Capítulo VI
Música: La Valse D'Amélie
Algumas horas haviam se passado após o almoço, Jeongin estava no salão de música do castelo, repleto de instrumentos e entre eles o mesmo piano que o Yang havia usado para tocar no baile. Esperava pela chegada do Kim, que logo chegaria, para que o tempo passasse de maneira mais rápida, começou a tocar a mesma música que já tinha tocado anteriormente.
Ouviu a porta do salão abrir atrás de si, então parou de tocar, levantou-se e desviou sua atenção para a nova figura, que acreditava ser Seungmin, mas estava enganado.
— Ah, Barão Lee. — Cumprimentou o mais velho. — É um prazer vê-lo novamente.
— Digo o mesmo, Príncipe Yang! — Aproximou-se, alegre.
— Ouvi dizer que irá voltar para as terras de Dojun hoje.
— Ah sim, já terei de voltar para meu lar com a minha filha. — Deu um largo sorriso, pousando sua mão no ombro do Yang. — Espero que possa ir ver-nos partir hoje, é um desejo meu e da minha filha.
— Sim, eu irei, Barão, a senhorita Lee já havia me avisado sobre isso.
— Encontrou minha filha?
A porta do salão foi aberta novamente, desta vez realmente sendo a figura que o Yang aguardava, Seungmin entrou no salão com passos largos, fechando a porta atrás de si. Reverenciou o Barão de maneira breve e pôs-se ao lado de Jeongin.
— Sinto muito pela intromissão — Seungmin desculpou-se, recebendo um sorriso do mais novo.
— Está tudo bem. — Respondeu, voltando-se para o Barão uma última vez. — Senhor, agora tenho um assunto a tratar com o Príncipe Kim, eu lhe vejo mais tarde, quando forem partir.
O Lee se despediu, saindo do salão tão rapidamente quanto entrou. Seungmin voltou-se para Jeongin novamente, que continuou sorrindo para si.
— Então, vamos começar?
— Como quiser, Yang.
Dividiram o espaço do grande assento em frente ao piano, Seungmin pareceu bem nervoso, mas atento a todos os movimentos de Jeongin.
— Eu nunca fiz isto antes, mas darei o meu melhor para que consiga ensiná-lo. — o Yang garantiu. — Bom, antes de tudo, preciso que você saiba pelo menos o nome das notas e as posições de seus dedos sobre as teclas.
— Eu já conheço as notas. — Seungmin comentou. — Quando era mais novo tive um tutor de piano, mas não tive muitas aulas com ele...
— A Rainha Minji me contou. — Riu, vendo a reação um tanto surpresa do mais velho.
— O que ela contou exatamente?
— Somente que encontrou um tutor de piano para você, mas que as aulas não deram muito certo — mentiu, vendo o Kim ficar aliviado.
— Eu comecei minhas aulas de esgrima durante essa época e substituí o piano pela esgrima.
Jeongin evitou uma risadinha que quase escapou de si, lembrando-se de cada palavra de Minji sobre o tutor de piano do Kim.
— Então irei ajudá-lo a posicionar seus dedos no teclado. — Disse, pegando uma das mãos de Seungmin e a levantando. — Sua mão direita deve ficar aqui, na primeira escala de Dó e a esquerda ficará a partir da nota Si. Saber a posição inicial de suas mãos é importante para iniciar.
Seungmin achou que partiria para algo mais prático de início, mas quando percebeu estava em uma aula teórica sobre a música, aprendendo sobre os acordes mais simples, assim como Jeongin lhe passou alguns exercícios para que melhorasse sua coordenação. O Kim fazia o seu melhor para tentar entender tudo que lhe era passado, mas chegou um certo ponto em que nada era assimilado e sua atenção ficou completamente focada no Yang, e como ele ficava enquanto o ensinava algo que parecia gostar muito e dar muito valor.
— Príncipe Seungmin? — Jeongin chamou, rindo da falta de foco do mais velho. — Estás conseguindo me entender?
— Não... Sim... Eu acho... — Jeongin acabou rindo um pouco mais alto pela afobação do Kim, que pareceu ainda mais envergonhado. — Eu pelo menos decorei a posição inicial das mãos.
— Você ainda está nesta parte da aula? — O Yang perguntou, desacreditado.
— Me perdoe, Príncipe Jeongin, irei prestar mais atenção!
— Por que quer aprender piano? — Perguntou, um pouco mais sério.
Seungmin se sentiu sendo pego desprevenido, sem ter uma boa resposta formulada em sua cabeça ainda.
— Somente acho... Muito lindo. — Respondeu, encarando o rosto do mais novo sentado ao seu lado, que rapidamente desviou seu olhar para as teclas. — Pode tocar um pouco para mim, Alteza? Realmente fiquei impressionado com sua apresentação no baile.
— Ah, claro que sim, Príncipe. — Sorriu, ainda um pouco envergonhado.
O Kim deixou um pouco mais de espaço no assento para que Jeongin pudesse ficar no centro e pousou suas mãos em suas próprias coxas, esperando pacientemente que o mais novo começasse. O salão foi preenchido pela melodia tocada por Jeongin, trazendo uma música calmante, que fazia Seungmin sentir-se sereno. A música foi mais curta do que a tocada no baile, mas ainda assim o sentimento foi tão intenso quanto, vendo-o tocar após ter uma longa aula fez o Kim perceber que realmente era mais difícil do que parecia.
Com a finalização da música, o Yang recuou suas mãos lentamente, virando seu rosto para o Kim novamente, com um sorriso mínimo em seus lábios, alguns fios longos de sua franja caíram sob seus olhos ao olhar para o mais velho. Seungmin dificilmente sentia-se nervoso ao lado de alguém, mas sempre que Jeongin o olhava, sentia inquietação dentro de si e até mesmo quando teimava em encará-lo nos olhos, algo parecia o forçar a desviar.
Jeongin olhou para uma das enormes janelas do salão, vendo que o céu começava a dar sinais alaranjados do pôr do sol e levantou-se.
— Preciso ir para a entrada do castelo agora. — Informou, fazendo uma reverência para o outro Príncipe, que continuava sentado. — Podemos ter outra aula amanhã no mesmo horário?
— Claro que podemos, Alteza.
Jeongin se despediu e então saiu do salão, deixando Seungmin sozinho no local enorme. O Kim colocou sua mão em cima das teclas novamente de forma bagunçada, fazendo o instrumento soltar um som agudo e nem um pouco agradável.
Sempre foi comum para Seungmin ganhar admiração de várias pessoas, mas nunca achou que ele estaria na posição de admirar outra pessoa daquela maneira.
↢ღ↣
Jeongin conseguiu despedir-se do Barão e sua filha, observando-os partir após receber um convite do Barão para passar uma temporada nas terras de Dojun. Ele partiu sem uma resposta definitiva do Yang, ele sabia bem o que o Barão queria consigo e não sabia se queria aquilo.
Em um horário parecido, uma outra carruagem estava para partir, sendo ela a carruagem do Príncipe de Ziya, que se despediu dos dois monarcas antes de entrar em sua carruagem e partir, sem ter a presença do Marquês em sua partida. O Rei de Erya, o Rei Lee, também havia partido mais cedo, sendo assim, todas as famílias presentes no baile anterior já haviam partido, deixando somente a família Yang presente em Ziana.
O irmão e o pai de Jeongin partiriam no dia seguinte, voltando para o castelo em Eura, mas Jeongin e Soon continuariam sua estadia no local normalmente. Sendo assim, o Yang teria bastante tempo para suas aulas com Seungmin, ainda que o mais novo soubesse bem que o Kim não estava interessado nas aulas. Só precisava entender bem o que o mais velho desejava com aquelas aulas.
↢ღ↣
— "Sentiu os compassos do seu coração ainda mais intensos do que antes, os olhos ardentes do Grão-duque queimavam em sua pele mesmo que a distância..." — Jisung parou, dando um suspiro alto e voltando-se para o Kim. — Não sei mais como prosseguir, Seungmin.
Após a sua aula com Jeongin, o Kim voltou para seu quarto, que logo foi invadido pela presença do Han com os nervos à flor da pele por causa do seu livro.
— Não conseguiu inspiração o suficiente com seu último encontro com o Príncipe Hyunjin?
Jisung suspirou mais uma vez, sentando na cama do mais novo, cabisbaixo.
— É o seguinte, pode jogar na minha cara que você estava certo esse tempo todo, está bem? Parece que ele só está brincando comigo, como se meus sentimentos não valessem nada. Me sinto como um objeto.
A sua desilusão com o Hwang estava fazendo Jisung sequer continuar escrevendo, ele era sua inspiração para todos os seus romances e agora parecia que tudo estava indo por água abaixo, Seungmin havia o avisado que aquilo dificilmente iria ter um bom final, principalmente porque segundo as autoridades, um homem deveria casar-se com uma mulher e vice versa. O que Han queria com certeza seria visto como heresia e Hyunjin não iria ter disposição para abandonar o trono que seria seu para viver um romance escondido.
E é claro que aquela ainda seria a melhor das hipóteses se fossem pensar em punições para casos como esse.
Mas diferente do que o Han esperava vindo de Seungmin, ele recebeu um abraço folgado do mais novo. Seungmin sabia que era um momento difícil para o amigo e mesmo que não soubesse como consolar alguém, queria poder passar algo bom para o Marquês daquela forma, no silêncio.
Jisung acabou não segurando algumas lágrimas silenciosas que escaparam, manchando a página amarelada em suas mãos. Aos poucos o seu choro passou a ser percebido por Seungmin, que apertou seu abraço ao redor do Marquês.
Após alguns bons minutos que ficaram daquela forma e com Jisung já um pouco mais calmo, o abraço foi desfeito e se encararam. O Han sorriu agradecido para o mais novo.
— Obrigado, Seungmin...
— Isso é o mínimo que posso fazer por você, Jisung. Sempre estivemos juntos, não posso deixá-lo passar por isso sozinho.
Jisung largou a página em cima da cama, acabando por se deitar encarando o teto do quarto.
— Decidi partir amanhã para casa. — disse, surpreendendo Seungmin. — Sei que eu iria passar uma temporada aqui, mas tomei uma decisão... Finalmente vou fazer o "certo".
— Jisung...
— Meus avós estão doentes, não estarão aqui para sempre e sou o único herdeiro do nome Han. Eu adiei isso, mas está na hora de conseguir uma noiva... Já que eu nunca vou poder casar-me com quem desejar.
Aquelas palavras pareciam um choque de realidade terrível para ambos, já que os dois passariam por essa mesma situação. Pois Seungmin somente aguardava pelo momento em que seus pais lhe informariam sobre um casamento arranjado e teria de viver ao lado de alguém que nunca poderia amar, mas teria que ter herdeiros.
— Vamos finalmente colocar os pés no chão e deixar os sonhos para trás, Seungmin.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro