better than words | timo werner
LONDRES, INGLATERRA
Quando Timo conheceu June, tudo parecia estar dando errado na vida dos dois.
Era uma verdadeira desgraça, eles podiam concordar com isso. A garota havia terminado um namoro de infância naquela semana. Foram seis anos juntos e teriam sido muitos mais, como ela lhe disse, caso não houvesse descoberto uma traição. Ou várias. Era como um efeito dominó, depois que uma peça era empurrada, outras caiam em seguida.
Enquanto para Timo, a recente mudança do futebol alemão para o futebol inglês, parecia estar cobrando seu preço. A pressão sobre si, junto às críticas da torcida do Chelsea, corroíam o jogador de dentro para fora. Ele sabia que enfrentaria aquele tipo de situação, mas havia dias que simplesmente gostaria de esquecer. Fingir que nada era com e sobre ele.
Conversar com June naquela noite, foi uma daquelas conversas que o deixaria com dores de cabeça na manhã seguinte, afinal, quanto mais lágrimas escapavam pelos olhos da garota, mais bebida ela e Timo ingeriam. E quanto mais bêbados ficavam, mais abertos um ao outro estavam. Sentiam-se tão livres que, em determinado momento da noite, ele estava contando a ela sobre a garota que o deu um pé na bunda, quando ainda era um ninguém na Alemanha. Alguns anos depois e, em um dia qualquer, ela reapareceu em sua vida, perguntando se ainda havia espaço para ela.
June riu, riu tanto que acabou roncando como um porquinho, o que fez Timo rir também. E ele riu tanto, exatamente como ela, que sua barriga doía. E enquanto os dois perdiam-se nas gargalhadas um do outro, seus olhares também se perdiam e, enquanto sentiam aquela conexão absurda, o riso ia desaparecendo, dando lugar a um sorriso calmo, um daqueles sorrisos depois da tempestade.
Era engraçado, o alemão pensava, como tudo havia se desenrolado.
Estavam em um daqueles clássicos bares ingleses, que Mason conhecia como a palma de sua mão e havia lhe dito, na manhã daquele dia, confiantemente: — Saca só, Timo. Esse é o melhor lugar de toda a Londres, você vai ver!, com uma voz que implorava para ser ouvido, só para poder convencê-lo a ir, e não fora difícil fazer tal coisa. Werner estava ansiando pelo momento em que se perderia em Londres, como costumava fazer em sua vida no país de origem.
No momento em que pisara no local, ao lado de Havertz e Mount, deu de cara com a garota de expressão carrancuda e de sorriso ladino, apresentada como melhor amiga do camisa dezenove do Chelsea. Ela não perdeu tempo ao sentar ao lado dele, em um daqueles bancos de estofados vermelhos que cheiravam a couro, e não perdeu tempo ao puxar assunto com ele. Enquanto o alemão e o inglês perdiam-se em conversas sobre Premier League e trivialidades aleatórias, Timo e June pareciam dividir a mesma bolha, sem prestar atenção em mais nada.
Timo precisava daquilo, de uma conversa que ia além das palavras tocadas com seus companheiros de equipe. E achava, depois de um tempo, que também estava precisando de June.
Só que June era melhor amiga de Mason, Timo não se deixou esquecer esse fato. Então, quando o inglês percebeu que os olhares que trocavam pareciam suspeitos demais, o inglês capturou a atenção de Timo, em um daqueles dias na academia que o time parecia mais disperso que motivado e disse-lhe:
— Você sabe que ela terminou um namoro há poucas semanas, não é? Um namoro de eras... Com um cara babaca...
Mount tinha um jeito sutil de iniciar uma ameaça. Não havia nada explícito naquilo que ele lhe dizia, ou sequer um tom ferino em sua voz. Ele sondava, com o cenho franzido e um sorriso tranquilo nos lábios. E aquilo era o que assustava Timo. Naquele dia, o alemão soube que não somente June iria se magoar caso ele desse um passo em falso, mas Macey também. Foi por isso que respondeu o que respondeu.
— De boa, Mount. June e eu não passamos de bons amigos... Sério.
Era uma mentira. Inconsciente, Timo poderia dizer. Naquele momento, sabia que era o que deveria acontecer, mesmo que não soubesse nada sobre o futuro. No entanto, depois de segundos, terceiros, quartos e tantos outros encontros, Timo conhecia coisas básicas sobre June, como o fato dela não resistir à desafios — ele havia aprendido isso da pior forma possível —, a preferência dela por músicas latinas — em especial, Danna Paola e Sebastian Yatra —, assim como o jeitinho fofo que ela franzia o nariz, sempre que precisava decidir algo e ficava em dúvida.
Ele também havia descoberto quão boa ela era dando-lhe aulas de yôga e fazendo massagens após um jogo difícil. Descobrira, também, que ela era um monstro no FIFA e por isso Mason sempre se recusava a jogar com a garota quando lhe ofereciam.
E, certo dia, enquanto se sentavam na sala de estar da casa de June, bebendo um dos vinhos preferidos da garota, Timo descobriu que seus lábios juntos ao dela, eram a combinação perfeita. E que suas mãos ao redor do quadril dela pareciam a coisa certa a se fazer. E por um segundo tudo parecia ter parado, só para mostrar aos dois que eles eram os únicos que mereciam se movimentar. June e Timo eram o tempo perfeito, eram o momento perfeito. Por isso, esqueceram Mount, esqueceram ex-namorados e decepções. Eram apenas eles.
Quando acordaram na mesma cama no outro dia, simplesmente sabiam que aquele cenário era o cenário perfeito. E foi durante muito tempo.
Eram beijos furtivos enquanto ele saia do apartamento de June, eram toques só deles quando estavam juntos em encontros com o grupo de amigos, eram mensagens que beiravam o romantismo piegas de jovens do século passado e que ela adorava. Mas Timo e June, sem perceber, amavam cada segundo, cada momento. Era um sentimento tão forte que parecia cegá-los, porque não notavam quão entregues estavam um ao outro, mesmo quando todos ao redor deles pareciam notar.
Mount notava e, às vezes, perguntava-se se Timo tinha medo de admitir o que sentia porque temia o que ele mesmo havia dito um tempo atrás. Ele se importava com a melhor amiga e não queria que Werner a fizesse sofrer mais, mas, agora, conseguia perceber todos os sorrisos sinceros e toda a alegria que emanava de June. Timo faria de tudo por ela, Mason sabia. E por isso, porque ele era um baita de um metido, tinha certeza de que precisava dar um jeito naquilo que havia causado.
Foi o que fez naquela tarde, após os treinos. Parou Timo no vestiário, disse a ele que sabia o que estava rolando, deixando o alemão de olhos arregalados e gaguejante.
— Não quero prendê-la em um relacionamento agora, Macey — ele soltou um suspiro sofrido, frustrado com todos os "e se" que rondavam sua mente.
Timo e June eram melhores sentindo o que tinham do que falando sobre o que tinham. Estavam confusos, mas pareciam ter a certeza do que possuíam, quando tocavam-se, quando estavam apenas juntos.
— Por Deus, Werner — Mount ralhou, atônito. Era cômico para ele, ver que um dos jogadores mais decisivos da atual geração pudesse ser tão lerdo naquele tipo de questão. — Sabe o que está escrito em sua testa? — perguntou, notando o dar de ombros do colega. — Tá escrito "eu amo June Rivers"! É isso que você transparece sempre que tenta fingir que não está totalmente perdido nela. E não é só eu que notei. Qualquer um que tenha olhos percebe a tensão ao redor de vocês, então, faz um favor pra mim, pra você e pra ela: diga que a ama.
Werner não conseguiu tirar o discurso de Mount da cabeça. Mesmo enquanto respondia as mensagens de June, Timo ouvia as palavras de Mason rondarem sua mente. E junto a elas, cada pequeno momento ao lado da garota avançava sobre ele, acelerando seu coração e transbordando seu estômago de borboletas.
A última vez que a vira, em sua casa há dois dias, deitado ao lado dela na cama, percebera como ela olhava para ele, como seus dedos acariciavam seu rosto. Naquele dia, havia algo engasgado em sua garganta, implorando para se deixar ouvir. Sabia que queria dizer a ela, mas não o fez. Beijou June como se fosse seu último dia na terra, tentando mostrar algo que nem ele entendia muito bem.
Pensando nisso, de frente para a porta dela, parecia temer a madeira que tocava seus nós dos dedos. Nunca foi tão difícil dizer algo, em sua língua e na língua de June. Seu coração soava muito mais alto que seus pensamentos, a espera pelo momento o deixava ansioso.
— Pare de ser um medroso, Werner — ele sussurrou, fechando os olhos rapidamente, até ouvir o barulho da porta sendo aberta pelo lado de dentro.
Quando viu a figura de June em sua frente, sentiu um alívio tremendo apossar-se de si. E soube. Porque vê-la era seu momento de paz, um momento que não tinha com mais ninguém há algum tempo, onde sabia que poderia ser apenas Timo e não um jogador de um dos maiores clubes da Europa, sob pressão constantemente. June fazia-o lembrar que era apenas uma pessoa. Uma pessoa que merecia carinho e amor, que merecia ser ouvida e compreendida. Era isso que ela era para ele.
June o via, de fato. Desde o princípio, quando o contou sobre o ex-namorado e ele a contou sobre suas decepções, June o conheceu e gostou dele. Exatamente como ele fez com ela. Eram mútuos. Eram iguais. Eram bons com as palavras, agora ele via, e eram bons além das palavras.
— Timo — ela sorriu. Era o sorriso que ele amava, que chegava aos olhos e transbordava até ele.
— Ei, June... Oi.
Quando ela o puxou para dentro, deixou-se levar.
— Ainda bem que você veio. Eu aprendi uma nova receita de panqueca. Panqueca de banana que parece um bolinho fofinho!
Ela o ajudou a tirar os casacos e o carregou até a cozinha, tagarelando sobre as calorias quase inexistentes do alimento. E mais uma vez, ele percebeu o quanto a adorava. Cada partícula dela. Até mesmo sua falação exacerbada pela animação de encontrar algo novo que a deixava feliz.
Enquanto ele a observava, encostado na bancada, lembrou-se de todos os momentos marcantes que tiveram juntos. Dos passeios no parque para assistirem o por do sol, nos dias de jogos em que ela lhe dava dois beijinhos nas costas da mão para lhe desejar sorte e nos abraços apertados após cada partida, nas mensagens que trocavam madrugada adentro, nas tardes livres que passavam juntos no apartamento um do outro, no dia em que a beijou pela primeira vez e o dia em que passaram todas as horas que se seguiram na cama. Lembrou-se do momento em que foram a uma feira de adoção de cachorros e June apontou para um vira-lata preto que os encarava docilmente, dizendo a Timo que poderiam adotá-lo.
Eles eram muito mais do que o casinho um do outro e sabiam disso. Só não colocavam em palavras. E Timo precisava fazê-lo. Em um momento de coragem, ele caminhou até ela, segurando-a pela cintura. June parou em meio a uma frase sobre farinha e fermento que poderia esperar.
— Você é a garota mais incrível que eu já conheci — o alemão pronunciou, arrastando uma das mãos até a nuca da inglesa. Ele sentia todas as reações de June junto a si, encontrando sua própria pele com a dele. Com uma risada soprada e um olhar confuso, ela o abraçou pela cintura.
— E qual é a do elogio repentino, Mein Schatz*? Não que eu esteja reclamando...
Timo riu, tocando a testa com a dela. Precisava de um momento para deixar os pensamentos em ordem, mas, se ele pudesse ler a mente de Jude, saberia que ordem era tudo que ela não precisava. Entendia muito bem o que se passava com ele, porque estavam os dois no mesmo patamar.
— Você sabe que eu sou péssimo com as palavras...
— E nós nunca precisamos delas, Timo.
Ele piscou.
— Eu sei, June. Mas, precisamos colocar tudo isso em palavras. Eu preciso fazer isso.
Ela assentiu positivamente.
— Então, faça.
Timo ergueu o olhar, afastando-se minimamente de June. A fisionomia dela era perfeita para o alemão, desde seus olhos castanhos inebriantes até as bochechas proeminentes e rosadas. O jogador mordeu o lábio inferior e sorriu, tomando mais da coragem que estava guardada dentro de si.
— Eu amo você, June. Eu amo você pra caralho e acho que nunca amei ninguém como eu te amo. Eu sei disso há muito tempo, me perdoa por só dizer agora. Mas acho que agora é o momento certo... Eu te amo, Meine Liebe*, e estou cansado de fingir que não. Quero contar pra todo mundo que é você, sempre você.
Era como um sonho, June pensava, ouvir aquelas palavras deixando os lábios de Timo. Por muito tempo, imaginou aquela mesma cena acontecendo, quando estava em seus braços, quando tinha suas mãos junto às dele, quando o beijava sorrateiramente. Por muito tempo, quis que ele sentisse a vontade de dizer a ela o que já sabia. Porque ela também o amava, tão profundamente que, às vezes, achava que não aguentaria fingir que não.
— Eu amo você, Timo. — ela sussurrou de volta, enlaçando o pescoço do jogador com os braços. — E estou cansada de fingir que prefiro não contar pra ninguém. — ela sorriu, sentindo que seus olhos marejavam por finalmente poder viver aquilo que desejava. Aproximando-se mais dele, ela o beijou.
Era um beijo com certo teor de urgência, um beijo que requisitava a paixão de duas pessoas completamente apaixonadas uma pela outra. Queriam sentir o amor mútuo, corresponder a altura tudo o que confidenciaram na confissão que faziam.
Sentiam-se livres, porque agora haviam dito o que tanto guardaram para si, esconderam porque não eram bons com as palavras, mas além delas, tudo ao redor deles reconhecia o que tinham um pelo outro. Eles eram bons juntos, de todas as formas possíveis. Eram a combinação perfeita, as duas metades de algo que nascera para estar junto. Haviam se conhecido em meio ao caos, é verdade, mas agora o transformaram em algo perfeito. Do jeito que deveria ser.
Nada no mundo poderia descrever o que eram um para o outro. Afinal, Jude e Timo eram melhores que as palavras.
GLOSÁRIO:
Mein Schatz*: Meu querido
Meine Liebe*: Meu amor
E aí, família! Aqui está mais um conto fofíssimo em GOL DE PLACA, mas esse com um intuito muito importante. Better Than Words é um presente de aniversário pra minha amiga Jennifer Louise, a nossa ditadora do Mundinho.
Jennifer, esse presente eu dou os direitos autorais pra você, porque se você não tivesse falado no twitter que queria ler uma fanfic com o loirinho do Chelsea, provavelmente eu não o escreveria tão cedo. Espero que você tenha gostado da June e do Timo, fiz com todo carinho do mundo pra você! Te desejo o melhor dos aniversários, que você possa estar rodeada de pessoas que te amam e sentir todo o amor que a gente te deseja. Que você tenha um ano abençoado, repleto das mundinetes e dos seus favs. Amo você, obrigada por ser minha amiga!
Agora, aos leitores, não esqueçam de dizer o que estão achando de GOL DE PLACA, de curtirem e comentarem bastante. Até a próxima, beijos!!
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