capital letters | jordan henderson
Hey, hm, sou eu. Diana. Sei que parece estranho ouvir a minha voz depois... depois de tanto tempo. Eu não... Droga, você sabe que eu nunca fui do tipo que liga ou deixa mensagens. Quero dizer, eu preciso fazer isso agora. Preciso dizer isso a você.
Bem, eu estou em Liverpool. Está chovendo como no dia que você me encontrou, eu lembro que as páginas do seu livro estavam molhadas e seu cabelo também, você sorriu sem graça e eu ri porque sua decepção era fofa, mas eu não diria isso pra você, que tinha te achado fofo naquele momento. É difícil voltar aqui e não lembrar de tudo isso, eu... Certo, an, estar aqui é como estar com você de novo e acho que me pegou desprevenida.
Estou fugindo de você há muito tempo, Jordan. Mas não consigo fugir de você aqui. Eu sinto muito por não ter confiado em você, não ter confiado nas coisas que você me dizia. Por ter partido e nunca ter olhado para trás. Eu sei que não tenho direito algum de te dizer isso agora, quero dizer, estou prestes a dizer sim para outro cara, mas... Você foi a única coisa boa na minha vida durante muito tempo, parece errado estar com outra pessoa quando você ainda ocupa boa parte do meu coração, Jordan. Me diga... Merda, me diga que estou fazendo a coisa certa, me diga que é isso que você me diria para fazer. Me diga que você não liga, que eu preciso esquecer, que preciso seguir em frente.
Eu faria qualquer coisa para descobrir o que você pensa sobre isso. Sinto muito, eu... Eu sinto sua falta. Eu senti sua falta todos os dias desde que fui embora.
Deus, eu só... estou tão cansada agora, Jordan. Estou tão confusa. Desculpa, eu não deveria ter ligado, não deveria ter dito tudo isso. Sinto muito. Sinto muito mesmo.
O silêncio inundou a mensagem de voz. Ainda conseguia ouvir a respiração de Diana. Ela soltou um suspiro prolongado, mantendo o nervosismo que me corroía em alta.
Vou me arrepender de te dizer isso amanhã, Hendo, mas eu te amo. Eu te amo tanto que, às vezes, acho que nunca vou conseguir deixar que outra pessoa me ame como você me amava.
E agora... Eu não sei bem o que fazer. Se você acha que fizemos algo errado naquele dia, por favor, por favor... Me encontre. Você sabe onde eu vou estar. Por favor, venha até aqui.
Eu sinto muito por tudo. Eu, hmm, é isso. Tchau.
Não sei o que fazer quando a mensagem termina. Meus olhos estão presos ao celular e minha mente está correndo para lugares que eu não conseguia esquecer. A voz de Diana é a mesma que eu me lembro, mas o tom soa tão terrivelmente triste que sou arrebatado por minha própria tristeza.
Quando ela foi embora há alguns anos, acreditei que era o fim. Acreditei em tudo que ela me disse quando brigamos e eu a perdi, acreditei que depois do fim, não há mais nada além de um deserto interminável. Quando você perde o amor da sua vida, as coisas tendem a ficar cinzentas, mas o azul sobre aquele deserto me lembrava constantemente de tudo que eu adorava nela. Não sei dizer o que é pior: continuar amando quem partiu seu coração ou descobrir que a pessoa que te machucou está tão machucada quanto você.
Solto um suspiro bastante penoso e apoio a cabeça nos armários do vestiário. Meus colegas de clube falam alto e riem como se o mundo fosse uma grande piada, mas só consigo ouvir Diana dizendo que me ama, pedindo para que eu diga a ela que tomou a decisão errada.
Conheço Diana como conheço cada pedaço dessa cidade. Sei exatamente como ela se sente porque me sinto da mesma forma.
Fecho os olhos. Eu a conheci em um dia de chuva, em uma livraria lotada por adolescentes completamente fissuradas em suas histórias. Ela era uma escritora americana de grande sucesso na Inglaterra. Estava em sua turnê na Europa para anunciar o segundo livro de sua trilogia nova. Eu não era bem um grande fã de literatura fantasiosa, mas ganhei o livro de Diana em um amigo secreto e acabei apaixonado pela escrita dela. Algo bem inusitado, preciso admitir. Criaturas míticas e romances aterradores não eram bem a minha praia, mas ela criava mundos tão surpreendentes que fui obrigado a me render.
A chuva molhou as páginas do meu exemplar e toda a minha roupa. Eu só havia visto a escritora por fotos do Instagram e vídeos no YouTube. Ela era engraçada e impertinente, mas pessoalmente... Diana era linda. Seu cabelo castanho curto brilhava, os olhos amendoados eram gentis e astutos ao mesmo tempo, mas seu sorriso era tão cativante que, enquanto ela ria da minha situação, eu só conseguia prestar atenção nela.
Eu fiquei até o final do painel dela, esperei que ela estivesse livre e a convidei para beber em um pub ali perto. Ela disse que me conhecia e sabia que jogadores de futebol não eram do tipo confiável e aquilo me fez rir também. E ainda assim, ela aceitou meu convite porque, de alguma forma, achava que eu era diferente.
Nós passamos horas conversando sobre seus livros e sobre futebol, o que, pensando bem, poderia parecer entediante, mas eu fiquei completamente fascinado pelas histórias dela e descobrir alguns segredos sobre os livros era bem legal. Ela me contou que estava escrevendo uma comédia romântica, mas ainda não havia decidido muitas coisas sobre os dois protagonistas, quem sabe ela precisasse viver algumas experiências novas para encontrar o segredo sobre eles.
Naquela noite, eu a levei para o hotel em que ela estava hospedada e Diana me entregou seu número de celular. No dia seguinte, eu a convidei para ir ao nosso jogo. Eu a apresentei para alguns colegas, como se fossemos melhores amigos desde sempre. Ela gostava de futebol, apesar de viver na terra do futebol americano. Nós saímos para comer depois do jogo e ela me convidou para beber em seu hotel.
Ela ficou mais uma semana em Liverpool antes de ir para Londres. Eu a levei para outros lugares, ela me convidou para entrar em seu quarto, eu acordei em sua cama no dia seguinte. Quando ela foi para Londres, eu a encontrei na cidade depois de um jogo contra o Chelsea. Assim como suas histórias, eu fiquei completamente viciado em Diana Crowler. Em seu tempo na Europa, eu tentava a todo custo estar perto dela e sempre que ela tinha uma folga, voltava para Liverpool e nós vivíamos nosso próprio pequeno romance.
Ela começou a escrever o livro novo ao meu lado. Com seu sorriso deslumbrante e suas palavras espertas, nós dançávamos pela sala da minha casa, bebendo vinho e rindo. Nós passávamos as noites juntos e os dias eram eternos. Quando ela voltou para os Estados Unidos, eu desejava que ela estivesse comigo.
Foram alguns longos meses até que eu a pedisse em namoro e a convidasse para morar comigo. A vida de Diana estava em Nova York, mas ela não pestanejou em dizer sim quando eu propus. Aquilo era mais do que eu imaginei que aconteceria quando fui pegar um autógrafo com minha autora preferida, e eu estava feliz como nunca antes.
O nosso primeiro ano juntos foi perfeito. Eu a amava tanto, Diana era meu sonho, era a única garota no mundo para mim, mas então, as coisas começaram a desmoronar ao nosso redor.
Os problemas com a editora americana começaram a aparecer quando o novo livro de Diana atrasou, as vendas do terceiro e último livro da trilogia não foram como o esperado e o contrato para uma adaptação estava incomodando minha namorada. Além da vida profissional estagnada, Diana estava tendo problemas em Liverpool e com a minha agenda. Eu estava sempre fora por causa dos jogos e Diana estava sempre em casa, trabalhando como louca para mudar seu futuro. Ela começou a ficar impaciente, começou a reclamar de si, começou a me culpar por coisas novas e depois se culpar por sempre estar amargurada, até mesmo com as minhas conquistas. Eu queria dizer a ela que tudo estava bem, mas sua irritação também me deixava louco. Ela não socializava com meus amigos e não gostava de se envolver com as outras namoradas dos meus colegas. Meu mundo e o dela colidiram e nunca voltaram a ser o que eram.
As brigas começaram a se tornar mais constantes e os términos repentinos estavam esgotando o restante de felicidade dentro dela. Vê-la sofrer era o que mais me machucava. Então, um dia decidi que precisava libertá-la de toda aquela confusão. Eu preferiria vê-la longe de mim e feliz do que tê-la pela metade ao meu lado.
Eu queria dizer que as coisas entre nós terminaram bem, mas tudo que é repentino nunca tem final feliz. Em nossa última briga, dissemos coisas um para o outro que nos arrependeremos para sempre, mas eu jamais esqueceria da forma com que ela disse que eu a atrasava.
Diana foi embora sem olhar para trás. Eu deixei que ela fosse porque, naquela época, tudo o que passava pela minha mente era aquela maldita frase.
Amores verdadeiros nunca deixavam de doer, mas você aprende a viver sem eles. Foi assim que vivi sem ela. Eu não a procurava nas redes sociais e nem ao menos lia seus livros. Sei que ela lançou o romance alguns meses depois do nosso término, sei que foi um sucesso, mas nunca cheguei perto de suas linhas. Mesmo que ele estivesse em uma das estantes da minha casa. Eu só queria deixar Diana no passado.
Então, lá estava ela. Como um fantasma que me fazia lembrar de todos os momentos bons que vivi ao seu lado porque, caramba, eles eram muito maiores que todos os momentos ruins que tivemos. Diana ainda era a garota fascinante que conheci naquele dia chuvoso, ainda era a menina engraçada e esquisitona que me fez ficar apaixonado em uma semana. Ainda era a mulher que eu chamei para viver comigo e que me fez assistir aos seriados mais bizarros que existem.
Eu a amava como nunca amei ninguém, amores como esse ficam gravados em letras maiúsculas em nosso coração, como uma tatuagem que jamais vai nos deixar.
Abro os olhos. As passadas arrastadas de Trent chamam minha atenção, ele senta ao meu lado e boceja, como se tivesse acordado naquele exato momento. Meu colega de time sorri ainda meio grogue, mas seus olhos cansados se tornam sérios assim que ele percebe o desespero em meu rosto.
— Que cara é essa, mano? Parece que viu um fantasma — ele pergunta, franzindo o cenho com preocupação.
— Diana ligou — suspiro.
Ele arregala os olhos.
— Ah, isso é pior que um fantasma.
Semicerro os olhos.
— Que foi? Você sabe o que eu acho dela...
— Sei, sim. Não quer dizer que eu concorde.
— Tá, beleza. — Ele dá de ombros. — O que ela queria?
Abaixo a cabeça entre as minhas pernas, tentando fazer minha mente funcionar corretamente de novo.
— Ela está aqui. Em Liverpool. Não sei se ela quer que eu vá atrás dela ou se ela só quer que eu saiba que posso ir se quiser. Ah, merda, cara. Eu tô tão confuso agora.
Trent coloca uma das mãos sobre minhas costas e me dá tapinhas leves. Entre todo nosso grupo, apenas alguns sabiam de tudo sobre mim e Diana. Trent era um desses. Ele tinha opiniões bem rigorosas sobre Diana, claro, mas sempre tentava pensar de forma racional. Normalmente, eu não pediria ajuda para ele ou os demais, mas sabia que Trent não passaria a mão na minha cabeça. Ele era novo, é verdade, mas era ótimo resolvendo problemas que poderiam me deixar maluco.
— Imagino — murmurou. — Cara, se eu fosse sincero, eu diria pra você deixar pra lá. Diana foi embora, a vida dela voltou ao normal, a sua também. Ela escreveu livros novos, arrumou um namorado novo, você venceu alguns títulos, arrumou outras garotas... Vocês viveram a vida de vocês. Ela não pode pedir para as coisas voltarem ao que eram agora ou sei lá. Vocês não são mais aquelas pessoas...
— E se esse for exatamente o ponto? — interrompo. Levanto minha cabeça e o encaro. — Nós não somos mais aquelas pessoas. Eu não sou mais tão cego de amor, não sou mais imutável como era. Eu sou mais velho agora, Trent. E ela também.
Ele não responde de imediato, sua face se torna pensativa e a cada segundo que seu silêncio prevalece, sinto minha ansiedade me consumir.
— Eu... Tá, acho que não sei o que te dizer. — Trent dá de ombros e fica de pé, pegando a camisa de treino. — Minha opinião como amigo é essa: deixe ela pra lá. Diana não sabe o que quer da vida. Não quero que você se machuque, Hendo. Não como daquela vez. Você ficou acabado e acho que é só isso que ela pode fazer com você se deixá-la entrar de novo.
Assenti para ele. Trent suspira, mas sorri sem mostrar os dentes. Ele se afasta de mim e eu volto a encarar o ecrã do celular. Quero lembrar de toda a merda que aconteceu depois que Diana foi embora, mas só consigo pensar em como ela me fazia feliz. Só consigo lembrar que enquanto ela esteve aqui eu me sentia completo.
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O espaço reservado para o painel de Diana estava lotado, na Liverpool Central Library. O lugar era enorme, havia banners espalhados com os livros de outros autores, mas a nova obra da americana estava no centro. Ela havia se tornado bastante célebre nos últimos anos, quando um de seus livros ganhou uma adaptação na HBO Max. A obra era uma superprodução de dar inveja, com atores renomados e querida pela crítica especializada. Eu não sabia nada daquilo até aquela tarde, quando passei horas no Google pesquisando sobre Diana Crowler.
Ela havia se tornando brilhante, como sempre achei que ela seria. Suas obras eram ainda melhores que as antigas, seu nome era conhecido e admirado e havia um grupo bastante significativo de fãs aficionados pelas coisas que ela fazia. Ela era ainda mais fascinante, eu não poderia negar.
Sentei no fundo da fila de cadeiras e escutei as palestras. O novo livro de Diana era diferente dos demais. Não era um novo mundo complexo e mítico, com personagens poderosos cheios de honra, dever e raiva explosiva, não havia dragões e nem guerras, mas a cada explicação da escritora, eu sentia que era o universo mais devastador que ela já havia criado.
Alana amava Kristoffer. Eles eram feitos um para o outro e souberam disso no instante em que se conheceram. Alana e Kit tinham grandes sonhos e grandes ambições, mas a única coisa que os tornavam dignos era o amor que sentiam um pelo outro. Mas nenhum amor era feito para durar para sempre. Nenhum amor era suficiente para fazer o mundo durar. Era isso que eles achavam.
Esperei até o painel terminar e todos irem embora. Como sempre, Diana era a última a ficar, arrumando seus livros e todas suas coisas. Me levantei de onde estava, caminhei tão lentamente que achei que a qualquer momento o medo me pararia e eu fugiria dela, mas não podia.
Havia um filme passando por minha mente, todos os momentos que me levaram até ali, dos beijos e das brigas, das risadas e do choro. Quando ela dançou comigo embaixo da chuva e quando ela me viu marcar pela primeira vez e não conseguia parar de falar sobre isso no dia seguinte, como ela amava beber a cerveja do pub próximo à minha casa e como amava ler suas novas histórias para mim. Quando a levei para Paris e nós nos beijamos em frente à Torre Eiffel. Havia, sim, memórias ruins, mas também havia uma vida inteira de memórias que me faziam querer viver aquilo junto a ela todos os dias.
Quando ela me viu se aproximando, eu sabia que havia tomado a decisão certa.
Diana parou tudo o que estava fazendo e seus olhos eram um mar revolto e surpreso. Ela apoiou as mãos sobre a mesa e eu parei em sua frente, o livro de Alana e Kit junto a mim. Não havia chuva naquele dia, todas as páginas estavam intactas e eu levei aquilo como um bom presságio.
— Você veio — ela disse em um fio de voz.
Assenti com a cabeça.
— Eu sempre venho.
Ela sorriu e eu espelhei seu sorriso.
boa noite, dona melinda! promessa é dívida e aqui tá seu conto com o hendo <3
mil perdões pela demora, eu fiquei meio sem criatividade nos últimos tempos, mas finalmente reencontrei ela hehe agora, pode tratar de postar o epílogo de fantasía, viu?
enfim, meu povo, espero que tenham gostado dessa tristeza... digo, desse conto hehe fazia tempo que ninguém atualizava gol de placa, mas nós ainda estamos vivas. se vocês tiverem alguma indicação de jogadores ou pilotos, pra postar nos outros livros de contos, deixem aqui as opiniões de vocês. quem sabe alguma boa alma se anima pra escrever.
vejo vocês logo, tenham uma boa semana <3
twitter: bcimdutch
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