30 ! BADBOY
SALVEEEEEEEEE
**Tem avisinho triste nas notas finais
Espero que gostem do capítulo, comentem bastante, deixem a ⭐ se isso acontecer e boa leitura 💕
░★░
Assistindo Frozen de conchinha
Ketchup é bom em tudo sim!
Foi só um sonho idiota
★★★
Jimin tem algum tipo de efeito bizarro sobre mim e eu sei que não é porque estou chapado. Eu sinto isso independente do meu estado de lucidez.
Chapado, bêbado, sóbrio.
Eu sempre vejo Jimin como uma das pessoas mais bonita, inteligente e foda que conheço. Que já vi. A diferença entre eu estar sóbrio e drogado é que eu coloco para fora quando não estou em meu juízo perfeito. E isso é uma merda. Porque eu lembro de tudo o que saiu da minha boca ou das decisões que tomei quando o efeito passa, e às vezes isso não é tão bom quanto parece.
— Vamos tomar banho — chamo quando meu corpo esfria e o nosso riso quase infinito chega ao fim.
Nós vamos juntos para o banheiro do meu quarto. Tomamos banho juntos. Eu viajo na maneira como a água morna que cai do chuveiro chama a atenção dele. Ele passa minutos encarando as gotículas que molham a pele dourada, ou simplesmente se enfia por inteiro embaixo d'água e fica ali paradinho, aproveitando o banho.
Ele esquece a minha existência. E eu também, para falar a verdade. É como se só estivesse ele ali. Só ele importa.
— Que foi? — indaga ainda embaixo do chuveiro. Estou encostado no vidro do box, sendo nada mais que um telespectador.
Um admirador.
— Nada. — Cruzo os braços, vendo um sorriso frouxo moldar os lábios grossos. — Você fica com uma cara de maconheiro que nem dá para disfarçar, sabia?
— É mesmo? — Assinto. — E a sua é natural.
Ele acha graça do próprio comentário.
— Engraçadinho. — Desencosto do vidro e chego mais perto dele. — Vaza daí, é minha vez.
Troco de lugar com Jimin, sendo a minha vez de tomar banho. Mas não demora tanto. Jimin sai para pegar toalhas no armário e quando volta já estou terminando.
Ele veste uma calça moletom que encontra no guarda-roupa e eu pego um short folgado.
— Está com sono? — pergunto quando o loiro deita de bruços na cama; ele mesmo a arrumou antes de deitar.
— Não. Com preguiça. — Deita a cabeça de lado sobre o travesseiro para me olhar. Os olhos semicerrados ou a maneira como pisca lento entregam o estado dele, além da voz arrastada.
O dão um charme a mais, confesso.
— Topa ver alguma coisa enquanto a gente come a pizza? — proponho, procurando o controle da televisão. Deixei em algum lugar, mas não lembro onde.
— Amor — chama. Paro de olhar em volta e fito o garoto estirado na minha cama. Ele sorri e aponta para o chão.
Quando olho para baixo, encontro o controle exatamente ao lado do meu pé.
— Cabeça de bagre.
— Eu não sou cabeça de bagre — resmungo, me abaixando para pegar.
— Eu topo ver alguma coisa.
Vou até a mesa do computador e pego a caixa de papelão antes de ir até Jimin. Enquanto carrega o aplicativo de filmes na televisão, me acomodo ao lado do maconheirinho preguiçoso. Ele senta encostado na parede, assim como eu, e abre a caixa quando a coloco sobre o colchão a nossa frente. O cheiro sobe em segundos e me dá água na boca.
— Quer ver o quê? — pergunto.
— Pode ser esse mesmo — diz, desmanchando o círculo perfeito ao tirar uma fatia da massa recheada.
Olho para a televisão e vejo o banner de "Frozen''. Assim que o aplicativo abre, esse filme é o primeiro que aparece na lista "em alta".
— Mesmo?
Apenas murmura em concordância, fazendo um som de satisfação logo em seguida. Quando olho, Jimin está mastigando de olhos fechados. De repente, entretanto, ele franze o cenho, abre os olhos e olha para mim.
— Sinto que está faltando alguma coisa... — murmura, olhando em volta.
Eu sei o que é, mas finjo que não.
— O quê? — indago, sorrindo.
Ele pensa por mais um tempo.
— Ketchup! — exclama. — Sem ketchup não dá, bebê.
— Eu não entendo essa fissura de colocar ketchup em tudo — resmungo, fazendo careta.
É péssimo.
— Você tem que entender que ketchup fica bom em qualquer coisa. Pizza sem ketchup é pra otário. — Nego com a cabeça, apontando para a mesa do computador.
— Levanta e pega se quiser.
— Obrigado por lembrar — diz amável, beijando minha bochecha antes de levantar.
Abano a cabeça de um lado para o outro e coloco o filme. Jimin volta para a cama todo feliz com o vidro de ketchup em mãos.
— É nojento — resmungo, pegando uma fatia para mim.
— Calado. — Ri. — É porque você não me viu molhando a bolacha no café com leite.
— É biscoito. E para com isso! — Gargalha. — Ai que nojo, Jimin! Eu vou golfar desse jeito, cacete.
Ele continua rindo ao meu lado, tendo dificuldades para mastigar e engolir o que está na boca. É uma cena engraçada, me faz rir também.
Em algum momento consegue superar a crise de riso e voltar a comer, e quando isso acontece já se passaram alguns bons minutos da introdução do filme. E só então nos afundamos na história do desenho enquanto saboreamos (leia-se devoramos) a deliciosa massa recheada.
Devo admitir que as cenas coloridas demais fazem uma bagunça no meu cérebro desacelerado, talvez eu tenha visto mais personagens do que de fato tem no elenco. Às vezes a minha visão se distorce demais e fica uma coisa confusa, mas até que o filme é legal.
Nós devoramos a pizza num intervalo impressionante de tempo. Deixo a caixa sobre a mesa de cabeceira, por pura preguiça de ter que levantar para jogar fora ou colocar em outro lugar, e me deito na tentativa de arranjar uma posição confortável – principalmente porque estou de barriga cheia.
Jimin deita também, de lado e de frente para a TV, e me recebe com uma conchinha confortável. O braço direito dele enlaça a minha cintura assim como a perna descansa sobre o meu quadril. Além disso, enfia o rosto no meu pescoço.
O filme se estende por mais alguns minutos e eu queria saber porque a cena do bonequinho de gelo dizendo que "vale a pena se derreter por algumas pessoas" fica rodando a minha cabeça pelo restante do filme até o final dele.
— É legal ver que um filme de princesas não acaba com final feliz só porque ela encontrou um príncipe encantado — Jimin comenta nos créditos, rente à minha orelha.
— Verdade. O amor verdadeiro está entre elas. Irmãs. — Sorrio. — É um bom filme. — Olho minimamente para trás. — Quero fazer xixi.
Jimin choraminga e me puxa mais contra o corpo dele.
— Não vai.
— É rapidinho.
Ele me segura por mais alguns segundos antes de soltar. E eu sopro um riso antes de sair desse abraço gostoso e levantar da cama.
Eu realmente estou com vontade de ir ao banheiro, mas estarei mentindo se não disser que fiz o mais rápido possível só para voltar logo para a cama.
— Viu? Nem demorei — falo assim que volto.
O loiro estica a mão na minha direção, me chamando. Sopro um riso e vou até a porta de vidro para fechá-la junto da cortina grossa. E volto para a cama logo em seguida, exatamente para onde eu estava deitado antes de levantar.
— Está com sono agora?
— Uhum — murmura, voltando a me abraçar. É gostoso ser a conchinha de dentro, o meu eu carente simplesmente ama.
— Então vamos dormir. — Peço para a assistente virtual desligar a TV só porque estou super confortável e não quero levantar para pegar o controle. Meu quarto fica escuro depois disso.
Jimin fica fascinado pelo dispositivo, ainda mais quando começa a interagir com ele.
— Alexa, me conta uma piada — ele pede, todo empolgado.
— A gente precisa dormir, amor — choramingo.
— O que um filósofo faz quando está com muita fome? — A voz dela ecoa pelo meu quarto. — Bate um Platão de comida.
Foi uma piada idiota. Eu sei que foi. Mas eu não consigo me segurar. Jimin também não. E aí a gente fica rindo e rindo e rindo até esquecer o que era tão engraçado.
— Você tá fazendo meu sono ir embora — resmungo, passando a mão sobre a bochecha para secar as lágrimas felizes.
— Desculpa, neném — pede baixinho, me abraçando com um pouquinho mais de força. — Agora é sério. Vamos dormir.
— Tá bom.
Jimin suspira e beija a minha nuca. Eu fecho os olhos para sentir melhor a respiração dele na minha pele. Isso é bom, me distrai por um tempo.
— Eu gosto de ficar com você — ele confessa de repente, devagar e calminho. — Conversando. Assistindo ou escutando alguma coisa. Fodendo. Fazendo porra nenhuma. Seja chapado, bêbado ou sóbrio. Você é minha companhia favorita, sabia?
Sorrio.
— Sabia — falo, tão baixo quanto.
— E... você estava falando sério do lance do afeto? — ele pergunta meio sem saber se deve ou não, eu noto a hesitação. — Você... quer mesmo?
— Ser seu afeto? — Confirma rapidinho, me arranca um riso breve. — Só se você quiser ser o meu também.
Ele demora para dizer algo.
— Por que tá hesitando? — quero saber. Olho por cima do ombro.
A brisa não está mais tão forte quanto antes.
— É que... A gente nunca conversou sobre isso.
— Não pode ser agora a primeira? — Dá de ombros. — A gente pode esquecer esse assunto se você achar que... não tá na hora. Ou se não quiser.
— Não! Não é que não tá na hora... — Apoia o queixo no meu ombro. Os olhos de mel se mantêm em mim. — Eu quero sim ser seu afeto. Parando para pensar agora, na minha cabeça você já é faz um tempo. Eu só...
Sorrio.
— Não queria admitir? — palpito, me sentindo da mesma forma. Jimin assente fraquinho. — Me sinto do mesmo jeito. Acho que só estava com medo.
— Ainda está?
Nego com a cabeça. — Depois daquele seu podcast em formato áudio, não mais.
Bufa, eu gargalho.
— E você? sente medo? — indago.
— Um pouco — confessa e eu presto atenção. — Só não quero... correr o risco da gente se afastar por qualquer que seja o motivo. Mas eu quero que a gente seja afeto um do outro. Muito mesmo. — Levo a mão até o rosto sardento e toco o nariz fofo de leve.
— Tá bom, afeto. — Ele sorri, me empurrando para virar de costas de novo. Me arranca risadas, mas deixo ser abraçado outra vez, não só pelo braço como também quando joga a perna por cima do meu quadril.
Ele me deixa um beijo na minha nuca antes de dizer: — Boa noite, meu moreno.
Pronomes possessivos vindo desse garoto especificamente direcionados a mim me deixam mole. Ao ponto de sair do estado sólido para o líquido.
— Dorme bem, loiro.
Como o bonequinho de neve do filme.
△ི꙰͝꧖๋໋༉◈
Eu desperto com o corpo alheio suando contra o meu. Tremendo contra o meu. Eu demoro alguns segundos para acordar e entender o que está acontecendo.
— Bebê? — chamo, olhando para trás. Jimin ainda está me abraçando, como estava antes de eu cair no sono.
Meu quarto é timidamente iluminado pelo sol, o que quer dizer que já amanheceu. Eu provavelmente dormiria mais se não tivesse sido acordado.
— Ei — chamo de novo. Jimin continua sem responder, mas o braço dele me aperta cada vez mais contra o tronco desnudo. Sinto todo o peito suado em contato direto com as minhas costas.
Ele está sonhando.
Ou talvez tendo um pesadelo.
Rolo na cama e fico de frente para ele.
— Loirinho... — Toco o ombro dele, chacoalhando de leve. — Acorda, Ji.
Apesar de ter sido cauteloso, ele acorda no susto. Ofegante e desnorteado.
— Ei, my darling. — Toco o rosto úmido, fazendo ele olhar para mim. — Está tudo bem, eu tô aqui.
Jimin fecha os olhos e suspira pesado, relaxando o corpo tenso aos pouquinhos.
— Ai que merda... — sussurra. Tiro a mão do queixo dele e passo na testa suada, jogando os fios claros para trás e tirando o excesso de umidade da pele fria.
— O que houve? — pergunto. Jimin aperta o tecido do meu calção com a mão. O espaço entre as sobrancelhas está enrugado e a mandíbula, tensionada.
Nada é dito por minutos. Ele fica quietinho, de olhos e expressão fechados, e eu continuo alisando os cabelos e rosto dele, também quieto. Só diz alguma coisa quando o corpo não treme mais, nem a respiração está mais agitada.
— Não sei, eu... — Solta meu calção e deita de barriga para cima. — sonhei com meu irmão. Foi bizarro. Ele era adulto no sonho, sei lá.
Franzo o cenho, vendo o loiro respirar fundo e esfregar o rosto com as duas mãos.
— Mas... — Tento entender. — você nem chegou a...
Jimin sequer chegou a conhecer Jihyun. Jimin nem tinha nascido ainda quando o irmão dele morreu. Para falar a verdade, nem o próprio Jihyun tinha nascido ainda quando morreu.
— Por isso é bizarro — diz, descobrindo o rosto, mas mantendo os olhos fechados. — Eu só... sentia que aquele cara era meu irmão.
Estico o braço e seguro a mão dele sobre a barriga nua.
— Você parecia assustado, bebê.
Ele aperta a minha de volta.
— Ele tava puto comigo — conta bem baixinho. — Porque eu só tenho uma obrigação e não estou fazendo direito.
Pisco algumas vezes.
— Por exemplo?
Jimin abre os olhos e encara o teto por um instante antes de me olhar.
— O óbvio.
— Se você disser estudo eu te desço a mão — falo brincando, arrancando um sorriso fraco dele.
— É isso mesmo. — Volta a olhar o teto. — Pareceu tão real.
Eu suspiro e solto a mão dele, jogando o tronco para cima para sentar de costas para o loiro.
— Você não tem obrigação nenhuma, Jimin. Literalmente nenhuma. Você faz se você quiser.
Eu fico de pé logo depois de dizer isso. Vou para o banheiro fazer todas as higienes matinais.
— Você tá puto por causa de um sonho? — Jimin pergunta quando volto para o quarto.
Passo uma das mãos na cabeça e jogo todos os fios para trás, olhando para o garoto ainda deitado na minha cama.
— Não. Tô puto porque tenho certeza que você vai ficar pensando nisso.
— Foi só um sonho idiota.
Respiro fundo, negando com a cabeça.
— É que você se cobra muito por coisa que... — Desvio a atenção dele para a cortina fechada da porta de vidro. — que não é da sua responsabilidade, coisas que não são sua obrigação. Só queria que percebesse.
Eu vou até a porta e puxo a cortina de um lado a outro. O sol entra com mais força no quarto. Destranco e empurro a maçaneta prateada para o lado, o vidro desliza até o limite. A brisa fresca entra com suavidade, gosto da sensação.
— Amor...
Eu me arrepio no instante em que escuto o chamado. Segundos depois sinto braços rodearem a minha cintura. O peito nu cola nas minhas costas e a boca carnuda na minha orelha.
— Dá um tempo, vai? Eu acabei de conversar com a minha mãe sobre isso, mas passei a vida toda achando que precisava ser um bom garoto em casa, na escola e na rua para orgulhar meus pais. E todo mundo. Eu só... só preciso de tempo.
Eu sorrio. Sorrio porque é isso que tento mostrar para Jimin desde que viramos amigos. E hoje sei que ele entende. Que consegue ver.
— Não estou te cobrando, e nem vou te cobrar, nada. — Encaro a piscina lá embaixo através do guarda-corpo de vidro da minha sacada. — Além do mais, você acabou de me provar que entendeu que não é só sendo um bom garoto, seja lá que porra significa isso, que você vai orgulhar quem quer que seja.
— É?
Me viro de frente para Jimin, de costas para a sacada. Ele continua com os braços ao meu redor.
— Você conversou com a sua mãe sobre isso. É incrível, Jimin. Tem noção de quanto tempo eu passei torcendo para que isso acontecesse? — Ele não diz nada. Fica vermelho, na verdade. — Acho que fiquei aliviado junto com você.
— Como se sente sabendo que se não fosse por você eu, provavelmente, terminaria esse ano como todos os outros, engolindo tudo caladinho? — Nego com a cabeça.
— Talvez eu tenha dado um empurrão, mas você fez tudo sozinho. — Apoio os antebraços nos ombros dele, o abraçando pescoço. — Você só precisava de alguém infernizando a sua vida. E eu faço esse papel melhor do que ninguém.
Ele sorri.
— Você não inferniza a minha vida, Jungkook. — Semicerro os olhos. — Ok, talvez um pouco. — Rio junto com ele. — Mas eu gosto.
— É? — Assente com a cabeça. — Ótimo, vou continuar te infernizando então.
Puxa minha cintura contra o corpo dele.
— Por favor — sussurra antes de grudar a boca na minha num selinho demorado. Depois me abraça forte e eu afundo o rosto no pescoço alheio. — Agora deixa eu ir ao banheiro escovar os dentes.
— Tá precisando mesmo — provoco, ganhando um tapa fraco na bunda.
— Ah é? Então me dá mais um beijo aqui. — Ele puxa meu corpo e tasca outro beijo em mim, e eu não consigo segurar a risada. É claro que não nego. Não é algo que me causa desconforto. Além do mais, não passa de outro selo demorado.
Jimin some no banheiro quando se afasta. Eu sorrio para o nada enquanto estico o lençol sobre a cama e dobro o cobertor para guardar no armário. Devo admitir que sou um cara chato quando o assunto é arrumação. Minha vida é uma bagunça, mas meu quarto tem que ser impecável.
Eu fico inquieto quando vejo algo fora do lugar.
— Bebê. — Olho para Jimin, que acabou de sair do banheiro. — Quando você vai me mostrar o que sabe fazer com isso? — Aponta para a base giratória no canto do quarto.
Arqueio uma das sobrancelhas. Ele sorri e morde o lábio inferior.
— Agora? — sugiro, levantando da cama. — Mas só um pouquinho porque eu tô só a fome, nem parece que comi cinco fatias de pizza ontem.
— Pior que eu também. — Faz uma carinha fofa, colocando a mão sobre o abdômen nu.
— Daqui a pouco a gente desce, prometo.
Eu vou até o torno e pego o balde para encher de água. A pequena cômoda ao lado guarda o pedaço de argila que eu não levei junto com as outras para o caso de me sentir agitado em algum momento e ter o que me concentrar. O plástico que envolve o barro conserva. Óbvio que não está molinho, está mais para "duro como uma pedra". Mas basta um pouco de água para conseguir moldá-lo como quero.
— Hm... — Me sento no banquinho depois de ligar a base na tomada. Quando olho para frente, Jimin está sentadinho na cama me encarando. Há um sorriso pequeno no canto dos lábios grossos. — Ok.
Eu volto a atenção para o punhado de argila no centro do torno. Quando piso no pedal e a base começa a girar, uso a esponja para jogar uma boa quantidade de água em cima do barro para ficar maleável e escorregar em meus dedos.
Essa sensação é simplesmente sensacional.
Subo e desço os dedos na massa, moldando da maneira que quero. Enfio o indicador e o médio com sutileza no centro e abro um buraco, usando a outra mão do lado de fora para dar forma a um copo. Jimin estala a língua no céu da boca.
— Tá explicado porque a sua dedada é tão gostosa — ele diz, atraindo a minha atenção. Eu paro de pisar no pedal e o loiro gargalha quando nota meus olhos nele. — É sério! Você usa os dedos muito bem.
— É bom saber — digo, rindo junto dele. — Vem cá, sua vez.
— Não acho que isso seja uma boa ideia.
— Vem logo. Eu vou te ensinar. Não é difícil. — Ele continua me encarando da cama por alguns segundos antes de levantar e vir.
Eu chego um pouco para trás e sento na beirinha do banco, dando espaço para que ele sente na minha frente.
— Isso vai ser divertido — murmuro em pura empolgação, usando o ombro dele de apoio para o queixo. Transformo o copo em um amontoado de barro outra vez.
— Tá e como é o nome disso? — pergunta, apontando para a máquina.
— Pode ser base giratória para modelagem — falo e rio em seguida quando ele me olha por cima do ombro.
— Tão óbvio — resmunga, voltando para frente.
— Uns chamam de torno, outros de roda de oleiro. — Colo ainda mais o peito nas costas do loirinho, não me importando em colocar as mãos sujas de argila na cintura dele. — Bom, tecnicamente o oleiro sou eu — sussurro rente a orelha dele.
Jimin fica arrepiado.
— E o que exatamente seria um oleiro? — Vira um pouco a cabeça para trás, quase alinhando o queixo ao próprio ombro, fazendo com minha boca cole ainda mais nele.
Fecho os olhos e deslizo os dedos pela pele do meu afeto, traçando um caminho da orelha até a bochecha com os lábios. Por fim, deixo um beijo suave e demorado sobre a tez morna.
— Aquele que trabalha o barro — sussurro, amassando a carne da cintura com as mãos de maneira suave, sem tanta força. Como uma massagem. Não preciso olhar para ter certeza de que a argila cinza pinta a pele de Jimin. — Que molda utilizando apenas as mãos. — Escorego os toques para frente, tocando o abdômen nu. — Ou usa o torno para auxiliar as mãos. — Por fim, descolo os lábios da bochecha avantajada e me afasto um pouco, abrindo os olhos.
— Acho que fiquei excitado — Jimin confessa, sorrindo ladino ainda de olhos fechados. Eu solto uma risada. — É sério. Meu Deus...
— Para de ser pervertido. — Beijo o ombro, tirando as mãos da barriga fofinha. — Mas agora quem vai ser o oleiro será você. — Estico os braços para frente e agarro as mãos dele com as minhas.
— Vai me guiar?
— Com certeza.
Eu mostro como se faz. Posiciono as mãos do loirinho suavemente sobre o barro e o oriento pertinho da orelha. Jimin sempre ri quando amassa sem querer ou faz um formato engraçado, e eu acabo rindo também porque ele é todo bruto. Claro que não é algo instantâneo, eu levei tempo até conseguir a delicadeza que o barro precisa para ser moldado, mas meu garoto até que se sai bem para uma primeira vez.
— Você está se saindo bem — falo, tirando as mãos de cima das dele e deixando que continue sozinho.
Jimin sopra um riso.
— Você está sendo legal, eu sou péssimo nisso — diz, pisando no pedal mais forte do que deveria, o que acaba fazendo o excesso de água respingar nele. — Inferno!
Me faz gargalhar.
— É prática, dengo. — Beijo o ombro outra vez. — Vamos tomar banho? Você fez bagunça como uma criança brincando na lama, olha isso!
Ele solta uma risada irônica no instante em que se vira para trás e encosta a mão suja de barro na minha bochecha.
— Ih, tá sujo aqui. — Aponta para o meu rosto.
— Você é insuportável — resmungo, segurando o rosto dele com uma única mão, pressionando o indicador e o polegar nas bochechas cheias até formar um bico adorável nos lábios gorduchos.
Consequentemente eu o sujo também já que a minha mão ainda está coberta de argila.
— Vamos tomar banho logo — chamo, estalando um selinho na boca dele. — Meu estômago está criando vida própria.
— Eu só não digo que você não é exagerado porque a larica aqui está nesse nível.
Jimin me dá um último beijo antes de levantar.
Ele me ajuda a limpar a bagunça que fizemos antes de irmos para o banheiro juntos. E devo admitir que tomar banho com ele é muito melhor do que sozinho.
Pensando melhor, tudo o que eu fizer com ele vai ser melhor que sozinho.
Notar me assusta. Muito.
Eu tô muito carente, não gosto disso.
Depois do banho e de nos vestir, Jimin e eu saímos do quarto. O quarto do meu pai está vazio quando checo se ainda está ou não dormindo, o que quer dizer que ele está em algum outro lugar. E de fato está. Quando descemos, acho Seokjin sentado no sofá da sala assistindo um canal que passa coisas sobre política o dia todo.
— Bom dia, meu amor — desejo ao terminar de descer a escada, atraindo a atenção dele para o loirinho e eu.
— Bom dia, doutor — Jimin também deseja, vindo logo atrás de mim.
Meu pai sorri com uma das sobrancelhas erguidas e pende a cabeça minimamente para o lado como se tentasse prestar mais atenção em algo.
Em mim.
— Bom dia. Dormiram bem? — Espremo os olhos para ele, colocando a mão sobre a curvatura do meu pescoço onde sei que tem marcas feitas em algum momento da noite anterior que eu não lembro com exatidão, mas que foi gostoso. Provavelmente é isso que chama a atenção do meu pai. — Creio que sim.
— Você prometeu, dinossauro da Era Mesozóica. Sem gracinha.
Ele ri.
— Não disse nada demais. — Desvia os olhos de mim para o loiro. — Quando forem tomar café da manhã, por favor, Jimin, supervisione essa criatura. Criança na cozinha é um perigo.
Jimin ri.
— Pode deixar comigo — e diz.
Eu cruzo os braços na altura do peito.
— Não estou gostando desse complô contra mim. — Vou em direção à cozinha.
Jimin ainda fica algum tempo com meu velho antes de vir também. Gosto de saber que os dois estão se dando bem. O loiro parece bem mais à vontade com meu pai e é gracioso de ver.
— Eu é que tô ferrado com vocês dois virando amigos — falo quando ele aparece na cozinha.
— Então você sabe o que eu vou passar com você e a minha mãe. — Envolve um dos braços na minha cintura quando para ao meu lado. Estou lavando as mãos na pia. — Estamos quites. — Beija a minha bochecha. — Por favor, me alimente! Meu estômago está me comendo de dentro pra fora.
Solto uma risada, fechando a torneira.
— Vou fazer a melhor panqueca da sua vida, bebê — garanto.
— A de massa pronta e batedeira?
— Tsc! — Ele gargalha. — Não é qualquer um que sabe manejar equipamentos tão sofisticados, ok? Eu sou muito habilidoso.
— Sei.
Acho que nunca admiti isso, nem para Jimin nem para mim, mas eu amo, amo mesmo, esses momentos com ele. Digo depois que nossos pais descobriram e nós paramos de nos esconder na frente deles. Conhecer Seoyun, deixar que ele conhecesse o meu pai, passar a noite todinha com ele, dormir e acordar, assistir filme na cama, cozinhar. Sério, eu simplesmente amo esses momentos novos. Me fazem bem. Me mostram o quanto as coisas seriam incríveis se ninguém se metesse na nossa relação.
░★░
E aí, anjos! Como vocês estão?
**CONTAGEM REGRESSIVA!!! GB!BB ESTÁ ENTRANDO NA RETA FINAL. FALTAM, OFICIALMENTE, 10 CAPÍTULOS PARA ACABAR 😧🤯
QUE MUNDO É ESSE TÃO CRUEL QUE A GENTE VIVEEEEEE 😭💔
Mas não vamos pensar em coisas ruins por enquanto. Vamos voltar aos Jikook
E agora é oficial, eles são afetos 😭
Eles assistindo Frozen abraçadinhos 🥺
O Olaf disse que vale a pena se derreter por algumas pessoas e o JK instantaneamente se derretendo pelo Jimin ai ai ai
O Ji brincando de massinha com o Jun 💔
E aí, pizza com ou sem Ketchup? Kkkkkkkkkk confesso que eu coloco em tudo que dá, então sou Team Ji
Esse capítulo foi bem doméstico, né? Eles acordando juntos, escovando os dentes, tomando banho, dando bom dia pro Jin. E aí cozinhando e tomando café da manhã. Que domingo maravilhoso pros Jikook de GB!BB 🤧
Enfim, é isso por hoje
SPOILER: no próximo capítulo o JK vai abaixar a cabeça e deixar a marra dele de lado por um dia, porque o Jimin vai mostrar um lado diferente do morro pra ele. Aguardem
Se amem. Se cuidem. Se hidratem. Se protejam 💜
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