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Parte 15

A felicidade no rosto de Daisy desapareceu como uma bomba atômica que varre uma cidade em segundos. Quando saiu da área nobre de Londres, um sopro de uma lembrança sobrevoou sua mente, afastando para longe o momento e trazendo o passado.

O movimento de seu carro emulou o do trem, e as rodas que se arrastavam no asfalto imitavam o barulho metálico dos trilhos. Até as pichações nos prédios recordavam a antiga cidade, e a brusca freada que teve de dar recordou o momento em que Angelo segurou seu pulso, numa parecida distração, seguida do despertar do transe que os pensamentos criavam.

— O que foi, Daisy? — perguntava o namorado, segurando seu ombro em preocupação.

A tão atenta moça nunca dera sinais de distração sob o volante para ele, por isso o estranhamento daquela repentina parada. O traço estava longe de si quando o conhecera, e não se insinuara na mente há mais de dois anos. Agora que se aproximara da antiga garota reflexiva, estranhava aquela sensação, como um mendigo que estranha a antiga casa. E de repente retornava à mulher atual, jogando-se na indigência da antiga Daisy.

Mesmo a casa da amiga sendo simples e parecida com a de Madeleine, a memória era impedida de entrar em sua cabeça, e o presente se aproveitava para recheá-la de prazeres momentâneos, momentos que não queriam ir embora, mas no fim não durariam, virariam só memórias e se misturariam às outras que eles suprimiram. Qual seria a lembrança mais significante e agradável é a indagação que as separa.

*

Na manhã seguinte, acordou com uma forte enxaqueca. O sussurro da mãe em sua orelha soou como o sino de uma catedral, e não pôde deixar de despertar rapidamente, perdendo em segundos a luta com o corpo para deixar a cama.

No dia atual ela teria que mostrar a casa antiga à interessados na compra, já que seus pais estariam ocupados o dia todo. Mostrar a casa na qual os pais mal ficavam justamente quando eles mal ficam em casa.... A rotina voltava à vida de Dayse, mas agora existia a diferença de idade e amadurecimento. Não seria mais aquela garotinha carente que passava o dia trancada em casa lendo ou manchando de tinta telas de pano. Agora era livre, e os ajudaria pela bela comissão que teria direito, não pela obrigação moral de uma filha.

Um casal de meia idade a esperava no portão, e lançaram-na um sorriso e estenderam a mão quando a viram. Daisy respondeu com a mesma expressão, mas em tom amargo. Não gostava da situação em que estava, e a mudança no rosto do casal mostrava como ela desaprendera a se fingir socialmente. Murcharam o rosto em reflexo com o dela, que acabou rapidamente com o embaraço iniciando a visita na casa.

A mulher comentava algo com o marido sobre a arquitetura das janelas, mas era interrompida pela moça apressada, que girava com rapidez a chave na fechadura e empurrava a porta. Ela simplesmente falava em qual cômodo estava, e tinha a impaciência como vencedora da disputa com a ganância. Queria vendê-la, mas não estava a fim de se esforçar pra isso.

O casal discutia sozinho sobre cada detalhe do local, e mostravam interesse na compra e entusiasmo enorme com a casa. Planejavam onde colocariam cada adorno, de que cor pintariam cada parede pálida do andar de baixo, como usariam os quartos vagos no andar de cima... E Daisy pausava novamente o entusiasmo com sua pressa e dava uma desculpa esfarrapada a eles, um eufemismo qualquer para expor a impaciência. Mas não adiantou. O interesse pelos detalhes visuais do lugar destruiu suas chances de conseguir o que o momento a exigia.

— É só um sótão. Garanto que não tem nada mais lá além de pó.

Eles não deram importância aquela garantia e insistiram em subir.

— Cada detalhe, cada espaço, cada metro quadrado precisa ser conhecido para planejarmos o seu melhor modo de uso. Não é, querida? — A mulher balançava a cabeça, imitando o sorriso do marido.

