22 ! BADBOY
SALVEEEEEEEEE
Espero que gostem do capítulo, comentem bastante, deixem a ⭐ se isso acontecer e boa leitura 💕
░★░
Carência
Abraços e beijos
Barulho de chuva
★★★
Acho que depois de muito tempo eu me sinto sozinho.
Não sei se gosto disso.
Pela primeira vez desde que meus pais e eu começamos a morar aqui, acho essa casa grande demais. Quieta demais. Solitária demais.
Porra, eu só quero alguém me apertando bem forte num abraço ou fazendo carinho na minha cabeça até eu dormir.
Apesar da insistência do loirinho para vir, não deixaria ele arranjar problemas para si próprio como da última vez. As coisas não vão mais sair do nosso controle, por mais que eu anseie pela companhia.
Não é um segredo que desejo os toques de Park Jimin o tempo todo. A questão é que... é diferente agora. Eu desejo os toques dele, mas sem conotações sexuais. Tipo, nada relacionado a sexo. Eu só estou a fim de ser mimado e ele é a única pessoa que me vem à cabeça.
Desmancho pela segunda vez o bico que formou em mais lábios sem o meu consentimento e desligo o chuveiro. Depois de um orgasmo via chamada, um banho morno ao som da chuva caindo lá fora veio bem a calhar. É relaxante ao cubo.
Saio do banheiro com uma toalha amarrada na cintura e pego e vesto nada mais que um calção folgado.
Apesar da chuva, o clima não está frio nem calor. Está fresco. Neutro. Equilibrado. Está confortável. Perfeito para dormir abraçado com alguém.
Eu só não tenho esse alguém.
Olho o despertador sobre o móvel ao lado da minha cama: 01h31.
Saio do quarto a fim de tomar água, prometendo para mim mesmo que deitarei e tentarei dormir. Que não vou desregular meu sono outra vez.
Passo em frente ao quarto do meu pai e a porta entreaberta me permite ver a cama arrumada, como deixou quando saiu pela manhã para trabalhar.
Ele ainda não voltou.
Eu confio nele quando diz que está no trabalho, não teria porque mentir para mim em relação a isso. Eu só tento não ficar tão preocupado, apesar de ser quase impossível. Só não fico mais porque sei que ele não bebe.
Meu pai detesta álcool.
Suspiro e puxo a porta, fechando-a antes de continuar rumo à cozinha. Entretanto, quando chego no meio da escada, ouço a campainha tocar. E eu estranho por um momento. Porque meu pai não é de esquecer coisas, principalmente as chaves da própria casa já que essas ficam no mesmo lugar que a chave do novo carro dele.
Eu hesito, mas vou até a porta principal. E hesito de novo antes de destrancar e abrir.
Acho que de todas as pessoas que eu imaginava, Jimin nem passava pela minha cabeça. Porque ele prometeu que ia dormir. Para mim, ele já estava no quinto sonho daquela madrugada.
Mas não. Ele está bem aqui. Bem na minha frente.
Ensopado e ofegante.
— Ér... Não é por nada não, mas eu odeio chuva — diz, sorrindo de lado. — Não surta, por favor.
— Não surtar?! — Fecha um dos olhos por baixo das lentes embaçadas pela água, enrugando o nariz.
É tanta coisa que cresce dentro de mim de repente que eu não sei nem por onde começar. É raiva por ele ter mentido e não me escutado. É preocupação por ele ter andado tudo isso no escuro e embaixo de chuva. E... Não sei. Talvez euforia? Por ele ter vindo por minha causa.
Ao mesmo tempo que estou puto, estou contente.
— Nossa, Park Jimin, que vontade de te socar inteiro — ralho raivoso, segurando ele pelo braço. — Em que momento você achou que isso seria uma boa ideia? — O puxo para dentro de casa, fechando a porta quando passa com a bicicleta igualmente pingando água.
— Bebê...
É a única coisa que diz antes de se soltar a bicicleta no chão de qualquer jeito e se jogar em mim, apertando os braços em volta do meu pescoço num abraço molhado e frio, mas que instantaneamente me aquece por dentro.
Merda.
— Agora eu tô aqui — sussurra, rente ao meu ouvido. — Não fica puto, você faria a mesma coisa se fosse comigo.
Pior que faria mesmo.
— Você é irresponsável — resmungo, não me importando em abraçar o tronco encharcado.
As roupas coladas ao corpo respingam e molham todo o chão abaixo dele. E me molham também.
— Nunca disse que não era — murmura divertido. — Hm... Será que o cartão do ônibus passa depois de molhado?
Franzo o cenho, me afastando dele.
Jimin enruga as sobrancelhas e enfia a mão no bolso da bermuda, tirando com dificuldade o cartão de passagem.
— Conseguiu pegar ônibus a esse horário? — pergunto, ele nega.
— Não. Não tem quase ninguém na rua. Só pedalei igual a um maluco mesmo. — Passa a mão livre na cabeça. — Minha intenção é ir direto para a escola daqui. — Me olha. — Tem problema?
— Não sei, quem tem que me dizer isso é você. — Começo a me afastar. — Fica aqui.
Eu sou rápido em subir os degraus da escada que leva ao andar superior e ir para o meu quarto. Pego nada mais que um roupão antes de descer novamente.
— Tira a roupa.
— Mas nem um beijinho antes? — provoca, mas não hesita em puxar a bainha da camisa para cima.
— O beijo vem depois — digo, arrancando um sorriso bonito dele. Os olhos do loirinho sorriem junto sempre que ele sorri. — Mesmo que você não esteja merecendo.
— Ah, mas–
— Calado. Tira a roupa.
Jimin suspira e, com dificuldade, termina de se livrar do tecido pesado. E faz a mesma coisa com a bermuda e a cueca. Mesmo o vendo na minha frente, não acredito que teve a coragem de sair de casa e pedalar no meio da chuva só por minha causa. Constatar isso me faz sorrir.
E querer brigar com ele, ao mesmo tempo.
Ele me dá as roupas molhadas e eu o entrego o roupão.
— Você ainda quer me bater?
— Demais — resmungo, me afastando. — Sobe. Já tô indo cuidar de você.
— Mas era pra ser o contrário...
O escuto resmungar ao longe, me faz rir baixinho.
Coloco as roupas dele na lavadora e ligo a máquina com a função de secagem. Volto logo depois e cruzo os braços quando vejo o garoto parado exatamente no mesmo lugar.
Teimoso do caralho.
— Me dá arroz. — Ele gargalha quando vê minha cara de confusão. — É que eu tô com medo de não passar. — Me mostra o cartão. — Talvez nem funcione com cartão, mas sei lá... Só por desencargo de consciência.
Descruzo os braços e me aproximo dele.
— Ok, eu coloco no arroz — digo. — Mas sobe e me espera no quarto, está bem? Pode deixar a bicicleta encostada aqui mesmo. — Ele assente.
Estico os braços e seguro o capuz do roupão, puxando para cima e cobrindo os fios molhados do cabelo de Jimin. E, é claro, aproveito que minhas mãos estão ali para segurar o rosto dele pelas laterais.
— Parece um pintinho molhado — brinco, e sorrio quando ele semicerra os olhos na minha direção. Ele tirou os óculos em algum momento, a sobrancelha riscada destaca a cara de puto.
—Tomá no teu cu, moleque. Me respeita. Vou te mostrar o pintinho.
Gargalho.
— Otário — digo entre risadas.
Umedeço os lábios, descendo brevemente o olhar para a boca carnuda antes de depositar um selinho nela.
— Agora é sério. Sobe.
Me afasto e pego o cartão.
— Arroz cru, hein?! — berra quando começa a subir.
— Eu não sou tão desprovido de conhecimento assim, tá?!
A gargalhada dele ecoa pela minha casa, me faz rir junto.
Eu uso uma caneca de arroz para enterrar o cartão, e deixo ali mesmo no balcão. E antes de subir, esquento um copo de leite com achocolatado.
É o máximo que eu sei fazer sem o Google.
Quando entro no quarto, Jimin está sentado na beirada da minha cama, olhando a máquina que chegou dias atrás da qual eu tenho passado as minhas tardes ocupadas.
— É com isso que você trabalha? — ele pergunta, me olhando.
— Sim, senhor. — Estendo o copo quando chego perto dele.
— Uau... Se eu soubesse que seria bem recebido teria tomado chuva antes. — Cruzo os braços quando pega da minha mão.
— Toma chuva de novo pra você ver o que te acontece — ameaço, indo até meu guarda-roupa.
Escuto ele soprar uma risadinha atrás de mim.
— É assim que você bota medo naqueles moleques? Fazendo bico? — pergunta. — Não sei como têm tanto medo de você.
Pego um conjunto de pijama – calça e blusa com manga comprida.
— Eu não consigo ser mau com você, entenda isso. — Me viro para ele. — Coloco medo neles porque sou muito mau. Minha cara de malvado é amedrontadora.
Ele arqueia a sobrancelha falhada, bebericando do chocolate.
— Sim, muito mau — diz de forma irônica, pegando a muda de roupa da minha mão. — Sua cara de mau me excita.
Dou um peteleco fraco na testa dele, que está à mostra já que todo o cabelo úmido está jogado para trás.
— Só você — digo. — Acho que já fiz Hoseok mijar na roupa por causa dela.
— Ele sim me assusta. — Espremo os olhos. — O quê? É sério.
— Ele é uma polenta, Jimin. O braço direito do tráfico brigou com você e você acha o Hoseok assustador? Me poupe.
— Não. Eu sou uma polenta. Hoseok é bem forte. Você que faz as outras pessoas parecerem indefesas. E eu sei lidar com o Besouro.
Mordisco a parte interna da boca, assistindo o loirinho deixar o copo ao lado do despertador e levantar. Ele deixa o pijama sobre a cama antes de soltar o cordão que prende o roupão na cintura.
Então Jimin fica pelado para mim pela segunda vez desde que chegou.
— Você já se sentiu assim comigo? — pergunto, talvez mais baixo do que pretendia. Ele me olha segurando a calça do conjunto. — Já sentiu medo de mim?
Franze as sobrancelhas e crispa os lábios, vestindo a peça inferior.
— Já. — De repente meu estômago gela de um jeito ruim. — Quando eu pisei no seu sapato novo aquela vez. Lembra?
Mas então me sinto, também de repente, aliviado. Porque faz anos.
— Caralho, eu sabia que você iria me matar se continuasse parado na sua frente — completa, sorrindo.
— Foi a primeira vez que nos vimos...
Ele concorda.
— Faz muito tempo, bebê. Nunca mais senti depois. Porque eu te conheci de verdade. — Veste a camisa do pijama. — Você não é um garoto mau, Jungkook, eu já falei.
Vem até mim.
Sinto as mãos de Jimin tocarem e segurarem a minha cintura com força quando para exatamente na minha frente, com o peito quase colado ao meu.
— Você é bonzinho. — Sopro um riso.
— Eu sou malvadão. — Faço um bico marrento, travando a mandíbula na tentativa de imitar a cara de puto que ele faz e que me excita. Jimin ri. — Meu Balenciaga era banco, desgraçado. Você pisou exatamente em cima dele.
— Eu não vou discutir com você sobre isso de novo. — Enfim cola o peito no meu. — Mas a gente nunca teria se visto se eu não tivesse pisado naquela coisa horrorosa.
Nego, apoiando os antebraços nos ombros dele.
— A gente, por um acaso, começou a se encontrar meses depois na Lata. Pisar ou não no meu sapato, que era lindo por sinal, não influencia em nada.
— Na moral memo? — Desce os olhos cor de mel para a a boca. — Foda-se o seu Balenciaga. — E me beija. Só... me beija. Com tanta força que me faz inclinar para trás.
A boca dele, agora, está com gosto de achocolatado. E é bom.
— Talvez a gente devesse tentar dormir — sussurra entre nosso beijo, mas logo engato em outro.
Jimin me puxa mais pela cintura contra o corpo dele e eu aprofundo o contato, abraçando-o.
Lembra da carência? Então, ela não passou. Está pior, inclusive. Mas, diferente de quando eu estava sozinho minutos atrás, agora sei que tem alguém pra cuidar dela para mim. Para cuidar de mim.
Assim que finalizamos o beijo, sugiro a Jimin usar o secador no banheiro para secar melhor os fios ainda molhados. Enquanto isso, troco a bermuda que ele, acidentalmente durante nosso abraço lá embaixo, molhou. E me jogo na cama em seguida.
A luz do meu quarto está apagada, apenas o abajur do móvel ao lado da cama está aceso. Contenho o sorriso quando vejo Jimin saindo do banheiro já de cabelo seco. Ao contrário de mim, ele sorri.
— Você vai arranjar encrenca, loiro — digo, assistindo ele caminhar até a cama. — Sua mãe não vai gostar nada disso.
— Eu avisei, ok? — garante, sentando ao meu lado. — Antes de sair eu mandei uma mensagem dizendo onde estaria, com quem e o porquê. Ela vai ver quando acordar. Garanti que vou direto para o colégio, e depois para casa. — Toca a têmpora com o indicador. — Tudo meramente calculado. Relaxa e confia no processo.
Me inclino e passo um dos meu braços pela cintura do garoto, puxando para deitar também. Ele não hesita e vem, ficando de frente para mim, assim como eu estou de frente para ele.
Só que bem pertinho.
— Não acredito que você veio até aqui só porque eu disse que estava carente.
— Nem eu. — Rimos juntos. — Algo me dizia que eu não iria conseguir dormir. — Sinto um carinho suave ser feito na minha bochecha por ele. — Não sabendo que, provavelmente, você passaria a noite toda socando Aquele Arrombado. Coitado dele.
Ele olha para baixo e encara o saco de pancada pendurado no teto do meu quarto.
— Na verdade, eu estava quase tirando dali e abraçando para dormir. — Ele ri, e deixa um tapa fraco no meu ombro.
— Idiota.
Meus olhos fazem uma viagem rápida pelo rosto à minha frente.
Jimin tira os óculos e se inclina para deixá-los ao lado da minha cama, e volta a se ajeitar de frente para mim.
— Vira para lá, vai? Vira essa bundinha linda pra mim. — Seria uma ordem se as bochechas grandes não estivesse rubras, ou se o tom de voz fosse um pouquinho menos arrastado.
— Com prazer.
Rolo na cama até estar de costas para ele. A fraca luz do abajur é apagada e o breu toma conta do meu quarto. Umedeço os lábios, ansioso, e engulo em seco quando sinto ser abraçado pela cintura. Jimin cola o peitoral nas minhas costas e encaixa o quadril na minha bunda sem pressa. Segundos depois sinto a respiração suave na curvatura do meu pescoço.
Me arrepia todo.
— Só você pra me fazer superar o medo de chuva — ele sussurra rente a minha pele. Sinto um carinho sutil ser feito na minha barriga exposta. — Quer saber? — Sopra um riso, subindo os dedos até, mais ou menos, onde fica o meu diafragma. — Não pensei na chuva enquanto vinha em momento algum. — Sela os lábios gordos na minha pele antes de colar eles na minha orelha. — Eu não via a hora de chegar e agarrar você pelo resto da noite.
Jimin me aperta com mais força, me puxa mais contra o corpo dele, e o escuto soprar outro riso quando a mão aberta toca o centro do meu peito. Eu sei que sente, impossível não sentir, ainda mais quando a palma morna se alinha a ele: meu coração acelerado.
Eu não digo nada, e não é como se fosse preciso. O loiro sente, meu coração responde por mim. Eu apenas fecho os olhos, suspirando enquanto relaxo cada vez mais sob o toque carinhoso.
— Se te serve de consolo, foi mais ou menos assim que eu me senti quando admitiu aquelas coisas para mim na ligação — admite a mim.
Eu continuo quieto, mas não consigo segurar o sorriso que surge de forma genuína e gradativa em meus lábios. Meus batimentos aumentam, Jimin sorri mais contra a minha pele e alisa meu peito como se tentasse acalmar a agitação que rola ali.
— Boa noite, moreno — deseja, beijando a minha bochecha antes de praticamente esconder o rosto na minha nuca.
— Boa noite, loiro.
É a única coisa que consigo dizer.
Eu estou nervoso, não vou mentir. Acho que não conseguirei dormir tão cedo por causa disso. Acho errado. Eu começo a prestar atenção na respiração suave contra os meus cabelos, no toque do corpo dele no meu, na forma como o aperto torna-se leve com o passar dos minutos e... eu apago. Com uma sensação boa de não estar mais sozinho. De estar com a pessoa que quero estar nesse momento.
E quando acordo, com o despertador berrando pelo quarto às seis da matina, sinto que dormi bem. Mesmo. Que descansei o suficiente para acordar de bom humor, mesmo tendo dormido menos de oito horas.
Porque ainda estou sendo envolvido por ele naquele abraço desajeitado, gostoso e acolhedor.
— Porra — xinga rouco e baixo, contra a minha nuca. — Que negócio chato.
— Bom dia pra você também — digo divertido, ainda meio sonolento. — Ele não vai parar enquanto você não desligar.
Jimin resmunga e se afasta de mim por alguns segundos. Assim que o som irritante do meu despertador para, o garoto volta a se agarrar em mim.
— Me diz que eu não estou sonhando e que você está realmente aqui — ele pede baixinho e ainda tomado pelo sono.
Sopro um riso.
— É você que tem que me dizer — rebato. — Não é todo dia que eu tenho Park Jimin na minha cama. — Seguro a coxa dele quando joga ela por cima do meu quadril. — Geralmente quando isso acontece eu acordo depois.
Meus sonhos com Jimin são cruéis. Porque é uma merda acordar e ver que não são reais.
— Você sonha comigo?
Não respondo. Em vez disso, me viro de frente para ele. A perna continua sobre mim. E a primeira coisa que Jimin faz é se esconder. Escorrega na cama e praticamente afunda o rosto em meu peito.
— Que foi? — pergunto, acariciando os cabelos descoloridos, ajeitando a bagunça que o travesseiro fez durante a noite.
— O pai é lindo, Jungkook, menos quando acaba de acordar — resmunga abafado.
Estalo a língua no céu da boca, incrédulo por estar se escondendo por isso.
— Eu já te vi acordando, bebê, e discordo completamente.
— A gente precisa levantar. — Muda de assunto. — Infelizmente, ainda é quarta-feira.
É. Infelizmente.
— Não quer ficar de bobeira aqui comigo? — sussurro, colando a boca na orelha dele. — A gente volta a dormir e acorda mais tarde. Tava tão gostoso você me abraçando.
— É tentador. — O tom dele ainda é abafado já que está com o rosto no meu peito. — Mas eu já avisei a minha mãe que vou pra aula.
Solto um resmungo vergonhosamente manhoso. Por baixo do pijama larguinho, aliso as costas do garoto de cima a baixo, viajando na quentura e na maciez de pele contra os meus dedos e a palma da minha mão. Por fim, estalo um beijo no ombro alheio antes de me afastar definitivamente.
— Então vamos.
Eu levanto. Jimin resmunga e enfia a cabeça embaixo dos travesseiros, deitando de barriga para baixo. Eu acho graça.
— Bebê — chamo. Ele murmura algo em resposta. — Vem tomar banho comigo.
Continua imóvel embaixo do travesseiro. E por um instante acredito que não quer. Mas então, de repente, vira e senta, olhando na minha direção.
Eu me permito admirá-lo. Os olhos inchados parecem ficar ainda menores que o normal, o que é fofo. Além disso, o rosto está com marcas dos lençóis da minha cama e os cabelos graciosamente bagunçados.
Como assim não é bonito? .
— Me sinto exposto — resmunga de novo, cobrindo o rosto com uma das mãos enquanto levanta do colchão.
— Para de fogo no rabo, Jimin.
Me viro de costas para ele e entro no banheiro, me pondo de frente para a pia e o espelho. Inclino para lavar o rosto e quando ergo a cabeça e encaro no espelho, vejo Jimin atrás de mim.
— Bom dia — deseja, colando o peito nas minhas costas.
— Agora você me dá bom dia? — Pego a escova de dente e o creme dental.
— Para de ser amargurado, garoto. — Me abraça pela cintura.
— Ji, você poderia dormir aqui mais vezes — falo quando sinto um selinho molhado na minha nuca. — O bandido mau aqui gosta de carinho, sabia?
Ele gargalha com tanta vontade que não consigo me segurar e rio também, enfiando a escova na boca.
— Não fala isso. Playboyzinhos que nem você que paga de bandido têm a cabeça raspada lá em cima. Quero dizer, quando o pessoal está de bom humor. Quando não tá é uma surra bem dada mesmo — diz entre risadas, e ri ainda mais da cara que faço. — Me arruma uma escova dessa, vai?
Aponto para a gaveta de baixo e ele mete a mão sem receio. Tem uma escova ainda fechada, semelhante à minha vermelha, porém verde.
Jimin tromba o ombro no meu, tomando o lugar na frente da pia.
— Implicante — resmungo com a boca cheia de espuma, chegando para o lado.
Sopra uma risadinha diabólica e também faz as higienes dele. A gente fica se provocando, se encarando pelo espelho. Eu o lanço uma piscadela atrevida e ele arqueia uma sobrancelha porque sabe que estou provocando.
Depois de escovar os dentes, Jimin e eu tiramos nossas roupas e entramos no chuveiro. O banho é... gostoso. Não que tenhamos feito algo picante, definitivamente não fizemos. Mas apenas pelo fato de ter alguém comigo, e esse alguém ser ele; uma pessoa que me dou bem e que faz eu me sentir bem. Tomar banho com Jimin é muito bom.
Eu gosto da companhia dele.
— Eu esqueci desse detalhe — o escuto murmurar quando pego meu uniforme no guarda-roupa.
Quando olho, os olhos de mel encaram as roupas dobradas que seguro agora.
— Relaxa — falo, estendendo para ele. — Eu tenho mais de um.
Nós temos a mesma altura e, apesar da diferença de massa muscular, eu uso roupas que fiquem propositalmente coladas ao meu corpo, então o tamanho do uniforme não é um problema.
Jimin veste o meu e é como se estivesse vestindo o dele.
E estou terminando de me arrumar quando escuto meu celular tocar. O identificador de chamada indica um número desconhecido.
— Alô? — falo quando atendo.
— Jimin? — É a voz de uma mulher. Não reconheço.
Franzo o cenho, olhando para o loirinho ajeitando a franja na frente do espelho do meu guarda-roupa.
— Hm... Não. Jungkook, o amigo problemático dele — me apresento e no instante seguinte Jimin me encara.
— Oh! É a mãe dele! — ela diz, empolgada. — Jimin me contou de você.
Sorrio.
— Licença — Jimin pede no instante que toma o celular da minha mão. — Bença, mãe!
Sopro um riso e mordo o lábio inferior, achando graça da forma como as bochechas do garoto ficam vermelhas.
— Tá tudo bem, mãe. Eu vou daqui pra escola, prometo. E de lá para casa, peço pra sair um pouco antes — ele diz para ela e choraminga em seguida. — Não, mãe! Não é meu namorado.
— Sou sim, dona Park! — falo alto.
— Fica quieto! — me repreende, agitando a mão no ar. Eu gargalho. — Ele tá brincando, mamãe. Ele é babaca.
Eu resolvo deixar ele quieto, voltando para o banheiro a fim de terminar de me arrumar para descer.
Minutos depois, quando volto para o quarto, Jimin já não está mais falando no telefone. Está, na verdade, com uma expressão irritada super adorável.
— Idiota! — diz, olhando para mim. — Agora ela quer porque quer te conhecer.
— Ótimo. Eu também quero conhecer ela. Ela parece ser muito legal.
Ele estreita os olhos para mim, me faz rir.
— Vamos tomar café. Se não a gente se atrasa — alerto, andando até a porta, e me viro para ele com um sorriso ladino quando a abro. — Mamãe, é?
— Calado! — Me empurra. — Como eu te odeio, garoto.
— Como a sua mãe sabe meu número, hein? — Paro no limiar, bloqueando a passagem.
Suspira, cruzando os braços. As bochechas dele ainda estão vermelhas e acho que ainda é pela provocação de minutos atrás.
Jimin fica gracioso quando está envergonhado.
— Eu só dei seu telefone por garantia. Caso ela quisesse me ligar para perguntar se estava tudo bem ou, sei lá... se estou contando a verdade. — Assinto com a cabeça, cruzando os braços também.
— Faz sentido. Até porque, você é um belo de um mentiroso quando quer. — Faz uma falsa expressão de ofensa, descruzando os braços apenas para me empurrar de novo.
— Claro que não sou! — Recuo rindo, saindo do quarto.
— É sim! — provoco, desviando quando ameaça me empurrar de novo. Desta vez eu corro dele e ele vem atrás de mim.
— Olha só quem fala! — Desço de dois em dois degraus, rindo.
— Eu nunca menti! — exclamo, me virando para ele quando chego no pé da escada. Jimin para no meio dela, soltando uma gargalhada irônica.
— Você dá aula, bebê — diz, descendo devagar. — Tem mestrado em contar mentiras.
— Aham. E meu orientador foi você. — Arqueia uma das sobrancelhas quando desce do último degrau e para na minha frente.
E ele iria rebater, é claro que iria, mas algo além de mim chama a atenção dele. Algo que o deixa extremamente vermelho de uma hora para a outra.
— Estava me questionando se havia comprado cavalos e deixado no andar de cima.
Escuto a voz grave dizer em tom de humor atrás de mim. Quando me viro, meu pai está parado nos encarando. Como na maior parte do tempo, vestido em trajes formais.
— Olha só quem lembrou que tem casa — provoco, cruzando os braços de novo.
— Bom dia para você também, meu amor — ele diz, e inclina a cabeça levemente para o lado. — Jimin, não é?
O loirinho, do jeito meio desengonçado dele – como sempre fica quando está nervoso –, se põe um pouco mais para frente e estende a mão aberta.
— Bom dia e... — Meu pai não hesita em devolver o cumprimento. — desculpa pela bagunça.
Por um instante, meu pai desvia o olhar para mim, e eu vejo a sobrancelha bem feita ficar minimamente arqueada antes de dar um pequeno sorriso e voltar a atenção para Jimin.
Ele vai aprontar.
— É bom finalmente falar com você — diz, aumentando o sorriso. — Jungkook fala muito de você.
Eu sabia que ele iria tirar uma comigo. Sabia que iria usar todas as nossas conversas anteriores. Advogados têm um talento excepcional para descobrir coisas usando perguntas que parecem inofensivas, mas revelam muita coisa. E eles tem uma memória assustadoramente eficiente.
— Não começa, Seokjin. — É claro que eu o interrompo. Não sou besta.
Não, é claro, que tenha algo para descobrir entre Jimin e eu. Pelo menos não além do que está aparente (agora apenas para algumas pessoas), como a nossa amizade.
Para mudar de assunto e perder o rumo deste, alerto sobre estarmos atrasados e consigo arrastar meu pai para a ilha. Ele não disse que horas chegou, se está tudo bem ou descansou o bastante para trabalhar bem disposto. Isso eu o questionaria mais tarde, sem a presença do loiro.
Não que tivesse algum problema ele escutar, eu vou contar a ele em algum momento de qualquer forma. A questão é que meu pai não sabe que eu conto e não vai se sentir confortável para conversar sobre isso na frente de outra pessoa.
Ao invés de falar sobre essas coisas, o café da manhã é repleto de conversa fiada que me surpreende. Apesar de Jimin estar se sentindo meio envergonhado – provavelmente pelo fato do meu pai ter nos visto fazendo coisas que geralmente não são feitas numa piscina semanas atrás – a conversa flui entre nós três.
Meu amigo parece à vontade em determinado momento e é gostoso notar isso. Porque ele se preocupa demais em manter as aparências, mas durante todo o café da manhã ele é só ele mesmo. Esquecemos escola, trabalho, traição, divórcio, discurso, faculdade.
Por poucos minutos, esquecemos nossos problemas.
░★░
E aí, anjos! Como vocês estão?
Boiolagem comendo solto mds
O Jimin pedalando na chuva só pra cuidar do moreno dele 😔✊
O Jungkook não sabia se descia o cacete ou se abraçava o loiro dele kkkkkkk
Jungkook 🤝 Seoyun = 🥰😍
Jimin 🤝 Seokjin = 😍🥰
Eu tô amando essas interações aaaaaa tudo pra mim
Enfim, é isso por hoje
SPOILER: Jimin e Seoyun vão ter um momento mãe e filho que vai unir ainda mais os dois. Vai sair algumas pérolas aí kkkkk. Aguardem
Minha conta no twitter é @DanKyunsoo e no Instagram é @dan_kyunsoo
Se amem. Se cuidem. Se hidratem. Se protejam 💜
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