Capítulo XXIV
Logo após ter um jantar decente e ser escoltado até seu quarto, Minho escreveu uma carta rápida e simples para seu irmão, com poucas informações, e a mandou através de um dos seus criados de confiança que havia o acompanhado naquela viagem até Ziya. Felix a recebeu em sua hospedaria naquela mesma noite e dividiu as informações que tinha, tudo o que Minho havia conseguido observar no calabouço. A entrada, o caminho, a cela em que Jisung e Hyunjin estavam e a quantidade de guardas no local. A base que tinham não era o suficiente e era muito impreciso, no entanto, era o mínimo ao qual poderiam se apoiar.
Cedo, na manhã seguinte, Minho visitou Miyeon em seus aposentos rapidamente antes do café da manhã, entregando à jovem um pequeno frasco.
— Quando estiverem preparando o jantar na cozinha, quero que coloque o conteúdo deste frasco em todas as refeições, até mesmo na dos guardas. — Ordenou, sério.
— O que é isso? — Perguntou curiosa, mas guardou o frasco com cuidado em seus pertences.
— Isso fará todos dormirem temporariamente. Até onde me foi informado, será por pouco tempo.
— Então, quando fugirmos, como irá se acertar com o Rei Hwang? Ele ficará irado e vai saber que você ajudou.
Minho sorriu fraco, mas respondeu de uma maneira obscura:
— Irei fazer algo que poderá aumentar meus domínios como o futuro Rei do meu Reino. Ziya será o território de Erya a partir desta noite.
— Você irá... Matar o Rei Hwang? — Sussurrou, surpresa com a decisão do Lee mais velho.
O Príncipe Regente sorriu mais uma vez, mas desta vez não a respondeu, saindo do quarto e indo em direção ao salão de refeições para o café da manhã junto ao Rei, sua futura vítima e aquele que ajudaria o Lee a criar seu próprio nome da história de seu Reino. Aquela não seria somente a noite da fuga de dois prisioneiros, mas também a noite em que Erya dobraria de tamanho após um golpe rápido de espada.
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A noite estava se aproximando, Miyeon guardava o frasco com cuidado enquanto se dirigia à cozinha, observou o movimento do local e se aproximou de forma simpática das cozinheiras do castelo.
— Posso ajudar em alguma coisa? — Perguntou simpática, se aproximando da que parecia ser a chefe da cozinha.
— Não se preocupe conosco, senhorita, vá aproveitar o restante do dia antes que anoiteça.
— Sinto muito pelo incômodo, mas é que eu estava me sentindo com um pouco de tédio e solitária, por isso achei que poderia ajudar em algo aqui e ter companhia. — Sorriu sem jeito e recebeu outro sorriso em resposta. — Posso fazer algo simples! Talvez algo como ajudar a organizar os pratos e talheres?
— Está bem, mas ajude somente a organizar os talheres ao lados dos pratos para levarmos ao salão de refeições mais tarde.
Miyeon agradeceu, indo fazer prontamente o que lhe foi mandado. Quando percebeu estar sozinha ao lado dos pratos, colocou um pouco do conteúdo do frasco na comida posta em cada prato em cima da bancada, até finalmente terminar e fazer em todos. Pouco tempo depois, os pratos começaram a ser levados para o salão. Ficando sozinha na cozinha, abriu uma enorme panela fumegante que tinha a comida destinada aos guardas e esvaziou o restante do frasco, guardando o recipiente vazio em suas roupas.
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O jantar tinha sido servido.
O Rei foi servido com alguns dos pratos disponíveis na mesa, assim como o Príncipe Regente.
— A senhorita Cho não irá jantar esta noite? — O Hwang perguntou, comendo um pouco da comida em seu prato.
— Ela disse que está se sentindo muito indisposta e irá jantar em seu quarto. Acredito que a viagem possa ter a deixado doente.
— É realmente uma pena, desejo melhoras à senhorita Cho.
Minho mexia com seu talher a comida em seu prato, no entanto, não a comia, o que parecia passar despercebido pelo Rei. Demorou alguns vários minutos para o medicamento finalmente fazer efeito, mas esperou pacientemente e sorriu de forma vitoriosa ao vê-lo ficar cada vez mais lento, até finalmente apagar. Minho se levantou de sua cadeira e caminhou até o salão do trono, pegando uma espada que ficava exposta. Era requintada, a bainha tinha pedras preciosas incrustadas, assim como o cabo, feita de ouro maciço. Era perfeita.
Voltou ao salão de refeições, o castelo parecia ter ficado mais silencioso. E, no silêncio daquela noite, aquela espada requintada foi usada para cortar o pescoço do Rei, manchando suas vestes luxuosas de vermelho púrpura.
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Miyeon correu rapidamente até o portão, abrindo o portão do castelo, apreensiva com qualquer som mínimo que ecoava no castelo, mas os guardas estavam adormecidos pelo medicamento que foi dado pelo Lee. Avistou Felix no portão do pátio, acenando para que ele entrasse rapidamente. Ele correu para o castelo e seguiu a Cho até o calabouço escuro.
— Seungmin está preparado para fugirmos? — Miyeon perguntou para o Lee, segurando uma tocha em uma de suas mãos enquanto guiava o mais novo. — Irei com eles.
— Ele está pronto com a carruagem.
Passam por alguns dos guardas adormecidos no local, hesitantes em caso de o efeito passar mais rápido do que o previsto pelo Lee mais velho. Miyeon pega uma das diversas chaves penduradas na parede oposta das escadas e Felix a segue. Se aproximam da cela em que os dois se encontravam, o Lee segura as grades com cuidado enquanto Miyeon testa as chaves que pegaram.
— Hyunjin? Jisung? Vocês estão bem? Viemos resgatá-los! — Disse, ouvindo um baixo som de movimento na cela escura até finalmente ver o rosto de Hyunjin, que se aproxima das grandes com uma certa dificuldade, mostrando-se incomodado com a luz da tocha.
— Felix? Não acredito, finalmente vamos sair daqui... — Sorri, vendo a Cho testando as chaves no grosso cadeado da cela. — A nossa chave é a segunda da terceira fileira. Nem uma dessas é a certa.
Miyeon rapidamente volta e pega a chave, conseguindo abrir o cadeado, a porta da cela abre com um rangido agudo.
— Me ajudem a levar o Jisung, ele está muito fraco e precisa de um médico.
Hyunjin volta para a cela e se abaixa na direção do Han, tentando o levantar com cuidado, Felix entra para o ajudar.
— Vamos sair daqui...? — O Han pergunta, em um tom tão baixo que quase poderia ter passado despercebido, mas pelo local estar tão silencioso todos puderam o ouvir.
— Vamos! E você irá ficar melhor. — Hyunjin assegurou, o ajudando a sair da cela.
— Vamos sair pelos fundos para encontrar Seungmin com a carruagem. — Miyeon explica, subindo as escadas com o trio atrás de si.
Jisung não pareceu ter a escutado, sendo levado pelos dois de forma penosa, soltando ruídos de dor quando tocavam algum ponto machucado de seu corpo. Saíram do castelo rapidamente pelos fundos e caminharam por algumas ruas desertas, até finalmente encontrarem a carruagem parada próxima à estrada, pronta para partir a qualquer momento para Erya. Seungmin correu até o grupo assim que os avistou, abraçando Jisung com cuidado.
— Achei que nunca mais poderia vê-lo... — Jisung murmurou, aproveitando o abraço do seu melhor amigo.
— Eu nunca abandonaria você daquele jeito, eu tinha que tirar você de lá.
— Vamos partir logo, precisamos estar na estrada quando o efeito do medicamento passar. — Felix alertou, deixando alguns tapinhas fracos na costa do Kim, que concordou com ele e de imediato ajudou Hyunjin a colocar Jisung dentro da carruagem. — Por favor, tomem cuidado na viagem!
Seungmin assumiu o comando da carruagem e então partiram na estrada, agora, para estarem todos juntos, só faltaria Jeongin ao seu lado.
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Jeongin pegou suas coisas e saiu do quarto com cuidado, fechando a porta de uma forma que não fizesse muito barulho. Encarou o corredor completamente escuro e caminhou, ouvindo seus passos mínimos ecoarem pesadamente no ambiente.
— Jeongin?
Seus passos pararam de imediato, viu Yunbin atrás de si, se aproximando com uma vela em mãos. Sua expressão mostrava confusão, parecia vir da cozinha. Ele observou o mais novo atentamente, vendo que ele levava suas coisas consigo e usava roupas de hipismo.
— Onde está indo?
— Eu... — Se virou nervoso, não sabia bem o que dizer, seu irmão já parecia ter entendido parcialmente a situação, só queria uma resposta sincera.
— Seu problema com o papai ficou tão sério ao ponto de fazer isso?
Jeongin suspirou e decidiu que, já que era a última vez na frente de seu irmão, pelo menos seria sincero.
— Não é só por causa do papai. Yunbin, eu só quero viver da minha própria maneira. Estou cansado em ter que me preocupar com as expectativas alheias e em ter que esconder quem eu sou, por medo de ser odiado e rejeitado. O papai já me rejeitou uma vez por ser quem eu sou, e não quero ter que ver seu olhar de decepção todos os dias por algo que não me parece errado!
— Do que você está falando, Jeongin?
— Yunbin, eu... eu gosto do Seungmin. Eu o amo e não quero ter que abafar este sentimento com a esperança de que um dia não irei mais sentí-lo, porque isso dói. E eu não aguento mais ter que fazer isso como tenho feito por anos sempre que me apaixono por alguém que, segundo todos vocês, eu não deveria. Você é o meu irmão, eu realmente não quero guardar mágoas de você quando partir.
Yunbin suspirou profundamente, deixou o suporte de velas no parapeito de uma das janelas e abraçou seu irmão com força, fazendo um carinho singelo em Jeongin, que chorava silenciosamente.
— Eu não fazia ideia de que você guardava tanta coisa assim. — Tenta o confortar, continuando seu carinho nos fios escuros do mais novo. — Sinto muito por deixá-lo sofrendo sozinho por tanto tempo, eu deveria ter percebido e o ajudado, como um irmão mais velho deve fazer. Vá, se isso for fazê-lo feliz.
— Obrigado, Yunbin. Obrigado por me entender, diferente de nosso pai.
Se afastam lentamente, Yunbin dá um sorriso fraco para Jeongin.
— Acho que a mamãe também o entenderia, poderia demorar um pouco, mas ela o ama muito. — Tranquiliza. — Quanto ao papai... Ele é muito difícil de lidar. Agora vá, tome cuidado pelo caminho, as estradas andam um pouco perigosas ultimamente, e se alimente e durma bem.
— Eu irei. Talvez um dia possamos nos ver novamente.
Jeongin se virou novamente para continuar andando, mas parou novamente ao ouvir seu irmão dizer seu último adeus:
— Eu te amo muito, irmão. Te desejo toda a felicidade que procura.
Respirou profundamente antes de continuar seus passos, se sentindo mais motivado em seguir em frente. Ele também amava muito Yunbin, e agradecia o fato de não estar partindo ressentido com ele.
Encontrou Chaeryeong e Ryujin no estábulo. Assim seguiram todos juntos para a estrada de Erya. Se as informações de Changbin estivessem todas certas, Seungmin chegaria durante a madrugada, saindo da estrada de Ziya com uma carruagem. Os cavalos seguiam em direção à Ziya, ansiosos por avistar algum movimento na estrada que os remetesse ao seu grupo de fuga. Jeongin sentia seu coração agitado, estava ansioso por ver Seungmin novamente, queria finalmente poder respirar aliviado por estar em seus braços.
Ele sentia em seu íntimo que não iria se arrepender daquela decisão em seu futuro.
— Tem certeza que eles estão vindo de Ziya? — Ryujin perguntou, tão nervosa quanto o Yang.
— Eu... eu acredito que sim... — Respondeu inseguro.
— Tem algo se aproximando! — Chaeryeong avisou, fazendo os dois focarem suas atenções na estrada, parando o trotar dos seus cavalos. — Acho que pode ser a carruagem deles!
Os três focam seus olhares ansiosos para aquela movimentação, até a forma da carruagem já estar bem visível, o cavalo de Jeongin bufa e bate seus cascos impaciente, mas permanecem parados. A carruagem para ao se aproximar do trio e então Jeongin deixa um enorme sorriso pintar seu rosto, desce de seu cavalo imediatamente, vendo o Kim também descer da carruagem. Como se fosse um ato magnético para ambos, eles correm em direção aos braços um do outro, colando seus corpos e seus lábios e um ósculo aliviado e feliz.
— Fiquei preocupado com você por dias. — Jeongin diz após separarem seus rostos parcialmente, ainda sentindo a respiração um do outro. — Não faz ideia de quanta saudade senti de você.
— Também senti, meu amor, acredite em mim. — Seungmin garante, acariciando a bochecha do mais novo. — Tive medo de que não viesse ao meu encontro hoje.
— É claro que eu viria...
Seungmin puxou Jeongin para si novamente em um abraço forte, necessitado, como se estivessem fazendo aquela aproximação valer por todo o tempo que se mantiveram afastados. Era estranho imaginar o quão apaixonados estavam um pelo outro e o tempo parecia fortalecer ainda mais aquele sentimento.
Respiraram fundo, quase que em sincronia, e então decidiram se separar relutantemente para continuar a viagem.
— Vamos continuar, precisamos chegar em Erya ainda pela manhã. Jisung precisa de cuidados médicos. — Seungmin diz após finalmente se recompor. — Podem atrelar alguns dos seus cavalos à carruagem.
Ryujin ajuda a prender os cavalos na carruagem e entra junto com Chaeryeong, Jeongin senta-se ao lado de Seungmin, segurando sua mão com força. Encontrava determinação em seus toques com Seungmin, como se uma pequena fagulha de coragem começasse a se acender em seu interior, e naquele momento o que eles mais precisavam era de coragem para recomeçar a vida de uma maneira completamente nova para ambos.
— Fiquei surpreso quando Changbin me contou de sua fuga. — Admitiu sincero, encarando o rosto sério do mais velho. — Sempre pareceu que carregava a grande responsabilidade em ser o único herdeiro, como se fosse uma benção e uma maldição.
— Quase descobri tarde demais que, no meu caso, era uma maldição.
— Quando Changbin me contou, temi que poderia ter tomado essa decisão por pressão minha... Me senti culpado.
Seungmin olhou para Jeongin, pousando sua mão que antes estava entrelaçada no rosto do mais novo.
— Não se sinta culpado. Tomei essa decisão por conta própria, fiz isso porque não queria subir ao trono com a consequência de abandonar o que iria me fazer mais feliz. Jeongin, fiz isso porque queria ser feliz, e com você ao meu lado, com certeza terei um futuro belo.
Jeongin sorriu, sentindo o carinho em seu rosto e deitou sua cabeça no ombro do Kim. Seguiram viagem com as mãos entrelaçadas, sentindo a brisa fria da noite e ouvindo o barulho dos cascos dos cavalos e das rodas da carruagem.
↢ღ↣
Jisung dormia profundamente com a cabeça apoiada nas pernas de Hyunjin, Miyeon observava o jovem machucado com pesar em seu coração. Haviam tirado a parte superior das roupas do Han para trocá-las por limpas e também ver os cortes fundos em suas costas. A Cho temia que estivesse infeccionado ao perceber uma estranha secreção amarelada e os inchaços terríveis ao redor de todos os cortes. Sem tratamento adequado ele não resistiria.
— Eu... Eu sinto muito por tudo isso ter acontecido. — Miyeon diz, chamando a atenção do Hwang.
— Foi você que contou ao meu pai?
— Aquele dia, no festival, eu vi os dois se encontrando. Havia ido procurar por ele, mas então voltei para casa e acabei contando aquilo para minha aia pessoal. — Conta em tom de vergonha. — Quando Jisung desfez o trato do nosso casamento, meu pai surtou e passou dias com raiva, não me permitindo sair do quarto e nem receber visitas de fora, acreditando ser culpa minha mais um casamento ter sido arruinado. A minha aia acabou por contar a ele o real motivo do fim do trato... Se eu soubesse que ela faria isso, nunca teria contado...
Hyunjin fazia um carinho singelo nos fios do Han, tentando passar algum conforto para o sono pertubado do mais novo. Vendo o estado de Jisung, o Hwang se julgava culpado por tudo. Talvez, se não tivesse insistido em seu amor pelo Marquês, as coisas poderiam estar em uma situação melhor. Pelo menos ele não estaria tão machucado ao ponto de fazê-lo temer pela vida de seu amado.
— No fim, acredito que o causador disso tudo fui eu mesmo. Eu deveria tê-lo deixado em paz, assim como ele pediu, mas fui egoísta. — Disse, usando seu polegar para traçar a linha da sobrancelha do Marquês. — Se eu soubesse que essa seria a consequência das minhas escolhas, teria aguentado minha dor em silêncio para que Jisung não precisasse ter passado por tudo aquilo.
— Se tivesse deixado ele se casar, ele não seria feliz. — Miyeon confortou. — Ele também escolheu você, Hyunjin. Não tens culpa de nada.
Hyunjin não responde e volta seu olhar para o mais novo novamente, franzindo a testa ao tocar sua pele novamente.
— A febre de Jisung está piorando! — Exclama, nervoso. — Precisamos chegar em Erya logo!
O corpo do menor treme nos braços do mais novo, mostrando os calafrios que se espalhavam pelo seu corpo por causa da febre. Miyeon se levantou para avisar Seungmin, a fim de tentar aumentar a velocidade da viagem. O Hwang sente seu coração falhar em seu peito, sua preocupação com o Marquês parecia mãos fortes e cruéis que esmagavam o pobre órgão indefeso, o Han estava levando seu coração consigo.
Miyeon ajuda Hyunjin a tirar a parte superior das roupas de Jisung novamente, fazendo uma careta ao ver os machucados inchados.
— Está piorando... Não sei o que fazer para ajudar. — A Cho se desculpou.
Ninguém sabia o que fazer.
↢ღ↣
A carruagem avançava naquela estrada velha de terra com velocidade, visando chegar o mais rápido possível em Erya. No entanto, a madrugada parecia passar lentamente, como se o tempo quisesse castigá-los, os mantendo longe de seu destino para salvar seu amigo. A febre de Jisung continuou aumentando não importando as tentativas dos presentes dentro da carruagem para tentar baixar sua febre. Antes ele ficava consciente e então desmaiava, sentindo dores em seu corpo, fraqueza e ardência extrema em seus machucados, porém, depois continuou inconsciente por um longo período de tempo.
O desespero de Hyunjin cresceu ao ver Jisung desmaiando em seus braços, o silêncio de antes foi tomado por seu choro aflito. Hyunjin sentia que estava vendo seu amor morrendo aos poucos em seus braços por causa dos seus machucados infeccionados, os quais não sabiam o que fazer para evitar.
— Jisung, por favor, aguente firme, temos que conhecer nosso novo lar, lembra? — Murmurou com a voz embargada. — Por favor, não me deixe...
Ao fim de sua fala, Hyunjin sentiu a respiração do mais novo parar, assim como seu coração. As lágrimas desceram de seu rosto novamente, colocando sua mão no peito do mais novo, ansiando por sentir algum mínimo batimento, algo que mostrasse que estava errado. Balançou a cabeça em negação, chamando a atenção das mulheres dentro da carruagem.
— Jisung... Por favor, não... Não faça isso comigo, meu amor. Eu imploro... — Chora alto, abraçando o corpo sem vida do Han, que infelizmente não o retribuiu como Hyunjin queria.
A carruagem para e a porta é aberta, revelando um Seungmin afobado que ouviu o choro alto e as súplicas de Hyunjin. Os olhos marejados demonstrando que ele já sabia o que esperar quando o ouviu.
Jisung sempre escreveu sobre finais felizes, no entanto, sua vida cruel não o permitiu ter o seu próprio final feliz.
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Na tarde da manhã seguinte, a carruagem finalmente chegou em seu destino, a pequena vila tinha poucas casas, era uma vila envolta da vegetação, um lugar quase esquecido, onde poucas pessoas viviam e as crianças que cresciam se mudavam para conseguir uma vida melhor no reino. Apesar de finalmente terem chegado ao ponto que queriam, todos desceram da carruagem sem qualquer tipo de vivacidade. Hyunjin e Seungmin pareciam somente cascas vazias, tão sem vida quanto o corpo nos braços do Hwang.
O corpo foi enterrado em uma parte da floresta, debaixo da sombra das copas de uma das maiores árvores do local e um dos poucos lugares abertos na floresta. Chaeryeong e Ryujin partiram poucos dias depois para seguir seus próprios caminhos, levando Miyeon consigo após uma despedida fraca e sem ânimo.
Sentado de frente para o que deveria ser o túmulo do Han, Hyunjin chorava silenciosamente, sem mais forças restantes para sequer se levantar. Queria sentir os braços do mais novo novamente, somente aquilo iria poder confortar sua alma atormentada. Vivenciava o pesado fardo de perder tudo e aquela carga emocional parecia pesada demais para que conseguisse carregar sozinho.
Perdeu seu pai, para quem tentou dar orgulho e seguir todos seus ensinamentos durante todo o seu crescimento.
Perdeu sua casa, lugar que guardava suas memórias.
Perdeu o amor de sua vida, que levou junto com ele a sua vontade de continuar de pé.
Hyunjin não conseguia encontrar mais motivos para continuar andando, para continuar seguindo em frente, pois Jisung era o seu motivo. Ele era o seu novo lar.
— Sempre escrevestes sobre mim em seus romances... — Hyunjin diz, sua voz embargada e rouca demonstrando o quanto já havia sofrido e continuava sofrendo naquele momento. — Eu achei que escrever para você também neste momento fosse justo, no entanto, eu não consigo... Ainda sinto uma mínima esperança de que tudo não se passa de um pesadelo e que serei acordado em breve. Eu penso muito em tudo que aconteceu e não consigo deixar de me culpar por isso, arrastei você para este fim. Espero que possa me perdoar algum dia.
— Tenho certeza de que ele não o culpa. — A voz de Seungmin se aproximou, arrancando Hyunjin de seu momento. — Para Jisung, você era como um sonho magnífico.
— Ele estava errado, estou longe de ser um "sonho magnífico". Eu fui uma grande desordem na vida dele.
Seungmin suspirou, se sentando ao lado do Hwang. Ele também estava em uma péssima situação, a morte de Jisung fez o coração de ambos virarem vários pedaços irreparáveis, não tinha como saber se, algum dia em um futuro muito distante, conseguiriam reparar cada pedaço novamente, mesmo que ainda faltassem algumas lascas. O Kim entregou alguns pergaminhos presos como se fosse um livro simples e sem capa à Hyunjin.
— Este foi o último rascunho que ele escreveu, ele deixou em Ziana após o baile de aniversário de casamento dos meus pais. — O Hwang passou seus dedos trêmulos no primeiro pergaminho amarelado. — Está inacabado porque ele teve um grave bloqueio criativo. Eu o trouxe para devolver à Jisung, achei que ele gostaria de terminá-lo. Agora eu o deixo com você, assim como eu sei que Jisung deixou seu coração com você até o fim de sua vida.
Hyunjin passou uma das folhas, vendo então a caligrafia conhecida de Jisung. Seus olhos se encheram de lágrimas novamente e levou aqueles rascunhos ao seu peito, o abraçando como se aquilo fosse Jisung, como se aquele ato fosse amenizar a dor que sentia em seu coração, aquele vazio que parecia que nunca seria preenchido de novo, não completamente.
— Não se culpe pela morte de Jisung e não pense em vocês dois apenas como um final trágico... Ele o amava de verdade e odiava finais tristes... — Tenta consolá-lo, apesar de também estar com lágrimas em seus olhos. — Não posso dizer para seguir em frente e superar o que aconteceu. Mas eu peço para que lembre de Jisung, lembre de seu amor incondicional e ame quem ele foi... Isso também me deixará um pouco mais tranquilo por saber que mais alguém lembrará e amará Jisung...
— Seungmin, você acha que algum dia poderemos nos encontrar novamente? — Pergunta esperançoso, mesmo sabendo que não era possível. — Acredita que, se estiver em nossos destinos, poderemos algum dia viver a vida que desejávamos juntos?
— Jisung era um pessoa romântica que acreditava plenamente em finais felizes e no destino. Se estiver destinado, poderão algum dia ser felizes juntos.
— O que devo fazer daqui para frente...?
— Acredito que Jisung iria querer que fosse feliz, que fizesse o que quer fazer para o seu futuro.
— Tem uma casa em Vera em que eu e Jisung iríamos viver juntos, não sei se quero ir para lá e encarar a realidade de que estou sozinho agora.
— Pode ficar aqui por quanto tempo quiser até se sentir preparado para partir, podemos fazer companhia um ao outro.
— Obrigado, Seungmin...
O Kim sorriu fraco e se levantou, a fim de deixar Hyunjin sozinho outra vez, olhando para ele uma última vez, Seungmin o viu lendo com cuidado cada palavra escrita por Jisung, sobre o romance que ele sonhava viver com seu grande amado. Infelizmente, o Han não havia conseguido aproveitar aquele romance quando finalmente teve a oportunidade de vivê-lo.
↢ღ↣
A perda de uma pessoa amada não é uma dor aliviada com o tempo, o tempo, diferente do que muitas pessoas dizem, não é o remédio necessário para todos. Alguns pesares se arrastam para sempre, durante toda a sua vida, e é preciso aprender a conviver com ele, conviver com as memórias angustiantes de um passado feliz com alguém que já não está mais presente. Mesmo no futuro, aquelas boas lembranças vêm carregadas de tristezas.
Sentindo essa terrível dor ainda fresca em seus corações, passaram-se dois meses em que sentiram aquele tão terrível vazio. Hyunjin partiu após aqueles dois meses, ainda sentindo sua perda imensurável, mas partiu a fim de fazer a última coisa que ele e Jisung queriam ter feito juntos: arrumar o seu novo lar.
Mesmo que agora Jisung já não estivesse mais ao seu lado.
Dizem que casa é algo diferente de lar. Seungmin não entendia muito bem aquela diferença, sua casa era o castelo em que cresceu; no entanto, percebeu o que era verdadeiramente um lar ao estar com Jeongin. Estavam em uma casa simplória e pequena, com poucos cômodos e aprendendo a viver de uma forma completamente nova em um lugar novo, mas ele não se sentia deslocado, pois o Yang conseguia o fazer se sentir em um local conhecido e aconchegante.
Após alguns meses naquela vila, Jeongin rapidamente conseguiu se adaptar aos moradores do local, que se consistia na maioria em crianças e idosos. Os mais velhos gostavam do jeito gentil e educado do Yang e as crianças se apaixonaram em seu tão contagiante sorriso, o Kim conseguia entender perfeitamente como todos haviam se apaixonado tão rapidamente pelo Príncipe, mesmo que nem mesmo soubessem sobre seu Sangue Real.
— Todos parecem o amar mesmo em tão pouco tempo. — Seungmin comentou após Jeongin finalmente conseguir se livrar de um jovem casal que conversava com ele animados.
— Não foi a mesma coisa com você? — Provocou, arrancando um revirar de olhos do Kim. — Eles gostam de você também.
— Eles não procuram a mim como procuram você. Às vezes parecem que agem como se eu não existisse e vão embora.
— É porque você vive sempre tão sério, eles acabam ficando hesitantes. Sorria! — Disse, acariciando as bochechas do mais velho. — Seu sorriso é encantador o suficiente para fazer todos gostarem de você.
— Foi o que fez você gostar de mim?
— Seu sorriso é só um dos vários outros atributos magníficos que você tem, eu diria que tudo fez com que eu gostasse de você.
Jeongin selou seus lábios aos de Seungmin calmamente, deixando um carinho suave com seu polegar nos lábios do Kim quando se afastou.
— Obrigado por ter aceitado fugir comigo, Jeongin. Para ser sincero, eu não sabia o que fazer caso você acabasse por decidir acabar com o que temos. Eu partiria para longe, mas deixaria meu coração com você.
— Sou eu quem deveria agradecer. Seungmin, obrigado por me amar o suficiente para decidir algo tão extremo quanto deixar para trás toda a vida que havia construído para que pudéssemos ser felizes juntos.
— Jeongin, tenho algo em mente há muito tempo.
— O que é? — Perguntou curioso.
Seungmin enlaçou a cintura do mais novo, o puxando para mais perto de si e sorriu.
— Tu fostes meu primeiro noivo, o qual eu deveria ter me casado no futuro segundo o acordo que havia sido acertado. — Deixou um outro selar rápido nos lábios do mais novo antes de continuar. — Para realmente vivermos a história de Flor Dourada juntos, aceita ser meu noivo novamente?
Jeongin fitou o mais velho, surpreso. Suas palavras ficaram presas em sua língua, sem saber como responder. A emoção acabou assumindo o controle e, no lugar de uma resposta direta, beijou o Kim com desejo, um beijo profundo, cheio de certezas e sentimentos que não poderiam ser descritos com suas próprias palavras. Parecia algo tão óbvio quando estavam juntos, os braços um do outro eram tão calorosos e aconchegantes que faziam eles se sentirem sempre bem acolhidos um pelo outro, era realmente como se desde o início eles já estivessem concedidos a um futuro um ao lado do outro.
O Yang segurou os fios do Kim com mais força ao sentir o aperto em sua cintura e afastaram seus rostos com sorrisos extravagantes em seus lábios avermelhados.
— Devo ver isto como um "sim"? — Seungmin perguntou com um tom provocativo.
— Kim Seungmin, eu nunca iria rejeitar você.
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Amor é um sentimento tão límpido e puro, capaz de tranquilizar e trazer felicidades para corações amargurados pelo sofrimento. Amar não deveria ter regras ou exigências, não deveria existir um "amor errado" caso ele seja genuíno e faça bem para ambas as partes.
Kim Seungmin e Yang Jeongin eram duas almas ligadas unicamente por este sentimento que, sendo tão forte, os permitiu viver felizes da forma que escolheram, mesmo que fosse uma vida simples em meio a uma pequena vila.
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Recomendo bastante Song of The Wind do grupo Kingdom, a tradução da música me lembra bastante os Seungin e acho que ela é bem significativa dentro da história. Não consegui encontrar um vídeo com a tradução em português, então coloquei em espanhol, mas vocês podem pesquisar a letra traduzida que vão encontrar.
Espero que a mensagem que eu queria passar com tudo isso tenha ficado bem clara em seus corações e que tenham se divertido acompanhando a publicação de mais uma história minha. Peço perdão pela demora, mas quem já me conhece de outras obras sabe como que gosto de tirar um tempo a mais para os capítulos finais a fim de trazer algo da qualidade que vocês merecem!
Quem já acompanha meu perfil: Obrigada por terem tirado mais um tempo de suas vidas para me apoiar em mais uma obra a qual me dediquei bastante. Vocês são incríveis e todo o apoio que me dão realmente é o que me faz continuar seguindo em frente aqui na plataforma. Admito que já teve alguns momentos em que pensei em desistir desse aplicativo que está sempre sabotando os escritores, mas vocês foram o motivo pelo qual permaneci bem firme.
E para quem me conheceu agora: Muito obrigada por ter me dado sua atenção e a chance de mostrar o pouco que tenho a oferecer como escritora. Espero que eu possa os ver mais vezes no meu perfil daqui em diante!
Sairá em alguns dias duas publicações especiais de GF no meu insta para podermos nos despedir mais uma vez dos nossos personagens. O link para meu perfil de lá está na minha bio para quem ainda não segue e está interessado!
Meu mural está sempre aberto para vocês também! Não se acanhem em mandar algo ou em interagir por lá. Também tenho meu twt para quem gosta de interagir por lá. Estou com uma ideia de criar um ccat para podermos interagir mais após a leitura de algum capítulo ou então fazer isso pelo twt mesmo. Ainda não falei sobre isso porque vou resolver melhor através de alguma votação no insta talvez...
E falando em votação... vamos revelar os finais:
📜 = Final bom.
A fuga teria sido um completo sucesso desde o início, os hyunsung não teriam sido capturados e os seungin teriam fugido logo depois também.
🌸 = Final mediano.
Foi o final que venceu a votação.
👑 = Final ruim.
Os hyunsung também teriam sido capturados, Seungmin tentaria ajudar como no final original mas a tentativa iria fracassar e Seungmin seria mandado à força para Ziana novamente. Ele acabaria por se casar com Lily e eventualmente subiria ao trono. Jeongin ficaria noivo de Chaeryeong.
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