1 - LITTLE SNOW
CORIOLANUS SNOW
achava que nada mais pudesse surpreende-lo. Mas descobrir que seu sangue corria nas veias de outro alguém mudava tudo.
[🐦⬛]
Para alguns dez anos parecia uma eternidade, para outros, dez anos era quase como um piscar de olhos. Para Coriolanus Snow? Era apenas o necessário para finalmente conquistar tudo aquilo que sempre quis.
Recém eleito como o mais novo presidente que Panem já teve, era fácil esquecer do passado. Era quase como se uma grande borracha tivesse apagado, o sol continuava o mesmo, as estrelas ainda brilhavam e a cada dia a música parecia sair de moda. Era quase um combo perfeito para ele.
Terminar a faculdade da capital com louvor não era realmente nenhuma novidade, mas saber que o evento mais aguardado do ano, os jogos vorazes era obra dele era realmente inspirador. Coriolanus havia passado os últimos anos aperfeiçoando, renovando os jogos. Era instigante, um desafio que alguns tolos adoravam entrar.
A glória...a fama, sim, o homem sabia bem como prender os tolos da capital.
E era exatamente isso que ele estava fazendo agora.
Preso em um jantar tão estrondoso que até ele poderia questionar as extravagâncias. Mas Lívia Cardew tinha gostos extravagantes.
E embora Coriolanus não gostasse muito da mulher, ela era perfeita para o papel. Amor era uma chave, mas o dinheiro realmente abria portas, e os Cardew investiram na carreira do mesmo desde que ele havia finalmente sido eleito. Ela era uma garota do distrito da capital com quem ele estudava desde a infância.
Eles se davam muito bem na verdade, talvez por dificilmente ficarem na mesma sala, era bonita e bem educada e o principal, não lembrava nada de seu passado.
— Coriolanus — a voz...sim, talvez não tão perfeita assim, poucos segundos na presença da mesma eram o suficiente para uma maldita enxaqueca.
— Sim? — o homem, não mais aquele menino que lutava para comer, olhava para a variedade de alimentos em sua frente ainda quase sem acreditar. Ele pigarreou olhando para a futura noiva.
— Está na hora — ela sussurrou apontando para o relógio, não, Lívia também não gostava muito dele, mas ela gostava de poder. Era quase uma combinação perfeita.
Quase a contra gosto, o homem se ergueu com o sorriso mais convincente olhando em volta, mais parecia um circo do que um jantar, mas embora ele não gostasse só poderia significar uma coisa, que ele podia.
— Senhores...senhoras — ele falou batendo em sua taça enquanto encantava a sala. — É um prazer recebê-los essa noite. Capital e distritos, hoje é dia de um anúncio importante. E embora eu ache que não seja mais surpresa — ele se deliciou com as risadas e sorriu — estou noivo! Bom, é mais prático dizer que minha bela dama finalmente será minha.
Lívia levantou- se diante das palmas e aceitou a mão do loiro com um sorriso estonteante.
— Conheçam Livia Cardew futura Snow — o loiro continuou sob os aplausos depositando um beijo casto na mão da mulher igualmente loira — Nosso casamento acontecerá no inverno...fiquem atentos. Volto para você Lucky Flickerman.
Mas antes que a câmera finalmente cortasse, o capitão Malik invadiu o lugar às pressas seguido de alguns pacificadores.
— Achamos ela! — o homem gritou em alto e bom som paralisando o lugar — Lucy Gray Bird está viva!
E ali, Snow sentiu tudo ameaçar dentro de si. Lucy Gray estava viva...e pior, tudo parecia arruinado em poucos segundos.
[ GOLDEN CAGE ]
Coriolanus Snow já tinha ouvido de tudo nos últimos doze anos...mas que fantasmas existem? Essa definitivamente era nova. Mas ali estava ele, quase às pressas em uma fina esperança que tudo aquilo fosse real. Seu peito apertava a cada passo, mas embora o ódio fosse intenso, não, ele queria ver com os próprios olhos antes de acreditar.
— Senhor...? — o capitão murmurou quando chegaram à porta de seu escritório. Coriolanus estava imovel e por alguns segundos quase podia se sentir novamente com dezessete anos.
Um tolo apaixonado, isso ele tinha certeza. Então com o sangue fervendo ele abriu as portas intrincadas de ouro.
Não, ele definitivamente não estava pronto para a visão à frente. Ele quase se viu tentado a pegar a arma mais próxima e atirar no passarinho encolhido em sua frente e acabar com tudo de uma vez.
Mas não...Lucy Gray estava viva.
— Senhor...
— Saiam — a voz do homem foi a única coisa que ressoou por alguns segundos.
— Mas senhor...
— AGORA! — rugiu o loiro sorrindo vendo a pequena passarinha estremecer.
Lucy Gray parecia igual. Com um vestido cinza sem graça ele quase podia não reconhecê-la...mas tudo parecia completamente igual, quase como se a idade fugisse da mulher e a abençoasse com toda maldita beleza que ela não merecia. Seus olhos brilhavam em lágrimas não derramadas de raiva e por um segundo Coriolanus deixou-se levar pela fantasia de lember cada uma ao seu prazer.
— Lucy Gra... — mas antes que ele pudesse completar uma tosse se fez presente assustando sua passarinha que parecia mais obstinada a esconder o pequeno pacote atrás de si — hora, hora...o que temos aqui?
— Coriolanus — a mulher se ajoelhou finalmente erguendo o olhar em sua direção paralisando os dois. Era como um turbilhão de sentimentos e memórias invadisse seu sistema. — por favor...por favor...
Foi quando ele finalmente entendeu e paralisou, uma raiva descomunal em seu sistema e ele estava quase enjoado apenas com a ideia. Sua passarinha não estava apenas viva, mas carregava um amontoado de ossos consigo. Coriolanus Snow não sabia exatamente o que sentir, ele via Lucy Gray em tudo, nas árvores, na brisa, mas ver seu rosto refletido na figura adormecida atrás dela o fez se sentir quase com...ciúmes.
— Isso é uma crianças? — Coriolanus parecia quase incredulo enquanto olhava a figura adormecida enrolada em um lenço alaranjado...seu maldito lenço, o lenço que ele havia dado apenas para ela como presente uma vez de sua mãe. Como ela se atrevia... — receio que ela não seja apenas mais uma infeliz daquele bando, certo, minha querida Lucy Gray?
A mulher estremeceu com o termo mas parecia se recusar a ceder.
— Coriolanus...
— Presidente, Presidente Snow, agora, querida.
Ele respirou fundo antes de levantar calmamente, as correntes tintilando invocando sentimentos que ele não podia descrever, sentimentos que deviam estar mortos a muito tempo.
— Presidente Snow — ele quase cuspiu mas respirou fundo antes de se controlar — por favor...não fizemos nada.
— Nada? — o loiro ergueu a sobrancelha ainda tentando espiar atrás da morena — não foi isso que eu ouvi...roubar, querida, mesmo no doze, ainda é crime. Você devia estar enforcada, Lucy Gray.
— Mas não estou — ela fechou os olhos e deu um passo relevante para frente — isso deve valer de alguma coisa, certo? Eram apenas alguns remédios...Coriolanus.
— Remédio...? — ele começou com cenho franzido mas no timing perfeito a garotinha voltou a tossir sangue.
— Violet Rose — Lucy Gray correu sem se importar com as correntes até as meninas com lágrimas nos olhos.
E por um segundo , tudo fez sentido. O nome Violet vinha do latim "viola"...música...Lucy Gray...violeta. O Rose, ele poderia estar errado, mas Lucy sabia exatamente o que Rosa significava para ambos. Era quase uma combinação perfeita.
— Quantos — ele começou embora com dificuldade em assimilar aquilo, por que simplesmente não era possível — quanto anos ela tem? — por alguns segundos tudo parou.
Atrás de Lucy Gray, a frágil garota parecia finalmente acordada. Com olhos azuis demais para ser uma simples garota do bando. Sua pele pálida demais e avermelhada, mas era quase como enxergar uma mistura perfeita...mas não, era impossível.
— Dez...ela tem dez, Coriolanus. — a mulher falou a contragosto tentando acudir o que só podia ser sua.
É simples assim...ele sabia.
— Ela...ela realmente tem sangue Snow, Lucy Gray?
E mesmo que a mulher pareceu relutante, quando sua filha tossiu novamente, ela decidiu. Se o inferno fosse seu destino, tudo bem, ela aceitaria desde que ele salvasse ela.
— Snow...como a música? — a menininha com dificuldade perguntou fazendo ambos olharem para sua figura pálida.
— Sim, querida — Lucy Gray falou acariciando os cachos castanhos da menininha e olhou diretamente para o homem loiro que ainda olhava incrédulo para a cena — por favor...presidente Snow. Salve minha garotinha.
E tudo paralisou, Coriolanus definitivamente não queria salvar ninguém, muito menos aquele saco de ossos magricelos. Mas se ela tivesse sangue snow...bom, ela era sua filha, e todos os snow caiam por cima.
Lucy Gray parecia desesperada, desesperada o suficiente para o maldito plano se formando na mente de Coriolanus. Então ele agachou na frente das duas e sorriu quase maliciosamente.
— Lucy...Lucy Gray — ele segurou seus cachos e lançou um olhar quase enjoado para a criaturinha miúda demais para dez anos, ainda enrolada no lenço de sua mãe — por que eu faria isso, querida?
As lágrimas encheram os olhos da morena e aquilo era tão estranho. Coriolanus não sabia exatamente como se sentia com tanta tristeza causada por outro alguém. Mas ela devia estar morta, enterrada, e não triste.
Mas mesmo com os pensamentos a mil ele não resistiu em enxugar aquelas lágrimas preciosas.
— Coriolanus..Coryo...por favor — ela implorou totalmente derrotada, e ele tinha que admitir que era quase doce — por favor...salve ela, eu faço qualquer coisa. Qualquer maldita coisa.
— Qualquer coisa? — Tudo parecia repentinamente iluminado, então ele apenas sorriu — diga coisas levianamente Lucy Gray. Você tem certeza disso?
— Sim, Presidente Snow — ela cuspiu — qualquer pesadelo que esteja se formando em sua mente...só por favor, salve ela.
— Bom — ele sorriu se afastando e ajeitando o traje vermelho perfeitamente polido — guardas...
— Não! Coryo...você prometeu.
— Prometi?
— Sim, senhor? — o capitão entrou com outros dois guardas em seu alcance.
— Leve a prisioneira para onde ela devia estar, leve-a para a jaula dourada.
— Jaula? O que? Coryo...não...Violet.
— Mãe? — a menininha tossiu arregalando os olhos quando o capitão começou a puxar a mulher morena. — Mãe!
— E a criança, senhor?
— Coryo...não, ela é uma Snow! — Lucy Gray gritou paralisando os guardas.
Oriolanus apenas revirou os olhos e sorriu para a garotinha miuda no chão.
— Vamos, filhinha — ele sussurrou vendo seus olhinhos azuis se arregalaram — levem ela para a Dr. Gaul.
[ GOLDEN CAGE]
Coriolanus estava exausto quando finalmente se permitiu ir para casa. Mesmo com Lucy Gray presa e sua filhinha moribunda internada, controlar a fofoca pela capital não era uma tarefa facil.
Então quando ele finalmente abriu as portas de sua linda mansão de marfim, sorriu quando ouviu o choro tão conhecido. Sua passarinha se deleitava em lágrimas, não mais naquele vestido cinza horroroso, não. Coriolanus havia mandado buscar um dos vestidos especiais do ateliê da prima, tão colorido e cheio de babados que parecia engolir a pequena mulher encolhida em sua frente.
Coriolanus havia mandado construir sua mansão quase como um pequeno castelo, impotente e aterrorizante. Branco como a neve e mais puro que marfim, detalhes dourados adornavam todo o lugar. Principalmente a jaula dourada que enfeitava toda sua sala de estar.
O loiro havia mandado construir aquele pequeno espaço como uma tarefa lisonjeira, uma cela..uma jaula que ia do chão ao teto totalmente feita de ouro. Uma jaula para uma fera. Uma jaula para que pudesse mostrar para todos do que ele era capaz.
No início, Coriolanus pretendia comprar algum leão...alguma fera da Dr Gaul talvez, algo tão terrível e assustador que passasse a mensagem perfeita. Não existia monstro que o Presidente Snow não pudesse domar.
Mas ver sua Lucy Gray ali? Encolhida e chorando. Era quase sua própria vingança pessoal.
Sua passarinha presa e contida. Onde nunca mais pude voar.
— Ora...minha Lucy Gray, o que te aflige, querida? — o loiro sorriu largado seu terno e se aproximando da jaula.
A mulher parecia quase relutante em se levantar. Mas não, aquela era Lucy Gray. Ela respirou fundo antes de se levantar daquele amontoado de babados coloridos.
— Onde ela está, Coriolanus?
— Ela? — Coriolanus pegou uma cadeira e sentou-se diante de sua passarinha furiosa.
— Violet Rose...onde ela está?
— Bom, minha querida filha...nossa querida filha, está bem — ela suspirou aliviada mas sem desviar o olhar raivoso do mesmo — por enquanto.
— O que você quer...Presidente Snow? Solte-nos...deixe-nos na floresta e nunca mais precisará nós ver.
— Tarde demais, passarinha. — Snow sorriu — Foi sua escolha voltar para o doze, roubar mantimentos, nós trair. A capital está ansiosa para rever minha prisioneira.
— Por favor Coriolanus, deixe Violet Rose pelo menos em paz. Ela não merece isso, ela tem seu sangue, desgraçado.
— Bom...você não está errada, querida — Coriolanus falou — porém espero que estejamos de acordo.
— Acordo?
— Sua vida...pela dela, passarinha. Sua escolha — ele pegou o telefone e sorriu novamente — sua escolha, uma palavra e posso dá-la as cobras que Dr. gaul está tão ansiosa para testar e bem...você continuaria aqui. Ou, você se torna totalmente minha e de bom grado, e Violet pode seguir sua vida normal, filha do presidente, uma doce garota da capital. O que acha, querida?
— Coryo..
— Tic Tac, Lucy Gray — ele aperta os números do telefone enquanto ela olha em dúvida ainda se agarrando às malditas grades douradas — tic tac.
— Por favor...Coriolanus.
— Dr Gaul...? Ah sim, acho que ela tomou uma decisão.
— Não...por favor, Coriolanus. Tudo bem, tudo bem, eu aceito.
— Cure-a. — e simples assim ele desligou se deliciando com o desespero da mulher a sua frente, era quase excitante. — Boa escolha, Lucy Gray.
— Coriolanus...
— Boa noite, passarinha — e então ele se virou deixando-a ali.
[🐦⬛]
Sejam bem vindos ao primeiro conto da serie, serão pequenos capítulos quase como uma short fic antes de eu lançar a verdadeira fanfic que é basicamente uma continuação desse conto. Se você veio do tik tok provavelmente já viu algum spoiler sobre a futura história da filha deles. Fiquem de olho que em breve posto mais. bjs.
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