Então Daisy, em passos mornos e com suspiros fortes, começou a subir as escadas em caracol do ponto mais alto da casa e abriu a escotilha. Já dentro dele, agachou-se e começou a procurar pelo interruptor. Sempre subiu ao sótão, mas nunca precisou se agachar e raramente precisou acender a luz do lugar, contando com o sol que sempre batia forte na grande janela da ponta da residência.

O casal subiu já com a luz acesa, e Daisy os encarava fixamente, enquanto ambos procuravam com olhares circulares na triangular estrutura algo que justificasse a insistência em vê-la. Quando acharam o mínimo necessário para tirar a expressão de "eu avisei" da cara da moça, uma voz alarmante e alegre surgiu da mulher.

— Olha, amor! Essa janela é bem mais bonita daqui de dentro!

Tão marcante foi a voz que a desinteressada Daisy involuntariamente demonstrou vontade em ver se isso era verdade. E o olhar que seria rápido focou-se num pequeno ser vivo em pé no peitoril interior da janela, encarando o chão do porão, triste, de costas para fora. Os olhos da moça madura rejuvenesceram e relembraram-na da outra vez que acendeu a luz ali, e soltaram de si o que o céu soltava lá fora em tal dia, o motivo da tristeza da florzinha amarela.

*

Dias se passaram desde a visita à velha vida que encontrara na antiga casa. Uma vida pequena e frágil, sustentada somente por uns torrões de terra e um pedaço de plástico que a cercava.

Era uma simplicidade em que Dayse passara a pensar. Porque o girassol estava ali e não com Madeleine já não era a pergunta que fazia. A moça colocou a flor lá para molhá-la e para pegar sol, antes de ir embora. E este fato impediu que a mais nova enxergasse o simples, apelando para o complexo e firmando na mente a ideia de ela tê-la levado. Só subia no sótão para secar as pinturas, estas que deixaram de existir quando a flor supostamente se foi.

"Que ridículo... Parei de pintar e então nunca mais subi lá, e o motivo de eu nunca mais subir lá estava lá em cima."

As pausas que dava aos dias sem rotina serviam para os pensamentos. Existia ainda nela algum sentimento que a ligava ao passado, mas ele aparecera somente no momento da surpresa. O pingo de fogo dentro de si não era suficiente para derreter a frieza que tinha adquirido.

E tal frieza começava a pender para a raiva quando os pais mudaram de ideia com relação à comissão. A casa foi vendida, mas todo o dinheiro, segundo eles, serviria para pagar dívidas. Isto nunca foi uma realidade para a garota, mas agora entrava sem impedimentos na vida da mulher. Uma vida que agora não tinha mais aquela fumaça brilhante e misteriosa da adolescência tardia, a qual era respirada e a sufocava de felicidade. Entre pragmatismos e burocracias, a mente novamente encontrava tempo para jogá-la no coliseu das memórias, onde cada uma tentava devorá-la, e de onde não tinha horários na agenda pra fugir para o prazer.

*

Seu trabalho era de meio período, mas a falta de costume em precisar se esforçar para ter dinheiro fazia parecer que trabalhava o dia todo. Saía ao amanhecer e voltava na hora do almoço. Deixava a casa sozinha e chegava numa das poucas horas que a família estava toda reunida. E era assim dia após dia, com exceção das folgas, que tornavam as manhãs de trabalho seguintes mais difíceis ainda com a dor de cabeça que traziam.

Dayse não recebia mais uma mesada e tinha de tirar do próprio bolso para custear as necessidades do carro. E na mesa, após o trabalho, esse foi o assunto chave da discussão que nunca pensaria que teria com os pais.

— Mas meu carro é como se fosse uma pessoa! É muita coisa pra mim, pai! 

O homem estava pensativo e melancólico. Encarava a cidade londrina dali de cima através da vidraça que cobria toda uma parede da sala de jantar. Quando decidiu o que falaria, olhou em rosto hostil para a filha e lançou a resposta que ativaria outra memória de menina na mulher.

— Então venda-o. Não precisa mais de mimos, mas sim economizar seu dinheiro. Estamos endividados, Dayse!

