Capítulo XVI
A torrente de sentimentos fortes que invadiam ambos os príncipes parecia algo novo, algo nunca antes provado. Era como se pela primeira vez em suas vidas eles finalmente pudessem seguir seus próprios corações, seguir os desejos que gritavam insistentemente em seus interiores, e que há muito tempo estavam sendo reprimidos. Sentiam a euforia de poder ser quem eles realmente eram, mesmo que fosse somente um com o outro. Juntos, eles conseguiam perceber que o amor que sentiam não era errado e que nunca deveria ser visto como algo condenável.
Eles somente estavam felizes.
Fossem quietos e observando o céu noturno, debatendo sobre um dos livros que haviam lido, ou juntos em algum lugar afastado onde pudessem expressar seus sentimentos livremente, eles estavam felizes.
Os dois saíam juntos com frequência, para conhecer a cidade ou ficarem sozinhos, mas aquilo pouco parecia importar para os pais do Yang, que pareciam satisfeitos com o relacionamento próximo que eles haviam criado, acreditando não se passar de uma amizade criada sob um pretexto político.
Com esse tempo, Seungmin descobriu um novo lado do mais novo, o seu lado mais romântico. Jeongin era apaixonado por poesias e seu quarto era repleto de livros daquele tipo. O Yang passou a ler ou recitar pequenos poemas para o Kim, a grande maioria daqueles poemas se referiam à flores, pois o mais novo dizia que aquilo o lembrava Seungmin.
Mas, com a aproximação da data da festa de Yunbin, Jeongin passou a ficar com menos tempo disponível, ajudando com algumas preparações finais e com os alfaiates convidados pela Rainha para que seus filhos, principalmente Yunbin, tivessem todo o destaque durante a festa. O Yang também começou a passar mais tempo no salão de música do castelo, onde treinava músicas com afinco para tocar durante a festa.
Seungmin não queria ficar parado durante aquele tempo, observando todos à sua volta se prepararem menos ele. Em alguns momentos o Kim ouvia o Yang tocar, com admiração no olhar ao ver o mais novo tão concentrado naquilo, em outros momentos partia para cidade, visitando lojas de tecidos para encontrar algo que lhe agradasse para que preparasse suas vestimentas. Mas, com seu olhar tão crítico e vaidoso, demorou bastante tempo para isso.
Durante uma das várias sessões de provas de vestimentas para o baile, Soon observava cuidadosamente cada peça, rejeitando muitas delas por achar que não eram boas o suficiente ou que não combinavam com seu filho mais novo. Jeongin nunca havia visto sua mãe tão obcecada por sua boa aparência em um baile, normalmente ela confiava nos gostos do Yang. Porém, aquilo parecia diferente.
Quando o alfaiate acabou saindo do quarto por alguns instantes, Jeongin, ainda em frente ao espelho, questionou:
— Poderia saber o motivo para estar tão exigente com as minhas roupas hoje? — Em tom curioso e divertido, observando a expressão séria e pensativa da Rainha através do reflexo do espelho.
A mais velha sorriu confortavelmente para o Yang, se aproximando dele e pousando suas duas mãos em ambos os ombros do seu filho.
— Acredito que irá querer estar em sua melhor aparência para alguém especial para você.
Jeongin sentiu seu interior se apertar, alguma coisa em seu tom de voz e na expressão em seu rosto mostrava-lhe que ela sabia de algo. Um tipo de centelha de esperança pareceu acender nas orbes brilhantes do Yang.
— Então... A senhora sabe...?
Ela deu uma risada alegre, contagiante, alguns até mesmo diriam que Jeongin havia herdado o belo sorriso de sua mãe.
— Claro que sei, demorei para perceber mas Yunbin me contou. — Apertou levemente os ombros do Yang.
— E a senhora não é contra? Não pensa nada de ruim sobre isso? — Perguntou, com aquela esperança crescendo cada vez mais em seu peito.
— Por que eu pensaria algo ruim, Jeongin? O que você pensa de mim, hein? Sou sua mãe, quero sua felicidade. — Queixou-se em tom ofendido e continuou: — E tenho que admitir agora que consigo visualizar em minha cabeça, você e a baronetesa Lee formam um belo casal!
Aquela chama de esperança se extinguiu tão rápido quanto acendeu.
Jeongin encarou os olhos da mais velha através do espelho, agora suas orbes eram dolorosas, sem felicidade. Por alguns poucos segundos ele teve a ilusão de que ela estava falando sobre ele e Seungmin. Aquele pensamento fez com que, mesmo naqueles poucos segundos, ele parasse de temer os possíveis julgamentos que viriam de seus familiares, ou pelos menos da sua mãe.
Além daquilo, Jeongin ainda sentiu medo de que uma coisa acontecesse por causa daquele pensamento de sua mãe:
Um noivado entre ele e Lee Chaeryeong.
Não que fosse impossível que ele sentisse algo pela Lee, ela era bonita, gentil, divertida e tinha alguns gostos em comum pela música. Porém, com cada dia que ele passava com o Kim, mais ele acreditava estar se apaixonando. Era para ele que Jeongin havia dado seu coração ainda imaturo, novo naquele sentimento de amar e ser amado de volta, e que a cada dia se intensificava.
— Mãe, de onde tirou isso de que eu e a baronetesa-
— Não precisa esconder, meu amor, eu nunca seria contra essa união pelo simples fato de ela ser filha de um Barão. — Cortou a fala do mais novo, acariciando um dos braços dele com carinho e um sorriso acolhedor em seu rosto. — Na festa de Yunbin, não se preocupe com isso, a família Lee de Dojun foram convidados para que possa passar mais tempo com a senhorita Lee, assim eu também posso conhecê-la melhor. Posso aproveitar a festa para discutir com o Barão Lee e propor um noivado. Amo você e quero o seu melhor.
Jeongin queria ouvir aquelas palavras, nos últimos anos era a coisa que ele mais desejava ouvir, mas o contexto estava errado. Não era ela quem ele amava, ele não queria ouvir aquilo se fosse daquela maneira.
Mas ele só pôde dar um sorriso pequeno e forçado, enquanto tentava calar os gritos do seu coração.
↢ღ↣
O Kim apreciava as notas musicais que podiam ser ouvidas nitidamente em todo o salão, aquilo o lembrava suas aulas de piano com o mais novo, que surpreendentemente ele sentia falta, algo que ele nunca imaginaria quando mais novo. Observando a expressão do Yang, o mais velho percebeu claramente que algo o incomodava e tirava seu foco, cometendo erros que até mesmo Seungmin conseguiu perceber.
Sentindo-se preocupado com ele, Seungmin segurou uma de suas mãos, cobrindo-a suavemente com a sua e dando um sorriso leve para o mais novo, fazendo ele parar de tocar as notas e olhá-lo.
— Tem algo o incomodando? — Perguntou em tom preocupado, vendo o mais novo dar um suspiro deprimido.
— Eu só estou muito nervoso, não é nada que precise se preocupar.
Seungmin continuou encarando as orbes do mais novo, que não pareciam brilhantes como de costume, assim como sua expressão sofrida.
— Não irei pressioná-lo, mas pode contar para mim o que quer que seja.
O Kim disse, apertando levemente a mão do Yang, a mesma mão que tinha o belo anel de ouro. Aquilo pareceu confortar o coração desordenado de Jeongin.
— É só que... É como se eu estivesse vivendo escondido de todos, tendo que temer viver da forma como eu realmente desejo, ter que temer o que vão achar de mim. Eu procuro qualquer tipo de mínima aprovação de quem eu amo, da minha família, mas parece tão cansativo e injusto.
Por que ele tinha que conseguir aquele tipo de aprovação?
Para Jeongin, para seu coração, parecia simples, amar alguém não precisava vir seguido de regras para que todos o vissem com bons olhos. Aquilo tudo realmente importava? Ele não podia simplesmente amar quem ele quisesse amar independentemente de quem era? Ele se sentir bem ao lado da sua pessoa amada não podia ser o suficiente?
Ele só podia queixar-se daquela injustiça para Seungmin, porque ele poderia o entender, porque ele o amava, porque juntos eles estavam tentando viver o presente da maneira que desejavam, mesmo quando tudo parecia os pressionar por todos os lados.
— É injusto. Termos que viver dessa maneira é injusto. — Seungmin disse, fazendo um carinho suave na palma do mais novo. — Mas não é errado, nós somente estamos vivendo, procurando pela felicidade. Mesmo que seja difícil dizer isso, não podemos esperar aprovação de outros para podermos ser felizes, temos que viver por nós mesmos.
Jeongin sentiu algo fechar-se em sua garganta.
— A minha mãe pensa que quero casar-me com a baronetesa de Dojun. — Contou, olhando para os olhos do Kim. — Inicialmente eu achei que ela estava falando sobre nós, mas estava enganado. Foi isso que me deixou assim, me desculpe por preocupá-lo.
O Kim sorriu, confortando o mais novo e com sua mão livre, acariciou a bochecha do Yang, tão suave e delicado quanto qualquer outro toque que Jeongin lembrava de já ter recebido de alguém, Seungmin era extremamente atencioso, cada ato e toque seu parecia demonstrar claramente o que ele não dizia em palavras.
— Não me importo em receber seus anseios, quero ouvir o que você tem a dizer, quero ajudá-lo, confortá-lo, sempre. Não hesite em me contar o que deseja.
Jeongin assentiu com sua cabeça serenamente, aproveitando o toque carinhoso em seu rosto. Felizmente eles sempre trancavam as portas do salão de música quando estavam lá juntos, pois, por causa do contato do mais velho e a proximidade, ele sequer pensaria em ter que se preocupar com aquilo.
As duas mãos entrelaçadas estavam pousadas em cima da coxa do Yang, a mão livre do mais novo também segurou o rosto do mais velho, traçando a linha de seu maxilar com seu polegar de forma lenta.
O beijo desta vez foi mais calmo, os sentimentos por trás daquele beijo eram mais claros, puros e ingênuos, era algo que consolava seus interiores machucados. Era carinhoso e cuidadoso, mostrando para ambos que o que sentiam realmente era além de interesse, mostrava que estava tudo bem. Ambos estavam dispostos a enfrentar o que viria no futuro.
Era um sentimento real.
↢ღ↣
Seungmin mais uma vez se encontrava preparando-se para mais um baile, diferente da que teve em Ziana, as músicas pareciam um pouco mais animadas, lembravam as músicas animadas que eram tocadas em festas do povoado, mas ainda carregavam uma certa elegância. A decoração do salão de festas era requintada, mas carregava muitas cores alegres e vibrantes.
Ele estava ansioso, sabia que Jisung havia sido convidado àquele baile e queria vê-lo, desde que ele partiu repentinamente de Ziana eles não haviam entrado em contato novamente e seu coração se preocupava com seu amigo. Queria contar-lhe o que havia acontecido consigo nos últimos tempos e saber o que havia acontecido com o Han também.
Às vezes dizem que aguardar algo com ansiedade pode fazer com que algo ruim o deixe decepcionado, ou triste. Seungmin não era uma pessoa que aguardava por algo ansiosamente, ele somente se preparava como deveria ser e esperaria, sem grandes expectativas. Porém, por causa daquele jovem Yang, agora o Kim estava um pouco ansioso, queria tentar, nem que fosse uma única vez, dançar com Jeongin e se divertir com ele.
Mas, diferente do baile em Ziana, talvez aquele baile não guardasse coisas tão boas para aqueles dois príncipes.
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Oieee queridíssimas cocaínas do meu coração, tudo bom?
Enfim, só dando uma passada rápida pra avisar que é possível que essa fic termine com um total de 22 capítulos, acho que pode ser até menos, mas isso depende da minha capacidade de desenvolver o enredo.
Acredito que o próximo capítulo será maior, terá meio que bastante coisa acontecendo que é para a fic começar a caminhar para o seu desfecho. Não está valendo me ameaçar aqui não porque vocês que escolheram hehe
Só podem torcer muito para que tenham feito a escolha correta.
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