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all i want for christmas is you | matthijs de ligt

             Jane Decker não acreditava em destino, no entanto, desde que esbarrou com Matthijs na véspera da véspera de natal em Leiderdorp, tinha uma séria dúvida sobre as próprias convicções. Coincidências costumavam acontecer com bastante frequência se tratando da relação que tinha com o jogador de futebol, mas algumas delas colocavam em xeque a capacidade da garota de manter os pés nos chão e as crenças em último plano.

Estava atrasada para as compras de Natal, não era bem novidade, afinal, aquela época do ano pouco significava para a garota. Desde que os pais se aposentaram e decidiriam viajar pela Europa em uma espécie de muchilão para a terceira idade, Jane não tinha motivação alguma para enfeitar a casa e arrumar os presentes. Veria a família somente no ano seguinte, em tese os irmãos, a cunhada e o sobrinho, em meio ao frio de fevereiro, com as ruas sem as luzes brilhantes e as renas nas calçadas. Natal não faria sentido, mesmo que seu sobrinho gostasse de usar um gorro vermelho e ficar gritando ho, ho, ho enquanto entregava os presentes a ela.

Sua noite consistiria em sentar na sala, abrir algum aplicativo de streaming e assistir a coisa menos natalina que pudesse encontrar. Filmes de terror sempre eram a opção preferida da garota. Enquanto as amigas comemoravam com os namorados e a família, Jane ria com o roteiro ruim de algum lançamento de Halloween do ano. A mãe dizia que ela tinha um coração de pedra, repleto de gelo incrustado, mas a garota sabia que o que a mulher gostaria de dizer era que, em algum momento, ela teria de superar o término do namoro.

Jane sempre gargalhava quando sentia as palavras se formando na mente da matriarca. Era fácil falar, difícil fazer. Três anos antes aquela mesma data havia se transformado no pesadelo de Jane. Um namoro de infância acabar no Natal parecia uma artimanha maléfica do bom velhinho para punir uma criança arteira. Jane não se lembrava de ter sido bagunceira ou mal-educada ao longo da vida, mas o Papai Noel parecia ter outra opinião.

Ela tinha certeza de que havia alguma comédia romântica natalina exatamente como a própria vida, por isso, gostava de passar longe daquelas produções clichês. Qualquer semelhança com o relacionamento que tivera com Andries faria com que o resto do ano fosse uma total catástrofe, como aconteceu no ano seguinte ao término. Um livro em seu Kindle foi o estopim para um Natal cheio de lágrimas e bebedeira desgovernada, uma dor de cabeça infernal no dia seguinte e um final de ano para esquecer depois da ligação que ela fizera ao rapaz, uma carta aberta e vergonhosa sobre a saudade que sentia dele.

Por isso, as comemorações na casa de Jane eram inexistentes. Sem família, sem a necessidade de fazer sala; sem romances, sem a necessidade de trocar de identidade e ir para outro país.

Mas aquele Natal estava sendo diferente. E não era um diferente que agradava Jane.

Era claro que os pais de Matthijs implorariam pela presença da garota na ceia da família de Ligt. Timmy, o irmão mais velho de Jane, foi melhor amigo de Matthijs durante a infância, consequentemente, também era melhor amigo de Andries. Aquele trio era a sina da garota. Quando eram crianças, os três viviam grudados na casa da família Decker, eram inseparáveis na escola, no futebol e na amizade. A garota cresceu sabendo que, em algum momento, acabaria apaixonada por um dos dois, o irmão querendo ou não, mas assim que começou a perceber que garotos não eram tão intragáveis quanto pareciam, Andries se tornou a primeira grande obsessão da menina.

Se ela pudesse voltar no tempo, diria a sua versão mais jovem que garotos eram sim intragáveis e nenhum deles merecia a atenção dela. Foram seis longos anos namorando o cara que, em um dos dias mais mágicos do ano, diria a ela que estava apaixonado por outra pessoa. Ela tinha que dar um crédito a ele, Andries teve a decência de avisá-la que havia outra garota no páreo e ele não queria magoar nem uma e nem outra, mas, de certo modo, acabou não adiantando muita coisa. Jane esperava um pedido de casamento ou até mesmo que ele fosse aceitar morar com ela no apartamento que recém tinha adquirido, no entanto, o universo achou que seria mais interessante criar um novo trauma na mente da garota. Tudo bem. Pelo menos ela podia se vangloriar por não ter sido traída. Não que ela soubesse e, bem, levando em conta que já haviam se passado bons três anos, não tinha interesse algum em descobrir.

Agora, tentava a todo custo não intimidar o jogador do outro lado da sala enquanto o observava conversar com o pai. Matthijs e ela nunca chegaram a ser próximos. Diferentemente de Andries, de Ligt não dava muita bola para ela. Era simpático, verdade, no entanto, parecia avesso à presença da menina em todos os lugares que o grupo ia. Timmy tinha a ideia de que precisava ser o melhor irmão mais velho para Jane e, na maioria das vezes, significava deixá-la brincar com ele ou levá-la às festas que o trio participava.

Matthijs parecia detestá-la na época, o que sempre deixou Jane irritada. O que ela havia feito além de acompanhá-los? Nunca contou a ninguém sobre as encrencas que o trio se meteu durante a infância, muito menos deixava escapar alguma artimanha que os meninos produziam quando estavam na adolescência e menos ainda se importava com as atitudes que eles tomavam enquanto deixavam de ser meninos infantis e se tornavam homens. Ela apenas existia ao redor deles.

Nem mesmo quando Andries se interessou por ela, aquele trio mudou. Matthijs, Timmy e Andries eram inseparáveis.

Não eram mais no atual momento, mas Jane tinha quase certeza de que a culpa não era dela. E se fosse, bem, não se sentiria culpada.

Fazia anos que não via de Ligt. Desde que o jogador foi transferido para a Juventus da Itália, o irmão e o garoto haviam se distanciado, mas não o suficiente para que a menina não ouvisse falar dele de tempos em tempos. Há algumas semanas, Timmy tinha dito que ele estava jogando na Alemanha. Era um dos jogos da Holanda na Copa, provavelmente contra os Estados Unidos. Jane entrou na sala e sentou ao lado do irmão, a face consternada de de Ligt pulsou na tela da tevê e a garota parou o movimento de levar um salgadinho à boca apenas para encará-lo com interesse.

Quantos anos haviam se passado? Ela não conseguia lembrar. Uma porção deles. Mas Matthijs ainda se parecia com o garoto que sentava no sofá da casa dos Decker e jogava FIFA com os irmãos dela. Com o cabelo mais curto que de costume e a barba por fazer, ele estava muito mais maduro do que ela se lembrava, muito mais bonito também. Jane não tinha memórias tão marcantes da beleza do garoto, mas sabia que ele era de tirar o fôlego desde aquela época.

Talvez fosse a carência. Talvez fosse a tristeza que sempre a assolava no Natal. Talvez ela só estivesse louca. Mas Matthijs de Ligt era gostoso de verdade. Usando suéter e jeans escuros, com o sorriso comportado e os olhares de relance do jogador em direção a ela, ele parecia um prato cheio para garotas famintas como Jane.

O pensamento fez o pescoço dela esquentar e, sem parecer muito desesperada, ela olhou para a direção contrária. Não antes de notar o sorriso perigoso que ele abriu.

— Tem certeza de que não quer lambiscar um pouquinho, querida? — Vivian questionou pela vigésima vez, estendendo em direção a Jane uma bandeja com aperitivos.

Apesar de sentir o estômago se contorcer em si mesmo, as uvas-passas entre os pedaços de pão estavam tornando a tarefa da garota de matar a fome mais difícil. Ela detestava frutinhas desidratadas e cristalizadas desde sempre. Timmy costumava dizer que era o pior defeito da garota, mas ela conseguia imaginar um ainda mais absurdo que aquele.

— Não, obrigada. — Sorriu, mas poderia estar chorando.

A matriarca dos de Ligt deixou as sobrancelhas caírem em uma demonstração de preocupação latente. Jane não estava acostumada àquelas comemorações e nem a dar explicações. A família a conhecia, as festividades eram raras e quase nunca estava ao redor de tantas pessoas naquela época do ano. Se sentia como uma intrusa e, de certa forma, era bem isso que era. Aceitar o convite foi mais uma forma de não prolongar o assunto com a família de Ligt quando se encontraram do que uma vontade verdadeira de participar da reunião. Ela sabia que a resposta negativa sobre passar o Natal com a família traria uma enorme confusão para si, mas não soube como contornar a situação quando, sem pensar muito, disse que os pais estariam em Sydney, na Austrália, durante a noite de Natal.

No fim do dia, estava enlouquecida atrás de uma roupa para usar naquela ocasião, tentando decifrar se deveria levar algo para a ceia e quais presentes deveria comprar para aquelas pessoas. Estava fora da zona de conforto e odiava se sentir perdida.

— Mãe, a Jane não gosta de uvas-passas — ela ouviu a voz de Matthijs surgir entre um pensamento e outro, buscou a figura alta do jogador atrás da mulher e piscou os cílios. De perto, ele parecia ainda mais bonito.

Vivian pestanejou, colocando a mão sobre o peito.

— Você deveria ter me dito, menina!

Ouviu o ronronar característico da risada do jogador e observou enquanto ele se sentava no sofá de frente para ela. Mantinha aquela expressão fugaz de quem estava adorando o desenrolar daquela trama, as pernas cruzadas e a barra das mangas do suéter erguidas davam a ele um ar despreocupado que não tinha nada a ver com a tensão que consumia Jane.

— Ela não quis atrapalhar — de Ligt avisou. — Você ainda gosta de espetinho de frango, não gosta? — questionou, arqueando as sobrancelhas loiras. — Lembro que vivia pedindo pro Timmy comprar quando a gente ia até o campinho.

Jane assentiu, buscando nas lembranças todas as vezes em que havia implorado ao irmão para parar na barraquinha antes de irem jogar. Matthijs constantemente parecia impaciente quando esperavam os dez minutos para preparar o aperitivo da menina. Era surpreendente para Jane que ele se lembrasse.

— Ótimo! — Vivian exclamou. — Para a sua felicidade, nós temos frango sendo preparado.

Jane tentou dizer que não era necessário, que estava tudo bem, mas não teve a chance. Vivian era uma força da natureza, indo aqui e lá em uma velocidade ímpar. A garota não sabia dizer se queria que ela continuasse ali porque não gostaria de incomodá-la com aquilo ou apenas porque não gostaria de ficar cara a cara com o jogador que a observava com afinco.

— Se continuar assim, vai acabar tendo um derrame — Matthijs disse, travando uma guerra entre a vontade de rir e a vontade de se manter neutro.

Sobressaltada, Jane encarou o jogador. Só entendeu o que ele havia dito quando percebeu que estava hiperventilando. Se passasse mal na noite de Natal, teria mais um motivo para detestar aquela data. Já achava que uma noite ruim era suficiente para acabar com as expectativas dela, não precisa mesmo de uma nova. Soltou o ar com lentidão e se ajeitou na poltrona, desejando que tivesse dito não para o convite mais uma vez.

— Não gosto do Natal — ela resmungou, passando os olhos pela decoração da sala, mas nunca sobre ele. Estava começando a achar que o maior problema era Matthijs e não a própria incapacidade de comemorar com os demais.

— Eu percebi. Sua cara não é das melhores, J.

Não teve opção além de fitá-lo com curiosidade. Alguns momentos no passado valiam a pena entre aquelas duas pessoas. Jane ainda se lembrava do apelido com que de Ligt a chamou durante muito tempo, ele sempre o usava quando estava tentando ser legal e não apenas distante.

— Não sei se fico preocupada com a minha aparência agora — tentou brincar, colocando as duas mãos sobre as bochechas.

O jogador aumentou o sorriso que, pela primeira vez em muito tempo, ela percebeu que sempre chegava até os olhos. Estava indignada com a própria incapacidade de perceber muitas coisas sobre Matthijs de Ligt, desde a beleza estonteante, o sorriso galanteador e os olhos azuis cintilantes, até o carisma que o abandonava em cada palavra dita, o olhar marcante e a tensão absurda que os envolvia.

— Não, você tá bonita. Bem bonita, sério — ele assegurou.

Desde o momento que se esbarraram na loja de bolos no centro da cidade, Jane estava lutando contra a vontade de ficar divagando com as mãos grandes do jogador que a envolveram em um abraço desajeitado, os sorrisos de lado que ele lançou a ela, o dar de ombro despreocupado quando lhe disse que deveria participar da ceia de Natal da família, mas, principalmente, a encarada longa sobre o corpo dela, o tipo de encarada que poderia incendiar um país inteiro. Calor invadiu Jane de imediato, a vontade avassaladora de sentir os lábios dele sobre os dela, o desejo de descobrir o que estava além daquele jeitão comportado que ele sempre portou.

Jane balançou a cabeça no mesmo instante, tentando apagar aqueles pensamentos que se intrometeram na mente dela. O que diabos estava fazendo? O celibato dos últimos meses começava a deixar a garota louca, a beleza de Matthijs era imprudente e de tirar o fôlego, verdade, mas não podia deixar que um mero encontro a transformasse em uma massa disforme de hormônios descontrolados.

— Então, você ainda tá por aqui — ele questionou, percebendo que Jane não responderia ao elogio. — Na cidade?

— É, estou. Nem todo mundo tem talento para ir para Munique.

Matthijs deixou escapar uma risada. Ele entortou os lábios com o sorriso convencido.

— O que você faz da vida, Jane?

— Nada de mais. Abri uma floricultura com uma amiga. Somos a melhor da cidade, sem querer me gabar. Fazemos buquês como ninguém.

— Interessante. Talvez eu devesse encomendar algumas flores com vocês?

— Se sua namorada gostar de rosas, temos vários arranjos bem bonitos... — Ela esperou, o sorriso presunçoso de de Ligt surgiu e aumentou consideravelmente, revelando o brilho matreiro das írises azuis dele. Algo no ar indicava que Jane havia entrado em uma estrada que pagaria para chegar até o final. Tudo nela começou a se agitar.

— Não tenho namorada, Decker.

Ela arqueou as sobrancelhas.

— Sério? Podia jurar que você tinha.

Nah. Você e Timmy sempre foram os românticos do nosso grupo.

Foi a vez de Jane rir. Ela tombou a cabeça para o lado e deixou a risada consumi-la. Matthijs gostava de vê-la assim, animada, mesmo que soubesse que os motivos não eram bem os melhores. A tensão que exalava da garota o preocupava, precisava dar um jeito de relaxá-la um pouco. E ser arrogante e prepotente costumava ajudá-lo quando eram mais novos. Jane não era o tipo de garota que se impressionava com facilidade, era sempre muito segura de si e do que queria, de Ligt não estava acostumado a vê-la com tanto espanto no olhar, esquiva e nervosa.

A única coisa que queria era saber como tirar aquela nova Jane de perto da Jane que costumava conhecer. E as piadinhas eram o maior trunfo do jogador.

— Romantismo é superestimado, você tem razão — ela disse, cruzando as pernas.

O vestido verde que usava grudava ao corpo dela com deleite, mas a fenda na coxa esquerda era o que chamava a atenção do rapaz como um farol. Ela sempre foi linda, Matthijs tinha certeza sobre aquilo desde o momento que entendeu que Jane era a garota que o perseguiria pelo resto da vida. Era uma pena que só tivesse olhos para o idiota do Andries na época que descobriu aquilo, mas o que ele poderia fazer para mudar a equação? Nunca foi confiante como deveria, no entanto, se pudesse voltar no tempo, teria dado um jeito de fazê-la perceber o que estava bem embaixo do nariz.

O jogador fitou os olhos amendoados dela.

— Não, não é não. Com a pessoa certa não é.

— O problema é achar a pessoa certa — ela retaliou, mais voraz do que de costume.

— O problema são as pessoas erradas, J. A gente sempre encontra elas primeiro.

A garota mordiscou o lábio inferior.

— Você parece que entende disso muito bem.

— Um pouco, eu acho.

