Prólogo
"Orquídeas vermelhas significam paixão e desejo, mas também podem significar força e coragem."
Alexios se aproximou do pequeno vilarejo, correndo os olhos ao redor, antes de dar um suspiro cansado. O sol começava a se pôr, seu corpo estava cansado e seus suprimentos esgotados. Ele não tinha outra opção a não ser parar por ali, ainda que por algumas poucas horas.
Os cascos de Fobos se tornaram barulhentos enquanto se chocavam contra o estreito caminho de terra batida. Ele correu os olhos ao redor, olhando com curiosidade para o lugar.
Aparentemente todas as casas ali possuíam um pequeno jardim em sua frente com trepadeiras que subiam pelas paredes dando um ar charmoso a elas. No fim da pequena estrada, um par de pequenos templos de mármore claro se exibiam.
— Interessante... — ele se aproximou do altar, olhando curioso a oferta de cereais, antes de ouvir passos arrastados se aproximando e se esconder.
— Está tudo bem, Gaia... — a voz doce chegou até si, fazendo com que ele se esticasse um pouco para olhar sua dona.
Ele sorriu, olhando para a mulher de longos e volumosos cabelos cor de caramelo, que lhe caíam em cascata pelas costas. A pele de tom dourado e os lábios avermelhados, como um par de morangos maduros.
— Por favor... Mande-os embora... — a morena sussurrava baixinho, entre as lágrimas que teimavam em lhe descer pelo rosto. Os lábios se moviam, em uma prece silenciosa. — Por favor, Deméter... Mande os soldados embora, mande ele embora.
A morena voltou a murmurar, enquanto Alexios se levantava, encarando curioso o lince que levantou a cabeça para si, movendo as orelhas e rosnando baixinho.
— Chaire... — ele pigarreou, chamando a atenção da morena, que o ignorou por um instante. — Pode me ajudar?
— Estou rezando... — ela o respondeu irritada, juntando as sobrancelhas por um instante, antes de abrir os olhos, os mantendo baixos e olhando de soslaio para o lince, que ainda rosnava. — Gaia?
Ela levantou o olhar para ele, se arrastando para longe e o surpreendendo com seus olhos incomuns.
— Um soldado. Vá embora! — ela se levantou de rompante, puxando uma adaga e a apontando para ele. — Vocês já não tem o suficiente? Agora precisam saquear templos?
— Não sou um soldado. — ele cruzou os braços, soando ofendido, enquanto o lince se colocava ao lado da morena, mostrando os dentes ameaçadoramente.
— Um misthios? — ela levantou as sobrancelhas, o olhando cética. — O que quer aqui?
— Preciso de um lugar para descansar por algumas horas... — ele olhou ao redor, antes de ouvir um suspiro.
— Vá embora, misthios, esse lugar não é para visitantes. — ela guardou a adaga, ainda mantendo os olhos sobre ele e acenando para o lince, que pareceu se acalmar um pouco.
— Bem... e se eu me livrar dos soldados que vem te incomodando? — ele se aproximou alguns passos dela, curioso. — Podemos fazer uma troca. Eu me livro deles e você me concede um lugar onde eu possa descansar.
— Se livrar deles? — ela deixou uma risada amarga escapar, desviando o olhar. — Queria que fosse simples assim, mas não. Apenas vá embora, misthios.
— Afinal... — ele deu um passo à frente, antes de levar a mão a lateral do rosto dela, a fazendo levantar os olhos para si. — São mesmo reais? Um verde e outro castanho...
Ele sorriu charmoso, antes que ela batesse em sua mão, desviando o olhar.
— Vá embora. — ela começou a caminhar para fora do templo, enquanto o lince o rodeava. Ela deu um assobio baixo, fazendo com que o animal corresse até ela.
Alexios sorriu, mantendo os olhos nela e em seu caminhar quase felino enquanto ela se afastava.
— Onde você estava? Parece nervosa. — Hécate deixou um suspiro baixo escapar ao ouvir a voz de Dorian.
— Estava no templo... e encontrei com um misthios por lá. — ela manteve os olhos baixos, mexendo nervosamente as mãos.
— Um mercenário? Ele ainda está por lá? — ela pode ouvir os passos dele se afastando, seguindo em direção a porta.
— Creio que sim. Ele parecia um tanto perdido. — ela olhou de soslaio para trás, deixando um pesado suspiro escapar e a tensão sair de seus ombros ao vê-lo sair.
Hécate correu os olhos ao redor, antes de voltar sua atenção às lâmpadas, colocando um pouco mais de óleo em cada uma e as espalhando pela casa, seguindo para o jardim.
Ela se sentou no pequeno banco, próximo as poucas flores que resistiam por ali, sorrindo quando Gaia se aproximou, deitando a cabeça em suas pernas e a encarando com os profundos olhos dourados.
Ela deixou um suspiro escapar, enquanto sua mente a levava de volta para o templo e para o mercenário de olhos dóceis como o de um filhote, porém tão inquisitivos quanto o de uma águia.
— Se fosse alguns meses atrás eu até cogitaria a ideia... — ela voltou os olhos para Gaia, que moveu as orelhas, a encarando. Um sorriso travesso surgiu nos lábios da morena. — Mas agora...
O sorriso desapareceu de seu rosto, fazendo com que o lince erguesse a cabeça, a esfregando contra o peito da amiga que riu.
— Obrigada... O que seria de mim sem você? — ela afagou as orelhas de Gaia, voltando os olhos para a coluna de fumaça e cinzas que se erguia alguns metros floresta adentro, não muito longe dali. E mais uma vez ela sentiu seu coração se partir, enquanto aquela raiva queimava dentro de si, como um poderoso veneno.
Glossário:
*Chaire : Olá ou Tchau (resumindo, uma saudação)
*Misthios : Mercenário
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