the very first night | pedri gonzález
BARCELONA — UM ANO ATRÁS
O barulho irritante dos tênis de Lana retumbava ao longo do corredor. Se a garota estivesse tentando não chamar a atenção, já teria acabado com tudo logo de início. Era um tec tec que grudava na cabeça, anunciando em um ritmo constante que algo estava acontecendo. Algo muito importante estava acontecendo.
Alguns dos jogadores na academia prestaram atenção na menina enquanto corria em direção a última sala do corredor — aquela com o nome Trevissan na plaquinha de identificação, alta e branca, destoando das demais. Nenhum deles parecia de fato se importar. Era uma cena comum ver a filha do fisioterapeuta por ali inúmeras vezes. Entretanto, não era comum que ela estivesse correndo, sem se importar com eles.
A maioria dos futebolistas do Barcelona conheciam Lana há muito tempo; a garota estava sempre na cola do pai, com olhos curiosos e sorriso tímido, coexistindo com todos eles desde muito pequena. Quando criança, Leo Messi era quem chamava a atenção dela. Ele era engraçado e gentil, deixava com que ela brincasse com os filhos dele e seu irmão, Jonathan, o chamava de tio, como se fosse parte da família. Era assim que o jogador argentino fazia com que se sentissem, como parte da família.
No entanto, os novos jogadores não eram tão interessantes quanto Messi era. Lana já não era mais uma criança e não se escondia na sombra do pai como antes. A maioria deles tinham idades próximas a dela e a garota tinha noção de como meninos como eles poderiam ser impertinentes.
Eles a intimidavam boa parte do tempo, como se fossem deuses ou bestas dentro da gaiola que era o Centro de Treinamentos do Barcelona. Sempre que esbarrava com alguns dos rapazes, acabava fazendo de tudo para manter as interações o mais impessoais possíveis. Eram cumprimentos rápidos e glaciais, poucos sorrisos e poucas palavras. Ela sabia que alguns dos garotos a chamavam, carinhosamente como Jonathan gostava de lembrar, de Rainha de Gelo, mas não se importava de se manter distante deles. Tudo de que ela não precisava era de problemas com o elenco do clube que o pai trabalhava e se eles a temiam de alguma forma ou a viam como alguém inalcançável, melhor.
Não que o pai se importasse. Quando ela estava ao redor dele, seguindo os treinos dos jogadores, gostava de dizer a todos como estava orgulhoso da filha mais nova. Jonathan havia passado pelo mesmo antes de se mudar para Manchester há dois anos. A diferença era que Jonathan não era tímido e nem uma garota. Ele gostava de se divertir com todas aquelas pessoas e Lana gostava de ficar nas arquibancadas, apenas observando a vida passar dentro do clube.
Quando a academia ficou para trás, os jogadores também ficaram. Nenhum deles parou para perguntar o que ela estava fazendo. No fim das contas, todos sabiam que Lana Trevissan não estaria ali se não precisasse estar. E pela euforia que a seguia pelo caminho, parecia uma boa notícia que a levava até a sala do pai com tanto fervor.
Ela correu como um foguete, mal conseguindo distinguir quem estava no corredor com ela. Quanto mais corria, mais longe sentia que o destino parecia estar. A folha na mão começava a umedecer devido ao suor nas palmas. Estava quente, um calor infernal por toda Catalunha, mas a corrida do estacionamento até ali cobrava seu preço também.
Os seguranças sempre deixavam que ela entrasse com tranquilidade, eles conheciam a garota desde que tinha cinco anos, aparecia dia sim e dia não segurando a mão do papai enquanto desbravava as dependências do clube. Durante toda a vida foi isso que fizera. Lana cumprimentou cada um deles com um sorriso que ia de orelha a orelha e eles descobriram na hora o que estava acontecendo.
Os jogadores afugentaram a menina para longe enquanto crescia, mas o restante dos membros do clube eram quem ela realmente gostava. Ela sentava com cada um deles e passava horas conversando. Sua família, no fim das contas, eram aquelas pessoas também. O pai vivia ali desde que a mãe de Lana morreu. Jonathan e ela haviam aprendido a tratar cada um que conheciam dentro do Barcelona como parte da família confusa que tinham e foi assim durante muito tempo.
A respiração da garota falhou quando enxergou o nome do pai na placa.
Então, o mundo virou de cabeça para baixo.
Quando Lana era criança, a mãe dizia que não deveria correr pela casa. Principalmente de meia. Foi assim que quebrou um braço quando tinha dez anos e foi assim que arrumou uma cicatriz no queixo ao cair depois de fugir do irmão mais velho em uma das brincadeiras constantes dos dois.
Ela foi uma criança arteira. Nada mudou ao longo dos anos. Não seguir as regras costumava ser o maior prazer da garota, mesmo sendo filha de alguém que amava manter a ordem.
Não seria diferente agora.
Lana colidiu com algo sólido — ou alguém — saído de sabe Deus onde. Não teve tempo de refrear os passos. Uma hora, não havia nada, em seguida, vermelho, azul e olhos muito escuros estavam sobre ela. O corpo bateu contra o dele com um impacto firme. Ele soltou uma exclamação chocada no instante em que a garota o levou ao chão sem que pudesse fazer algo para reverter a situação.
O pobre coitado caiu de costas, com um peso extra sobre o peito e um baque estrondoso e vergonhoso. Ela fechou os olhos antes de ver o chão. As mãos tentaram protegê-la do impacto iminente, apertando-a em um abraço.
