14 ! BADBOY
SALVEEEEEEEEE
Bora ver o JK MA CE TAN DO o moleque?
Espero que gostem do capítulo, comentem bastante, deixem a ⭐ se isso acontecer e boa leitura 💕
░★░
Fúria, raiva
Talvez eu seja problemático
Mas socar realmente ajuda
★★★
F U R I O S O.
Eu fiquei furioso quando vi Jimin ser prensado no armário. Furioso com ele. Com o idiota do Hoseok também, mas com o loirinho ainda mais.
Porque ele não me contou.
Eu dei meia volta e segui o menino que faz parte do time de basquete do colégio, assim como Namjoon. Só que o Nam é firmeza, Hoseok não.
— É, Hoseok — chamei a atenção do garoto, que arregalou os olhos quando viu que eu estava seguindo ele. Acredito que estava indo em direção ao vestiário.
— E a-aí, Jeon!
Forçou um sorriso.
— Não se faz de sonso — ralhei.
— Como assim?
Soprei uma risada.
— Espera aí, vamos conversar. — Eu nem precisei falar duas vezes. Ele parou imediatamente de andar e se virou para mim. A cara dele fica engraçada quando está apavorado. — Hoseok, eu tenho cara de idiota?
Negou freneticamente.
— Hm... — Cruzei os braços na altura do peito, parando com o nariz quase colado no dele. Ele engoliu em seco.
— Ele que aceitou, eu juro! Eu só cheguei e pedi pra ele fazer o trabalho, e ele aceitou. Nem questionou nem nada — explicou, desesperado.
— Não minta para mim, Hobi. — Continuou negando com a cabeça. — Por que usou toda aquela força, hein?
— E-Eu...
— Você é inteligente, porque age como um babaca? — Não disse nada. — Quando você sair da escolinha e tiver que viver a sua vida, não vai ter ninguém pra fazer os seus corres. Entende? — Meu tom era calmo, apesar de estar borbulhando por dentro. — Você não vai poder pressionar as pessoas na parede pra que elas façam as coisas pra você. Você vai acabar sendo preso se fizer isso. É uma coisa muito feia, Hoseok.
— E-eu não vou fazer de novo, eu juro.
— Promete? — Assentiu várias vezes. — Promete que vai assumir as suas responsabilidades daqui pra frente e que não vai resolver os seus problemas com violência?
— Prometo. — Eu sorri satisfeito, descruzando os braços para ajeitar o uniforme alheio.
— Bom garoto, Hobi. Você sabe o que tem que fazer, não sabe?
— Pedir desculpas.
— Isso. Reconhecer que o que você fez não foi legal. — Dei tapinhas no ombro dele. — Não seja um menino levado outra vez, senão eu arrebento a tua cara.
É claro que eu jamais tocaria em alguém na intenção de machucar, apesar de, às vezes, sentir vontade, mas resolvi fazer uma ameaça saudável apenas para que ele não se esqueça da nossa conversa.
Ele vai lembrar de mim quando pensar em fazer merda.
— Tenha um bom dia, Jung Hoseok.
Foi a única coisa que eu disse antes de deixar o garoto assustado para trás e ir para a aula.
Acho que ele se mijou.
— Eu disse que queria um trabalho em dupla — o professor disse quando, logo depois que me sentei no fundo da sala, veio até mim e colocou o papel sobre a minha mesa.
Era uma folha de caderno. Caderno do Jimin. Assim como a letra que nela havia. Era a nossa redação.
A que fizemos juntos.
— Eu não te coloquei ao lado dele para ser carregado, mas para tentar fazer alguma coisa. — O tom do homem era baixo, apenas para que eu escutasse, enquanto apoiava na mesa. Os olhos dele estavam atentos aos meus. — Eu só vou deixar porque sei que não tem condições de fazer uma decente. — Apesar de me manter quieto e olhando para ele sem expressão, meu sangue corria quente. Eu estava furioso, ainda pelo que Hoseok fez mais cedo e por Jimin não ter me contado, e naquele momento por causa daquele maldito professor. — Porque eu não te quero aqui o ano que vem. E imagino que você também.
