written in the sky
aviso de gatilho: o conto a seguir possui alguns tópicos sensíveis e que podem servir de gatilho para algumas pessoas. se esse for o seu caso, por favor, não leia, ou então, pule a introdução do capítulo e inicie a leitura a partir do 10º parágrafo. boa leitura!
Annelise gostava de acreditar que tudo na sua vida acontecia por uma razão, fosse ela boa ou ruim. Sua mãe, uma mulher muito espirituosa, lhe dizia, desde sempre, que o nosso destino já estava traçado desde o nosso nascimento. Como pessoa, Ellie gostava de acreditar nisso, que tudo tinha um propósito. E que mesmo quando as coisas não saíam como gostaríamos que fosse, talvez, uma experiência ruim poderia gerar aprendizado para um evento subsequente. Era uma linha de raciocínio complexa, mas um tanto quanto lógica.
Quando adolescente, ela não entendia muito bem o que sua mãe queria dizer com todas aquelas coisas. Na verdade, Ellie achava que isso tudo não passava de uma grande teoria da conspiração de sua mãe, que, como professora de filosofia, era extremamente cética. Mas com o passar dos anos, Annelise passou a entender o que sua mãe queria dizer.
Aos 12 anos, quando perdeu seu pai, a garota pensou que não pudesse suportar tanta dor. Não era justo perder um dos seus heróis, simplesmente porque tinha que ser assim. Mais tarde, ela entendeu que Octavio estava sofrendo muito mais em vida, do que sem ela. Na realidade, Annelise se recusava a acreditar que seu pai perdera a vida. Para a garota, ele apenas fizera a sua passagem. E ela esperava, do fundo do coração, que tivesse sido uma passagem tranquila e serena, como ela sabia que ele merecia.
Ao decorrer dos anos, quanto mais sábia ficava, mais Annelise se interessara pela medicina. Prometera, para si mesma, que honraria a memória do seu pai cuidando das vítimas daquela doença tão silenciosa e devastadora. E assim o fez. Não fora fácil, mas desistir nunca sequer foi uma opção para a inglesa.
Ellie dera tudo de si. Toda a sua dedicação, o seu conhecimento, o suor e as lágrimas, em prol daquela profissão. Se entregara, de corpo e alma, durante longos e árduos anos da sua vida, para a realização daquele sonho. E mesmo com todas as adversidades que enfrentara pelo caminho, ela conseguiu. Realizou o seu sonho e se formou na faculdade de medicina. E mesmo que ainda estivesse relativamente longe do seu maior objetivo, sabia que tinha dado um passo enorme em direção a ele e, por isso, celebrara com orgulho e afinco aquela primeira conquista.
A residência, por sua vez, se mostrara muito mais intensa e turbulenta do que Annelise achava que era possível. Em alguns momentos, era difícil controlar as emoções e deixar que apenas o lado racional trabalhasse, mas mesmo nessas situações, Ellie não se arrependia da profissão que escolhera.
Pelo menos ela achava que não.
Naquela noite, em seu descanso pós-plantão, um de 24 horas, em que Annelise não conseguira fechar os olhos nem mesmo por um milésimo de segundo das suas horas de repouso obrigatório, a residente fora liberada para ir para casa. Ela estava exausta, é verdade. Sentia cada fibra do seu corpo doer, mas o cansaço físico não parecia nada, se comparado com o turbilhão que se passava em sua mente.
Perder um paciente, mesmo em fase terminal, nunca era fácil. E Annelise duvidava veementemente que algum dia seria. Estava lidando com vidas, afinal. E para o azar dela, a parte mais difícil do processo, que era notificar a família, sempre sobrava para os residentes. Gritos, urros e choros contidos faziam parte de sua rotina. Mas naquele dia, em específico, Ellie parecia estar com dificuldade para processar os acontecimentos da última madrugada. Margot era jovem e mesmo com todos os motivos do mundo para se lamentar, era uma garota linda, sorridente e parecia estar de acordo com o que o destino reservara para ela. Era injusto como o inferno, mas seu último pedido, um dia antes, foi que ela pudesse assistir à final da Eurocopa, entre Inglaterra e Itália. E mesmo que seu plano de saúde não cobrisse o mais confortável dos quartos, os médicos, evidentemente, se moveram para atender aquele pedido. Era quase como se ela soubesse o que estava por vir. E então, na madrugada de domingo para segunda, a jovem Margot fez sua passagem. Annelise precisou de alguns bons minutos, trancada em um dos almoxarifados do hospital, para se recompor. Margot tinha a mesma doença do seu pai, e aquilo, de alguma forma, a tocou em um ponto muito sensível e que, há tempos, estava adormecido.
Quando foi liberada do seu plantão, Annelise só conseguia agradecer por finalmente poder respirar ar puro e sem resíduos hospitalares a cercando, por onde quer que ela fosse. Dirigiu até seu apartamento, inalando todo o ar que seus pulmões conseguissem suportar. O trajeto, que Ellie costumava fazer em poucos minutos, pareceu durar uma eternidade, mas ela achava que estava fazendo um bom trabalho no que dizia respeito a controlar suas próprias emoções. Ao entrar embaixo do chuveiro e deixar a água quente cair em suas costas, entretanto, a residente desatou em lágrimas, sentindo todo o choro entalado em sua garganta se esvair pelo ralo acompanhando a água corrente.
Estaria mentindo se dissesse que o banho fora o suficiente para renovar suas energias. E mesmo fisicamente exausta, Annelise ainda não sentia sono. Na verdade, era exatamente o oposto. Ela sentia que, caso fechasse os olhos, todas as memórias da noite passada voltariam a assombrá-la. E, portanto, a melhor opção que encontrou, foi colocar uma roupa casual e fazer algo que ela que não fazia com muita frequência: tirar um tempo para si mesma e desfrutar da sua própria companhia.
O London Rooftop Bar não ficava muito longe do seu apartamento, o que permitiu que Ellie pudesse ir caminhando até lá. O verão europeu ainda não tinha chegado no seu ápice, mas não é como se as noites londrinas fossem as mais quentes que existiam, de qualquer maneira. O clima estava agradável o bastante para que não precisasse usar casacos pesados e botas, mas não o suficiente para dispensar um suéter leve.
Annelise nem sequer conseguia se lembrar de quando fora a última vez que tirara um tempo para si mesma. Vivia em função do hospital e quando não estava nele, se dividia entre descansar e estudar, às vezes, os dois ao mesmo tempo. Na profissão que escolhera, estudar era indispensável para estar sempre atualizada em todas as questões que pudessem agregar conhecimento teórico e prático, e, é claro, salvar vidas, que era o mais importante para ela.
Alguns drinks mais tarde, Ellie já estava se sentindo mais relaxada do que quando chegara ali. Seus pensamentos, pelo menos momentaneamente, pareceram dar uma trégua ao seu corpo, e pararam de trabalhar em uma velocidade que era impossível de acompanhar. Estava tão alheia a tudo ao seu redor, que quando se deu por si, estava prestando atenção na conversa do barman e da pessoa que, provavelmente, ocupava um dos bancos atrás de si. A sua voz soava familiar, mas Annelise não queria se virar para conferir. Temia que aquela fosse só a sua mente, que há mais de 24 horas não sabia o que era descansar, tentando lhe pregar uma peça. A conversa, no entanto, não era nenhum pouco do seu interesse. Futebol, a inglesa riu. Fazia tanto tempo que não assistia a uma partida. Quando se trabalha em turnos de 12 e 24 horas, existem algumas regalias que não faziam parte da sua rotina, assistir ou praticar esportes estavam entre elas.
- Que merda, Jack, o que fizeram com aqueles garotos foi brutal, especialmente quando haviam outros nomes muito mais experientes à disposição. Como você - o barman, que Annelise sabia se chamar Patrick, devido ao pequeno crachá em seu avental, queixou-se.
A menção àquele nome, no entanto, desbloqueara uma memória há muito tempo adormecida em uma parte pouco visitada das memórias de Ellie, que não aguentou a curiosidade, e girou-se ligeiramente no banco que ocupava, bem a tempo de ver o homem sentado a dois bancos de distância dela dar de ombros.
- Eu também acho, mas não é como se pudesse bater de frente com Southgate, de qualquer maneira - o homem rebateu, visivelmente cabisbaixo. Annelise precisou piscar algumas vezes, a fim de processar a figura em sua frente.
Coincidências como aquela não costumavam acontecer com muita frequência na vida da residente. Não quando ela quase não saía de casa. Não em uma cidade tão grande e movimentada quanto Londres, em plena segunda-feira.
- J-Jack? - Ellie sibilou o nome do futebolista, engolindo em seco, sem conseguir esconder a surpresa em seu semblante por reencontrá-lo depois de tantos anos. O inglês, por sua vez, pareceu tão surpreso quanto ela, desviando sua atenção do barman para fitá-la, ele sorriu ladino.
- Annelise Harper? É você mesmo? - Jack soprou, arqueando uma das sobrancelhas, sem conseguir acreditar que aquilo estava realmente acontecendo.
Patrick, que acompanhava a cena com uma curiosidade explícita, se afastou sem ser notado. Quando dois conhecidos se reencontram assim, a conversa sempre vai longe, ele sabia disso. Já tinha visto aquela cena se repetir infinitas vezes em sua presença.
- Em carne e osso - rebateu prontamente, deixando escapar uma risada leve. - Uau. Você é a última pessoa que eu esperava encontrar aqui hoje - admitiu, colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha. Jack, por sua vez, se permitiu pular os dois bancos que os separava e acomodou-se ao lado da inglesa.
- Em Londres ou em um bar? - Quis saber, fitando-a com expectativa.
- Nos dois, pra falar a verdade - riu, fincando seus olhos curiosos sobre o inglês. Jack tinha mudado muito, ela não tinha dúvidas disso. Os seus cabelos ainda eram penteados da mesma forma que ela se lembrava, mas agora tinham uma coloração diferente, um tom de loiro que combinava com ele. Os seus traços, estavam naturalmente mais maduros e ele tinha uma barba agora. Ele estava muito bonito.
- Nós perdemos a final da Eurocopa ontem, você não viu? Afogar as mágoas pareceu uma boa ideia - riu sem humor.
Ellie não pôde evitar que um suspiro exasperado escapasse por seus lábios, negando com a cabeça.
- Oh, é verdade. Eu fiquei sabendo, mas não, não vi o jogo. Eu não acompanho mais futebol, desde que, você sabe... O nosso término - revelou, engolindo em seco. Apesar de não parecer, o término tinha, sim, sido amigável e acordado entre as duas partes da relação. Jack estava em uma crescente no Aston Villa e, na época, gostaria de focar única e exclusivamente no seu futebol. Ellie, por sua vez, não ficava muito atrás disso. A faculdade de medicina era exaustiva e a inglesa não tinha muito tempo livre para nada que não incluísse passar todas as horas do seu dia mergulhada em livros e estudos de casos clínicos. - Sinto muito por isso. Vocês mereciam esse título. Foi uma campanha e tanto.
- A Inglaterra merecia esse título - deu de ombros. Seus planos para aquela noite definitivamente não incluíam falar sobre a final do dia anterior. A derrota para a Itália, nos pênaltis, ainda era recente e dolorida. - E então, o que você tem feito? Acredito que você já esteja formada agora.
- É, eu me formei há dois anos e agora estou fazendo residência, em Oncologia.
- Eu lembro que você dizia que faria ortopedia e cuidaria das minhas lesões quando estivesse formada - riu, sentindo o sabor agridoce daquela lembrança tão antiga, mas ainda tão vívida em seus pensamentos. - Parece que algumas coisas mudaram.
- Caramba, que surpresa encontrá-lo aqui, Jack! - Ellie exclamou, ainda atônita. - Eu sempre achei que se algum dia isso fosse acontecer, seria em Birmingham, e não em Londres.
- A vida gosta de nos surpreender às vezes, Ellie - Grealish murmurou, muito mais para si mesmo do que para Annelise. Seu tom era de pura melancolia e seu olhar acabou se perdendo na mulher à sua frente. Ellie ainda tinha os mesmos traços de menina de seis anos atrás, fazendo Jack sentir como se o tempo não tivesse passado para ela, embora ela estivesse ainda mais bonita do que já era quando eles ainda eram um casal. - Você quer, hum... - o futebolista hesitou, espremendo os lábios em uma linha fina, incerto se deveria prosseguir. No entanto, a inglesa assentiu positivamente com a cabeça, como em um pedido silencioso para que ele terminasse a frase. E assim ele o fez. - Ir para uma mesa?
- Claro! Quero que você me conte tudo - exclamou, oferecendo um sorriso animado e sincero.
A história de Jack Grealish e Annelise Harper não se parecia com um conto de fadas ou um romance hollywoodiano, mas era especial e significativa para ambos os lados. Conhecidos de infância, Jack e Ellie nasceram e cresceram em Birmingham, onde o futebolista e sua família vivem até hoje. E por serem vizinhos de porta e possuírem a mesma idade, consequentemente, cresceram juntos. Foram longos anos de uma amizade pura e genuína, até descobrirem que os sentimentos que nutriam um pelo outro iam muito além da amizade construída e nutrida por eles. Até que, enfim, aos 17 anos, decidiram oficializar a relação que já corria em segredo entre eles há algum tempo. Fora apenas três anos de relacionamento antes que suas vidas começassem a tomar rumos diferentes e eles, amigavelmente, decidirem colocar um ponto final na relação. O carinho e o respeito, obviamente perdurariam por toda a vida, mas naquela época, Jack estava focado demais no futebol e em desenvolver-se cada dia mais no Aston Villa, enquanto Ellie ia para o segundo ano da faculdade de medicina.
Os seis anos que se passaram depois disso não foram muito diferentes. Pelo menos não para Jack, que permanecia no Aston Villa e, por consequência, em Birmingham. Annelise, entretanto, só permaneceu em sua cidade natal por tempo suficiente para se formar. Há dois anos vivia em Londres e sentia que ali era o seu lugar. Não conseguia mais se imaginar em outro lugar, senão ali.
Mas a verdade é que, reencontrar Jack em Londres, depois de tantos anos, e de uma forma tão casual quanto aquela, inevitavelmente plantara algumas dúvidas hipotéticas e platônicas na cabeça da inglesa, que debatia consigo mesma como as coisas teriam se desenvolvido se tivessem escolhido outro momento. Se ainda estariam juntos ou se sequer havia alguma chance para eles dois.
Jack Grealish fora o seu primeiro namorado e, até o presente momento, o único em sua vida. Tinha, é claro, se envolvido com algumas pessoas no decorrer dos anos, mas sua cabeça sempre estivera tão concentrada em seus objetivos e em se formar, que nunca conseguira manter uma relação por muito mais do que alguns meses, que, normalmente, era tempo suficiente para que o outro lado se cansasse da falta de disponibilidade e também de vontade e esforço de Annelise para manter uma relação saudável e aprazível.
Jack, por outro lado, tivera inúmeros relacionamentos durante esse mesmo período. Alguns duradouros, outros, nem tanto. E quando ele não era o responsável por cometer algum erro que colocava um fim na relação, então acabava tendo o azar de encontrar alguém tão romanticamente desastrada quanto ele próprio e que fazia o serviço por ele.
Era estranho pensar no quanto suas vidas tinham mudado, mas mesmo assim, ainda se pareciam com os adolescentes apaixonados com sede de conquistar o mundo que um dia foram. Ainda não tinham conquistado, é verdade, mas sabiam que estavam cada passo mais próximos desse objetivo. Com a grande diferença de que agora eram adultos e maduros o suficiente para reconhecerem o quanto o tempo fizera bem para eles e o quanto as imprevisibilidades da vida eram cômicas e pareciam acontecer no momento certo.
- Você falou tanto sobre a sua rotina insana, mas ainda não me contou o que está fazendo em um bar em plena segunda-feira - Grealish acusou, os lábios se curvando em um meio sorriso enquanto mantinha as sobrancelhas arqueadas, quase desafiando-a a sanar aquela dúvida.
Ellie sorriu triste. Não queria lembrar do motivo pelo qual decidira vir até ali. Pelo menos não agora que estava tendo um momento com Jack.
- Nós, hum, perdemos uma paciente durante o plantão. Ela era uma grande fã de futebol e seu último pedido foi assistir ao final de ontem - Ellie soprou, desviando o olhar para a taça em sua mão, sacudindo a fatia de morango que boiava sobre o líquido até então intocado por ela.
- Sinto muito por isso, El - Grealish murmurou de volta, alcançando a outra mão de Annelise em cima da mão e entrelaçando seus dedos aos dela, obrigando-a a levantar o olhar para encarar suas mãos unidas sobre a mesa. Ela não precisou dizer nada, ele sabia que ela estava agradecida por aquele pequeno gesto de conforto.
- O que acha de esticar essa noite mais um pouco? Eu moro aqui perto, nós podemos tomar um vinho, quem sabe? - A mulher sugeriu, fincando seus olhos castanhos sobre o futebolista, que ainda tinha sua mão sobre a dela, e apertou-a suavemente, abrindo um sorriso carregado de intenções que Annelise talvez não fosse capaz de desvendar sozinha.
- Tem certeza que é isso que você quer, El? Nós somos adultos agora e sabemos bem como isso acaba - insistiu, torcendo mentalmente para que ela não mudasse de ideia. Porque se Ellie quisesse aquilo que ele imaginava que ela queria, tanto quanto ele desejava poder tocá-la e senti-la novamente, então eles definitivamente estavam na mesma página. E estar na mesma página, para eles, era simplesmente aceitar que, às vezes, o destino trabalha de maneiras incompreensíveis. Mas não é como se eles quisessem questioná-lo, de todo modo.
Annelise sorriu à menção do apelido que apenas Jack usava com ela. Oh, sim, ela estava mais do certa de que era exatamente o que ela queria e ele entendeu isso.
- Eu vou pagar a conta. Você tá de carro? - O inglês quis saber, levantando-se e levando a comanda eletrônica junto de si.
- Não precisei. É realmente perto, você vai ver - devolveu, lançando uma piscadela para o jogador, que assentiu em concordância antes de dar as costas em direção ao caixa.
A caminhada até o prédio onde Ellie morava fora breve e preenchida por um silêncio confortável. Jack olhava tudo ao seu redor despreocupado, vez ou outra cumprimentando algum torcedor que o reconhecia e desejava palavras de conforto referente ao jogo do dia anterior, que ele gentilmente agradecia enquanto seguia o trajeto ao lado de uma Annelise calada. Ele se perguntava se ela se arrependera do convite, mas preferia acreditar que não, já que a iniciativa tinha partido dela mesma.
Por sorte, suas desconfianças não passaram disso mesmo, de desconfianças, já que assim que passaram pelo porteiro, desejando uma boa noite e deixando-o com uma cara de espanto para trás por ter um jogador da seleção inglesa entrando no condomínio, as feições de Annelise relaxaram e seus músculos retesados também. A grande surpresa, na verdade, veio quando as portas do elevador se fecharam e Ellie puxou Jack pela barra de sua jaqueta, colocando-o de frente para si e pousando suas mãos quentes no rosto do jogador, que fechou os olhos ao toque dela, apenas desfrutando daquele carinho não premeditado. A residente levou o seu dedo indicador até os lábios do futebolista, desenhando-o vagarosamente antes de finalmente dar o passo que que acabaria de uma vez por todas com a distância entre eles. Pouco se importava se o elevador parasse e alguém entrasse ali. Estava desejando sentir aqueles lábios nos seus desde que iniciara uma conversa animada com Grealish acerca de seus passados e de tudo o que fizeram durante os anos que passaram sem notícias um do outro. Queria saber se ele ainda beijava tão bem quanto ela se lembrava. Queria sentir a pele dele na sua. Queria tê-lo, como jamais imaginou que pudesse ter novamente. E por mais paciente que Jack estivesse sendo naquele momento, a calma tortuosa de Annelise acabara fazendo com que ele mesmo tivesse que tomar a inciativa de puxá-la pela cintura e tocar os lábios dela com os seus, em um contato leve e suave, como se para fazer reconhecimento daquela boca que não mais lhe pertencia, mas que, naquele momento, ele sentia que sim, era sua.
E Annelise silenciosamente se sentia da mesma maneira. Naquela noite, ela era dele. E ele era dela. Como se o tempo nunca tivesse passado. Ou melhor, como se eles estivessem retomando exatamente de onde pararam. Com o mesmo respeito e carinho que sentiam um pelo outro há seis anos atrás. E também com amor, é claro. Não poderia ser diferente. Se amaram quando ainda estavam descobrindo o que era amar. E terminariam aquela noite se amando da mesma forma.
Porque se nem mesmo todos os anos que passaram separados, sem nenhum tipo de contato ou notícias acerca um do outro, fora o suficiente para quebrar aquele laço metafórico que criaram quando ainda eram dois adolescentes sem muitas perspectivas de vida, talvez, nada fosse capaz de quebrar aquele vínculo.
Afinal, o amor adormecido de Ellie e Jack estava escrito no céu, nas estrelas e em qualquer outro lugar. Era só eles olharem. E sabiam que estaria lá.
uma vez, quando a gente ainda nem se conhecia tão bem quanto hoje em dia, e nem sequer fazíamos ideia de tudo o que iríamos viver juntas, você me presenteou com um conto que até hoje é um dos mais especiais que eu já li na minha vida. E hoje é a minha vez de retribuir.
ontem você me disse que tava triste, e mesmo sabendo que isso aqui não é nada, ou talvez seja o mínimo que eu possa fazer, eu espero que você goste e que isso possa fazer você se sentir pelo menos um pouquinho melhor.
obrigada por tudo o que vivemos até aqui. Eu amo você muito, muito, muito mesmo! autoraisadora
•
aos demais leitores que chegaram até aqui, obrigada por lerem e espero que tenham gostado da Ellie e do Jack e desse reencontro deles
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