Pareceu que uma vida inteira passou ao redor de Lana enquanto alguém exclamava uma série de palavrões não muito longe dali. Sentiu o coração parar de bater e a respiração se perder em um lugar que ela não poderia resgatar. Cinco segundos foram o suficiente para a garota perceber que estava sobre a pessoa com quem havia esbarrado e que os rostos dos dois estavam muito próximos, respiração se misturando com respiração. Tão perto que ela podia sentir o hálito dele bater sobre a bochecha dela e o peito subir e descer sem fôlego.
Lana assistia muitos filmes clichês e sabia que aquela cena era uma das boas. O momento exato em que o mocinho e a mocinha descobririam que havia algo além das provocações que trocavam.
Era uma pena que não estivessem em um filme.
Abriu os olhos.
Embaixo dela, um garoto atordoado xingava e reclamava de dor. A face dele estava contorcida e formava uma careta característica para alguém que havia acabado de sofrer uma das quedas mais humilhantes que o ser humano poderia sofrer. No entanto, assim que abriu os olhos e a fitou, ele pareceu congelar.
Bonito. Confuso. E, droga, ela o conhecia bem demais para não querer morrer naquele exato momento.
Teve a decência de corar assim que reconhecimento tomou conta dela.
O cabelo molhado estava grudado na testa e a barba por fazer despontava pela pele bronzeada dos dias de férias que o time recebeu ao fim da temporada passada. Mas o que a deixava completamente atordoada eram os olhos.
Negros como a noite. Tão escuros que pareciam querer sugá-la para dentro daquele céu sem estrelas. Eram olhos pequenos, estavam semicerrados em uma eterna dúvida, mas eram os olhos mais bonitos que já havia visto. Tão profundos e hipnóticos que a fizeram entreabrir a boca em uma confusa exclamação de fascínio.
— Pedro — Lana soltou um muxoxo.
— Lana — ele retribuiu, franzindo ainda mais o cenho. — Você se machucou? — sussurrou, tentando erguer a cabeça. O que não foi uma boa ideia, afinal, se os dois já estávamos próximos antes, agora ela poderia tocá-lo mesmo se não quisesse. A garota não sabia bem o que dizer. Estava consciente de como as mãos dele seguravam a cintura dela e seu corpo estava todo sobre o dele, como estavam muito perto um do outro e seu coração parecia ter voltado a funcionar, batendo como um louco. — Ei, você me ouviu?
Negou com a cabeça. Se falasse, talvez a situação ficasse pior para o lado dela. O rapaz analisou seu rosto e uma das sobrancelhas arqueou, uma leve expressão de desconfiança tomando conta dele. Ele nunca parecia mudar, não importava quanto tempo ela continuasse fugindo. Eram aqueles mesmos olhos, aquela mesma expressão de hesitação que os separava. Lana mordeu o interior da bochecha, reprimindo a vontade de dizer o quanto aquelas írises a assombravam todos os dias.
— Cara, tá tudo bem? — outra voz surgiu e a garota seguiu o movimento do rapaz em direção a ela.
Quase guinchou em descontentamento quando percebeu quem era. Era claro que, se Pedri estava ali, a sombra do meio-campista também estaria. Gavi observava os dois com curiosidade e preocupação que regavam as orbes dele, muito mais claras que as do rapaz abaixo de Lana. Eles eram melhores amigos inseparáveis. Gavi era praticamente uma criança e Pedri o tratava como se fosse seu irmão mais velho, cuidando para que ele não entrasse em nenhuma confusão.
— Tudo bem — o jogador resmungou, contrariado. — Meio pesado aqui, mas tudo bem.
A garota ficou vermelha. O calor subiu pelo pescoço e se alastrou pelo resto do corpo. Gavi riu, tentou esconder a risada, mas acabou não conseguindo. Do âmago de Lana, ela buscou encontrar a própria voz:
— Sinto muito! — Impulsionou o corpo a ficar de pé, apertando sem querer a mão sobre o peito dele e recebendo outra exclamação de dor como resposta. A incapacidade da garota de fazer as coisas certas acabou causando mais alguns prejuízos ao garoto e pelos próximos dez segundos se atrapalhou com os pés e as mãos, mas, enfim, conseguiu se afastar dele e ajudá-lo a ficar de pé também.
Nenhum osso estava quebrado e nenhuma parte do corpo parecia machucada. A única coisa sem conserto era o ego de Lana.
— Foi uma interceptação e tanto — Gavi comentou, juntando o celular do amigo que havia caído com o impacto. — Acho que a gente tá precisando de um zagueiro tão forte assim.
Era óbvio que o garoto estava tentando amenizar o clima, mas não funcionaria. Pedri o ignorou e prendeu o olhar nela. Ela não se lembrava com muita clareza da última vez que havia estado na presença dele, mas se lembrava de tudo antes do último dia.
O pai havia dito que o menino era um dos bons, tinha grandes chances de amadurecer no Barcelona e se tornar uma daquelas estrelas brilhantes que todos os outros clubes desejariam ter. E ele de fato era. Mas Lana não tinha certeza de que uma estrela brilhante poderia ser mais do que isso até o dia que soube que Pedri era a mais brilhante de todas.
Ele parecia não ir muito com a cara dela na época. Lana também não era a pessoa mais carismática do mundo e quem sabe estar sempre fugindo e se escondendo fizesse aquele garoto tirar conclusões precipitadas sobre ela.
Por algum motivo, havia algo nele que chamava a atenção da garota.
Ele era inebriante. O sorriso que dava aos outros jogadores fazia a garota desejar recebê-los também. Passava os dias assistindo aos vídeos com o jogador nas redes sociais do clube e o resto do tempo livre observando os treinos enquanto tentava estudar. A curiosidade dela era um segredo, mas também era uma verdade que em determinado momento, o jogador passou a perceber.
Até que as coisas entre eles ficaram estranhas de novo e Lana passou a ser um arrependimento e a Rainha de Gelo que sempre fora.
Ou tê-lo beijado escondido do mundo inteiro e fugido tenha dado a ele o recado errado, disse a si mesma.
Com os dois pés no chão, percebia como Pedri usava o uniforme de treino do clube e era mais alto do que ela, longe demais para que mantivesse os olhos no mesmo nível que os dele, mas perto o suficiente para deixar que seus pensamentos voassem para lugares que a seguiam onde quer que ela fosse. Como no dia que a conversa regada de provocações levou a menina a ficar na ponta dos pés e roubar um beijo dele. Um beijo que ele gostou de retribuir no instante seguinte. Ela poderia dizer que Pedri foi o único jogador do clube que a conquistou desde Messi, mas era ainda pior que isso.
Ele a conheceu. E saber que aquele garoto a conhecia melhor do que ninguém poderia deixá-la louca.
Ele se ajeitou desconfortável, provavelmente sentindo alguma dor ou apenas a necessidade de fugir de Lana como ela fizera com ele.
A garota ficou envergonhada novamente, esquecendo-se de que tinha uma missão ali e nada tinha a ver com derrubar garotos pelos corredores. Olhou para trás e percebeu que alguns dos outros caras estavam na porta da academia, observando.
Alguém riu. O clima tenso quebrou quando Gavi notou que estava sobrando naquele encontro. Ele caminhou para perto do amigo e socou o ombro dele, chamando a atenção de Pedri para si. Foram os dois segundos mais longos da vida de Lana enquanto o garoto desprendia o olhar dela e fitava o melhor amigo.
— Bela maneira de começar o dia. Você é a Lana, não é? Filha do velho Trev?
Ela assentiu para o menino. Conhecia Gavi de vista, era um dos garotos da base do Barcelona que havia estreado há pouco tempo no time principal e se tornava gradativamente a grande esperança do clube. Tinha o rosto de uma criança e o jeito de adolescente marrento que boa parte dos meninos mais novos do clube tinham. Assim como os demais, ele mantinha distância da garota, mas não disfarçava os olhares quando estavam no mesmo lugar. Fosse qual fosse o motivo, ainda assim ele também parecia temer o que a aproximação significaria.
Pedri foi o único que não temeu. E era o único que estava lidando com as consequências.
— Sou — respondeu.
— Eu sou o Pablo Gavira — disse ele. — Ou Gavi. É melhor Gavi, pra falar a real. Você pode me chamar assim.
Pedri bufou uma risada sardônica para o amigo. Com um dar de ombros, afastou os braços do garoto que o apertavam em um abraço desajeitado.
— Você nem disfarça — ele murmurou, escrutinando o amigo com desdém. Lana percebeu tudo que ele não dizia, querendo ou não. Tinha a ver com o espasmo involuntário no sorriso forçado e a tensão entre as sobrancelhas, tornando a expressão relaxada que ele tanto queria demonstrar em uma careta que dizia tudo o que ele não queria dizer. Ela também o conhecia melhor do que ninguém àquele ponto.
O jogador pegou o celular e começou a digitar, deixando Lana e Gavi para trás. Ela quis gritar com ele e fazer o mesmo, dar as costas e esquecer que havia esbarrado com o garoto de novo. Era muito melhor quando os dois fingiam que não se conheciam. Quando fingiam que não havia coisas a dizer um ao outro.
Gavi ignorou Pedri. Esticou a mão para Lana com um sorriso solene enfeitando o rosto. Era como se a atmosfera causticante não existisse para ele. Lana segurou a mão do jogador, mas não conseguiu deixar de procurar pela reação de Pedri. Sabia que ele estaria olhando, aqueles olhos curiosos que o levaram até ela pela primeira vez ainda mais confusos enquanto observavam aquela interação.
Gavi sorriu galanteador.
— Muito prazer, Lana.
— Muito prazer, Gavi — sussurrou ela.
— Nós precisamos ir, Gavi — Pedri avisou, guardando o celular no bolso da bermuda de treino.
Soltou a mão do garoto e se sentiu impelida a correr para longe dos dois. Ainda estava morrendo de vergonha do que acabara de acontecer e o garoto de olhos escuros que atormentavam a mente dela estava deixando-a nervosa com a atitude condescendente. Não que ela devesse se importar, mas por algum motivo estava se importando. Gavi concordou com ele com um aceno rápido e um sorriso simpático para a garota.
— Nos vemos por aí — ele prometeu e acenou com a mão enquanto se afastava.
Nota mental, ela pensou, dizer ao papai que alguns jogadores poderiam ser legais.
Pedri a encarou. Bom, mas nem todos poderiam ser legais. E talvez a culpa fosse dela.
— Desculpa — ela murmurou para ele, tentando demonstrar o próprio arrependimento. Ele não conseguia decidir se ela estava falando do tombo ou do que acontecera um ano antes. — Eu não deveria ficar correndo assim por aí.
— Sem problemas. — Ele tentou dar um sorriso cúmplice, mas falhou.
O jogador não precisava fingir que havia cumplicidade entre eles, mas gostava de tentar ser legal. Se provasse para Lana que, apesar de tudo, ele estava tentando ser maduro, ela perceberia que não era como o resto deles. Mas quem ele queria enganar? Decepções poderiam ser superadas, no entanto, Lana Trevissan era uma exceção. Ele nunca conseguiria superá-la, era um fato. Não quando não conseguia tirá-la da cabeça. Pensava nela a cada segundo do dia; lembrava-se dos dias em que as risadas dela eram seu som preferido, quando andar de mãos dadas pelos corredores, fugindo daqueles que jamais deveriam saber sobre os dois, era o passatempo favorito da dupla, ouvi-la falar sobre os sonhos era tudo que ele desejava e beijá-la soava como o paraíso no coração do jogador.
Se apaixonar por ela era mais fácil do que controlar um jogo de futebol. Descobriu que gostava de estar apaixonado tanto quanto gostava de entrar em campo.
E assim como aprendera isso, também aprendera que era muito fácil ser magoado quando a guarda baixava.
A atenção dele foi para o chão e ele franziu as sobrancelhas. Pedri se abaixou e voltou com uma folha de papel nas mãos. Lana ficou estática por um momento, lembrando o motivo de estar correndo ali. Papai. Precisava encontrar o pai. O jogador analisou a folha e sorriu. Ele literalmente sorriu.
— Caramba, você conseguiu um papel em um musical da Broadway? — Os olhos escuros subiram até os dela, não pareciam mais uma noite sem estrelas, havia um brilho neles que quase nunca via em direção a ela desde que tudo aconteceu. — Parabéns!
Resfolegou.
Ela ainda lembrava do dia que Pedri a pegou vendo inúmeras audições de outras crianças para o papel que tanto sonhou em protagonizar. Ela estava sentada na arquibancada do campo em que a equipe costumava treinar, mal prestando atenção no time lá embaixo e na conversa do pai com o técnico. Minutos haviam se passado até que uma sombra surgiu sobre ela e aqueles mesmos olhos escuros a fitaram com interesse. Até aquele momento, a única coisa que ela sabia sobre aquele garoto era o nome. Pedro. Mas todo mundo o chamava de Pedri. Por algum motivo, nunca conseguiu chamá-lo assim como todos os outros.
Ele perguntou o que ela estava fazendo, meio hesitante, meio curioso demais. Lana não sabia o que dizer a ele além da verdade. Disse que faria uma audição em Nova York e que estava ensaiando todos os dias, quando estava livre e quando não estava. Contou a ele sobre o sonho de estrelar Dorothy e de trabalhar no teatro pelo resto da vida, que sempre desejou aquilo, mas havia desistido por um tempo. Até que aquele sonho a carregou novamente e lá estava ela, almejando coisas grandes de novo.
Pedri sorriu quando ela terminou de falar, estava sentado ao lado dela enquanto alguns colegas de time faziam exercícios lá embaixo. Ela quis perguntar para ele se não deveria estar lá também, mas temeu que ele pudesse ser obrigado a ir e deixá-la novamente.
Naquele dia ela soube que Pedri prestava atenção nela como ela prestava atenção nele. Não era algo que Lana desejava, mas era algo que acontecia mesmo assim. Ele a deixava curiosa. Era algo bom, mas também poderia ser ruim. A garota conseguiu provar a si mesma que os dois lados daquela moeda poderiam conviver.
Ele entregou a folha para Lana, o e-mail que recebera naquela manhã, a confirmação de que seus testes no início do ano haviam convencido os produtores e de que ela deveria ir para Nova York ainda naquele mês. Lana estava orgulhosa e sabia que o pai se orgulharia também, mas, por algum motivo que não sabia explicar, o olhar de admiração de Pedri a inundou de um sentimento novo.
Um desejo irrefreável de deixá-lo orgulhoso também.
— Valeu... Eu... Eu sempre quis isso.
Ele sorriu um pouco mais. Uma lembrança do tipo de sorriso que ele costumava dar a ela. Pedri sabia, e era tudo que importava naquele instante em que o mundo pareceu fazer sentido novamente.
— Espero que dê tudo certo lá — Pedri disse. Era como se a frieza do primeiro momento não tivesse existido. — Desculpa por antes. Tem certeza de que não se machucou?
— Tenho. Você meio que amorteceu a queda.
O garoto deixou uma risada escapar e anuiu. Ele olhou para a academia e a figura de Gavi na porta esperando. Com um suspiro prolongado, Pedri encarou Lana e pareceu suavizar. Havia tantas coisas que gostaria de dizer a ela, mas nada ousou deixar seus pensamentos. Não era bom com as palavras e não era bom com os sentimentos, mas tentava a todo custo demonstrar para ela o que sentia. O problema era que Lana era tão parecida com ele na maioria das vezes que tornava o relacionamento um completo caos.
— Boa sorte na Broadway, Lana.
— Obrigada. Boa sorte aqui.
Por um segundo, achou que um brilho novo inundou a face do jogador.
BARCELONA — DIAS ATUAIS
No aniversário de vinte anos de Lana, ela voltou para casa para comemorar.
Barcelona era o paraíso perto de Nova York. Sentia falta constantemente da rotina que mantinha na cidade espanhola, junto ao pai, o irmão e a melhor amiga dos tempos de escola, Carola. Não demorou muito a se acostumar com o lugar novamente alguns dias depois de voltar; tinha a liberdade de ir e vir sem precisar de ajuda, a companhia do pai nos dias que não tinha nada para fazer e os passeios com Carola nos finais de semana. E, claro, tinha os jogos do Barcelona para assistir, comentar nas redes sociais e discutir com o irmão mais velho. Jonathan voltou para casa alguns meses antes, pronto para se enraizar ao lado do pai na Catalunha.
Ele estava finalizando a faculdade de fisioterapia, trabalhava em um hospital infantil não muito longe de casa e havia pedido a noiva em casamento poucos dias atrás. Vê-lo crescer dava uma sensação de amadurecimento para Lana, o irmão mais velho era um adulto agora, ela também seria em breve.
Os dias na Broadway não eram simples e nem tranquilos. Trabalhar no teatro não dava muitas oportunidades para a garota, mas tudo o que chegava era lucro. Havia feito audições para um novo filme da Netflix alguns dias antes de voltar para casa durante a pausa do espetáculo. Era um musical adolescente, claro, o roteiro não era nada genial, mas qualquer oportunidade de se tornar conhecida e fazer o próprio trabalho conhecido tinha sua atenção. Não recebeu resposta, mas sabia que todo aquele processo levava tempo.
Aproveitaria os dias em casa para descansar. O que fazia com maestria, diga-se de passagem.
Lana, porém, não esperava que o aniversário se tornaria um evento por desejo do pai.
— Não é todo dia que se faz vinte anos — ele disse a ela, mostrando as fotos do salão que havia alugado para a festa. Era um dos hotéis mais badalados da cidade, tinha lustres de cristal no teto alto e as pilastras gregas faziam o lugar parecer de outro universo, um universo que Lana só via em filmes. Não era o tipo de evento que ela estava acostumada e nem o tipo de evento que ela gostava de participar. As festas com os colegas do teatro em Nova York não envolviam vestidos de gala ou bebidas que ela não saberia dizer o nome nem se quisesse.
No fim das contas, acabou aceitando. Não era como se tivesse escolha. O pai e a cunhada foram quem prepararam tudo. Os convites, o vestido que Lana usaria, a decoração e o bufê. Às vezes Lana se pegava pensando que o pai tentava compensar a falta que a mãe fazia, dando à filha o que ele achava que ela desejaria. Festas luxuosas, carros caros, roupas de grife e tudo que o dinheiro que tinha poderia pagar. Mas, Lana desejava poucas coisas. Ela tinha muito apenas ao lado da família e realizando o sonho de infância.
Havia apenas uma coisa que passava pela mente da menina que ainda não era dela.
Lana encarou o reflexo no espelho. O vestido azul-escuro longo brilhava com pedras prateadas costuradas sobre o tecido grosso. Fazia ela se parecer muito com as princesas que via nas pinturas nos corredores da casa do pai, uma obra de arte que saíra de um dos quadros para viver um dia de conto de fadas.
Ela suspirou fundo, sorrindo para si. Deveria aproveitar aquele momento como se fosse tudo aquilo que imaginava ser.
— Seu pai convidou todo o clube — Carola cochichou atrás de Lana, observando as pessoas ao redor delas dentro do salão.
Apesar de transformar o aniversário de Lana em uma festa muito maior do que ela desejava, ainda assim a garota conseguiu persuadir o pai a não causar tumulto quando chegasse no hotel. Havia câmeras e repórteres do lado de fora, esperando pelos jogadores na entrada como se estivessem participando do Met Gala ou uma premiação, coisa de que Lana não gostaria de lidar no dia seguinte. Por isso, sua entrada foi discreta e a única coisa que aceitou fazer foi cumprimentar cada uma daquelas pessoas e agir, por uma noite, como a anfitriã que era esperado.
O tempo longe de casa a ajudou a se soltar mais. Ainda era tão introvertida quanto antes, mas aprendera a colocar aquele lado de si para longe e mostrar às pessoas quem era sem o olhar gelado e o silêncio que a consumia quando não tinha certeza de que seria capaz de manter conversas prolongadas com pessoas que não conhecia. E estava se saindo muito bem naquele momento.
— Estou começando a entender como a família real vive — Lana comentou com a amiga, colocando no lugar a tiara na cabeça. A garota loira sorriu marota e levou a atenção ao grupo de jogadores que conversavam em uma roda perto do bar. — Não consigo me lembrar do nome de metade das pessoas que estão aqui.
— Você é tão sem graça. Pode conviver com esses caras o tempo que desejar e despreza todos eles como se fosse muito melhor que eles.
Franziu o cenho para Carola e bebeu um gole da bebida. Tinha gosto de morango misturado com álcool e ainda assim não parecia tão bom quanto a tequila que costumava pedir no bar em que passava as noites após os espetáculos em Nova York.
— Eu não desprezo eles. Alguns, talvez. Mas não todos. — Apontou em direção ao rapaz loiro que conversava com Ferran energeticamente. — Frenkie, por exemplo, sempre foi um dos meus preferidos.
Carola anuiu a contragosto.
— Ele é gato. Muita areia pro meu caminhãozinho. Você bem que podia me apresentar pra ele, né?
Lana gargalhou, engatando o braço ao da amiga.
— Você vai me dever essa.
As duas caminharam em direção a dupla de jogadores, cumprimentando os dois com abraços e beijos rápidos. Não era normal para ela ser tão simpática, mas em favor da amiga sempre faria um esforço.
Do outro lado do salão, Gavi observou Pedri seguir a movimentação das garotas sem perder nenhum passo de vista. Não era novidade para o garoto os sentimentos do melhor amigo pela filha do fisioterapeuta do clube. Talvez fosse novidade para Pedri que ele deixasse tão transparente o que passava pela mente dele, mas Gavi o conhecia muito bem para saber que as visitas que fez a Nova York nos últimos meses não eram apenas coincidências.
— Se continuar assim, vai conseguir um papel em You, mano.
Pedri grunhiu baixinho, empurrando o amigo com o ombro. Ele sabia muito bem que parecia obcecado naquele instante, observando a garota daquela distância e com o gosto agridoce na boca ao vê-la conversar com o neerlandês do time com um sorriso gracioso enfeitando o rosto.
Ele não era ciumento. Nem ao menos estava com ciúmes de Lana e de Frenkie juntos. Conhecia aquela garota como a palma da mão e sabia o que ela sentia por De Jong e qualquer outro cara naquele salão. Lana Trevissan tinha olhos apenas para um deles. E era ele. A única coisa que o deixava incomodado era o fato de que ela podia conversar com todos eles sem temer o que pensariam, mas não podia se aproximar dele sem demonstrar o que sentiam um pelo outro.
— Não enche, cara — ele murmurou para o garoto.
— Deixa eu adivinhar — Gavi continuou, colocando a mão sobre o queixo. As sobrancelhas se curvaram em uma careta concentrada enquanto ele observava a menina. — Você ainda acha que arrumar uma namorada vai acabar com a sua concentração?
Pedri não respondeu. Gavi aumentou o sorriso.
— Ou acha que namorar a filha do nosso fisioterapeuta vai ser um problema pra você e pra ela?
Ele sabia que estava chegando lá quando o amigo crispou os lábios.
Gavi estalou os dedos e abriu a boca em choque fingido.
— Você tem medo de manter um relacionamento a distância?
— O que você sabe sobre relacionamentos, hein? — Pedri retrucou. — Você é só um pirralho.
Gavi riu.
— Se tá me ofendendo então eu tô certo. Fala aí, Pedro, seu medo é se apaixonar ou é já estar apaixonado?
Ele não tinha uma resposta. Mais a frente, Lana ria de algo que a amiga disse, parecia muito mais feliz do que poderia estar em qualquer outra situação. Ela tocou o ombro de Carola e tombou a cabeça para o lado com graça. Pedri, apesar de tudo, não conseguia tirar os olhos dela porque, eram naqueles instantes, quando ela achava que ninguém estava olhando, que parecia mais feliz, mais bonita. O cabelo castanho longo estava preso em um coque alto, enfeitado por uma tiara, como se fosse parte da realeza. Ela sorriu com os olhos e tudo dentro de Pedri saiu do lugar.
Lana era linda.
A garota o encarou, ainda com o mesmo sorriso no rosto. Um acenar de cabeça e ele sabia que a vida que tinha antes dela nunca mais voltaria.
Ele tentou se afastar de Lana quando ela se afastou dele. Tentou odiá-la em determinado momento, mas nunca conseguia. Os breves encontros que partilhou com a menina eram como uma tatuagem na mente de Pedri. Os beijos trocados haviam se infiltrado no sangue do jogador, tornando-o viciado em todo contato que tinha com ela. Lana era divertida, tinha uma risada contagiante e era inteligente, tão sabe tudo e nariz empinado quando queria, e Pedri não via outra alternativa além de mantê-la para si como um segredo que ele jamais compartilharia com outra pessoa.
Quando ela foi para Nova York, nunca mais vê-la não era uma opção. Em uma das folgas ao longo da temporada, viajou para a cidade e passou um final de semana com ela. A peça de Lana era um sucesso e os amigos novos da garota eram divertidos, mesmo que totalmente opostos de quem ele era. Ela o apresentou a cidade e ele decidiu que odiava cada pedaço cinza daquele lugar, mas estar com ela era a vitória particular do jogador. Sabia que dois dias não eram nada para o relacionamento que tinham. Ele não sabia o que era, nem mesmo Lana sabia, mas aproveitava cada segundo das ligações que faziam, dos momentos compartilhados e das memórias que construíam.
No entanto...
Lana estava muito concentrada na carreira e Pedri também. Quanto mais se apaixonava por ela, melhor sabia que aquilo tudo apenas os levaria para lugar algum. Ou para outro coração partido que ele não sabia se conseguiria se recuperar. Mas era tão difícil mantê-la longe. Mesmo com a distância física. Lana estava em todos os lugares, lembrando o garoto de que não sabia nada sobre a vida e sobre si mesmo.
Se fosse esperto, se afastaria. Se amasse mesmo Lana, sabia que deveria fugir dela.
Então, lembrava-se da primeira vez que a viu, sentada na mesa do escritório de Trevissan, observando-o sobre a revista que fingia ler. O jogador estava fazendo testes físicos durante todo o dia, havia assinado o contrato com o Barcelona semanas antes e estava nervoso como nunca estivera para conhecer todo mundo no clube e mostrar àquelas pessoas que elas tinham acertado ao contratá-lo.
O fisioterapeuta era um cara simpático, bem humorado, mas a garota junto com ele parecia fria como uma noite de inverno. Ela não olhara para ele e nem o cumprimentara quando entrou na sala do pai e foi direto para a mesa dele.
E Pedri sempre foi mais curioso do que a sanidade dele permitia. Não teve coragem de perguntar quem ela era ou o porquê de estar ali, mas não deixou de observá-la enquanto esperava pelos relatórios do fisioterapeuta.
Ela abaixou a revista milimetricamente. Foram segundos que pareceram durar horas, mas a garota o encarou e arregalou os olhos ao perceber que ele estava olhando diretamente para ela. Ele acabou espelhando a reação dela, sentindo o coração bater de forma exagerada. Pedri tentou sorrir, mas já era tarde demais. Ela voltou a esconder o rosto com a revista e só voltou a reaparecer quando o jogador já estava de pé na porta, despedindo-se de Trevissan. Ele a fitou uma última vez e podia jurar que ela estava sorrindo.
Ela havia conquistado o garoto naquele momento. Quando ainda eram duas crianças e Pedri daria tudo para saber como se chamava, porque ela parecia fugir de todo mundo, mas sempre estava ao redor de todos eles. Quando a conheceu de verdade, sabia que estava perdido.
— Cê sabe que eu te considero como meu irmão, não sabe? — Gavi disse com voz amena, se aproximando do amigo.
Ele observou a garota e o olhar que lançava a Pedri. Era tão descarado para o garoto como eles desejavam estar juntos. No início não entendeu os motivos para Pedri fugir dela com tanta frequência, mas ao longo do tempo que conviveu com os dois, acabou juntando uma peça a outra. Ele era observador, mesmo quando o amigo dizia que Gavi não notaria um elefante debaixo do próprio nariz. Mas ele enxergava como Pedri olhava para Lana e a garota para ele. Não foi surpresa descobrir que eles tiveram algo no passado e que Pedri ainda se sentia balançado pela menina. O problema era que o amigo era um cabeça dura que vivia dando desculpas para não entender os próprios sentimentos e, bem, talvez ele tivesse razão e Gavi não passava de um pirralho que nada sabia sobre estar apaixonado, mas Pedri sabia e Gavi queria apenas uma coisa para o amigo: que ele fosse feliz. E se Lana era a garota que o faria feliz, os dois deveriam se resolver.
— Vai falar com ela — Gavi ordenou quando Pedri não respondeu. — Ficar com essa cara de merda não vai resolver seu problema, cara.
— Você não cansa de ser chato?
Gavi deu de ombros e bagunçou os cabelos.
— As garotas gostam da minha marra. É o meu charme.
Pedri gargalhou.
— Claro que gostam.
— Pelo menos eu não sou chorão como você. Quando eu quero algo, corro atrás e se precisar brigar com alguém pra ter, tudo bem!
— Só que Lana não é um jogo de futebol, Gavi — Pedri exclamou, virando-se para o amigo. — Você quer que eu diga? Beleza! Tenho medo do que isso significa, porque, é, eu tô apaixonado por ela. Arrumar desculpas é a única forma que eu tenho de não estragar tudo.
Pedri soltou o ar com força, sentindo o peso de cada palavra. Estava dizendo aquilo pela primeira vez para alguém, apesar de que, de certo modo, esse alguém não fosse quem deveria ouvir aquelas coisas. Gavi pareceu pensar o mesmo. O garoto demonstrou desdém ao fim do discurso e rolou os olhos para o amigo.
— Bom, é óbvio. Eu já sabia disso. Sem ofensas, maninho, mas você não é bom escondendo o que pensa. — Ele riu, mas logo tornou a ficar sério. — Diz isso pra ela. Ela precisa saber como se sente e não eu. Faz esse favor pra si mesmo e vaza daqui. — Ele apontou em direção a garota e bateu no ombro do amigo. — Vai se divertir, bonitão.
Pedri balançou a cabeça negativamente e deixou que o amigo desaparecesse de vista. Ele arrumou o terno que usava, o tipo de roupa que sempre o aborreceu, e fitou Lana. Longe dos jogadores com quem estava antes, ela parecia perdida em pensamentos sentada em uma das cadeiras junto às mesas. Batia com as unhas na taça de champanhe e observava alguns casais dançando em uma pista de dança improvisada.
O jogador mordeu o interior da bochecha e tomou coragem.
Agora ou nunca.
Andou até ela. Lana pareceu notá-lo de imediato. Pedri sentiu as mãos suarem frio e o estômago se revoltar. Agora ou nunca, pensou uma vez mais. A garota se levantou e foi em direção a ele, como se soubesse o que estava prestes a acontecer. No instante em que ela parou na frente do jogador, Pedri tocou a cintura dela e sem saber o que fazer, apenas indicou as escadas com a cabeça. Lana não precisava perguntar para entender o que ele queria. Os dois subiram os degraus sem hesitar, não olharam uma única vez sequer para trás.
Lana o carregava pelo corredor do segundo andar, além das portas dos quartos e o barulho da festa lá embaixo. O hotel era grande demais até mesmo para todas as pessoas que estavam ali e não havia ninguém naquela parte inóspita. Quando o falatório e a música eram apenas uma lembrança de que estavam no meio de uma festa, a garota pareceu relaxar. A mão que segurava a de Pedri aumentava o aperto de tempos em tempos, como se quisesse se lembrar de quem estava ali, de que ela não o deixaria partir naquele instante. Ela não disse uma palavra sequer, mas não precisava. Ele a entendia melhor do que ninguém.
Lana abriu uma porta dupla que levava até um salão menor de jogos. Ela a fechou quando o rapaz passou e encostou as costas na madeira escura, fitando Pedri como se ele fosse alguém que ela nunca tivesse visto antes. O mesmo olhar da primeira vez que se encontraram estava ali, pedindo por uma explicação.
Pedri não tinha certeza de que tinha uma.
Ele se aproximou dela, tentando demonstrar de alguma forma o que se passava pela mente dele.
Ele queria tudo. Ele daria tudo. Ele desejava um universo para Lana e desejava ser parte do mundo daquela garota. Daria a ela seus dias, suas semanas, os meses e os anos. O lado bom e o lado ruim, as lembranças e o futuro. Contanto que ela aceitasse, poderia ser tudo ao lado de Lana.
Pedri colocou a mão sobre a bochecha da garota e ela se aconchegou a ele. As mãos dela seguraram a cintura do rapaz e o puxaram para perto. Com os saltos, Lana não precisava ficar na ponta dos pés para beijá-lo.
O primeiro toque não passou disso. Pedri aproximou a garota um pouco mais e fechou os olhos com força, sentindo cada emoção que escapava de si e dela. Paixão. Saudade. A vontade de permanecer ali pelo resto da vida. Lana o abraçou e aprofundou o beijo. Eles eram uma confusão de vontades nunca ditas e palavras que deveriam ser soltas; ela o desejava ardentemente, profundamente, como quase nunca desejou outra coisa. Pedri era o garoto que tomou conta do coração de Lana por dois anos inteiros. Ele monopolizou o tempo dela, tirou a menina da própria mente e deu a ela sentimentos novos, vontades novas, o sonho de ter alguém ao lado para os dias bons e os dias ruins. Ela contou os sonhos que tinha para ele, revelou segredos, desejou um futuro com ele.
Pedri era dela. Ele soubesse ou não. Mas, acima disso, Lana era dele.
O garoto terminou o beijo com um selinho lento, sorrindo deliberadamente para a expressão em êxtase da menina. Acariciando a bochecha de Lana, ele colou a testa junto a dela. O mundo poderia acabar naquele momento, com eles longe de tudo e todos e o beijo que dividiram provando aos dois o quanto queriam estar juntos. Pedri beijou a ponta do nariz de Lana e fechou os olhos, ouvindo apenas o som do próprio coração bombeando nos ouvidos.
Estar apaixonado por Lana era a melhor coisa que havia acontecido com ele. Agora ele percebia.
— Eu sou seu, Lana — ele sussurrou de encontro aos lábios dela. A garota o abraçou mais forte, fitando-o com atenção. Os olhos castanhos se conectavam com os olhos escuros dele com intensidade, pareciam feitos um para o outro. — Desde o primeiro dia, sou seu.
Lana sorriu maior e beijou Pedri.
Dela. Ele era dela. Sabia que o manteria para sempre.
— Namora comigo, Lana. Vamos contar para todo mundo e fazer isso funcionar. Sem fugir e sem dizer adeus no fim do dia. Seja a minha namorada.
— Contar para todo mundo? — ela questionou, tocando a barba curta do jogador com a ponta dos dedos. Para ela, Pedri era lindo. O cabelo escuro bem cortado, o sorriso largo e os olhos que pareciam um céu repleto de estrelas, tudo nele parecia perfeito. — Parece bom pra mim.
Pedri aumentou o sorriso e a beijou. Todo o resto ficou para trás porque, naquele momento, ele tinha a certeza de uma vida inteira que Lana Trevissan era a pessoa certa.
Ela o empurrou de leve. Não queria se afastar nunca mais dos toques dele, mas ainda estavam na festa de aniversário da garota e as pessoas lá embaixo se perguntariam para onde ela teria ido. A verdade era que não se importava de fato, no entanto, o pai iria gostar de saber que a filha não havia desaparecido.
— Não diga que precisamos voltar — Pedri sussurrou, beijando o pescoço de Lana. — Não quero voltar lá.
— Nem eu — ela murmurou, entretanto, ele sabia que não teria escolha. Lana ergueu o rosto dele e sorriu. Naquele semblante suave, havia um infinito de possibilidades. Ela arqueou um sorriso travesso. — Vamos fugir.
Pedri levantou as sobrancelhas, surpreso.
— Fugir?
Ela assentiu.
— É o meu aniversário, querido. Você tem que conceder um desejo.
— E o seu desejo é fugir?
— Aham. Com você.
E assim que ela sorriu audaciosa, ele sabia que faria de tudo para realizar aquele desejo. Ele se afastou milimetricamente e estendeu a mão para a garota. Sem pestanejar, Lana a segurou.
— Vamos fugir, então.
BOM DIA, COPAMOS!!
mais um continho pra conta de histórias com os jogadores da copa do mundo aqui no mundinho e desta vez o felizardo é um dos golden boys do barça e da espanha!
a espanha pode ter perdido hoje, mas vocês venceram! espero que vocês tenham gostado do continho e aguardem por mais vindo aí. se quiserem fazer pedidos de contos, comentem aqui ou mandem na nossa dm. vamos ficar felizes em escrever com os jogadores que vcs gostariam de ver por aqui <3
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro