~ Capítulo 10 ~
Eu sumo, mas eu volto kkkk Explicação lá embaixo!
Eu não sabia como ia sobreviver naquele país estranho.
A começar por aquela religião de Rashid que eu não entendia nada. Poxa, tinha um tal de Sheikh que aparentemente agiria como um conselheiro amoroso tentando me juntar a Rashid ao que eu tinha entendido.
Pâmela tinha até tentado me explicar algumas coisas da religião deles, mas eu não entendi muito além do básico. Havia vestimentas como hijab e abaya, eles acreditavam que existia um Deus e havia o tal profeta Maomé. Havia algumas obrigações que eles faziam, como todos os dias Rashid rezar 5 vezes ao dia e havia coisas como o Ramadã que era tipo um mês que eles jejuavam.
Pam tentou me explicar outras coisas, mas eu não consegui captar muito não. Na verdade, embora acreditasse em Deus e tivesse uma formação católica, eu não era de frequentar missas nem nada do tipo. Me dedicava muito a ser atleta. Mas minha mãe era protestante, então ela tentava colocar na minha cabeça e na do meu irmão de que Deus tinha planos especiais para nós e coisas do tipo.
― Malena? ― Disse Rashid abrindo a porta do carro. Acordei do meu torpor momentâneo e sai do carro. Estávamos de frente a um corredor seguido de uma linda construção. Era a mesquita de Dubai, tão imponente que parecia nos deixar parecendo pequenas formigas.
Engoli em seco.
― O Sheikh Mohammed está nos esperando. ― Esclareceu Rashid e eu assenti. Tinha chegado o momento de eu atuar para tentar convencer o Sheikh de que eu e Rashid éramos impossíveis juntos e que ele convencesse o delegado logo de que o melhor era que nós nos separássemos.
Por isso, não aceitei a mão de Rashid para sair do carro e fui andando na frente, embora não fizesse a mínima ideia de que direção tomar, então tive que esperar que ele viesse pacientemente, com as mãos no bolso, me alcançar e me guiar para onde deveríamos ir.
― Ele é o primeiro ministro e vice presidente do país, Malena. Por favor, só... não cause muitos problemas para nós, beleza? Se ele quiser, pode nos extraditar do país a qualquer momento. ― Acabei arregalando os olhos. Eu realmente não estava esperando que fôssemos ter com uma pessoa tão importante assim.
― Nossa, precisamos mesmo passar com ele? ― Rashid assentiu firmemente com a cabeça. Engoli em seco e acabei concordando.
Fomos encaminhados para uma sala confortável. Sentamos em poltronas um ao lado do outro da frente de uma outra cadeira tão simples como a nossa. Pensei que o tal Sheikh importante ia tentar se sobressair de nós, com coisas de imponência, mas quando ele entrou na sala, eu só percebi que ele era realmente alguém importante pela quantidade de pessoas que o acompanharam, fizeram uma vênia e saíram fechando a porta.
O pouco que pude contar, deu cerca de uns 10 homens esperando aquele homem imponente na porta daquela sala.
Contudo, o homem não se vestia imponente. Estava com um tecido que lembrava muito as batinas de padres e havia tecido pendurado na cabeça. Ele sorriu gentilmente, outra coisa que eu realmente não esperava, completamente contra minhas concepções preconceituosas de homens muçulmanos e cruzou as mãos se sentando pacientemente a nossa frente.
Fiquei encarando aquele homem como se estivesse vendo uma aberração. Acho que só consegui parar de agir assim quando Rashid me deu uma leve cutucada indicando que o Sheikh tinha falado e agora ia repetir novamente a pergunta para ver se eu entendia.
― Tinha me esquecido de que você não fala árabe. ― Disse o Sheikh agora em inglês. Também estava surpresa que ele soubesse se comunicar em inglês, embora acho que fosse óbvio, já que ele era importante no país.
― Não. ― Disse e Rashid apertou um lábio sobre o outro antes de falar.
― Meu nome é Rashid Riaz. Essa é minha esposa... Malena Silva. ― Ele murmurou e o Sheikh concordou com a cabeça.
― Não precisa ficar tímido, garoto, o delegado é um amigo pessoal da minha família e já contou a história toda para mim. ― E eu podia falar como odiava aquele delegado por ser amigo de uma pessoa importante assim? Só dificultava a minha vida quando eu só queria me ver longe dali.
Aparentemente, não seria tão fácil convencer o Sheikh de que ele tinha me liberar do compromisso de ser esposa de mentirinha de Rashid. Delegado idiota.
Não percebi que tinha bufado sem querer até que Rashid me encarou como se eu tivesse cometido um crime e o Sheikh me perguntasse sorrindo:
― Está tudo bem, senhora Malena?
― Tudo ok. ― Disse encarando Rashid. O que diabos eu tinha feito, eu hein? Era proibido por acaso bufar na Arábia Saudita? Eu não podia demonstrar por acaso que estava desagradável ficar casada forçada por conta do delegado amigo idiota? Por acaso isso era crime?
Aparentemente não. Eu esperava né.
― O que vamos fazer aqui é de alguma forma tentar entender como a relação de vocês pode melhorar, como o amor pode florescer, mas antes, até para que o amor tenha campo para florir, precisamos de que a amizade entre os dois seja fortalecida. Não há terreno para o amor sem o abrigo da amizade duradoura.
― Poético. ― Disse e acabei fazendo o Sheikh dar um leve sorriso. Ele não era assim tão casca dura, menos mal.
― Tudo no islã é poético, Senhora Malena.
― Ah, não sei se concordo com o senhor não. ― Acabei falando e Rashid me encarou novamente. Justo ele que costumava ficar fazendo piada de tudo estava quieto como se tudo estivesse em mil maravilhas, o que convenhamos de que não era o caso. Se eu não pudesse falar isso, caramba, que religião castradora então!
― Rashid, deixe que sua esposa fale o que quiser. Precisamos abrir espaço para ser interrogados e precisamos entender os anseios dela para que ela também possa abrir espaço no coração dela para entender a nossa mensagem e a mensagem do islã. ― Rashid encarou o Sheikh e acabou concordando veementemente.
― Mas diga-me, o que você não concorda?
― Essa coisa de tudo no islã ser poético, Senhor Mohammed. Espero que o senhor não leve para o lado pessoal, mas entenda, fui obrigada a me casar contra minha vontade, então não acho isso nada poético. ― Mohammed concordou com a cabeça parecendo ruminar nas minhas palavras.
Achei que tinha conseguido derrubar o inimigo no tatame num vitorioso Yupon, mas Mohammed demonstrou logo em seguida que sequer tinha se movido com o meu movimento de tentar derrubá-lo.
― Senhora Malena, concordo com você que não deve ter sido bom ter sido obrigada a se casar. Concordo, de verdade. Mas gostaria que você tirasse um pouco do peso de ter sido obrigada a se casar e compreendesse as razões por que fizemos isso. ― Ele pausou para umedecer os lábios. ― Nós somos fiéis a Deus. E o homem correto do islã nunca desampararia uma mulher que poderia ter seu nome desgraçado por ter estado em situações comprometedoras com outro...
― Mas eu não... ― Tentei cortar para dizer que nunca estive em situação comprometedora com Rashid, mas Mohammed só deixou eu falar para logo em seguida emendar:
― Qualquer situação em que um homem esteja sozinho com uma mulher é comprometedora, Senhora Malena. Ele, como muçulmano, deveria saber isso. E, por não ter cumprido a regra, mas por ainda demonstrar ser um bom muçulmano, precisa realmente amá-la por toda a vida por conta do que ele acabou causando a sua pessoa. Entenda, o erro foi dele, agora ele terá uma longa vida pelo futuro tentando conquistar o seu amor para te compensar pelo que ele acabou te sujeitando, que foi um casamento forçado. Não estou aqui para dizer que isso é lei e ponto final. Só gostaria que você entendesse que estamos fazendo uma tentativa de restituir a sua honra. Se não der certo, como vocês ocidentais costumam dizer, é só separar, não é mesmo? Mas, pelo menos, Rashid estará com a consciência tranquila de que tentou dar o seu melhor.
― Mas porque eu tenho que passar por isso? Eu não pedi por isso. Entendo que o erro foi dele e foi mesmo. Bebeu e foi um pervertido idiota, mas eu não tenho nada a ver. Queria ser livre desse compromisso que acho ridículo. ― Falei a verdade. Percebi que Rashid estava com a cabeça baixa, sem ousar falar uma palavra sequer.
Felizmente, o Sheikh Mohammed não estava ali para me julgar ou qualquer coisa parecida. Ele assentiu lentamente antes de voltara a falar com a voz calma e gentil:
― Você acredita em Deus, Senhora Malena? ― Acabei sentindo minhas bochechas corarem sem motivo algum aparente.
― Sim, eu... Sim. ― Disse encabulada. Sheikh Mohammed concordou com a cabeça.
― Acredita que Deus quer o melhor para todos nós?
― Oras, claro que sim. ― Eu não sabia onde o Sheikh queria chegar.
― Então deve entender que Deus nunca iria querer que uma serva temente de Deus fosse profanada por ser pega na presença de outro homem podendo colocar a sua honra em perigo. ― Revirei os olhos.
― Mas Senhor Sheikh Mohammed, no Brasil...
― No Brasil isso pode não ser importante, Senhora Malena, mas para Deus isso é importante. E aqui na Arábia Saudita estamos realmente tentando fazer o que melhor apraz e agrada a Deus. Compreende? ― Eu não ia vencer aquela guerra. Não adiantava o quanto eu tentasse. O Sheikh tinha o ponto dele e meu cérebro não estava funcionando bem o suficiente para conseguir uma retórica melhor.
― Ta, compreendo Senhor. Não concordo, mas...
― Mas o que você acha de dar uma chance? Já imaginou se você acaba se vendo apaixonando por seu marido? Aliás, já imaginou se isso já não foi pré-destinado por Deus para vocês? Imagina que adorável que seria. ― Antes que eu risse achando aquilo tudo uma baboseira, acabei encarando Rashid que parecia preocupado que aquilo fosse realmente verdade, franzindo o cenho.
Antes que ele pudesse se iludir com aquele discurso, acabei gargalhando alto.
― Ah, Senhor Sheikh, eu sinceramente não acredito em pré-destinação de amor, entende? Mas... Vou ter que viver com o meu marido por enquanto, não é mesmo? Então vou realmente tentar ser uma esposa boa suficiente para que a gente não se mate. ― O Sheikh abriu um largo sorriso, para minha surpresa.
― Isso já é uma grande vitória aqui, Malena. Vamos tentar isso e daqui uma semana vocês voltam, o que acham? ― Eu e Rashid concordamos com a cabeça quase que imediatamente, embora a minha vontade não fosse nem mesmo voltar a falar com aquele homem de boa oratória que conseguia me deixar sem palavras.
O Sheikh então respirou fundo, agradeceu a Deus por aquela conversa ter sido bem sucedida e Rashid concordou agradecendo a Deus também. Eu só fiquei quieta mesmo ouvindo eles falando em árabe. Então ele se levantou, suspirou pesadamente e decidiu finalizar aquela nossa terapia de casal falando filosoficamente:
― Quando o amor vem de Allah, ele não morre. ― Senti minhas bochechas arderem com aquela fala, porque era melhor que Allah, Deus, quem regesse o universo, não decidisse brincar com a minha vida e me fazer viver aquele amor fajuto.
Eu só queria voltar para o Brasil e acho que não estava pedindo muito.
Rashid me acompanhou até o carro e tentou ser cavalheiro abrindo a porta do carro para mim. Acabei aceitando porque estava ainda dentro da minha cabeça ruminando aquele encontro estranho. Rashid começou a dirigir e eu acabei suspirando olhando o céu azul sem nuvens de um calor extremo. Isso porque eu não estava como a maioria das mulheres ali, de manga cumprida e hijab. Estava só de blusa de meia manga e calça jeans tentando ficar o mais comportada possível.
― Vamos almoçar? Estou com fome, já. ― Disse Rashid tentando puxar assunto.
― Vamos. ― Consegui falar apertando um lábio sobre o outro.
E no fim eu teria que realmente tentar não me matar, tampouco matar Rashid naqueles próximos 365 dias.
Oi Oi gente!! Atrasei no nosso combinado, eu sei! =(
Mas foi por uma causa maior! Tive prova na semana passada e teve eleição... Então foram dias bem difíceis para que eu conseguisse sentar aqui e postar... Peço desculpas por isso! Não gosto de atrasar nas postagens, mas acaba acontecendo as vezes...
Estamos no fim da noite, mas dessa vez eu trouxe um capítulo como prometido para vocês! =)
Espero que estejam gostando, apesar de as vezes eu atrasar... kkk
Mas não se preocupem! Eu atraso, mas eu volto! Nunca abandono! rsrs
Se estão gostando e querem continuar me incentivando (agradeceria muito que sim), não esqueçam de mandar estrelinhas e comentários! Prometo de verdade que amanhã a tarde eu respondo! Vou acabar tendo que ficar em um lugar esperando, daí vou ter tempo para responder a todos! Prometo! rsrs
Obrigada por quem ainda não desistiu de mim e dos meus livros <3
Bjinhoos
Diulia.
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