SPIN-OFF #3 ! BADBOY
SALVEEEEEEEEE
Espero que gostem do capítulo de hoje, comentem bastante, deixem a ⭐ se isso acontecer e boa leitura 💕
░★░
Baile Funk
Tá esquentando
Nosso Amor
★★★
— Não mas pensa só: — Tomo fôlego antes de continuar o meu raciocínio. — Se o número zero não é nada, ele não existe, certo? Então porque bucetas e caralhos qualquer número vezes zero é zero?! NÃO FAZ SENTIDO.
Levo as duas mãos até a minha própria cabeça e agarro o máximo de cabelos que consigo, enlouquecendo.
— Dois vezes zero deveria ser DOIS, não ZERO. Porque o zero é nada. Não faz sentido esse dois simplesmente SUMIR com NADA. Com ZERO. — Balanço o corpo, agoniado. — E essa merda ainda é considerada um número par. PAR! Como que NADA vai ser PAR?! Não é possível que aqueles matemáticos birutas nunca pensaram nessa porr–
— Amor, ei... — Ele segura meus ombros, apertando-os de leve. — Calma! Você vai explodir desse jeito. Lembra que o nerd da história sou eu.
Ele solta uma risadinha, tocando as minhas bochechas. Eu sinto meu próprio rosto quente.
Fervendo, na verdade.
— Eu odeio matemática, é coisa de maluco que não tem o que fazer — resmungo, abaixando os braços ao soltar os fios que agarrei.
— É mesmo? — Assinto com a cabeça, recebendo um sorriso bonito como resposta. — Tem certeza?
Espremo os olhos, desconfiado do tom de voz.
— Absoluta?
— Por quê? — indago.
Jimin umedece os lábios gordos antes de colar eles nos meus de forma breve.
— Porque tem uma fórmula na matemática que diz que Jimin mais Jungkook é igual a pelados no banho. — Gargalho e recebo outro beijo molhado, dessa vez no queixo. — É sério! Desde a antiguidade.
— É mesmo? — provoco.
— Uhum. — Se afasta. — Só que você odeia matemática, deve ser coisa de maluco mesmo. — Levanta do sofá. — Mas EU vou tomar banho.
— Ahhh não, volta aqui!
Me estico e agarro a cintura, puxando o corpo semi despido de volta. Porém, em vez do estofado, Jimin cai sentado no meu colo.
— Dá para incluir química e física nesse cálculo matemático aí? — sussurro rente à orelha dele, apertando o tronco desnudo em meus braços. — Talvez substância e atrito.
Jimin amolece contra o meu peito.
— A minha mãe–
— Ela não tá em casa — rebato.
— Mas vai estar daqui a pouco.
Eu nem toquei direito e ele já está excitado! Mas não o julgo, vir para a casa dele e não poder fazer nada muito... quente é quase como uma tortura.
— Rapidinho, amor — faço manha e Jimin suspira muito, mas muito fundo. Deslizo a mão direita pelo peito e depois barriga, parando apenas quando chego na bermuda tactel. Então começo um carinho suave. Jimin separa mais as pernas, permitindo que eu o toque à vontade. — Só um boquete então.
— Garoto... — Eu sei que estou quase conseguindo convencer ele, e o beijo que deixo no pescoço seguido de uma mordida de leve é o que faltava para ceder. Somado a isso, fecho cautelosamente meus dedos, apertando-o com carinho. É tão bom sentir ele ficar duro na minha mão... — Ok. Mas tem que ser rápido, antes que a minha mãe che–
Fecho e aperto os olhos com força quando Jimin interrompe a fala ao escutar o portão de grade ser aberto. E depois a porta.
— Chegue — completa baixo. — Porra...
Eu te amo, sogrinha, mas tinha que chegar AGORA?
Tipo: nesse instante?!
Afrouxo os braços e solto o pau do meu namorado, me sentindo uma criança que teve o doce arrancado segundos antes de colocar na boca. Jimin escorrega do meu colo para o sofá ainda meio mole.
— A fila da lotérica estava E.NOR.ME! — Seoyun diz, soltando uma lufada de ar.
— Ah, começo de mês é uma benção — Jimin murmura quase como se pudesse fazer birra a qualquer momento. — Eu vou tomar banho.
E aí ele fica de pé pela segunda vez, mas dessa eu não o impeço. Nem levanto para ir junto, por mais que seja a minha vontade.
Ficar triste já é uma merda, ficar triste e com tesão é o auge de estar tendo um "dia de merda".
— Jun, meu anjo, você me ajuda a trocar essas lâmpadas velhas por novas? — Mostra uma das sacolas penduradas no antebraço. — Você é mais novo e mais alto do que eu.
Sopro um riso e me apresso em levantar do sofá e livrá-la do peso das compras.
— Claro que ajudo.
Eu troco as lâmpadas, mas a minha cabeça não está nelas. A minha cabeça está lá no banheiro, onde eu sei que o meu loirinho maravilhoso está tomando banho sozinho.
SOZINHO.
E faz um tempo que eu não o vejo pelado.
— Já pode desmanchar esse bico. — Sinto um toque suave na minha cintura. Jimin aparece por trás e se põe ao meu lado, e sorri quando olha para mim. Porque sim, eu estou com um bico. — Marrento.
Os fios loiros estão úmidos pelo banho recente, além do fato de estarem todos jogados para trás. O cheiro bom que vem dele me faz querer enfiar a cara naquele pescoço e ficar ali para sempre. Meu bico aumenta.
— Idiota — resmungo.
Jimin sorri mais.
Por que tão lindo?
O loiro abre a boca para dizer alguma coisa, mas o celular toca no mesmo instante. Ele tira a mão da minha cintura para poder pegar o aparelho no bolso.
Na tela mostra que é alguém cujo contato está salvo como "12" que está ligando, só que Jimin não atende de imediato. Ele fica encarando a tela por alguns segundos e o cenho sem expressão me faz enrugar a testa. Porque ao mesmo tempo que carrega neutralidade nas feições, Jimin parece nervoso.
Por fim, aceita a ligação e leva o celular até a orelha.
— É trote, né? — diz rapidamente quando atende. O tom carrega deboche, mas a expressão é de raiva. — Olha, Doze, não quero confusão.
Jimin se afasta de mim ao ir para o meio da sala.
— E você se importa agora? — Vejo o momento em que fecha os olhos e nega com a cabeça. — Tô bem. E você tá sumido. — Fica em silêncio. — Não sei... — Fica quieto de novo, dessa vez por mais tempo, e então ergue o olhar para mim. — Tá, mas... Fiel tá liberado pra subir? — pergunta enquanto me encara. — Não sei se você tá merecendo... Tá tá, te apresento, mas só se você não assustar ele. — E gargalha logo depois. — Demorô, Doze, eu vou. Mesmo não estando merecendo a minha companhia, eu vou. Já é então.
E aí ele desliga.
E suspira.
— Que foi? — pergunto quando fica me olhando sem dizer nada.
— Você acha que está preparado para descobrir o que é uma festa de verdade? — Assinto freneticamente com a cabeça, ele ri de um jeito gostoso. — Bom, você vai ter a oportunidade. E eu digo que não vai ser qualquer revoada porque foi o patrão que chamou.
Meu coração acelera só com a possibilidade de poder gastar todas as energias que tenho – que não são poucas – dançando e bebendo até o sol nascer.
— Você não pareceu gostar dele ter ligado.
— Não é isso... — Coça a nuca. — É que faz um tempo que a gente não troca ideia. E aí... — Sopra uma risada indignada. — me liga como se não tivesse me ignorado por dois anos.
Arqueio uma das sobrancelhas. Ele agita a mão no ar e muda de assunto.
— Mas voltando pra a festa, já vou deixar avisado que eu sou um idoso no corpo de um jovem adulto — esclarece. — Eu não aguento tudo. — E me dá um tapa no braço quando mordo o lábio inferior e faço uma cara propositalmente sugestiva. — Se você tiver pilha, ótimo. Você fica. Mas eu venho embora.
— Você teria coragem de me abandonar? — Faço drama.
Ele força uma risada alta e cínica antes de dizer:
— Coitado.
Então me dá as costas e sai da sala.
E aí a mãe dele aparece.
— Seu filho me maltrata — conto a ela.
— ELE QUE É DRAMÁTICO! — Jimin grita do outro cômodo.
— Tá vendo? — Mostro a ela.
Seoyun sorri.
— Acho que você só deveria se preocupar se ele estivesse sendo um doce com você o tempo inteiro — é o que ela diz. — Vem, vamos fazer o jantar. — Me segura pela mão e me carrega até a cozinha. — Mas você fica longe do fogão.
Acho que ela diz isso porque eu coloquei fogo sem querer no pano de prato da última vez.
△ི꙰͝꧖๋໋༉◈
Corro um perigosíssimo risco de perder o controle e agarrar o meu namorado no meio da rua. Quero dizer, enquanto a gente se arrumava eu acabei perdendo algumas vezes, mas essa sensação continua tomando conta de mim sempre que bato os olhos nele.
Vejamos, Jimin é a quantidade perfeita de areia para o meu caminhão, mas tem dias que transborda, sabe? Principalmente quando ele usa boné.
Convenhamos, é um acessório inútil. Ridículo. Horrível. Péssimo. Mas nele... Porra.
Eu não aguento.
Nesse exato instante ele e eu estamos subindo ruas e escadarias em direção ao baile do tal Doze, mas estaria mentindo se dissesse que não ocorreu momentos onde eu encurralei Jimin na parede apenas para lhe roubar um beijo.
Porque o meu loirinho fica irresistível de boné.
— Por que Cebola? E Besouro? E Doze? — pergunto, de repente muito curioso.
— Hm... — Jimin solta. — Cebola porque ele come cebola como se fosse maçã. Sério, ele come tudo. Ela inteira. Como se não fosse cebola.
Eu não curto cebola, por isso faço careta quando fala isso.
— Besouro porque, bom... — Sopra uma risada. — Não conta que eu te contei, ele odeia que espalha. — Concordo, mais curioso ainda. — Sávio ODEIA besouro. Ele morre de medo. Gastura, sei lá. Os moleques zoavam muito ele por causa disso quando a gente era menó, até que começaram a chamar ele assim. Ele curte o apelido, mas odeia o bicho. Se você perguntar dez vezes o significado ele vai contar dez versões diferentes, mas nunca a verdadeira.
Sorrio, negando com a cabeça.
— Não é possível! O cara assusta todo mundo só de chegar perto... e tem medo de besouro?
Jimin ri e assente antes de dizer baixinho:
— Todo mundo tem medo de algo...
É. Todos temos.
— E Doze?
— Ah... — Solta um barulho com a boca semelhante a um estalo. — Doze assassinatos.
Engulo em seco e olho para o lado. Jimin morde o lábio inferior e me olha também. E então solta uma gargalhada alta, trombando o ombro no meu.
— Idiota... — resmungo quando percebo que está zoando comigo.
— Você tinha que ver a sua cara, cachorro! — Me empurra de novo.
— Que otário.
Ele continua rindo por mais um tempo, cambaleando pelo asfalto.
E aí ele para de rir e fica sério.
— Doze sobreviveu a doze tiros. Ele... Ele começou cedo, sabe? No crime. — Enfio as mãos nos bolsos dianteiros da calça. — Mas quando levou o primeiro tiro ele só era um moleque que gostava de jogar bola na rua. A favela estava em paz nesse dia, mas ela achou que seria uma boa ideia subir. — Olho para Jimin. — A polícia. — Volto a olhar para frente. — Ninguém sabe dizer porque eles atiraram já que não tinha ninguém atirando de volta, mas algumas balas perdidas encontraram pessoas. Doze foi uma delas.
Jimin faz uma pausa por alguns segundos.
— Bom, depois desse dia ele pegou um ódio medonho pela polícia e cresceu fazendo merda. — Solta uma risada espontânea. — Eu não sei como esse cara não morreu ainda, mas ele coleciona buraco no corpo.
— Então... Esse nome pode mudar?
Olho para o lado a tempo de ver o loiro balançar positivamente a cabeça.
— Pode. Ele passou pelos outros números até chegar no doze.
Jimin parece ter uma ligação muito forte com esse cara.
A gente fica em silêncio por um tempo, caminhando pelo canto da rua pouco iluminada. Passamos por alguns grupos de pessoas bem arrumadas, o que dá a entender que estão indo para o mesmo lugar que nós.
— Chegamos — o loiro anuncia, mas não é como se fosse preciso. Faz minutos que estamos ouvindo as batidas graves da música.
Meu corpo vibra quando o som fica mais alto. E aí eu vejo luzes coloridas e muitas pessoas.
— Tá, regra para chegar suave em casa depois de um baile — Jimin diz, me olhando nos olhos. — Você só vai colocar na boca o que eu deixar. Ok?
— Ok — concordo. — Podemos começar pela sua língua? Minha boca tá seca.
Solta uma risada gostosa que me faz suspirar.
— Eu tô falando sério!
— Você é ridículo, garoto. — Mas aí ele chega mais perto e me beija pela décima vez desde que saímos de casa. Só que não dura tanto quanto eu queria. — A gente vai ter muito tempo de sobra para curtir, mas eu preciso ir lá em cima.
Aponta para uma espécie de camarote a alguns metros de nós. Tem algumas pessoas lá em cima, e muitas embaixo; onde nós estamos. Muitas mesmo.
Jimin segura a minha mão com força quando a gente começa a entrar no meio da galera. Ele vai me guiando entre as pessoas e sempre olha para trás como se quisesse ter certeza de que eu estou o acompanhando mesmo ainda apertando a minha mão.
Ele só para quando chega em frente a uma mulher alta e muito forte. Ela sorri quando vê o loiro. Eles trocam algumas palavras antes dela liberar a passagem para nós.
No lado de dentro Jimin solta a minha mão para conseguir subir a estreita escada até o andar de cima e me espera terminar de subir para irmos juntos até as pessoas que vimos lá de baixo. Ele não fala com ninguém, caminha direto até o sofá grande onde um homem está sentado exatamente no meio. Tem uma mulher muito bonita sentada ao lado dele.
— Olha só... — diz quando bate os olhos no meu loiro, a voz grave. — Você cresceu.
— E você continua a mesma coisa, só que pisca BABACA na tua cara — Jimin rebate, tirando o boné. — Você me abandonou.
— Eu só tive que resolver umas paradas — se explica como se necessitasse fazer isso a Jimin, e então fica de pé.
— Dois anos, Natan?
Jimin está irritado. Quero dizer, ele sorri meio de lado para disfarçar que está irritado, mas sei que está.
— Tipo, só uma mensagem, sabe? "Tô vivo, filho da puta, não se preocupa". Só, Natan. Eu só precisava saber se você tava vivo.
É. Ele está muito irritado.
Natan continua fitando Jimin sem dizer nada, e o loiro não desvia o olhar também. Mas então o homem, cujo risco na sobrancelha segue o da lateral do cabelo, estende os braços tatuados. Jimin suspira e nega com a cabeça, mas chega mais perto e aceita o abraço.
— Foi melhor assim. — Eu não escuto porque ele diz baixo, só para o loiro ouvir, mas faço leitura labial.
Tento puxar na mente, nas nossas conversas aleatórias, mas não me recordo de Jimin ter comentado sobre um tal Natan.
Eu ainda estou observando o abraço apertado dos dois quando sinto um toque suave no meu ombro. É a mesma mulher que estava sentada no sofá quando chegamos.
— Você é o famoso playboyzinho do asfalto, não é? — pergunta de forma divertida. Antes que eu responda, ela faz um gesto para acompanhá-la.
— É o que dizem.
Nós nos afastamos um pouco de Jimin e Natan e nos aproximamos do guarda-corpo, onde apoio os antebraços. Daqui de cima é possível ver todo mundo que está lá embaixo. O mar de pessoas vibra junto com a música alta. Elas estão animadas.
Enrugo a testa e olho por cima do ombro, vendo que os dois não estão mais abraçados. Jimin e Natan, agora, estão sentados no sofá. Conversando. O cara fala, meu garoto presta total atenção.
— Disseram que você cuida dele — a mulher diz. Desvio os olhos deles para ela, que até então me encara, mas olha logo em seguida para o baile. — Do Ji.
— Talvez seja o contrário. Ele é a razão. — Ela sorri. — Mas eu tento.
Fito a multidão também.
— Qual é o teu vulgo? — Se eu não andasse com Jimin não saberia o que responder.
— Playboy. Mauricinho. Mimado. Ou só Jungkook mesmo.
Ela ri de novo.
— Certo, Jungkook... Você arranjou um problema pra sua cabeça entrando na vida desse moleque. — Eu a olho e ela me olha logo depois. — A galera daqui não costuma avisar, ou o aviso vem acompanhado de uma ameaça, então já fica esperto: se ele aparecer chorando por sua causa, você tá fodido.
Eu desvio os olhos, mas ela estala o dedo no ar e eu volto a olhá-la.
— Você tinha o mundo inteiro, Jungkook, mas entrou logo na vida de um protegido da favela. Eu, Doze, Besouro, aquela galera ali embaixo. — Aponta para o mar de pessoas, mas eu não olho para lá. Continuo encarando os olhos alheios que mudam de cor de acordo com os LEDs. — O morro inteiro cerca ele. Então ou você soma, ou não embaça a parada.
Ela se afasta do guarda-corpo e estende a mão para mim.
— Daniela, a propósito.
Eu travo por alguns segundos, me sinto mole, mas em algum momento consigo esticar o braço e enfim apertar a mão dela num comprimento forte.
— Eu não pretendo sair da vida dele — conto, firme. Ela aperta mais um pouco antes de soltar de fato. — Mas... Por que Jimin é tão protegido assim?
Ela não responde de imediato.
— O que você faz pelos seus amigos?
— Não sei, não tenho amigos — respondo com rapidez.
— Pelo Jimin, então. Pelos seus pais. — Me olha. — Você não cuida das pessoas que são importantes pra você?
Assinto com a cabeça.
— Eu não sei como são as coisas de onde você veio, mas aqui a gente cuida um do outro. Já tem gente demais querendo acabar com a gente, não precisamos de mais.
— Amor — Travo a mandíbula quando o tom de voz alheio chega nos meus ouvidos. Os pelos dos meus braços ficam eriçados.
Olho para trás e vejo Jimin perto de nós, acompanhado de Natan.
— Hm... — Ele olha para o homem ao lado meio sem jeito, mas depois me olha de volta. — Doze, esse é o Jungkook. Meu namorado. — Desencosto do parapeito. — Bebê, esse é o Doze. Um otário total. — O cara solta uma risadinha parecendo não ligar muito.— E a Danizinha você já conheceu. O patrão manda no morro e ela manda no patrão.
— Ninguém manda em mim — Doze diz, agora sério.
— Uhum... — Daniela solta, passando a mão no cabelo longo.
Eu estendo a mão para comprimentar Natan. Ele aperta, mas me puxa para um abraço.
— Acho que o Besouro e a Dani já mandaram o meu recado — diz só para mim. A voz dele é grave e lenta, o que serve apenas para aumentar a tensão e a expectativa sobre qual será a próxima palavra a ser dita por ele. — Você é bem-vindo aqui por causa do Jimin, mas pisa manso. Não pisa na bola.
Quebra o abraço e me olha nos olhos.
— Demorô?
— Demorô — respondo.
Às vezes me questiono como fui parar na vida de um cara tão perigoso assim. Não estou falando de Doze, Besouro ou Cebola, mas de Jimin.
É, com certeza, o loiro mais perigoso da cidade.
E eu o amo.
Jimin está abraçando Daniela quando olho na direção dos dois, mas o afeto não dura muito mais do que isso. Ela beija a testa dele antes dele dizer:
— Será que agora eu posso levar ele para curtir o baile?
— Agora que eu conheço, pode — Doze diz com um sorriso de lado, enlaçando a mulher pela cintura com o braço direito. — Tô de olho, hein, tio? Atividade.
Ele aponta dois dedos para os olhos e depois os aponta para mim.
— Olha para a sua esposa e tira os olhos do meu namorado, Natan — Jimin implica e me segura pela mão, voltando a colocar o boné na cabeça. — E eu vou catar essa garrafa aqui porque ainda estou com raiva de você por ter me abandonado. — E pega uma garrafa de bebida lacrada dentro do balde de gelo. — Tchau, Danizinha! Amo vocês!
Eu acabo rindo, principalmente quando noto que Doze não faz nada mais do que balançar a cabeça de um lado para o outro e virar a atenção na mulher ao lado dele.
— Você não roubou uma garrafa de uísque, não, né? — zoo, descendo a escada estreita logo atrás dele.
— Hm... — Ele para e olha para a garrafa. — Jack Daniels. É caro, né?
Balanço a cabeça para cima e para baixo.
— Ótimo. — Tira o lacre e depois a tampa.
E inclina a cabeça para trás para conseguir virar a bebida na boca.
E ainda faz careta.
— Continua horrível, puta merda. — Estende para mim. — Só para esquentar.
Eu aceito e tomo também. Uísque me faz lembrar do começo. De quando Jimin e eu não éramos nada mais que dois moleques cheios de hormônios.
Depois disso sou guiado para fora. Passamos pela mesma segurança na entrada e voltamos para o meio da festa. Acho que as coisas começam a fazer sentido para mim depois do quinto gole. As cores, os sons, os cheiros, as sensações. Tudo parece ainda melhor depois que o álcool sobe.
Tem uma enorme diferença entre o Jimin que está na minha frente agora do Jimin que estava na minha frente no dia do baile de formatura. O que estava comigo no baile parecia retraído, nem um pouco familiarizado com o local, muito menos com as pessoas. O que está na minha frente agora, dançando, cantando e ostentando um sorriso malandro no rosto está solto. Está à vontade.
Está em casa.
E a gente dança. Dança pra caralho. A gente pula. A gente grita. A gente bebe. A gente fuma. A gente sua. A gente enlouquece. A gente curte.
E esquece a vida real por um tempo.
Em algum momento, cansados de ser espremidos e empurrados, vamos para um canto menos caótico. E, coladinhos na parede, a gente fica. A gente namora. A gente dá uns amassos. E continua dançando e bebendo e chapando e curtindo.
— Você nunca tinha me falado dele. — Neste momento a minha mente pensa sozinha. E a minha boca dá voz aos meus pensamentos sem o meu consentimento. — Do Natan. Doze, sei lá.
Jimin desvia os olhos para mim. Ele sempre tem que inclinar a cabeça levemente para trás para conseguir me ver já que a aba curva do boné preto atrapalha.
E devo admitir que ele fica uma delícia quando tem que fazer isso.
— Já te falei do patrão. É a mesma pessoa.
— Mas nunca falou da relação que vocês tem. Ou tinham...
Umedece os lábios carnudos com a língua.
— Não que você tenha que falar. — Tento explicar melhor. — É só que... Vocês parecem muito próximos, só fiquei curioso.
Ele sorri.
— É sempre a mesma história, moreno. A gente cresceu junto, assim como aquela galera que jogou bola com a gente. — Ajeita o boné. — Natan é uns anos mais velho, mas ele me viu crescendo e meio que cresceu junto comigo também. Danizinha a mesma coisa.
Eu vejo os olhos do meu namorado encherem d'água.
— E toda vez que esse fodido some eu penso que ele morreu. Ou qualquer um deles. — Ele sopra um riso. — Eu já deveria estar acostumado, na verdade. Mas não dá pra controlar... o medo.
Jimin pisca algumas vezes e os olhos de mel voltam a ficarem normais, sem lágrimas.
— Ele é um irmão importante que eu tenho medo de perder, só isso. — Sorri e bebe do copão que eu não sei quando ou onde arrumou.
— Só isso? — repito divertido, tocando a bochecha cheia de estrelinhas. — Então quer dizer que, hipoteticamente falando, se eu for te pedir em casamento eu tenho que ir lá em cima pedir pra ele?
Jimin quase cospe tudo de volta no corpo, mas um pouco da bebida escorrega pelos lábios e pinga do queixo.
— Como é?! — solta exasperado enquanto se seca com as costas da mão. Me faz rir.
— Foi só uma pergunta hipotética, não vou te pedir em casamento.
— Hm... — murmura, espremendo os olhos. — Eu não aceitaria, para começo de conversa. Mas sim, você tem que pedir a benção a ele. Não que ele ou Dani tenham que permitir, mas a consideração que tenho por eles é semelhante a que tenho pelos meus pais.
Enrugo a testa e cruzo os braços.
— Por que não aceitaria?
— Porque não quero me casar agora — diz, simplista.
— Nem comigo?
— Nem com você, Jungkook.
Faço bico.
— Eu quero terminar o namoro — e drama também. — Que absurdo! Eu quero desnamorar você. Agora.
Jimin revira os olhos.
— Não tem devolução, bebê.
Ainda de braços cruzados, encaro a jóia que ocupa o meu anelar desde o dia em que meu pai a colocou ali. O ponto é que a ideia não me parece absurda, mas um casamento não é composto por uma única pessoa.
Molho o lábio inferior com a ponta da língua e olho para cima, encarando Natan debruçado sobre o parapeito do camarote por um tempo antes de voltar a atenção para o loiro.
— Não é meio zoado a gente está na festa de boas-vindas de um chefe do tráfico? — solto, de repente caindo a ficha. — Um baile, sei lá.
Jimin passa de forma lenta a língua no canto dos lábios antes de levar o copo até a boca e beber.
Tudo sem tirar os olhos de mim um segundo.
— Quer ir embora? — pergunta quando abaixa o copo e engole a bebida.
— Não. É só que... — Dou de ombros sem saber como explicar, Jimin solta um riso breve.
— Eu vou foder a sua cabeça — e anuncia, chegando bem mais perto. A boca molhada, talvez pela saliva, talvez pela bebida, cola na minha orelha. — Tem criminoso nessa merda inteira, Jungkook. Tem os que usam bermuda e camisa de time, como eu. Tem os que usam relógio e pulseira de ouro, como você. E tem os mais fodidos: os que usam terno, gravata e uma faixa com a bandeira do país no peito.
O tom rouco me faz estremecer e a sensação de moleza nas pernas aparece quando Jimin me prensa na parede com o próprio corpo. Ele afasta apenas o rosto para me olhar nos olhos, mas continua me encurralando.
— E eu me sinto muito mais seguro aqui, com o chefe do tráfico, do que com quem deveria me proteger — enfatiza. Eu não consigo desviar os olhos dele. Nem piscar. É um tipo de transe. — Mas vou entender se você não estiver confortável. A gente pode ir embora.
— Eu não quero ir embora. — Toco a lateral do rosto dele. — Só brisei. E você me deixou de pau duro dizendo coisas todo sério assim.
Jimin solta uma risada grave e se afasta, bebendo outra vez. E aí ele volta a dançar na minha frente.
Acho que ele pensou que eu estava brincando quando disse que me deixou excitado.
Eu não estava brincando.
Apoio a sola do sapato na parede atrás de mim e cruzo os braços na altura do peito, acompanhando os movimentos alheios com os olhos. Jimin me olha e morde a boca quando percebe que toda a minha atenção está nele, mexendo o corpo no ritmo da música. Já eu me sinto cada vez mais excitado, e intensifica quando ele vira e rebola para o meu lado.
Então relaxo as costas no concreto, bagunçando meus cabelos ao imaginar coisas indecentes. De forma totalmente involuntária e quase automática, toco e agarro a cintura do meu garoto com as duas mãos. A maneira como aquela bunda esfrega no meu quadril, consequentemente na minha intimidade, faz eu me sentir excitado de novo.
E simplesmente esquecer a existência de qualquer outra pessoa.
— Porra... — solto, simulando gestos muito obscenos contra a bunda dele, imaginando nós dois em casa, sozinhos. E pelados. — Jimin, mudei de ideia. Vamos embora? Tá esquentando.
Ele não para. Jimin continua jogando pra mim. E aí vai ficando lento e lento e lento, de repente acelera e pressiona com mais força. Quebra de um lado, depois quebra do outro, e volta a rebolar. E sempre, sempre mesmo, segue a porra das batidas da música quase pornográfica.
Eu não consigo parar de olhar. Não consigo não pensar em safadeza. Não consigo não incentivá-lo apertando as nádegas por cima da bermuda ou simplesmente deixar de ondular o meu quadril junto, fodendo ele por cima da roupa.
— Chega — imploro, afastando-o. — Por favor, para.
— Ah, por quê? — Cola em mim de novo e continua rebolando. — Tá tão bom. Você tá duro.
A música volta a ser lenta e Jimin acompanha, se esfregando em mim sem pressa.
— Porque eu vou gozar, caralho — ralho, fechando os olhos e deitando a cabeça para trás, encostando-a na parede também.
— Então goza, porra.
Jimin não devia ter dito isso. Piora tudo. Meu corpo ferve, minha mente viaja, minhas mãos puxam a cintura dele pra mim. Ah, agora já é tarde. Meus olhos caem, o loiro empina e eu fodo.
Por cima da roupa, mas eu fodo.
Ele endireita a coluna e cola as costas no meu peito, mas não para.
— Puta que pariu — xingo ofegante, amaldiçoando a minha mente por criar cenas tão realistas e obscenas.
Eu enlouqueço. Eu entro em êxtase quando o loiro se afasta de mim. Meu corpo inteiro estava preparado para colocar todo o meu tesão para fora, ele para tudo quando se afasta.
E a risadinha que escuto segundos depois mostra que fez de propósito.
— Filho da puta...
Jimin vira de frente para mim e volta a colar o corpo no meu.
— Calma, lindo, eu sei que você tá quase — diz, sorrindo todo safado. — Segura.
Estende o copo e eu pego meio que no automático, porque a minha cabeça está em outro lugar agora. Se sem usar as mãos Jimin já estava me levando à beira da loucura, agora com as duas mãos livres ele vai me enlouquecer de fato.
E isso acontece quando ele, sem se preocupar com mais nada além de nós, desabotoa a minha calça. Os olhos de mel miram os meus enquanto desce o zíper e enfia a direita dentro da peça íntima.
Eu gemo arrastado, minha voz sendi abafada pela música estrondosa. Ele sorri em aprovação. E o beijo vem logo depois, acompanhado de uma masturbação desajeitada que só contribui para o aumento colossal da vontade que eu estou de gozar.
— Loiro... — eu paro o beijo por falta de ar e acabo chamando pelo meu garoto.
— Será que a gente pode dar uma voltinha amanhã? — pede manhoso na minha orelha, aumentando o ritmo. — Pra qualquer lugar, moreno, eu só quero foder com você. Ficar lá em casa e não poder fazer nada é uma merda.
— Uhum — murmuro, agarrando a bunda dele. — Na Lata. Onze horas. Pode ser?
Ele ri e morde o lóbulo da minha orelha.
— Só se você prometer que vai acabar comigo.
Ah, eu piro. Eu entro em pane. Eu não respondo, nem penso, só estremeço e gemo.
Jimin não para. Ele se afasta um pouco e se abaixa. Eu abro os olhos a tempo de ver ele abrir a boca, agachado na minha frente. Eu agarro e puxo aquele maldito boné, estreitando os olhos e amolecendo quando o orgasmo vem. É um jato atrás do outro e cai tudinho na boca dele. O último, sem tanta força, mela o lábio inferior e escorrega pelo queixo.
— Cacete... — solto, deitando a cabeça para trás de novo.
Eu não vejo, mas sinto Jimin limpar toda a sujeita que fiz antes de fechar o zíper e abotoar a calça, deixando do jeitinho que pegou.
Ele solta outra risadinha astuta antes de tomar o copo e o boné da minha mão. Abaixo a cabeça e pego o loiro bebericando o que ainda está no corpo enquanto mexe o corpo de um lado para o outro, agora numa dança mais comportada.
— Seu desgraçado — xingo.
— Você acha, gatinho? — indaga, cínico. — Você ficou tão molinho depois...
Ergo a mão apenas para mostrar o dedo do meio.
— Menti? — provoca.
— Não. Não mentiu. — Desencosto da parede.
— Quer ir embora?
— Ir embora? — Colo nele. — A noite tá só começando, gostoso. E agora é a minha vez de ficar doidão e infernizar você.
Eu saio de perto dele para comprar uma bebida. E algo a mais para me deixar chapado. E quando volto, a gente continua curtindo junto. Dançando, principalmente.
Seguro a cintura alheia com a mão livre e colo o corpo quente ao meu. Jimin continua se dançando, de novo grudado em mim.
"A gente se abraçando
A gente se beijando
Nosso amor pelo ar
Vai se espalhando"
— Eu te amo — digo alto o suficiente para que me ouça. O loiro sorri com a cabeça levemente inclinada para trás para conseguir me ver. Talvez agora eu esteja mais bêbado e chapado que ele.