Matthijs sabia que estava próximo demais do limite daquela conversa. Falar de Andries só tornaria o humor da garota pior, cutucar naquele assunto poderia colocar um elefante na sala e não era bem o que queria. Gostaria de aproveitar a noite, essa era a verdade. Não via Decker há muito tempo, nunca chegou a ter uma relação decente com ela e culpava o antigo melhor amigo por isso. Quando soube que estava atraído por Jane, Andries também descobriu o mesmo que ele. Sabendo das paixonites secretas da menina pelo melhor amigo, acabou deixando que ele a conquistasse. Deveria ter furado o olho dele, era o que sempre pensava. Não dava a mínima agora. Andries nunca foi o cara certo.

Agora... Bem, parecia tarde demais para pensar em dar o passo que deveria. O que ele diria? Que sempre foi apaixonado por ela? Não, todos aqueles anos longe da menina haviam atrapalhado as certezas de Matthijs. O problema foi tê-la visto novamente. Tudo que havia esquecido, de supetão, retomou para ele. Aquele mesmo arrepio de expectativa ao vê-la, as mãos suando de nervosismo, o coração na ponta da língua, batendo como um louco. Era como se nunca tivesse ido embora.

Jane era estonteante e fazia com que se sentisse um garotinho apaixonado novamente. Com aqueles olhos que o examinavam minuciosamente, ele se sentia exposto em uma galeria, como uma obra curiosa demais para que ela não se interessasse. Desejava que ela estivesse gostando do que estava vendo.

— Como está lá na Alemanha? — ela perguntou, o silêncio entre eles pareceu durar tempo demais. — Bayern de Munique, não é? Ouvi dizer que eles vencem a liga todos os anos, parece fácil jogar para eles...

Matthijs sentiu a provocação pairar entre eles. Os olhos ingênuos dela eram um belo disfarce para a tentativa de tirar uma com a cara dele.

— É muito fácil jogar para os melhores, J. Por isso eu fui pra lá. Pra vencer.

Ela arqueou a sobrancelha. Com um sorriso malicioso, a garota cruzou os braços sobre o peito.

— Os jogadores sempre têm as respostas mais soberbas.

— Mas é óbvio, não é? Futebol sempre tem dois lados: ou você joga porque ama jogar ou você joga porque ama vencer. Eu gosto dos dois.

Ela não tinha uma réplica pronta para a resposta dele. Matthijs estava certo, era um fato, e Jane sabia que o time alemão tinha tudo que muitos jogadores desejavam: fama, um arsenal insano de bons jogadores, uma liga inteira aos pés deles e chances reais de vencer todo tipo de competição que entravam. Ela ainda lembrava da campanha espetacular da última Champions que os bávaros conquistaram. Foi uma temporada de se orgulhar, com o triplete conquistado e uma goleada para cima do Barcelona. Timmy era culé desde sempre e havia chorado como uma criança enquanto via o clube do coração ser massacrado. Até hoje ele meio que odiava o time alemão.

— Se você ganhar o campeonato com eles, deveria me convidar para comemorar — ela soltou, sem saber exatamente o motivo de estar cobrando aquilo dele. — Ouvi dizer que eles fazem uma festa insana na cidade depois dos títulos. O que é bem engraçado porque, bom, só eles ganham.

Matthijs não conseguiu deixar de rir.

— E eu deveria te chamar para comemorar por...?

Ela deu de ombros.

— Eu não tenho talento para ir até Munique. Você deveria me pagar por ter me importunado enquanto éramos crianças.

— Você é meio rancorosa, J.

— Tô tentando melhorar na terapia.

O que não era uma mentira. Estava participando de sessões quinzenais há alguns anos e gostava do tempo que passava com a psicóloga. Ela sabia muito bem qual era a relação que tinha com relacionamentos amorosos desde o fatídico dia que descobriu que o cara que jurou amar para sempre não a amava tanto assim. Rancor e mágoa eram seus maiores inimigos, mas em alguns dias eram as únicas coisas que tinha.

— Certo — Matthijs a respondeu. — Se ganharmos, vou cobrar a sua presença na comemoração.

— Ótimo.