Ele depois começou a flutuar o olhar pelo apartamento, para as obras de arte, para a decoração... E balançava a cabeça em negação. A esposa não pareceu se surpreender com a resposta, e sua única reação foi encarar com preocupação o rosto da filha, que deixava o lábio cair e ia, surpresa, de olhar em olhar, esperando que alguém dissesse que aquilo era só uma piada. Ao perceber que ambos pensavam do mesmo jeito e que a fala fora séria, não tentou fingir compreensão. Emburrou-se, jogou os talhares no prato e correu para o quarto.

O travesseiro estava à sua espera, como no jantar com a nova empregada. Afogou o rosto nele e começou a gritar todo o ódio que tinha pela nova vida. O trabalho, a falta de tempo, as dívidas que fizera, o carro, a falta de dinheiro... Eram frustrações diferentes para cenas bem parecidas. 

"Por que isso agora? Por que só agora apareceram as dívidas? Queria que nada disso estivesse acontecendo! Tudo mudou... Éramos vazios de preocupações desse tipo... Ou somente eu era? Tanto faz! Isso é muito injusto!"

Sua mãe entrou bruscamente no quarto e chamou atenção de seu olhar. A velha cena adquiria uma nova distinção da atual, com a mulher brava, em vez de calma e compreensiva.

— Volte para lá e peça desculpas ao seu pai!

A filha se sentou na cama, e em rosto incrédulo ao que acabara de ouvir respondeu: — O quê? Não mesmo! Isso tudo é injusto! Mal ganho algo para mim e o que tenho vocês querem me tirar?

A mãe abaixou a expressão, respirou fundo e sentou-se ao lado dela, fixando um olhar grave no da filha.

— Seu pai e eu, tudo o que sempre tivemos era para você. Pagamos por todo aquele conforto da outra casa por sua causa. Nada ou quase nada sobrava para a gente, tudo isso pra bancar a segurança e o conforto nos quais queríamos que você crescesse. Não éramos ricos e nunca fomos.

A última frase fez Daisy engolir seco e desviar o olhar, mas logo a mulher encontrou uma brecha na fala que a moça não suportaria dizer, o que a fez retomar a coragem e voltar a encarar a mais velha.

— Vocês sequer estavam em casa. Queriam mesmo meu bem ou só queriam se ver livres de mim?

Os olhos da mãe se abalaram um pouco com a fala, mas ela conseguiu vencer qualquer tipo de remorso e não abaixou a guarda. As bravas sobrancelhas deixaram seu rosto mais firme.

— Não fale bobagem! Não tínhamos tempo! Eram muitos custos, muitas horas resolvendo pendência com credores, muitas horas trabalhadas... Eu queria ficar mais tempo com você, te ver crescer, te ver se tornando mulher... Mas não dava, filha! Foi ideia minha contratar Madeleine...

— Até ela cometer um leve deslize e a mandarem embora e contratarem no lugar uma velha complacente! — A filha interrompeu numa voz que deveria ser de sussurro, mas que soava grave graças a raiva que saia junto da boca.

— Ela te abandonou! Saiu sem mais nem menos! E soubemos depois que tudo que ela disse na carta era mentira! Você descobriu isso, não foi? Soubemos pela mãe dela que ela é uma mentirosa compulsiva!

Daisy a encarou com surpresa, mas logo veio um pensamento que amenizou a última afirmação e deu asas à imaginação de sua antiga personalidade.

— Não! Algo não bate! Ela não faria aquilo! Pode não ter sido por causa do namorado, mas com certeza há algo em tudo isso que não sabemos! Ela pode...

— Chega disso! Vá imediatamente pedir desculpas ao seu pai!

O rosto paralisado com a interrupção da mãe e ainda um pouco aflito a encarava pela última vez, e via um olhar triste e raivoso que nunca vira antes. Era uma expressão tão honesta, tão eivada de verdade, tão resumidora de toda aquela situação... Bem diferente da outra cena, quando ainda enxergava os pais como meros fornecedores do lar, quando pouco se importava com isso e só os queria presente. A situação se inverteu, mas a presença deles agora voltaria a ser nula.

Ela não foi pedir desculpas, e voltou afogar-se no travesseiro, não imaginando que aquela discussão que terminou em lágrimas causaria o que nem tais gotas seriam capazes de aliviar.

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