"Não conheci o amor
Só conhecia a bondade
E hoje conheci você
Que é amor de verdade"
— Duvido — me provoca.
— Duvida? — Balança a cabeça, me abraçando pelo pescoço.
— Duvido — e repete, agora mais perto do meu rosto.
"O teu jeito de sorrir
O teu jeito de falar
Fico meio perturbado
Quando vejo seu olhar"
Puxo e tiro o boné dele pela enésima vez, desta colocando em mim virado com a aba para trás. É tão bom não ter nada me atrapalhando de ver o rosto corado, suado e bonito do meu garoto. Ele olha para a minha cabeça por um tempo e sorri.
— Você é tão lindo, moreno... — Eu não escuto, mas leio nos lábios grossos. Me faz sorrir.
"Você é quem me faz feliz
E me faz delirar
E você quem fez
Eu por ti se apaixonar!"
— Presta atenção na letra — peço. — A música toda, mas principalmente o refrão.
Eu enlaço a cintura agora com os dois braços e aperto o loiro com força, também sendo abraçado mais forte.
"Vou estar com você
Quando mais precisar
Querendo ou não querendo
Comigo pode contar"
— Eu te amo, loiro — repito com a voz do João Frango, agora no pé da orelha. Jimin ri.
"Duvide da luz dos astros
Que o Sol tenha calor
Duvida até da verdade
Mas confia em mim, amor"
— E depois eu que sou gay... — zoa, me fazendo gargalhar. — Eu sei que você me ama, Jungkook. Sabe por quê?
— Hm.
— Porque eu sei reconhecer o privilégio que eu tenho de poder ouvir você me contando do seu dia. Você não faz isso com ninguém. — Engulo em seco. — Você só fala sobre você, sobre seus gostos e sobre o que aconteceu no seu dia com as pessoas que você ama. — Escorrega a mão pela minha nuca. — Você aparece na minha casa só pra surtar por causa de uma regra ridícula de matemática. Me liga no meio da noite só para dizer o quão bizarro é a porra de um bicho-pau. E eu sou tão, mas tão, mas tão sortudo por poder te escutar.
— Por isso que você é gay — provoco, desta vez arrancando risadas dele. Apesar do humor, minhas orelhas ficam quente, meu coração bate intensamente no peito, meu estômago gela de um jeito bizarro. Sintomas que, apesar de acontecerem com frequência quando estou com o loiro, não me acostumo nunca.
E é bom... É tão, mas tão bom.
Jimin encosta na parede e se aconchega ao meu pescoço, deixando nosso abraço mais confortável.
— Também te amo, moreno.
— Seu moreno?
— Sim. Meu, amor.
— Seu.
Escorrega o rosto para o meu ombro como um hatinho manhoso. A gente fica em silêncio por um tempo, mas aí ele suspira.
— Neném... — chama. — Tô com sono.
Sorrio, deslizando o nariz pela pele ainda cheirosa se levado em consideração que dançamos por horas.
— Quer ir embora? — pergunto.
— Uhum — ele murmura.
Sopro um riso breve, beijando a curvatura do pescoço alheio.
— Então vamos.
Quando se afasta e quebra o abraço, consigo ver a carinha de sono que não estava ali minutos atrás. Eu acabo não resistindo à fofura e roubo alguns selinhos.
Nós voltamos pelo mesmo caminho que vinhemos; de mãos dadas e sem pressa. De acordo com o meu celular, chegamos em casa por volta das quatro e meia da madrugada, o que não é tão tarde levando em consideração que o baile começou às onze da noite.
Principalmente porque não tem hora nem dia para acabar.
A gente toma banho por insistência minha já que um loiro levemente embriagado e bastante sonolento vai direto para a "cama"; entre aspas porque não é nada mais do que um colchão forrado no chão.
A cama de Jimin definitivamente nos odeia.
— Boa noite, amor — desejo, sendo envolvido pelo braço direito de Jimin quando cola o peito morno nas minhas costas.
— Boa noite, bebê — sussurra, beijando meu ombro nu.
Eu pego no sono sentindo a respiração suave e a quentura do corpo do meu garoto contra mim.
░★░
¹ Nosso Amor – MC Pedrinho (essa música é um verdadeiro poema, meus caros)
E aí, anjos! Como vocês estão?
Gente, juro que não era para ficar tão grande kkkkkkk na verdade, não era para ter essa safadeza deles, mas eu me empolguei um pouco kkkkkkk ficou legal, então resolvi deixar assim mesmo. De qualquer forma, espero que curtam
Eu usei o final de semana para trazer esses dois para vocês e matar a minha saudade de escrever, então comentem e deixem a estrelinha se tiverem gostado ♡
SPOILER: próximo capítulo também é um Spin-off, e é oficialmente a última atualização de GB!BB. Tem personagem novo, aguardem
Se amem. Se cuidem. Se hidratem. Se protejam 💜
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