A noite passou como um foguete enquanto Jane e Matthijs colocavam o papo em dia. Havia muita coisa sobre ele que ela não sabia e havia muita coisa sobre si que ele não sabia. Estava se divertindo como nunca imaginou que se divertiria ao lado do jogador, rindo a plenos pulmões de histórias sobre italianos que ele conheceu no tempo de Juventus e sobre morar em Munique. Matthijs ainda tinha o senso de humor de outrora, mas agora, mais velho, ele não aprecia tão chato quanto ela achava no passado. Percebia também, que poderia ter se dado muito bem com o rapaz naquela época se tivesse o percebido como percebia agora.

A ceia passou como um borrão também. A família do rapaz era divertida, como ela costumava se lembrar, as comidas eram deliciosas e as conversas com os de Ligt não a pressionavam em nada. Ninguém se importava com seu negacionismo natalino e nem com o ex idiota que a deixou no passado. Falavam sobre coisas que Jane gostava, como a floricultura, os irmãos e o sobrinho, as viagens dos pais e, claro, sobre Matthijs. Estava adorando conhecer aquele novo lado do jogador, estava adorando sentir o olhar dele sobre si a todo instante, as faíscas de algo que somente eles pareciam entender.

Quando a bateria social que tinha chegou ao fim e a noite se estendia pela madrugada, Jane se despediu de todos os presentes, recebendo as broncas de Vivian sobre precisar visitá-la mais vezes. A garota acatou a todas elas e se pegou pensando em como deveria separar algumas belas tulipas para a mulher, porque sabia que ela adorava. Recebeu o abraço dos pais de Matthijs e foi seguida pelo jogador até o lado de fora da casa.

Ele colocou um casaco acolchoado sobre o suéter e uma touca sobre o cabelo bem loiro. Os dois caminharam lentamente e desceram as escadas até a entrada. A noite estava gelada como deveria ser naquela época do ano, a rua estava vazia e as janelas das casas se iluminavam com as luzes. Todos deveriam estar abrindo os presentes naquele horário ou comemorando com a família.

O silêncio entre eles não perturbava Jane. Apesar do nervosismo inicial, ao lado de Matthijs não se sentia culpada por não estar tagarelando ou se mostrando demais, ele não a importunava com perguntas e quando o fazia era divertido para ela. Os dois pararam de frente para o carro de Jane estacionado na calçada e ela se voltou para o jogador.

Matthijs a observou. A ponta do nariz da garota estava corada, assim como as bochechas, o sorriso simplório inundava o rosto dela enquanto os olhos amendoados se fixavam nele. Não conseguiu deixar de ficar impressionado. Jane sempre foi bonita, nunca deixaria de ser, porque havia algo na calmaria de seu semblante que deixava de Ligt sem palavras.

— Foi uma boa noite — ela confessou ao dar de ombros. — Não me lembro da última vez que me diverti assim durante o Natal.

— Então você não se arrependeu... — indagou. — Isso é bom.

— Pensei que fosse me arrepender — a garota disse com sinceridade. — Desde que Andries terminou comigo, o ponto alto das minhas noites de Natal são os massacres sangrentos de filmes de terror.

O jogador não conseguiu reprimir a risada.

— Você é estranha, Decker. Gosto disso.

Jane se recostou no capo do carro e se apoiou com as mãos, observando o jogador de um novo ponto de vista. Os olhos dele pareciam brilhar ainda mais com as luzes da rua, como se tivesse estrelas nas írises azuladas. Ele era bonito de qualquer jeito, mas com a pouca luz havia uma áurea diferente nas feições dele.

— Não sei se você tá tentando me ofender ou o quê...

— Tô tentando dizer que gosto de você, J.

A primeira reação de Jane foi rir, não porque fosse engraçado, mas porque parecia inusitado ouvir Matthijs dizer que sentia algo positivo por ela. E também, havia algo nele durante toda aquela noite que a estava deixando maluca, aquela proximidade nunca foi natural para os dois, costumavam ser opostos, no entanto, ali estavam eles, se divertindo juntos, rindo juntos e... bem, Jane estava intrigada com a eletricidade que sentia por ele, aquele desejo latente de descobrir o que poderiam ser quando estavam juntos.

De Ligt sentiu o clima mudar com a risada desconcertante de Jane. Ela o encarou de verdade, com a intensidade que ele almejou durante toda a noite. Ela acreditava nele, sobre gostar dela e tal, estava em todos os trejeitos da mulher. Ela só não tinha noção de quanto.

Matthijs cobriu o espaço que os separava, tirou as mãos do bolso da jaqueta e as colocou em concha sobre as bochechas dela. O frio da pele da mulher contrastava com o calor das mãos dele. De imediato, Jane segurou os pulsos do jogador, aproximando-o mais de si. Era um movimento para dois, como uma dança que deveria estar em um palco, mas era sincronizada no escuro, apenas com uma breve iluminação sobre os dois. Ele tocou os lábios dela com gentileza, um beijo que parecia feito para durar pouco, mas Matthijs poderia transformar os segundos em eternidade. Jane enlaçou o pescoço do jogador e ficou na ponta dos pés, sentindo o carinho dos polegares do jogador na pele.

A intensidade tomou conta dos dois. Eles tinham a certeza de que não estavam sozinhos naquela vontade, que não eram os únicos a sentir aquilo. Ela queria beijá-lo tanto quanto ele queria beijá-la e não havia combinação melhor que aquela.

Decker se afastou poucos milímetros, encontrou o sorriso dele antes de encontrar a ferocidade dos olhos do rapaz. Com um sorriso tão sagaz quanto o dele, ela exprimiu:

— Uau... — ofegou. — Parece que você gosta mesmo de mim.

De Ligt riu. O som fez cócegas nos ouvidos de Jane, transbordou um copo cheio dentro dela e a fez desejar mais daquela emoção que começava a brotar no peito dela.

— Gosto pra cacete, J.

Ele a envolveu em um abraço pelos ombros, circulando a cintura dela com o braço esquerdo. Pareciam perdidos dentro daquela bolha e nem mesmo o frio poderia atrapalhá-los.

— Interessante — ela sussurrou, umedecendo os lábios e sentindo o gosto daquele beijo com toda a intensidade que possuía. — Bem interessante.

Matthijs sorriu travesso e depositou um selinho nos lábios dela.

— Um desejo.

— O quê? — ela questionou, ainda atordoada.

— Um desejo de Natal e eu faço o que você quiser.

Ele queria que ela pedisse o mesmo que passava pela mente dele. Jane não precisou pensar muito. Tirou as chaves do carro de dentro do bolso do sobretudo e colocou sobre a palma da mão dele. Com o mesmo sorriso que estava espelhado nele, a garota puxou o jogador para mais perto dela e beijou os lábios dele com ternura.

— Quero você.

Ele não precisava que ela dissesse de novo. Tudo que ele desejava era Jane Decker. Desde sempre, quem sabe. E se ela o queria também, era Natal e todos os pedidos feitos naquela época deveriam se realizar. 


Feliz natal, mundilovers!!! E feliz ano novo também 👀

Meio atrasado por aqui as comemorações, mas a última semana foi meio agitada e eu não consegui terminar de escrever esse conto natalino em tempo. AIWFCIY é um presente/pagamento de aposta pra habitsseavey porque tem eras que ela me pede pra escrever com o loirinho holandês dela e também porque no primeiro jogo do Brasil na copa eu prometi que iria escrever um conto pra todo mundo se a gente vencesse e agora eu endividada pelos próximos anos 😮‍💨😮‍💨

pessoal, espero que tenham gostado, especialmente a laura. em breve mais contos serão postados, já que né, fiz promessa demais e o Brasil nem hexa foi 😫😫

podem pedir contos também, ano que vem vai ter muita coisa boa por aqui!! E não deixem de olhar as nossas listas aqui no perfil, tem muita fanfic boa com fut sendo postada e muita coisa com fórmula 1 também!

espero que todos tenham um ótimo fim de ano e um 2023 maravilhoso! sejam felizes e espalhem amor, obrigada por terem feito nosso 2022 melhor lendo nossas histórias, comentando e tudo mais. vocês são fera! até a próxima ❤️‍🩹

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