Nine
ALEXIA
Harry é uma pessoa difícil de conversar e saber sobre. O que sei sobre ele foi o que descobri em uma televisão porque é bem pouco provável que ele me contaria que roubou a mansão Gates — admito que isso é demais para alguém que ele não conhece —, mas eu sei que ele roubou e talvez, apenas imaginei que assim fosse mais fácil que ele me contasse sobre sua vida, mas ele me contou parte dela, disse ser adotado por Anthony. No final é apenas tolice pensar que ele me diria tudo, sinto que só preciso saber que ele é um problema demasiado de grande.
Contudo, agora ele me ajuda a tirar as cascas desses animais, curén, para extrair a babosa que eles têm, enquanto eu pego umas raízes de mandrágoras anestésicas que quando misturada com outras coisas, aquelas crianças devem esta sentindo bastante dor, enquanto elas deviam estar apenas correndo e brincando para ralar o joelho ou algo assim.
— Quero ir com você. -Harry fala e o olho. Ele segura a faca em uma mão enquanto segura o filhote na outra que mordia e babava no seu dedo. Em seguida, o rapaz tira o dedo na boca no animal e faz carinho nele. Acabo sorrindo vendo isso, o moreno dos olhos verdes tem jeito com eles, comigo eles são sempre rebeldes e me mordem para valer.
— Não acha que seria arriscado demais? -Pergunto. Ele respira fundo e me olha sério.
— Eu quero ir. -Repete.
— Está bem. -Falo. Levanto-me e bati minhas mãos nas minhas pernas para limpar da terra e olho para Harry. — Mas me diga o porquê. -Falo e Harry suspira.
— Eu cresci naquele orfanato. -Harry fala.
— Eu entendi isso. -Suspiro.
— Anthony me adotou e me criou de um modo repetindo, eu não queria sair do orfanato de verdade. -Harry fala e balanço a cabeça. Ele respira fundo. — Mas Anthony sabe manipular, ainda mais crianças. Então acabei ficando com ele e ele me fez fazer coisas por ele e dizia me amar como um filho que ele já teve. Ele dizia que meus olhos verdes eram como os olhos verdes do seu filho que morreu. Então eu acabei criando uma relação até Anthony começar a me usar para fazer coisas ruins e me fazer apodrecer como ele.
— Então você roubou os doze milhões de cetins da mansão Gates. -Falo e ele nega.
— Não basicamente. Eles roubaram e eu roubei deles. A verdade é que eu queria matar Anthony, mas como disse, ele me criou como pai e eu não consegui atirar nele. Então eu roubei o dinheiro dele, foi como destruir ele também já que ele tinha torrado muita grana antes. -Harry fala e respiro fundo, eu me aproximo dele. Sua respiração e algo em seus olhos fazem meu corpo estremecer e aquecer. Ele está me levando até ele, e eu não estou lutando contra.
Sinto-me envolvida nele, numa força que não sei explicar, tem algo peculiar nos olhos dele, por incrível que pareça não é maldade, dor, isso com certeza. Porém, há algo a mais que me deixa presa. É como se eu realmente parasse no tempo, entrando em um bolha, com ele. Harry mal pisca acredito que eu também estou na mesma situação. Respiro devagar e seus olhos vão para minha boca eu olho para suas mãos e me lembro dos seus anéis. Harry aproxima-se de mim. Seus anéis! Achei anéis na praia hoje de manhã. Afasto-me em um pulo e ele franze a testa.
— Anéis. -Falo.
— Anéis? -Pergunta confuso. Eu enfio a mão no bolso do meu macacão, pegando os cinco anéis que encontrei, um anel no formato de rosa feito de prata, um dourado e outros dois pratas. Estico minha mão mostrando os anéis para ele. — São os seus? -Pergunto.
— Sim, são. Achou eles juntos na praia? -Harry pergunta pegando eles e colocando no dedo.
— Não, os pratas estavam a passos de distância um dos outros. O dourado e o da rosa estavam com uma criança. Troquei por chocolate. -Explico e Harry sorri pequeninho. Não posso deixar meus olhos fixados em seus lábios senão eu com certeza poderei ser capaz de beijá-los. — Mas bem, eu vou me limpar e então vamos. Você pode colocar essas cascas e as raízes naquelas sacolas? -Pergunto apontando para as sacolas perto da porta de entrada.
— Posso sim. -Harry fala e volta a colocar o filhote com os outros. Sorrio para ele.
— E eu vou cortar seu cabelo, acredito que dá para disfarçar pelo tempo que ficarmos lá, porque as fotos que estão colocando de você é com esse cabelo grande. -Digo e Harry concorda, ele sorri de lado e passa a mão pelo seu cabelo que cai até o ombro. Eu sorrio também, mas não me prendo muito a ele, não posso cair nessa. Então sigo até o banheiro deixando Harry com seu cabelo longo e seu sorriso lá.
⚜⚜⚜
Samuelis é uma aldeia bastante distante da minha, ela fica na parte mais central da ilha e leva horas para chegar nela, mesmo de carro. Eu nunca visitei essa aldeia, mas Harry cresceu aqui e desde que passei pela placa indicando que estávamos na aldeia, o moreno permanecia com seu olhar na janela, olhando para a paisagem verde e tropical da aldeia, perdido em algum pensamento nostálgico. Assim que chegamos no orfanato eu respiro fundo.
Não foi só o orfanato que pegou fogo, mas basicamente metade de tudo que está em volta do orfanato está em cinzas, apesar que a reconstrução esteja começando, ainda podia se ver as marcas do fogo no chão e nas árvores. Ainda podia se ver o olhar assustado de algumas pessoas que por ali andavam tentando viver a vida com normalidade depois de uma tragédia enorme e dramática, que matou crianças. Eu paro meu carro e olho para Harry.
— Aqui estamos. -Falo e respiro fundo. Harry me olha e sorri pequeno. Ele passa os dedos no seu anel. Eu sorrio e saio do carro, o homem balança sua cabeça acostumando-se com o novo penteado e sai em seguida. Eu não acho que cortei pouco, na verdade, eu cortei bastante, agora o cabelo está batendo na orelha e ele não parece tão incomodado com isso, nem mesmo quando cortei. Então sinto-me aliviada.
Abro o porta mala do meu fusca e pego as sacolas. Harry tira uma das sacolas de minha mão e o olho.
— Eu estou aqui, mas não para apenas olhar, quero ajudar. -Diz sério e balanço a cabeça.
— Obrigada. -Sorrio, ele apenas balança a cabeça e entramos no que seria a escola.
Este lugar agora é onde estão as pessoas feridas, porque o hospital não é grande o suficiente para tantos feridos. Havia uma espécie de emergência improvisada em cada sala de aula. Havia várias crianças deitadas em colchões recebendo comida e água. Dava para ouvir alguns choros infantis e murmúrios. Outras salas estavam fechadas e tinha um aviso. Restrito para cirurgia. A escola que fica do outro lado da rua do orfanato nem de longe parecia ser onde as crianças se divertiam e aprendiam algo.
— Alexia! -Rosellie me chama e sorrio. — Que bom que chegou! Ainda trouxe alguém para ajudar. -Rosellie fala e olha para Harry.
— Sim, este é o... -Falo olhando para Harry se eu disser seu nome seria o fim.
— Edward. -Fala e sorrio concordando. Roseli sorri.
— Fico feliz que tenha vindo nos ajudar, Edward. -Rosellie fala e então nos guia pela escola.
Acabo me separando de Harry, ele fica cuidando da manipulação das anestesias e limpando as queimaduras de algumas crianças e Harry ficou com a parte de alimentar aquelas que não conseguiam por conta própria, pela idade ou pela queimadura que tinham.
Fiquei surpresa, afinal, eu jamais poderia imaginar ver Harry, como uma pessoa que cuida das outras, afinal ele chegou para mim quase morto e como um problema enorme que cheira apenas a morte e sangue, como um ceifador quebrado. Contudo, durante a tarde, quando ele cuidava das crianças pegando no colo, brincando e as alimentando ele parecia outra pessoa, não parecia perigoso, não parecia um fora da lei. Harry não soava rude quando fazia isso e muito menos o cara amargo do bordel. É diferente e eu acho que gostei disso, mas ninguém muda tão rápido e bem no fundo existe um medo de que quando ele volte a ser o que era, eu acabe me ferindo ou que ele acabe ferindo outra pessoa que não tem culpa das suas feridas e traumas.
Talvez possa ser o contrário também, talvez essa parte gentil e boa dele que cuida de crianças queimadas com tamanha paciência sempre esteve nele. Esse lado bom que não se deixou evidente por algum motivo, pela manipulação do pai adotivo.
O dia acabou sendo mais rápido que eu imaginei que seria, pois, eu fazia várias coisas sem parar e que gostava. Acho me senti leve vendo que estava tudo correndo bem que ele havia se saído bem e acabou encantando todas as senhoras que cuidam das crianças no orfanato e não levantou nenhuma suspeita. Sinto que agora a última coisa que quero é vê-lo em uma daquelas prisões de vidro no seu próprio complexo de solidão, apenas encarando o próprio reflexo, sem saber se ainda existe uma sociedade no outro lado do vidro.
Vendo ele passar o dia cuidando das crianças e sorrindo apenas me fez concluir que ele não é digno desse castigo. Também me fez concluir que eu gostei de conhecer essa personalidade dele.
— Alexia antes de irmos eu quero te mostrar um lugar. -Harry fala balanço a minha cabeça concordando.
— Certo. -Falo e Harry sorri e começa a andar para o meio da floresta. — Não vai me matar, vai? -Pergunto e vejo o moreno formar um pequeno sorriso, acabo sorrindo também, mas Harry não responde. Eu paro de andar. Psicopatas são assim.
— Vai me matar?! -Pergunto assustada, ele para de andar e me olha sério. Mordo os lábios e o vejo se aproximar de mim. Isso faz com que meu coração comece a entrar em arritmia. Fico estática, o homem dos olhos verdes estica sua mão e toca meu rosto, solto um suspiro baixinho e ele sorri. Então inspira fundo sentindo meu cheiro. Eu o olho, encontrando um brilho intenso nos seus olhos verdes. Ele passa a língua nos lábios.
— Não Alexia, não vou te matar, agora vem. -Harry fala calmo e então voltamos a andar. Franzo minha testa ainda desconfiada dele, mas nada acontece enquanto andamos em silêncio por aquela trilha.
Fico apenas ouvindo o barulho do vento chacoalhando as folhas das palmeiras, os pássaros cantando e o barulho de água que vinha ficando cada vez mais alto, até paramos de frente a um lago com uma cachoeira pequena, flores laranjas por todos os lados, parecia uma fonte da juventude ou algo assim. Daquelas que meu dizia para mim nas suas histórias. Um lugar que parece intocável e o sol de fim de tarde toco com toda a sua glória dando mais vida e magia ao lugar.
— É lindo. -Falo e Harry sorri ele tira a camisa. — Wow. -Falo e dou um passo para trás. — O que vamos fazer aqui? -Pergunto e Harry me olha enquanto tira sua calça. Wow.
— Tomar banho. Uma das senhoras que cuidava de mim no orfanato me levava para tomar banho aqui, sempre que ralava o joelho, algo sobre os minerais da água ajudarem a cicatrizar as feridas. -Harry entra na água e tira a cueca deixando em cima de uma pedra. Isso está sendo algo bem erótico. Engulo o seco.
— Isso é bem erótico. -Falo e ele ri.
— Você dança pole dance quase pelada. Isso é bem erótico. -Fala e sorrio pequeno. — Agora tire suas roupas e entre na água comigo Alexia. -Pede, mas seu tom mais soa como uma ordem e ele joga a água em minha direção. Um sorriso divertido forma em seus lábios quando eu o olho surpresa.
— Eu não vou tirar minhas roupas, seu pervertido. Além disso, eu não sei nadar. -Falo e ele sorri mais.
— Vem logo, não é funda. -Explica. Havia um certo brilho nos seus olhos, algo novo, longe de ser maldade ou dor, algo que deixava meu corpo relaxado. Ele estava exalando uma energia boa agora. Mordo meus lábios e tiro minha blusa e minha calça ficando apenas de lingerie. Em seguida, entro na água que estava gelada e meu corpo treme pelo frio.
— Água gelada. -Falo e aqueço meus braços totalmente arrepiados. Harry sorri pequeno e se aproxima de mim. — Isso é estranho. -Falo olhando para a boca de Harry, rosada e úmida. Problema. Ele é problema.
— Obrigada, Alexia. Foi bom voltar aqui. -Diz sincero e concordo com a cabeça o olhando. Ele toca meu rosto e fecho os olhos soltando um suspiro baixinho. Meu corpo aquece. Fico esperando sentir seus lábios dos meus, isso torna algo de desesperador para mim, porque não sinto seus lábios. Abro meus olhos e lá estavam seus olhos verdes me encarando e sua mão não saia do meu rosto.
— Me beija logo, porque eu não aguento só ter que imaginar seu beijo. -Falo e Harry me puxa pela cintura e seus lábios se chocam contra os meus, me beijando.
E a água? Bem, ela já não está tão gelada assim.
Continua...
Notas: Oi oi amores tudo bem?
Gostaram do capítulo? To beijo do otp? Estejam preparadas para o próximo capitulo heueheuehu
Agora deixa eu mostrar para vocês as bruxarias que eu fiz hoje o laboratório
Eu estou muito apaixonada pelos meus filhos. E ainda fiz teste de chama!!! Mas não gravei, eu fiz chama vermelha e outra verde amarelada. Eu sou uma bruxa muito foda. Heueheuehu
Mas manas espero que estejam gostando da história. E vejo vocês no próximo capitulo. Love All. xx
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro