18 ! BADBOY
SALVEEEEEEEEE
Espero que gostem do capítulo, comentem bastante, deixem a ⭐ se isso acontecer e boa leitura 💕
░★░
Você não destruiu dessa vez
Cerâmica?
Eu tenho orgulho de você, Jungkook
★★★
É tão gostoso. Me causa prazer. Não o sexual. É um prazer, uma satisfação, uma sensação realmente diferente, mas que é tão gostosa quanto um orgasmo.
E sim, eu estou falando da argila.
É tão bom sentir o barro entre os dedos, modelá-lo, transformá-lo e ver o resultado no fim. Eu perderia horas do meu dia esculpindo.
— É impressionante como você consegue deixar algo que já é tão encantador, modelar, mais encantador ainda. É lindo te ver trabalhando. — Paro de prestar atenção no que está à minha frente para olhar a senhora que puxou um banquinho para sentar mais perto, de frente para mim. — Sério, é muito gostoso te ver fazendo isso.
— A senhora está me seduzindo? — brinco, sorrindo de lado quando ela espreme os olhos. — Tô brincando, Jina.
— Mas eu não. — Abaixo o olhar para o jarro praticamente pronto sobre a base giratória entre as minhas pernas. — O jeito que você manipula o barro é... lindo.
Torço o pescoço de leve. Não estou acostumado com elogios. Me deixam nervoso. Me deixam sem saber o que fazer.
— Hm... — murmuro apenas, pigarreando em seguida.
Jina sopra um riso e se inclina um pouco para olhar dentro do jarro.
— Vou te sugerir algo — diz, endireitando a postura. — Pesquise sobre cerâmica. É um pouquinho mais trabalhoso, mas tenho certeza que você vai se sair bem, você é muito talentoso. E as peças ficam incríveis depois que saem do forno. — Sorri para mim antes de ficar de pé. — A aula acabou faz dez minutos.
Só então noto que sou o único no estúdio. Eu e ela.
— Posso ficar? — pergunto, não muito a fim de voltar para casa e ficar sozinho o dia todo.
Jina hesita.
— É que eu dou aula em outra escola e... preciso fechar a sala. — Sorri para mim, como se pedisse desculpas por me negar isso.
— Ok. — Sorrio breve de volta.
Passo a linha embaixo da peça para desgrudar-lá da roda e levo para o depósito, junto com o trabalho dos outros alunos matriculados na mesma aula.
— Você não destruiu dessa vez — ela observa, até mesmo um pouco... contente? E surpresa. Com certeza surpresa.
Desde que comecei a fazer esculturas de barro, no final das aulas, eu desmancho o que faço. Porque sim. Porque eu quero.
— Esqueci. Destruo na próxima — digo, lavando a mão na pia pequena.
— Os trabalhos que todos os seus colegas fizeram vão ser expostos, Jungkook, mas eu não tenho nada que você fez para mostrar para os responsáveis de vocês.
— É uma pena. — Sorrio ladino para ela, tirando o avental. — Tchau, Jina.
Saio do estúdio sem pressa, notando que os corredores e o restante das salas estão vazios, assim como o estacionamento. A maioria já foi embora. Os poucos carros parados ali são de funcionários.
A diretora ainda está, certamente.
Faz um tempo que eu não falo com ela. Se a vejo é pelos corredores ou quando entra nas salas para dar algum recado.
Sempre que a minha mãe me olha eu finjo que não percebo.
Não sei se quero conversar com ela agora. Também não sei quando estarei pronto para conversar, como quando era antes de vê-la beijando outro cara no estacionamento daquele supermercado.
Não sei se um dia vou conseguir confiar nela de novo, mesmo que eu a ame. Ela é minha mãe e era uma das pessoas que eu mais admirava antes disso tudo acontecer.
Eu preciso de um tempo.
Monto na Ducati preta e piloto direto para casa. Bom, é sempre assim, na verdade. Eu não faço nada, é da escola direto para casa. Ou para a casa de Namjoon quando ele está a fim de jogar em vez de estudar. Às vezes luto, às vezes nado, às vezes durmo, as vezes passo o dia todo comendo e assistindo besteira.
E nada mais que isso.
Talvez eu precise começar a ocupar meu tempo com coisas mais saudáveis, principalmente agora que tudo está um caos. Tudo está de cabeça para baixo.
Eu preciso me distrair.
Suspiro e me sento em frente ao computador com uma lata de Coca Cola em mãos. Deixo sobre a mesa, ao lado do teclado, e digito "cerâmica" quando clico na barra de pesquisar com o cursor.
Eu trabalho com argila a base de água. Há uma argila específica para cerâmica e Jina não brincou quando disse que é mais trabalhoso. Mais técnico. Pelo simples fato de ter finalização no forno para que vire, de fato, cerâmica, tomar cuidado com bolhas de ar, temperatura e tempo.
É muito bonito.
Mas muito rolê.
— Hm... — Tomo mais um gole do refrigerante, relaxando na cadeira enquanto fito o monitor.
Eu só mexo com esculturas quando estou na escola. Meu tempo é sempre vago na parte da tarde.
— Hmm... — Deixo a lata de lado e faço mais algumas pesquisas.
Acho que eu nunca dediquei tanto tempo em algo como nesse momento. Eu fico horas em frente ao computador, realmente focado em aprender algo.
Estudando sobre algo.
No fim desse dia, depois de todas aquelas pesquisas, eu havia comprado uma base giratória – parecida com a que uso na aula –, instrumentos e utensílios que já conheço por usar bastante e, é claro, argila.
Porque é isso que farei no meu tempo livre. Vou focar nisso agora.
Na arte.
— Hmmm... Uhum — murmuro satisfeito, relaxando mais uma vez na cadeira grande, observando o comprovante da compra.
Tudo chegaria em dois dias, mas, porra, dois dias é muito tempo!
E é um inferno. Eu não sabia que poderia ficar tão ansioso por alguma coisa até começar a rastrear de hora em hora meus pedidos como se algum milagre fosse acontecer de chegar antes do tempo.
Durante a noite Jimin e eu conversamos um pouco antes de dormir, como na noite anterior de terça-feira; a noite do aniversário dele. Assim como conversamos também na quinta-feira à noite. Eu torrei a bateria do meu celular conversando por horas com ele.
Eu contei ao loirinho o que fiz e ele... ele ficou feliz. Disse que um dia, se eu quisesse, adoraria me ver trabalhando.
Jimin nunca me viu brincando com massinha.
— Quando você vir aqui em casa ficar chapado comigo, eu penso sobre essa possibilidade — foi a minha condição, pouco antes de finalizar aquela ligação que já durava horas.
Quando acordo assim que o dia amanhece, na sexta-feira, minha vontade é de não ter que levantar para ir à escola. Porque ela tem sugado muito de mim mesmo que eu faça questão de manter todo mundo longe.
Mas mesmo assim levanto. Tomo banho, visto o uniforme pela metade e desço para comer algo.
— Bom dia — desejo ao meu pai quando chego na cozinha e o vejo ali, sentado à mesa.
— Bom dia! Preparei um café para nós. — A mesa, nesse momento, está de um jeito que eu não via há muito tempo: cheia de comida. E pessoas para comer nela.
— Olha só... — murmuro admirado, me sentando na cadeira de frente para ele. — Ocasião especial?
Espreme os olhos para mim.
— Você sabe que sim — diz, jogando algo na minha direção. Eu agarro no ar por reflexo e só descubro o que de fato é depois que olho. — Será que agora você aceita? — É a chave do roadster. — Feliz aniversário.
Ergo o olhar para o homem vestido em um terno bem passado. Ele pega a xícara e toma um gole do que julgo ser chá – porque ele detesta café – com um sorriso pequeno na boca.
— Você vai mesmo dar ele pra mim?
— Você é um bom garoto, ok?
— Eu sou? Tem certeza?
— Absoluta. — Continuo olhando-o nos olhos, assim como ele. — O carro é seu, Jungkook.
Sopro um riso, negando com a cabeça e voltando a olhar para a chave na minha mão.
— Obrigado — agradeço, levantando logo em seguida para dar a volta na ilha e abraçar meu pai por trás. — O que eu vou dizer agora vai ser completamente meloso, mas... — Deixo um beijo na bochecha dele, por cima da barba bem feita. — Você é o melhor pai do mundo. E eu te amo.
— O melhor?! — Ele ri quando concordo. — Tem razão, é muito meloso. Mas eu tenho algo mais ainda. — Alisa meus braços que rodeiam ele pelos dos ombros. Murmuro para que continue. — Eu tenho orgulho de você, Jungkook. E eu também te amo.
Meu coração começa a bater rápido. Ele fica feliz.
Eu fico feliz.
— Ya! Tem razão, isso foi bem mais gay — provoco, beijando a bochecha do meu pai de novo. Ele gargalha. — É bom te ver rindo, velhote.
— Eu não sou velho — resmunga, beliscando meu braço. — Senta aí, vai? Vamos comer.
Eu o beijo mais uma vez antes de voltar a me sentar de frente para ele. E nós tomamos café da manhã juntos. É bom. Sempre é bom passar um tempo com meu pai, e ultimamente parece que isso tem acontecido bastante. E eu gosto.
Eu amo.
— Será que posso perguntar aonde você vai sempre que chega tarde em casa?— digo, um pouco mais baixo que antes.
Meu pai desce o olhar para a caneca e permanece encarando ela pelo tempo que fica em silêncio.
— Tudo bem se não quiser falar. Eu só queria entender o que está acontecendo — deixo claro.
Ele sorri fraco, me olhando.
— Por incrível que pareça, no trabalho — conta, e solta um suspiro logo em seguida. — Ele me mantém ocupado, principalmente agora que dormir não é mais uma tarefa tão fácil. Nem ficar muito tempo nessa casa sem pensar na sua mãe.
— É que... Você chegou com marca de batom aquela noite, achei que... estivesse com alguém.
Ele sopra um riso, se ajeitando na cadeira.
— Eu tentei, não vou negar. Estava com muita raiva e me deixei levar pelas emoções. Mas eu não sou assim. Eu acabei ficando desconfortável e nem terminei o que comecei com uma juíza que trabalha comigo. Acho que ela me odeia agora. — Ri baixo. — O que me distraiu, de fato, foi o trabalho. — Dá de ombros. — Pelo menos estou recebendo elogios por entregar a resolutiva dos processos poucos dias depois que pego.
Mordisco a parte interna da minha boca, encarando meu pai por um tempo. Fico feliz que tenhamos uma relação transparente o suficiente para me contar essas coisas.
— Você sabe que isso não vai dar certo, não sabe? — digo. — Você precisa descansar direito. Você pode encontrar outro jeito de passar por isso sem ter que trabalhar mais de doze horas por dia. A gente pode. Me deixa te ajudar, meu amor.
Eu vejo um sorriso pequeno aparecer entre a barba grisalha. Em reflexo, respondo com outro.
— Tudo bem — diz baixo.
— Eu preciso ir para a aula, mas promete que vai voltar para casa mais cedo hoje? Eu fico com você. A gente tenta junto.
Meu pai não diz nada, apenas balança a cabeça para cima e para baixo. É quando percebo que ele está segurando choro. Evitar falar evita o choro.
Eu sozinho não vou conseguir consertar o coração dele. Eu preciso de ajuda. Não apenas dele, mas de alguém que entende do assunto.
Quando dá o horário meu pai vai para o trabalho e eu para a escola. Vou de carro, é claro. Certamente a intenção não é ganhar todos os olhos, mas eu já nem chamava atenção de moto, não é? Imagina de roadster?
É engraçado como de repente aparecem amigos ao meu lado que eu nem sabia que tinha. É mesmo muito engraçado.
— Jungkook. — Saio do carro e começo a caminhar em direção ao prédio de humanas quando tranco com o controle, mas sinto um toque no meu ombro. Não olho para trás e continuo caminhando, o garoto rapidamente se coloca ao meu lado. — Bom dia... Ér...
— Eu te conheço?
— Não, eu... Ér... É que eu te acho muito legal e queria saber se...
Franzo o cenho. Me acha muito legal?
Paro de andar e olho para o garoto. Eu nunca falei com ele, mas sei quem é. Filho de um tenente arrogante pra caralho.
— Não sou legal — digo a ele. — E é melhor você parar de tentar espiar as meninas no vestiário. Além de desrespeitoso, é crime.
Ele engole em seco.
Umedeço os lábios e me aproximo dele.
— Eu amasso a sua cara se pegar você na janela de novo — ralho, sentindo a ponta do meu nariz tocar o dele. — Eu acabo com você.
Eu não vi ele assediando as meninas, se não teria intervido do meu jeitinho meigo de resolver problemas. Mas escutei conversinhas pelo corredor recentemente e isso é mais do que o suficiente.
— Uhum — murmura nervoso, assentindo com a cabeça.
— Bom menino. — Sorrio ladino de forma breve, mas logo volto a manter a expressão neutra.
— Hm... Feliz aniversário? — Ele está tão apavorado que soou como uma pergunta.
— Some da minha frente.
E ele some. Se afasta com tanta rapidez pelo corredor que não consigo segurar a risada baixa.
— Porra... — xingo num sussurro, entrando na sala de matemática.
Matemática. Matemática é do diabo. Vem do inferno. E eu simplesmente não consigo me livrar dessa disciplina porque ela é obrigatória. Não tenho para onde correr.
São duas aulas seguidas de matemática, com um breve intervalo entre elas. E história em seguida. Vejo Jimin no intervalo, sentado junto ao grupo da eletiva de Tecnologia em uma das mesas espalhadas pela cantina, distraído. Uma coisa rara de se ver já que o loiro sempre prefere ficar escondido em algum burado da escola a ficar no meio de muitas pessoas. Mas é bom vê-lo. Não o vi nos últimos dois dias, desde o nascer do sol do aniversário dele, e sempre é bom ver ele.
Meu amigo está de um lado do refeitório e eu do outro, bem longe, mas ele me acha em algum momento. Assim como eu o encontro. Certamente continua conversando com os outros três integrantes, mas os olhos de mel se mantêm em mim. Por um tempão.
Eu pisco um olho só e ele umedece os lábios carnudos, sorrindo de lado. E pisca de volta.
Depois do intervalo não o vejo mais. Não temos mais aulas juntos em dia algum, e acabamos não nos esbarrando entre a troca de salas. Mas estou no meio da aula de literatura quando recebo mensagens dele.
Jimin
|D U V I D O você aparecer no depósito
|Agora
[10:46]
Eu nem respondo, apenas enfio o celular de volta no bolso e levanto, saindo da sala. Não, não peço. Só saio.
— Você não gosta mesmo de ser desafiado, não é? — ele diz no instante em que entro no depósito. Há prateleiras com todo o tipo de coisa que é usado na escola, desde papel A4 a produto de limpeza.
Sorrio astuto e encosto na porta assim que a fecho, apenas para ter certeza de que ninguém vai abrir de surpresa.
— Não — respondo baixo, vendo ele sorrir e desencostar de uma das prateleiras para vir até mim.
Jimin se aproxima até o peito tocar o meu.
— Está matando aula, Sr. Park?
— Jamais, Sr. Jeon. Se você não sabe, estou apenas usando o banheiro. — Sorrio.
Ele apoia os antebraços nos meus ombros.
— Espertinho. — Seguro a cintura dele. — Caralho, Jimin — sussurro, inclinando minimamente para frente e findando a pouca distância que tinha entre nós.
E o beijo.
— Eu não posso demorar — alerta baixo contra a minha boca, mas retribui. Retribui com vontade, com gula, deixando bem claro o desejo que sente por aquele beijo tanto quanto eu.
É delicioso. A forma como os lábios grossos deslizam sobre os meus. Como a língua acaricia a minha. A forma como chupa e morde, com sutileza e cuidado, a minha boca. A forma como os dedos apertam e puxam os meus cabelos, ou as unhas arranham a minha nuca. A forma que nosso beijo se encaixa. Tudo. Tudo é delicioso.
— É sério! — exclama, findando aquele beijo gostoso de repente. Jimin ri quando eu choramingo, tentando grudar nossas bocas de novo. Mas ele se esquiva e não deixa. — Eu preciso voltar, tentação.
— Só mais um.
— Ok, mas presta atenção. — Acaricia a minha nuca. — Ei, meus olhos estão aqui em cima, gafanhoto. — Tiro a atenção da boca avermelhada, fitando os olhos cor de mel. — Parece que alguém está fazendo aniversário hoje.
Suspiro.
— Pois é. Ninguém me deixa esquecer.
— Eu sei que você escutou isso a manhã toda, mas... — Ele sorri, afundando mais os dedos em meus cabelos. Me causa uma sensação gostosa. — Feliz aniversário, gato. — Eu sei que estou sorrindo agora. Eu tenho em mente isso. Entretanto, nesse momento, ele toma toda a minha atenção. — Eu não... não tenho talento nenhum pra arte como você. — Sopra um riso. — Mas eu fiz algo. E... — Abaixa a cabeça, deixando claro o fato de estar sem graça. Mordo o lábio inferior e toco o queixo, fazendo o garoto voltar a me olhar. — Eu deixei no seu armário. É claro que não chega aos pés daquele gatinho que você me deu, mas espero que goste. Mesmo.
Eu não respondo, apenas volto a beijá-lo. Desço um pouco mais as mãos, até a bunda dele, e puxo mais o corpo gostoso contra o meu.
— Jungkook... — Jimin choraminga. O tom é repreensivo, mas ele retribui de volta. Apesar de não poder demorar, sei que quer ficar. Sei que passaria horas me beijando. Pelo menos é isso que o corpo dele, prensando cada vez mais o meu contra a porta, mostra.
— Obrigado — sussurro, beijando o canto dos lábios volumosos. — Eu sei que vou amar, como aquele bombom que você me deu no dia das crianças do ano passado.
Ele ri contra a minha boca.
— Você gostou tanto assim daquele bombom?
— Pode ter certeza, Park Jimin. — Aperto as nádegas com força. — Eu gosto de tudo o que você me dá.
— Tudo? — Noto o tom safado.
— Uhum. Tudo.
— Até o que você está apertando agora? — provoca.
Sorrio e aperto mais a bunda dele.
— Principalmente isso, loirinho.
— Hmm... — Solta uma risadinha atrevida. — Agora é sério, preciso voltar pra sala.
Eu consigo mais um beijo dele antes de se afastar.
— Ah e eu deixei o currículo da minha mãe lá dentro também — conta quando desencosto da porta para que possa sair. — Obrigado mesmo pela força.
— Vai embora logo, nerd.
Ele revira os olhos, mas se inclina para me dar um último beijo antes de abrir a porta e sair. Eu permaneço dentro do depósito por alguns minutos, sorrindo para os pacotes de papel A4.
Quando saio, ir até o meu armário é a primeira coisa que faço. Não há ninguém no corredor além de mim.
Umedeço os lábios e digito ansiosamente a senha – essa que, obviamente, Jimin sabe.
Às vezes nos comunicamos por bilhetes, que são deixados dentro dos nossos armários. Então, da mesma forma que sabe a senha do meu, eu sei a senha do dele.
Quando consigo abrir, o caderninho diferente entre os livros intocados chama a minha atenção logo de cara. Porque tem o meu nome na capa. Não é grande, deve caber no bolso traseiro da minha calça, assim como não tem muito mais que um dedo de espessura. A capa é dura e amarronzada e, notoriamente, foi feita a mão.
Tudo à mão.
Noto o envelope amarelo também, mas não dou muita bola para ele. Apenas pego o caderninho, tranco o armário e volto para a sala. A professora de literatura, assim como não se importou em me ver saindo, não liga quando entro quase no fim da aula.
Volto a me sentar na última carteira e relaxo a postura ao afundar na cadeira, apoiando as mãos em cima das coxas – quase embaixo da mesa – para que ninguém mais veja o que aquele pequeno caderno esconde.
Na capa há duas únicas palavras:
"para Jungkook"
Caligrafia do loirinho.
Mordo o lábio inferior e enfio o polegar por baixo da capa, abrindo-a.
"Pensei por um tempo sobre o que te dar, principalmente depois de assistir ao nascer do sol e ter ganhado aquele gato. Como eu poderia dar algo para você melhor do que deu a mim naquele dia? Impossível. Mas tentei, apenas tenha em mente que não supera o que fez para mim, bebê.
Mas aí está: algumas das nossas memórias, compiladas em fotos."
Mais uma vez a caligrafia dele. Tem essas palavras, escritas por uma caneta preta de ponta fina, e um adesivo no canto superior que ficou vago. Um adesivo de uma carinha sorrindo com as bochechas vermelhas.
Me faz sorrir.
Olho brevemente para a professora enquanto passo a página. A mulher continua explicando o conteúdo. Volto o olhar e a atenção para baixo.
A folha seguinte ao pequeno texto é uma foto. Uma foto minha. Eu comendo um cachorro quente. Eu lembro desse dia. Jimin e eu saímos à noite e acabamos achando uma barraquinha de cachorro-quente funcionando mesmo que tarde. E paramos para comer. Faz mais de um ano isso.
Eu não sabia da existência dessa foto.
Na página ao lado está escrito:
"Você arregala os olhos sempre que vai morder algo grande demais e, porra, isso é estupidamente fofo."
Na próxima folha há outra foto, só que, desta vez, é uma selfie tirada por mim. Jimin está distraído no fundo, chupando o canudo do milkshake.
"Estava entupido. Olha a força que eu tô fazendo KKKKKK que bosta! E eu sei que é necessário e a intenção é boa, mas canudo de papel é tão... :/"
Passo a mão na boca, tentando esconder o sorriso, e checo se não tem ninguém prestando atenção em mim.
"Gostoso da porra. Nem parece o mesmo cara que... Ah, você sabe, Jungkook. Esse dia foi uma delícia."
É outra foto minha. Estou montado na moto, sem capacete e sem camisa, cobrindo o rosto com a mesma mão que estou fazendo dedo para a câmera. Jimin diz que sente tesão quando finjo ser malvado. Admitiu para mim, uma das nossas madrugadas alucinadas, que gosta de saber que enquanto as pessoas temem a mim ele sabe o quão manhoso eu peço para ser fodido quando estamos sozinhos. Na noite desta foto, por exemplo, o loirinho acabou comigo.
Foi delicioso mesmo.
"É uma pena que as fotos não funcionam como em HP, porque esse vídeo é sensacional!"
A foto é, na verdade, um print de um vídeo que ele gravou. Mostra eu usando a boca de uma garrafa de uísque como microfone, e era como se eu estivesse assistindo àquele vídeo de novo. Eu estava bêbado pra caralho e cantando alguma música de corno sem contexto algum. Consigo escutar perfeitamente a risada embriagada do loiro.
"Lembra dessa? Você me levou numa roda gigante num parque longe da nossa cidade. Foi uma das poucas vezes que saímos tão cedo juntos. Foi um dia muito legal."
Jimin comentou que nunca tinha ido num parque de diversões e que sempre teve vontade de entrar numa roda gigante. Então eu o levei. Fomos parar na cidade vizinha para isso, mas eu encontrei um parque com roda gigante. E a foto não tinha mais nada além da incrível paisagem noturna do mar vista lá de cima. Fui eu que tirei essa.
Foi um dia incrível.
"É claro que não podia faltar nossa vista favorita, né?"
É a vista que temos da Lata: nossa cidade, que se mantém sempre acesa por causa das luzes dos prédios altos e o morro com os cortiços mais ao lado.
Além dessas, há várias outras fotos coladas, de momentos diferentes, passados, seja meses ou anos, sempre acompanhadas de uma legenda feita a mão.
O sentimento que toma meu corpo enquanto folheio essa espécie de álbum de recordações é de nostalgia. Eu sinto tudo o que senti durante aquelas lembranças mostradas nas fotos. É como se eu pudesse reviver todos aqueles dias.
Eu
N tem talento pra arte?|
Mentiroso|
[11:15]
Jimin
|Isso nem é arte :/
[11:19]
Eu
Ler isso doeu mais do q uma facada no olho|
E eu n preciso tomar uma facada no olho pra saber q dói mais q uma|
Retire imediatamente o q disse|
[11:20]
Jimin
|Ó o drama meu pai amado
[11:20]
Eu
Retire as suas palavras park jimin|
[11:21]
Jimin
|N é arte comparado ao q vc faz
|É o q eu quis dizer
[11:21]
Eu
Tá piorando|
Melhor retirar logo|
Eu vou t infernizar|
[11:22]
Jimin
|Eu t presenteio e é assim q me agradece?
|Com ameaças???????
|INGRATO!!!!!!!!
[11:22]
Eu
Beleza, Park Jimin.|
[11:25]
Jimin
|Eu odeio quando vc usa ponto final
|Usou até vírgula
|Isso n é legal
[11:25]
|Pq parou de responder?
|JUNGKOOK
[11:30]
Bloqueio o celular e seguro a vontade de sorrir, voltando a prestar atenção na aula.
░★░
E aí, anjos! Como vocês estão?
O cara só ganhou um carro de aniversário. Só isso kkkk
O passo que o JK deu foi sutil, mas é muito importante pra ele. Ele vai ocupar as tardes com a arte e a professora Jina tem um papel crucial no incentivo desse lado artístico do nosso mauricinho
O presentinho do Jimin 🤧 tudo pra mim! Eu queria muito fazer uma representação real desse mini álbum (nem que seja virtual tipo o diário do JK em HCGM), mas eu teria que ir até as profundezas do inferno pra achar fotos que remetam a esses momentos muito específicos deles
Mas eu vou tentar pq sou dessas kkkkkk nem que eu tenha que desenhar cada momento
Enfim, é isso por hoje
SPOILER: no próximo capítulo o Jimin vai falar sobre o Jungkook com alguém... Aguardem
Minha conta no twitter é @DanKyunsoo e no Instagram é @dan_kyunsoo
Se amem. Se cuidem. Se hidratem. Se protejam 💜
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