorvendo a sensação daquele contato enquanto meus olhos sequer se conseguiam fechar. Por mais que tentasse não conseguia desviar o olhar, vi cada beijo, cada região que suas mãos tocaram e cada ofegar da garota até que o ato final aconteceu. Hélio a beijou na boca como dizia o desafio, beijo tão longo que pareceu durar mais que o resto da festa.
— Caraca, é assim que se faz — aplaudiu Carlos.
— Isso merece um shot — ofereceu Carlos. Hélio bebeu o líquido e olhou para mim.
O que era suposto fazer?
Sorri, não sei como, meus músculos faciais apenas acharam conveniente camuflar minhas futuras lágrimas com o sorriso mais falso que dei por toda minha vida.
Embora tudo que eu quisesse agora fosse correr para casa, fiz o que sempre tinha feito, fingi estar bem, fingi não sentir dor, outro bônus vindo da IDP.
O jogo continuou, como se minha dor não importasse, como se não existisse.
— Verdade ou desafio — olhares se voltaram em minha direção, todos olhavam para mim e por meros segundos me senti perdida até ver a maldita garrafa em minha direção.
— Desafio!
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