never forget you | luka jović
Dizem que o tempo é o melhor remédio para curar a dor. Grande mentira, pensava Heidi. O tempo pode até tirar a dor de foco, fazendo-nos acreditar que as feridas foram cicatrizadas, quando na verdade, as feridas permanecem exatamente onde sempre estiveram, apenas esperando uma cutucada para voltarem a arder.
Para Heidi Kühn, a dor dos dois abandonos que sofrera por aqueles que deveriam lhe criar e amar incondicionalmente, eram sinônimo de uma cicatriz que nunca iria se fechar. E que mesmo depois de adulta, ainda refletia na forma como se relacionava com outras pessoas. Romanticamente ou não.
A sensação de estar em Frankfurt novamente depois de tanto tempo era estranha. Melancólica. Dolorosa.
Estranha por pensar no quanto uma cidade que um dia lhe fizera tão bem e lhe proporcionara tantos momentos bons, agora só lhe trazia o amargor de uma história que não acabara da melhor forma. Como sempre acontecia na vida de Heidi.
Dolorosa porque não importava para onde fosse, ele estaria lá. Nas recordações mais bonitas. Nas memórias mais inesquecíveis. No abandono mais recente.
A veterinária jamais saberia decifrar o turbilhão de sensações que lhe atingira quando chegou ao apartamento de seu irmão naquela tarde de domingo, a fim de passar seu aniversário com ele, a pedido dele mesmo. Filip era a única família de Heidi e mesmo que a relação entre os dois fosse um tanto quanto singular, ela o amava com todo o seu coração.
Os irmãos não tinham crescido juntos e sequer se conheciam a vida toda, já que o parentesco entre eles era unilateral e fruto de uma infidelidade de Aleksandar, pai deles, que na época, ainda era casado com Kalina, mãe de Filip. Kühn, que fora abandonada ainda bebê por Aleksandar, nunca tivera interesse em saber quem era seu progenitor. Afinal, por que deveria se interessar por alguém que nunca quis saber dela? Quem descobrira a infidelidade fora a própria Kalina, que confrontara Aleksandar e fizera questão de descobrir quem era a filha abandonada e oferecer todo o suporte para a mesma, que obviamente relutou contra a proposta. Heidi não queria ajuda. Não precisava de ajuda. Tinha se virado muito bem a vida inteira sozinha, mesmo depois que sua mãe, com quem nunca tivera uma relação muito amistosa, se casou novamente e voltou para a Sérvia. Por outro lado, Heidi aceitou conhecer Filip Kostić, seu meio-irmão paterno, que mais tarde se tornara seu melhor amigo e porto seguro, a única pessoa em quem a veterinária sabia que podia confiar verdadeiramente e de olhos fechados.
Depois de muita insistência, Kostić conseguira convencer a irmã a se mudar para a Alemanha, para ficar mais perto dele. Por algum tempo, fora Frankfurt que Heidi escolheu para chamar de casa. Até as coisas começarem a dar errado.
Foi no verão de 2018 que a veterinária sofreu o último e mais recente abandono em sua vida. Daquele que jurou-lhe que era de confiança, que jamais faria isso com ela, mas que assim como todos os outros que passaram por sua vida, se foi e não olhou para trás. Na verdade, sim, olhou. Mas era tarde demais. Heidi não ia se permitir viver aquilo tudo outra vez. E assim como Luka, ela se fora. Sem olhar para trás. Escolhera Stuttgart como destino. Era longe o suficiente para recomeçar e perto o bastante para manter contato com a única pessoa com quem se importava, que era seu irmão. A única razão pela qual ela ainda estava ali.
Quando chegou ao apartamento do seu irmão, ele não estava em casa. Tinha jogo naquela tarde, então Heidi entrou com a chave reserva que lhe fora dada uma cópia e se instalou no sofá, ligando a televisão para acompanhar o jogo contra o Schalke 04. Não era uma grande fã do esporte, mas gostava de dar suporte para Kostić. O que a mulher não esperava, entretanto, fora a substituição anunciada pelo narrador tão logo que colocara no jogo. Erik Durm estava saindo para a entrada de Luka Jović. A simples menção ao seu nome fora o suficiente para fazer Kühn estremecer.
Heidi, de fato, ouvira os rumores de que Luka poderia chegar ao Eintracht Frankfurt por empréstimo na janela de verão, após uma temporada um tanto quanto apagada pelo Real Madrid. O que ela não esperava, no entanto, era que aquilo poderia acontecer tão rapidamente. Um arrepio percorreu a espinha da mulher ao ouvir o narrador anunciar o primeiro gol daquele que carregava não só o título de melhor amigo de seu irmão, mas também o de seu ex-namorado. O homem que um dia fora o motivo de seus sorrisos mais sinceros estava de volta à cidade e consequentemente, a vida de seu irmão, já que os dois jogavam juntos pelo clube e pela seleção.
Ele era talentoso como o inferno, isso nem a veterinária era capaz de negar. Tinha passado por uma má fase em Madrid, é verdade, mas agora que estava em casa, não precisou de muitos minutos em campo para mostrar a que veio. Jović ainda teve tempo de anotar o terceiro e último gol da partida, levantando os ânimos de uma equipe que cinco dias antes fora vergonhosamente derrotada pelo Bayer Leverkusen pela Pokal.
Quando o juiz apitou o fim da partida, a mulher não tardou a desligar a TV. Se questionando se tinha feito bem em voltar a Frankfurt depois de tanto tempo evitando a cidade e tudo o que a envolvia.
O que estava fazendo ali, afinal? Comemorando seu aniversário com o seu irmão, é claro. Fora por isso que se deslocara de Stuttgart até ali. Comemorações em família eram importantes para Filip. E nada era mais importante para Heidi do que ver Kostić feliz, ainda que isso lhe custasse reviver algumas lembranças que ela preferia manter encaixotadas por tempo indeterminado.
- Você enlouqueceu! É impossível o Barcelona perder esse jogo, entendeu? Impossível - Filip Kostić sibilou e mesmo de longe chamou a atenção de Heidi, que estava presa em seu celular, trocando mensagens com funcionários da clínica veterinária onde trabalhava.
- Escute o que eu estou dizendo, a crise interna é muito maior do que imaginam. Na Espanha não se fala em outra coisa - Heidi ouviu uma segunda voz falar e ela sequer precisava ver para saber de quem se tratava.
- Você veio mesmo - Kostić disse e dessa vez Kühn levantou a cabeça para procurar de onde vinha a voz, assistindo-o cruzar a porta que limitava o hall de entrada e a sala de estar do apartamento. Ao lado de Filip, Luka Jović encarava Heidi como quem acabara de ver uma assombração. O tom na voz dele beirava o desespero. Certamente não era a recepção que a veterinária esperava receber.
- Achei que fosse o combinado.
- É que faz tanto tempo que você não coloca os pés aqui que eu comecei a desacreditar na possibilidade - Filip rebateu, sorrindo petulante enquanto atravessava a sala e se dirigia até o sofá onde sua irmã estava instalada desde que chegara ao apartamento. Beijando-a no topo da cabeça, Kostić se jogou no sofá ao seu lado. - Senti sua falta.
- Luka - Heidi murmurou, sorrindo sem mostrar os dentes.
- Kühn - Jović devolveu, acenando discretamente com a cabeça na direção onde os dois irmãos estavam.
- Me desculpe, eu não sabia que você viria - Kostić murmurou, no pé do ouvido da irmã. - Tudo bem pra você se nós assistirmos o jogo do Barcelona? - Indagou, olhando diretamente para a irmã.
- É a sua casa, Filip, você faz o que quiser nela - a mais nova murmurou de volta. Se arrependendo no instante em que as palavras foram proferidas. Não pretendia soar tão rude. Não com seu irmão.
- Talvez seja melhor eu ir pra casa, Kos. O dia de hoje foi cansativo e-
- Para com isso, Luka. Já faz um ano e meio. Nós não precisamos agir feito crianças, sabia? - Heidi se manifestou. Recebendo um olhar de reprovação de Kostić.
- É só você continuar fazendo o que tem feito durante esse tempo todo: fingir que eu não existo - o atacante provocou, causando uma risada de escárnio em Heidi.
- Talvez eu deva fazer isso mesmo.
- Por Deus, será que vocês podem se comportar como os adultos que são pelo menos uma vez na vida? - Kostić interviu. Cedo ou tarde ele teria que o fazer, de qualquer maneira. Não tinha nada que o futebolista odiava mais do que ser colocado entre a cruz e a espada, especialmente por duas pessoas que eram tão importantes em sua vida. - Ninguém vai a lugar nenhum.
- Eu sinto muito - Heidi disse, com a voz comedida e envergonhada. - Você também, Luka. Não foi por isso que eu vim até aqui.
- É, eu também - Jović devolveu, tão envergonhado quanto. Aquela era a primeira vez que, de fato, ficaram frente a frente após o término. Não era bem assim que ele imaginava o reencontro com a ex-namorada, que ele ainda amava e duvidava se algum dia conseguiria realmente esquecê-la.
Heidi tinha sido sua primeira namorada e durante muito tempo, o futebolista acreditara que seria a última. Não conseguia e nem queria se imaginar com um outro alguém, se não ela. Juntos viveram momentos inesquecíveis. Paris. Amsterdam. Londres. Percorreram quilômetros e mais quilômetros dentro de um carro, sem um destino ao certo, apenas desfrutando da companhia um do outro e admirando a paisagem do lado de fora da janela. Até mesmo adotaram juntos um pet - que obviamente ficou com a veterinária após o término.
- Eu vou tomar um banho e descansar. A viagem até aqui foi longa - Kühn declarou, depositando um beijo estalado na bochecha de seu irmão. - Parabéns pela vitória de hoje - parabenizou-os, saindo depressa da sala. Se sentia sufocada. A presença de Luka a deixava assim. Completamente desestabilizada.
- Me desculpe por isso, Filip - o camisa 9 pediu, enfim se aproximando e sentando no sofá paralelo ao que Kostić estava.
- É a primeira vez que vocês se encontram desde...? - Kostić quis saber.
- É a primeira vez que ela não foge - Luka riu. - Todas as vezes que eu fui até o trabalho dela, ela inventava uma desculpa diferente para não me atender - contou. Os dois amigos não tinham o costume de falar sobre o relacionamento entre Heidi e Luka, nem mesmo quando eles estavam juntos. Ambos estavam de acordo que era um tanto quanto estranho. E após o término, ficou decidido que Filip não iria se meter naquilo que não era de sua conta.
- Heidi pode ser um pouco irredutível nesse quesito, por causa do meu pai e da mãe dela, você sabe...
- Eu sei que ela passou por momentos difíceis no passado e é por isso que eu jamais machucaria a sua irmã, Kostić. Você tem que acreditar em mim - o futebolista praticamente suplicou. O pesar em sua voz denunciava o quanto aquele assunto ainda o machucava, mesmo depois de um ano e meio distante.
Ainda que Heidi nunca dera a Jović a chance de se explicar acerca de tudo o que acontecera na época de sua transferência para o Real Madrid, Luka não guardava mágoas de sua ex-namorada. Muito pelo contrário, se culpava, todos os dias de sua vida, por tê-la machucado, mesmo que não intencionalmente. Luka Jović amava Heidi Kühn. Um pedaço de seu coração sempre pertenceria à ela, não importava o quão trágico tinha sido o fim deles.
- Eu acredito, Luka. Até porque você não estaria aqui agora se essa fosse a sua intenção - Filip brincou, arrancando um riso do amigo. - Mas falando sério, ela já foi rejeitada tantas vezes antes que acabou criando uma barreira de proteção para evitar se machucar novamente. Por isso ela foi embora. Ela acha que tudo em Frankfurt remete a você.
- Se ela ao menos me desse a chance de me explicar e colocar um fim nessa história de uma vez por todas.
- Tente outra vez. Você já está aqui mesmo. O que tem a perder? - Foi a sugestão de Kostić.
Era uma boa pergunta. O que Luka tinha a perder, afinal?
A mulher que ele amava? Não. Ele a perdera há muito tempo atrás, quando não fora capaz de ser honesto com ela e deixara os sonhos de garoto falarem mais alto do que seu coração.
- Posso perguntar por que você está fazendo isso? - O mais novo indagou, verdadeiramente interessado. Kostić era extremamente ciumento com sua irmã quando se tratava de seus amigos futebolistas, no entanto, a regra não parecia se aplicar a Luka, já que Filip sempre dera apoio para o casal.
- Você a fez muito feliz no tempo em que estiveram juntos. E mesmo distante sempre se preocupou com o bem-estar dela. É o que ela precisa. De alguém que a ame e se preocupe com ela, como você faz.
- Obrigado - Luka se limitou a dizer. Estava embasbacado demais para sequer conseguir formular uma sentença completa.