— Obrigado, eu acho — murmurei irônico, lançando um sorriso debochado para ele. Eu consegui mudar o meu horário, o que quer dizer que Jimin e eu não temos mais aula de português juntos.
O homem endireitou a postura e se afastou, voltando para a mesa na frente de toda a sala para enfim começar a aula.
Peguei o papel e corri os olhos por ele. Tiramos a nota máxima, mas do que adianta a nota se a porra do que falamos no texto simplesmente foi irrelevante para ele?
Suspirei e afundei na cadeira, perdendo a vontade de fazer qualquer coisa. Eu só queria ir para casa e ver o loirinho, porque faz quase uma semana que não nos vemos e isso parece algum tipo de tortura.
E machuca muito.
No fim da aula eu fui para o estacionamento e fiquei sentado em cima da moto desligada, observando adolescentes indo embora. Fiz isso na intenção de ver Jimin pelo menos um pouco. É assim que temos nos visto desde o que aconteceu na piscina da minha casa.
— Lis — chamei pela garota que passou por mim junto de duas amigas. As outras meninas olharam e cutucaram Elisa, mas ela não só me ignorou como ignorou elas também.
E continuou andando.
Suspirei franquinho, me segurando para não seguir a garota.
Eu vi o momento em que Hoseok abordou o loiro. Vi a forma como o meu garoto ficou assustado apenas em ver o jogador. Fiquei com raiva de novo. Queria que Jimin tivesse me contado.
Eu vi quando os olhos de mel vieram para mim. Mantive o cenho fechado. Jimin voltou a atenção para o garoto e eu consegui ler nos lábios gorduchos: "Não esquenta"
Eu não fiquei satisfeito apesar disso, porque sei que Hoseok só pediu desculpas porque eu mandei. Ele deixaria para lá, porque é irrelevante para ele. Entretanto, mesmo assim, relaxei a expressão. Porque é menos um engraçadinho tentando sugar outra pessoa.
Quebrei o contato visual que Jimin me lançou ao colocar o capacete. Arranquei do estacionamento de forma nada discreta, louco para chegar em casa e socar Aquele Arrombado.
E é exatamente isso que eu estou fazendo agora. Socando.
Entretanto, antes de bater sem parar por tempo indeterminado no saco de pancada, mandei mensagem para Jimin.
Eu
A gente precisa conversar sobre isso|
Pode me encontrar hj?|
Na Lata|
Mesmo horário|
[12:34]
Eu não paro de socar depois disso. E quanto paro é para me jogar no chão e cansar meu corpo de outra forma. Abdominais e flexões desta vez. Quando paro de descontar a raiva no meu próprio corpo já vão dar 13h45, é quando ele reclama de cansaço e fome.
Jimin
|Dmr
[12:40]
Eu, é claro, respondo satisfeito por saber que o verei em breve. Respondo confirmando nosso encontro.
Não vou negar, passo a tarde torrando o restante das horas do meu dia jogando videogame. A intenção é sair depois que meu pai chegar. Ele não costuma voltar tão tarde, mas neste dia em específico dá onze da noite e ele ainda não chegou.
O que é incomum.
Eu começo a ficar preocupado. E estou quase fazendo uma ligação quando recebo uma única mensagem dele.
Seokjin
|Volto tarde hoje. Não se preocupe comigo. Boa noite. Te amo.
[23:12]
Suspiro e chego a conclusão de que meu pai precisa desse momento só para ele. Nós temos passado tempo demais juntos. Não que isso seja algo ruim, mas ele precisa ficar sozinho para pensar nas coisas, ou sair para espairecer de alguma forma sem mim.
Acho que tô sugando ele demais.
Então não me preocupo, apenas respondo a mensagem, enfio o celular e a carteira no bolso, pego o capacete e a chave e vou até a Lata.
Jimin já está sentado ali quando subo a pé – a moto não passa no caminho improvisado. Eu chego um pouquinho depois do horário por ficar esperando meu pai dar sinal de vida, então imaginei no caminho que o loiro já estaria aqui.
— Era para eu ter te ensinado a se defender aquele dia — digo.
O garoto me olha por cima do ombro de forma breve e suspira baixinho antes de voltar a olhar para a vista noturna da cidade iluminada.
— Eu sei me defender. Eu só... não posso — rebate, tão baixo quanto. — Eu nem vou perguntar se você bateu nele porque sei que não.
— Não foi por falta de vontade — resmungo, me sentado ao lado dele, só que em cima da pedra e não no chão como está.
— O que você fez com ele?
Sopro um riso, mirando os prédios e os carros ao longe.
— Nada. Eu só cheguei perto e ele me contou que você aceitou fazer o trabalho dele.
É a vez dele soprar um riso.
— Como se eu tivesse escolha...
— Por que não me contou? — Olho para Jimin, que abraça as pernas contra o peito e esconde o rosto nos joelhos. — Por que não disse para mim que ele estava te ameaçando, bebê?
Ele dá de ombros.
Umedeço os lábios e desço da pedra, me sentando ao lado dele. Tipo: bem colado nele.
— Você estava preocupado com outras fitas — murmura, deitando a cabeça de lado nos joelhos e olhando para mim. — Sua cabeça tava fritando por causa da sua mãe, do seu pai e do casamento deles e, sei lá...
Para de falar.
— Não faz mais isso. — Eu quase imploro. — Ver ele te batendo foi tipo... — Tento pensar em alguma coisa que machuca muito. — Não sei, não foi legal. E eu fiquei com raiva por você ter escondido de mim.
Ele sorri fraco, descendo os olhos para a minha boca. Faço o mesmo e miro os lábios grossos.
— É sério, Jimin, não me esconda nada. Eu preciso saber que a pessoa que eu confio pra contar qualquer coisa também confia em mim para contar qualquer coisa. — Volto a mirar os olhos de mel, mas eles se mantêm presos na minha boca.
Jimin, então, se inclina e encosta os lábios nos meus. Não passa de um tocar longo.
— Desculpa — sussurra. — Eu confio muito em você, só não quis pesar a sua mente.
— Isso é o de menos. — Toco a nuca dele, mantendo nossas bocas coladas. — Ficar preocupado com você me faz, sei lá... Faz eu me sentir bem. Menos arrogante e babaca. Porque no restante do dia eu só tô irritado com alguém ou com alguma coisa, querendo mandar todo mundo ir pra casa do caralho. — Amasso os lábios macios com os meus. — Eu gosto de sentir que me preocupo com você, loiro.
Merda, merda, merda, merda.
Coração de merda! Fodido.
— Tava com saudade, idiota — confessa num fio de voz, agarrando meus cabelos com os dedos quando toca a parte de trás da minha cabeça. — Me beija.
Eu o beijo. Por minutos, nossos lábios mal se desgrudam. Eles deslizam um sobre o outro, se movem numa sincronia excitante e até mesmo sensual, assim como nossas línguas dentro, e às vezes até fora, de nossas bocas.
Forço o corpo contra o de Jimin e ele não se importa em se deitar no chão gramado.
Nosso beijo continua, agora comigo deitado por cima do loiro; a perna direita entre as dele e a direita dele também entre as minhas. Os estalos dos beijos soam altos, mas se perdem no ar em algum momento. Estamos sozinhos num lugar abandonado.
Jimin solta o meu cabelo e escorrega as mãos pelas minhas costas, amassando e puxando o moletom que estou vestindo quando mordo o lábio inferior dele.
— Será que a gente pode parar de se ver apenas uma vez na semana? — digo, descolando nossas bocas pela primeira vez desde que as unimos. — Não curto isso.
Ele sorri de lado e escorrega mais as mãos pela minha coluna até chegar na minha bunda.