Questionava-se internamente no que teria acontecido se tivesse tido mais tempo naquele fim de semana, quando voltara de Madrid. Durante um bom tempo, Luka acreditara que o rancor de Heidi um dia passaria e ela estaria disposta a ouvi-lo e, quem sabe, entender que ele, nunca, de fato, quis que as coisas tivessem acontecido daquela maneira.
- Você conhece o caminho - Filip Kostić tirou Jović de seus devaneios, desferindo um leve tapa no ombro do mais novo e sumindo pelo corredor.
Jović hesitou.
Nunca fora covarde para nada em sua vida, mas quando o assunto era Heidi Kühn, se sentia como um. Se sentia vulnerável. Apático. Fraco. Temia, não só não conseguir consertar tudo, como estragar ainda mais as coisas. Aquilo certamente o mataria por dentro.
Ainda assim, reunira toda a coragem que tinha e se encaminhou ao corredor que o levaria aos quartos. Já tinha feito aquele mesmo caminho mais vezes do que era capaz de se recordar e em nenhuma dessas vezes sentira um misto de emoções tão grande quanto o que estava sentindo no momento em que deu três leves batidas na porta do quarto de Heidi.
- Tá aberta.
- Eu sei que sou a última pessoa que você quer ver agora ou em qualquer outro momento da sua vida, mas será que nós podemos conversar? Eu juro que você não vai precisar me ver nunca mais na sua vida se me deixar-
- Entra, Luka - Heidi o interrompera e assim Jović o fez, adentrando o cômodo cauteloso. Não estava ali para brigar. Não, longe disso. Sua intenção era esclarecer tudo o que não tivera a oportunidade nos últimos dezoito meses.
- Eu nem sei por onde começar... - Jović admitiu, engolindo em seco o nó em sua garganta. Não tinha ido tão longe para desistir agora. Era sua única chance.
- Pelo começo parece uma boa ideia - a veterinária rebateu, e por incrível que pareça, o tom em sua voz não era de sarcasmo. - Sente-se - instruiu, assistindo Jović ocupar um pequeno espaço na beirada da cama. Sentia que se se aproximasse demais, não conseguiria falar tudo o que precisava.
- Lembra da nossa viagem para Amsterdam, Kühn?
Heidi riu baixinho, sem humor algum. Assentindo em concordância logo em seguida. É claro que ela lembrava. A sintonia, a cumplicidade e o amor que sentiam um pelo outro era algo que ela jamais se esqueceria. Luka a amava como um louco e Kühn sentia todo esse amor por parte do futebolista, que a surpreendia diariamente, com pequenas coisas, que ele sabia que importava para ela. Em suma, ele preenchera um espaço na vida da veterinária que ela não imaginara que alguém um dia seria capaz de preencher. O vazio deixado por seus pais.
- Como eu poderia me esquecer, Jović? Você me deu o mundo e logo depois tirou tudo de mim - replicou. A voz de Heidi era cortante como uma lâmina. O ressentimento era notório e agonizante.
- Outch. Tudo bem, eu mereci isso. O que eu quero dizer é que tudo aconteceu tão rápido que eu nem mesmo tive tempo para pensar em um plano B. Quando meu celular tocou, no meio da noite, a última notícia que eu esperava receber era que o Frankfurt já estava apalavrado com o Madrid e que para a minha transferência ser anunciada só faltavam os exames médicos, mas que nos bastidores, já estavam dando como negócio fechado.
- Isso explica o seu sumiço nos dias que sucederam a viagem - a mulher tinha o olhar perdido, como se estivesse, de fato, viajando no tempo, diretamente para a viagem que fizeram para a Holanda.
Aquela não tinha sido a primeira viagem do casal, mas certamente fora uma das mais especiais, pelo menos enquanto durou. Dias depois, Luka sumiu sem deixar rastros. Mais tarde, a veterinária descobrira que ele estava em Madrid, assinando com a sua nova equipe. Ficou ainda pior quando Heidi descobriu o verdadeiro motivo daquela viagem: Luka estava pronto para elevar a relação deles a um outro patamar. As chaves do novo imóvel já estavam com ele. Era só fazer o pedido e planejar a mudança. Mas em um piscar de olhos tudo mudara de direção e Jović se vira sozinho em um país novo, onde não conhecia nada e nem ninguém e perdera quem mais importava em sua vida. Por um erro bobo, uma estupidez. Pelo menos para alguma coisa o tempo longe tinha servido, o futebolista se via muito mais maduro agora. Especialmente para falar sobre seus sentimentos.
- Eu fui para Madrid, fiz os exames, assinei o pré contrato e pedi dois dias para voltar para a Alemanha e me organizar. O que foi tempo o suficiente para...
- A nossa segunda viagem - Heidi completou entristecida. - Munique. Tudo naquela viagem teve um tom de despedida implícito, mas eu estava apaixonada demais para achar que você me deixaria.
- Eu nunca encontrei as palavras certas para te contar sobre a transferência. E o meu maior erro foi ter esperado o anúncio oficial acontecer. Mas naquele momento era tarde demais. Eu te perdi com muito mais facilidade do que te conquistei - Jović murmurou, corrompido pelo rumo deprimente que a conversa tinha tomado.
- Eu não sei o que você espera que eu diga, Luka - Kühn murmurou de volta. Abraçando os próprios joelhos. Se sentia como uma criança, completamente exposta. Frágil. Indefesa.
- Só quero que você saiba que eu não planejei o nosso fim, Heidi. E eu nunca, jamais, faria algo para te machucar.
- Você devia ter me contado, Jović.
- Eu fui covarde.
- Sua covardia me custou uma das melhores coisas que eu tive na vida.
Você. Heidi pensou, mas não falou.
- Por que você nunca me recebeu ou atendeu as minhas ligações?
- Eu fui orgulhosa - Kühn confessou, dando de ombros. - Te atender era admitir que eu me importava. E eu queria, pelo menos uma vez na vida, parecer forte e não sair por baixo.
- E você ainda se importa? - Luka quis saber. A tensão no ar que os cercava era tão grande que era quase palpável. O jogador se sentia sufocado. Sabia que estava correndo um grande risco, mas precisava saber.
- Como jamais pensei que pudesse me importar na vida - Heidi admitiu, derrubando a barreira de bloqueio emocional que criara e tanto lhe impedira de falar abertamente sobre seus sentimentos nos últimos meses. Era diferente com Luka, ela sabia que sim. Ele jamais a julgaria por seus medos e inseguranças.
Muito pelo contrário, o futebolista não pensou duas vezes antes de quebrar a distância entre eles e envolver Heidi em um abraço apertado, que a mulher fora incapaz de recusar. Ela sentia falta de como se sentia protegida nos braços dele. De como se sentia em casa.
- Eu não te esqueci, Heidi - Jović murmurou, no pé do ouvido da veterinária, que mantinha os olhos fechados e o corpo relaxado, nos braços daquele que a conhecia melhor do que ela mesma. - E nem quero. Uma chance. É tudo o que eu preciso para te provar que eu aprendi com os meus erros e não sou o mesmo homem que um dia te deixou.
A conexão estava bem ali. Sempre estivera. Guardada em um cantinho especial no coração de cada um deles. Em um lugar onde novas pessoas e novas relações jamais poderiam chegar. Porque eles se encaixavam e se entendiam como ninguém mais. Era incompreensível. De outro mundo. Quiçá de outras vidas.
Heidi não sabia o que dizer. Não queria se machucar outra vez, mas também não queria mais mentir para si mesma e fingir que não nutria sentimentos por Luka, quando, obviamente, ainda o amava. Sempre o amaria. Por tudo o que viveram. E por tudo o que ela esperava ainda poder viver com ele.
Era o efeito de Luka Jović sobre Heidi Kühn. Ao lado dele, ela se sentia destemida. Pronta para viver novas aventuras. Sem medir as consequências. Aprendera com seu irmão que todos mereciam uma segunda chance. Ela mesma tinha recebido uma segunda chance da vida, ao conhecer alguém que a amava como Filip Kostić amava.
E por que não?
Por que viveria o resto da vida fugindo dos seus próprios sentimentos?
Algumas pessoas vem. Outras pessoas vão. Mas ela estava ali.
E não se permitiria fugir de novo do que a fazia feliz. Não dessa vez.
Como é aquele ditado? Quem é vivo sempre aparece? Antes tarde do que nunca?
A minha estreia em GDP demorou, mas finalmente aconteceu!
Eu achei que tinha desaprendido a escrever com futebol, mas na semana passada o Frankfurt anunciou o retorno do Luka e eu finalmente pude realizar um desejo antigo, que era escrever com ele.
Eu espero que vocês tenham gostado e que não tenha ficado melancólico demais (juro que não foi intencional)
Prometo tentar aparecer aqui com mais frequência. Tem muita coisa boa vindo nesse ano que só está começando!
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