— E a fita de esperar a poeira baixar? — Beija o canto da minha boca. — Hm? Foi você que decidiu ser assim.
— UEPA! — berro. — NÓS decidimos. Foi uma decisão unânime, não joga tudo pra cima de mim, coisa gostosa. — Ele ri, apertando a minha bunda sem vergonha. — Só que às vezes me sobe umas vontades que, porra... Não sei como consigo me segurar.
— Que tipo de vontades?
Eu sorrio de forma atrevida e selo a boca inchada, chupando o lábio inferior. Fez um barulho gostoso quando solto.
— Sei lá, tipo te prensar, de um jeito bom, no armário e te beijar na frente de todo mundo. — Faço bico. — Fico imaginando como seria a reação das pessoas. Me excita um pouco.
Jimin abana a cabeça de um lado para o outro, estreitando os olhos atrás das lentes transparentes dos óculos.
— Nunca faça isso — sussurra, não apenas apertando, mas puxando a minha bunda contra ele. Consequência disso foi ter o meu pênis prensado entre meu quadril e a coxa dele de um jeito delicioso. — Os professores vão achar que você tá me manipulando ou algo assim.
— Quando, na verdade, o queridinho deles é o próprio capeta quando ninguém está olhando. — Deixa um tapa forte no lado esquerdo, me fazendo soltar um gemido baixo pela ardência e pela surpresa.
— Eu sou um santo, na moral? — diz. — Eu me comporto.
— Aham. E eu sou virgem. — Revira os olhos. — Coisa feia, Park Jimin!
— Você não é virgem nem de signo, bebê. — Gargalho, enterrando o rosto no pescoço dele. Para não soltar todo o meu peso, uso os cotovelos contra a grama como apoio mesmo que meus braços vez ou outra implorem por descanso.
— Quase, vai? Por um dia eu sou libriano. — Beijo a pele quente, sentindo o garoto se esquivar por ser um lugar sensível.
— Foda-se signos, porra. — Jimin odeia pseudociência. Ele destruiria a maioria se pudesse. — Eu já posso dizer que o seu anel é meu?
— Qual deles? — provoco, o tom malicioso.
— De caveira, óbvio. Porque o rabo já é meu, né? — Aperta a minha bunda, meu corpo esquenta.
— E cuida direitinho — digo, meio manhoso. — E é claro que o de caveira não é seu. — Me afasto e encaro o rosto bonito. — Me devolve.
— Não quero devolver — provoca. — Deu mole, é vapo. É esse é meu agora também.
Enfia as mãos nos bolsos traseiros da minha calça jeans e sorri atrevido.
— Eu vou pegar e você nem vai perceber — aviso, voltando a colar nossas bocas.
Ele só não diz nada porque dou início a outro beijo, o impedindo de me refutar. Mas em algum momento eu saio de cima do corpo dele, porque meus braços pedem por isso, e me deito ao lado igualmente de barriga para cima. O céu noturno está com algumas nuvens e com menos da metade da lua aparente. É bonito de olhar.
— Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo o que fizemos — canto a música bem devagar, fechando os olhos. — Ainda somos os mesmos e vivemos — O vento leva a minha voz ao passar por Jimin e eu deitados na grama. É suave, não venta forte. — como os nossos pais.
Jimin suspira denso.
— Eu me sinto pequenininho às vezes — e então o escuto sussurrar. Nem preciso olhar para ter certeza de que também observa as estrelas. — E é uma sensação muito estranha.
— Eu acho que sei como se sente — digo de volta, cruzando os braços embaixo da cabeça ao abrir os olhos e fitar a escuridão. — É como se estar aqui e não estar aqui não fizesse tanta diferença. Pelo menos não comparado a... — Ergo uma das pernas, apontando para a imensidão noturna com ela. — tuuudo isso.
— Exatamente isso.
Corro os olhos pelos infinitos pontinhos visíveis, tendo noção de que apenas aqueles incontáveis que vejo não são os únicos que existem. Imagina se para cada corpo daquele existisse um Jungkook?
Dá um nervoso.
— Jungkook — o loiro me chama, bem baixinho. Continuo olhando para cima, somente murmuro alguma coisa para que continue falando. — Se eu... Quando eu morrer... você vai sentir a minha falta?
A pergunta dele me pega de surpresa, é claro, ao mesmo tempo que é um socão no estômago. Porque eu imagino. Em poucos segundos, todos os momentos que Jimin e eu tivemos até hoje passam junto com um meteoro que risca o céu perante meus olhos. É muito rápido. E aí imagino como seria se, em algum momento, Jimin não estivesse mais aqui e eu não pudesse encontrar ele em lugar nenhum.
Por um segundo, sinto um vazio assustador que me causa falta de ar. Esse é um bom sentimento para descrever o que sinto: vazio.
Talvez até mesmo desespero.
Pisco e olho para o lado, fitando o garoto que também está deitado com um dos braços embaixo da cabeça. Ele me olha segundos depois que olho para ele.
— Vai?
Em vez de responder com palavras, porque a minha garganta se fecha de uma hora para a outra, me inclino na direção do garoto e enterro o rosto no peitoral coberto pela camisa preta e dourada do Real Madrid. Jimin toca e acaricia meus cabelos quando faço isso.
Sinto vontade de chorar.
— Vai machucar, Jimin — choramingo abafado. — Vai doer muito.
Ah, Jungkook, mas todo mundo morre um dia.
É. Eu sei. E saber disso machuca ainda mais. Porque a pessoa que está do seu lado agora, ou na sua frente, pode não estar aí nos próximos minutos, ou nos próximos dias, ou anos. Em algum momento ela vai simplesmente sumir do plano físico. Só vai restar a sua falha e miserável memória que, em algum momento, também vai deixar de existir quando você morrer.
— Bebê... — Segura a lateral do meu rosto, me fazendo erguer a cabeça e olhar para ele. — Desculpa. Não era pra te deixar assim, foi só uma brisa. Eu tô aqui ainda. — Se inclina um pouco, o suficiente para colar a boca na minha testa. — Vou continuar enchendo o seu saco por mais um tempão. Você não vai se livrar de mim tão fácil assim.
— Promete?
— Óbvio. — Deixa um beijo demorado naquele local. — Está tudo sob controle.
Jimin me abraça depois que garante isso. E a gente fica em silêncio por um tempo.
Eu toco e seguro a santinha prateada sobre o peito dele com o indicador e o polegar, olhando mais de perto. O pingente faz parte do escapulário que Jimin sempre está usando. Ele diz que é o que protege ele quando sai de casa todos os dias.
— Ei... Às vezes parece que a gente é só mais um pontinho no meio de infinitos outros que parecem mais importantes — digo de repente, ouvindo as batidas calmas do coração alheio por estar com a orelha alinhada a ele. — Mas a nossa existência é tão importante quanto, sabe? Pra alguém. A gente tá aqui agora porque tem que tá.
Jimin sopra um riso, enfiando os dedos nos meus cabelos de um jeito gostoso que me deixa arrepiado.
— Imagina, além de gostoso, ser dotado de uma inteligência estupidamente atraente?
Sorrio com o que diz.
— Tá falando de você? — pergunto, olhando para ele sem tirar a cabeça do peito.
— De você. Sua mente é brilhante, dá tesão.
Umedeço os lábios, voltando a olhar para frente, desta vez fecho os olhos para focar no coração calminho. E por muito tempo ficamos abraçados sobre a grama e embaixo das estrelas. Só que, é claro, em algum momento iremos ter que nos despedir. E talvez eu ter pedido tanto para que o tempo demorasse a passar fez com que ele passasse mais rápido.
— Já são três e vinte da manhã — digo ao olhar os ponteiros do relógio analógico preso em meu pulso.
— Acho que é melhor eu voltar. Estou de castigo ainda. — Rio, brincando com os dedos entre os dele; entrelaçado apenas para desentrelaçar depois. — Já ficou de castigo?
— Uhum. Mas sempre acabava fugindo nos primeiros quinze minutos. — Ele ri. — Minha mãe ficava doidinha comigo. — Fecho os olhos. — Eu sempre gostei de deixar ela irritada.
— Você gosta de deixar todo mundo irritado, essa é a questão. — Entrelaço nossos dedos com mais força. — Au!
— Latindo a essas horas? — provoco, recebendo um tapa da mão livre dele.
— Idiota. Te odeio.
— Aham... — Puxo gentilmente a mão que está comigo até o rosto e beijo o dorso dela. — Aí... Seu professor de português brigou comigo. Disse que só não anulou nossa nota porque sabe que não sou capaz de fazer uma e porque não quer me reprovar. Só para não ter que me ver de novo ano que vem. — Sorrio e balanço a cabeça de um lado para o outro, tendo em mente que vou encher meu cabelo e a roupa de grama por estar deitado no chão. — Cuzão.
— Ele falou isso? — Murmuro em concordância. — Que cara babaca. Ele leu? A caceta da redação fala justamente sobre isso.
— Acho que sim, sei lá. Estava nota máxima lá. — Estalo a língua no céu da boca. — Eu não vejo a hora de me formar, Jimin. Sair desse inferno. Eu juro pra você que eu não aguento mais um ano.
Ele suspira de forma profunda.
— Te entendo. Também tenho infinitos motivos pra estar ansioso para que isso aconteça logo — diz, cansado. — Só que eu saio do médio direto para o superior, então...
Abro os olhos e a mão, observando como a dele encaixa na minha. Os dedos gorduchos ainda estão entre os meus.
— Você não precisa ir.
— Preciso.
— Não precisa — rebato. — Me diz quando foi a última vez que fez algo que você REALMENTE queria fazer? — Olho para ele, e acrescento quando abre a boca para responder: — Que não seja quanto estava comigo.
Então ele a fecha e se mantém calado.
— Você não quer ir pra faculdade. As pessoas querem que você vá.
— Talvez eu queira.
Volto a encarar nossas mãos.
— Só acho que você deveria dar um tempo. Pra pensar sobre o que você quer antes de começar algum curso — murmuro. — E talvez você devesse aprender a dizer não, principalmente para os seus pais.
Jimin força uma risada.
— É engraçado como na sua cabeça as coisas funcionam mais fáceis.
Faço o anel de caveira escorregar de pouquinho em pouquinho do dedo indicador. O garoto nem nota.
— Eu sei que não é fácil... Quero dizer, é sim, na verdade. Só que eles complicam uma coisa que deveria ser muito simples. Caralho, você não quer fazer faculdade, que se foda. As pessoas são diferentes. Não é o fim do mundo. — Acaricio outra vez o dorso da mão dele com o polegar.
Jimin não fala nada por um tempo.
— Sabe quantas pessoas da minha comunidade estão onde eu estou hoje? — então pergunta. Quando olho para o loiro, ele me encara. — E não numa escola particular. Digo simplesmente na escola, independente de qual. Sabe quantas? — Nego minimamente com a cabeça. — Na favela os menor tem como inspiração a galera que fica de M4 na laje. Que vende cocaína e pedra na esquina. Meio que quando o Estado não cuida, o crime conforta. E quando cuida alguém sempre acaba morrendo. — Trava a mandíbula por alguns segundos. — Eu quase fiz parte disso, inclusive.
O loiro já me contou das coisas que passaram na cabeça dele quando não estava nada bem em casa. Financeiramente falando, digo. Aconteceu antes de nos conhecermos, quando ele tinha quatorze anos, mas me contou um tempo atrás quando a gente estava conversando sobre o passado.
Jimin viu a mãe chorando por não saber se o que tinha na geladeira daria até o fim do mês e o pai quebrando a cabeça com várias contas para pagar. E ele era só um moleque que não conseguia fazer muito mais do que estudar.
Ele cogitou. Ele me contou que, numa madrugada de insônia, foi parar na esquina decidido a acabar com a preocupação dos pais dele. Jimin me contou que só não deu certo porque um tal de Doze meteu um tapa na nuca dele – literalmente bateu nele – e mandou ele voltar pra casa.
No dia seguinte o comando subiu a favela inteira dando cesta básica pra todo mundo. Jimin disse que sentiu medo quando foi lá e que chorou quando voltou para casa, mas chorou o dobro no colo daquele cara quando bateu na porta da casa dele com comida.
No final daquele mesmo ano ele conseguiu uma bolsa no Colégio Central de Elite. E no seguinte um estágio numa livraria no centro da cidade. O foda é sabe que nem todos tem a mesma sorte. Oportunidade muito menos. Infelizmente, Jimin foi uma exceção.
— Nossa inspiração não é empresário não, nem advogado — continua. — É por isso que eu tenho que ocupar esse espaço, entende? É minha obrigação. Porque eu consegui chegar até aqui e preciso continuar. Pra um dia conseguir levar tudo o que eu aprendi pra eles, talvez seja uma inspiração que não seja o crime.
Vejo as sobrancelhas dele franzirem.
— Eu sei que eu sozinho não vou mudar isso, mas ninguém vai poder dizer que não tentei. Então sim, eu preciso. E tudo bem. Porque eu sou tão, mas tão, mas tão privilegiado. Eu tenho pai. Eu tenho um cara que é presente e que me ajuda, que me apoia e que tá se matando de trampar pra que eu consiga estudar. Pra que eu não precise dedicar 100% do meu tempo em conseguir sobreviver e poder estudar. Eu literalmente não tenho do que reclamar, então deixo quieto.
Jimin e eu raramente falamos sobre esse assunto, e das poucas vezes que ele surgiu nas nossas conversas eu nunca soube o que dizer. É uma realidade que sequer passa perto da que eu vivo, então as minhas palavras não servirão de muita coisa, ainda mais porque eu não faço ideia de como é crescer onde ele cresceu.
— Tem razão. — Pigarreio enquanto penso em algo para dizer. — Eu só... só acho que se você sair do regular e... meter a cara num curso que você ainda nem sabe qual, vai te foder todinho. Ouvi dizer que faculdade é uma prova de resistência mental mais intensa que ensino médio.
Jimin fecha os olhos e relaxa o cenho. Eu continuo fazendo o anel escorregar de forma sorrateira pelo dedo dele e penso num jeito de deixar a conversa mais descontraída.
— Você pode tentar encontrar outra coisa que você gosta, sabe? Tipo ser meu modelo. — digo, e fico satisfeito quando vejo meu amigo; é meio de lado e ele olha para outro lugar que não seja eu. — É sério, eu não esqueci que você disse que posaria para mim.
— É só falar quando.
Ele sempre dá um jeito de mudar de assunto quando o foco é esse em específico. O futuro acadêmico, digo. Agarra a primeira oportunidade que aparece de desviar. Mas eu não me importo tanto porque sei que absorveu as minhas palavras. Ele vai pensar e refletir sobre elas quando estiver sozinho.
— Qualquer dia desses, tenha paciência. — Beijo a mão dele de novo, conseguindo tirar o anel sem que note. Avoado demais. — Vamos? Se amanhecer e você não estiver na cama seus pais te matam.
No fim, acabamos levantando. Descemos juntos pela pequena trilha e Jimin aceita a carona quando peço para deixá-lo, pelo menos, na esquina que sempre o deixo. Ele disse que não veio de bicicleta porque estava a fim de andar um pouco.
O loiro desce e para ao meu lado quando estaciono a moto rente ao meio-fio, na esquina da subida do morro.
— Cê tá pilhado com alguma coisa, não tá?
A pergunta me pega de surpresa.
— Eu tô pilhado com muitas coisas — digo.
Nega com a cabeça.
— Essa é diferente. Eu nem ia tocar nesse assunto, mas... Sei lá. Tem a ver com a Lis, né?
Suspiro de leve.
— Ela tá puta. Não quer falar comigo.
— Imagino. Eu também ficaria puto contigo se você trepasse comigo pra irritar alguém. Sem me dizer, ainda por cima.
Abaixo a cabeça e encaro o tanque da moto.
— Tsc! Eu queria entender porque me incomoda tanto o fato dela não falar mais comigo. Ela me irritava pra caralho, mas... — Ergo os ombros sem saber dizer como me sinto exatamente.
— Você gosta dela, moreno. Sente falta. — Acerta um tapa no capacete que está encaixado no topo da cabeça, então olho para ele. — Só dá um tempo pra ela. Depois manda a real. A real mesmo. "Errei, fui moleque" não vai funcionar.
Assinto devagar, sorrindo de lado.
— Obrigado.
— Vai ficar bem?
— Você vai ficar bem? — devolvo.
Coça o queixo.
— Tem que ficar, né? — brinca. — Vou sim.
Permaneço em silêncio, não querendo ser o primeiro a dizer tchau.
— Então tchau — e ele diz primeiro, me arrancado outro sorriso. — Que foi?
— Nada. É que você está com um biquinho fofo.
O bico fofo vira um bico marrento, puto.
— Idiota. — Estapeia o meu peito. — Tchau.
Ele me dá as costas, mas eu o puxo pelo pulso de volta.
— Último beijo — peço, colando nossas bocas de novo.
Jimin suspira e toca a minha nuca com a mão direita, separando os lábios para que nossas línguas possam se tocar.
Escorrego a minha da cintura para a base das costas do loiro e amasso a camiseta entre os dedos, puxando o corpo dele mais contra o meu. Só que eu estou em cima da moto e o tanque de gasolina impede que chegue mais perto.
— Boa noite, moleque! — resmunga quando sugo o lábio inferior para mim.
Eu choramingo, mas solto a boca dele, deixando um último beijo nela antes de me afastar de verdade.
— Boa noite, moleque — murmuro de volta, vendo ele sorrir e caminhar para longe, em direção onde mora. — Bebê — chamo.
Ele olha por cima do ombro sem parar de andar. Eu sorrio e ergo a mão, mostrando somente meu belo dedo do meio.
Jimin para e me encara com uma expressão de choque, olhando, logo em seguida, para a própria mão para ter certeza de que o anel que está no meu dedo é o mesmo que antes estava com ele.
— Como?!
— Eu disse que pegaria — me gabo, engatando a primeira marcha. — Beijinho! Dorme bem.
Depois disso, conduzo a moto para longe, sorrindo dentro do capacete feito um idiota pelas ruas vazias até chegar em casa.
MERDA! Coração idiota.
░★░
E aí, anjos! Como vocês estão?
Os Jikook de GB!BB, é claro, continuam gays kkkkkk ESSES DOIS ME MATAM
O VALENTÃO É O HOSEOK. EU SEI. NÃO ME MATAM
O JK botando moral no bagulho
Os Jikook sendo boiola embaixo das estrelas 🤧 JK ainda manda "Como Nossos Pais" de Belchior/Elis Regina. Essa música tem um significado foda, quem tiver curiosidade para pesquisar fique à vontade. Fora que a música em si é SENSACIONAL
Jimin dando um choque de realidade no Jungkook sobre a vivência de quem é de periferia amooooo
O JK sabe que errou e entende o porque da Elisa não querer falar com ele, e o tanto que isso deixa ele chateado o faz perceber o quanto gostava da companhia dela
SPOILER: no próximo capítulo o Ji vai dar um passo muito importante. Aguardem
Minha conta no twitter é @DanKyunsoo e no Instagram é @dan_kyunsoo
Se amem. Se cuidem. Se hidratem. Se protejam 💜
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