San Diego, 17 de outubro, 2019
     Mansão Blake

    Por que se preocupar? Ela repetia a si mesma que não deveria, não quando encontrou na manhã seguinte ao jantar dos Faythom, uma única margarida em cima da cama, suspirei, sentindo a garganta arranhar.
        Levantei da cama, me apoiando na mesma para ter equilíbrio enquanto ia até o banheiro, balancei a cabeça, largando a margarida em cima da cabeceira da cama, depois ela descobria quem tinha a colocado.
        Escovei os dentes e fiz minhas higienes pessoais, colocando uma legging preta e uma regata da mesma cor depois de tomar banho, tinha treino depois e precisava estar preparada. Como havia sido tirada do time arranjei outro tipo de hobbie que me fazia tão feliz quanto. Ballet.

  Estava terminando de me arrumar quando um barulho de algo quebrando no andar de baixo chamou minha atenção.

      ── Elli. ── gritei não obtendo resposta.
        Elli trabalhava para nós desde de que me lembrava por gente, até que lembrei que tinha dado folga para ela, quando queria um pouco de tranquilidade apenas Elli passando aspirador de pó no andar de cima me tranquilizava pois aí poderia relaxar o quanto quisesse.

    Outro barulho esse mais próximo.

      Saí do quarto, encontrando Valentina tapando a boca de Désiree que praticamente dava pulinhos para tentar sair. Mas que merda  estava acontecendo? Então percebi, pelo o olhar de Valentina, ela achava que meu irmão estava em casa.

      ── O que tão fazendo aqui? ── Désiree deu de ombros.

      Valentina  soltou um suspiro se separando de Désiree.

      ── Acertaram meu carro com pedras e  colocaram fogo no armário dela. ── Désiree disse simplesmente.
     
    Valentina revirou os olhos.
      ── Não significa que seja um problema, afinal  eu ia jogar os trabalhos nele fora, só me ajudou. ── Désiree disse, a encarei estupefata. ── O que? É um problema a menos na minha vida.

      Mordo a língua para evitar fazer qualquer comentário a respeito, primeiro a margarida, agora isso. Ela sabia que algo estava terrivelmente errado, só não sabia o quanto, baixei o olhar buscando uma solução.
   Nada.
      ── É o mês do Halloween, é completamente normal pegadinhas. ──     Désiree quebrou o silêncio.

  ── Não nesse nível. ── Valentina contestou.

     Concordei com um aceno de cabeça, isso não era uma simples pegadinha. Suspirei,  por elas e começando a descer a escadaria da mansão. Elas me seguiram até o andar debaixo, parando e me escorando sob o corrimão da escadaria.      

     ── Só precisamos esperar agora.

As vezes me perguntava de onde tinha vindo todo essa confiança imponente de Valentina,essa responsabilidade, aquele senso de sempre ser confiante. Demorou anos para ela ter essa confiança, enquanto Valentina já a tinha por instinto.
   
        Devia tudo isso a uma certa pessoa porém não podia culpar todos, tinha aprendido de forma dolorosa isso. E a verdade, tinha uma parcela de culpa mas ninguém nunca gostava de admitir seus erros, não era diferente assim deles.

      E agora....

       Tudo estava acontecendo de novo, as pegadinhas de mal gosto,  sempre que o Halloween se aproximava acontecia isso, como se tivessem tentando me dar um aviso. Como se fosse uma tradição desde do acidente, para ver até onde aguentaria até perder a cabeça por conta disso, quem não enlouqueceria ?
Levava qualquer um a loucura em pouco tempo. Sentei ao pé da escadaria, sentindo um pouco de tontura, o gosto amargo presente em minha boca.

     ── Isso não é normal, não quando colocam fogo no seu armário. ──  declarei.

     Me colocando de novo em pé, não tinha nada no estômago e não queria ter outro ataque de glicemia. Fazia poucas horas desde de que tive o último e não queria outro episódio daqueles, odiava isso.

       Ainda mais depois do que aconteceu no jantar dos Faythom uma vergonha, o sermão que veio depois foi terrível e doloroso demais para os ouvidos.

    ── O que fazemos? ── perguntei.
    Désiree tossiu.

   ── Esperamos, se acontecer outra vez teremos certeza de que não é a merda de uma pegadinha. ── Valentina declarou, olhando diretamente para  Désiree que deu de ombros. ── Só precisamos esperar.
     Ela não queria esperar.

    Ela revirou os olhos ao passar pelo estacionamento do prédio em que treinava, sentindo no ar o cheiro de café e biscoitos amanteigados.  
     O som do café, alto e constante a fez sorrir, a lembrando de seu cappuccino entrando na fila, ela esperou para fazer seu pedido.

     Depois de pegar meu pedido parti para o estúdio, sorrindo para o nada. Poderiam me achar louca, mas não me importava. Abri a porta do estúdio passando por ela,  cumprimento Rebecca que estava no balcão.  Rebecca era como poderíamos dizer a gerente do estúdio já que era basicamente responsável por tudo, muito mais do que o dono.

    ── Tão cedo, Jean? ── pergunta vendo minha bolsa.

    Dei de ombros. Rebecca tinha virado minha amiga, ela sabia muitas fofocas do prédio e compartilhava comigo, as vezes achava que vinha só para ouvir suas fofocas, ela sabia como cativar uma pessoa.

── Sim, quis vim mais cedo. ── a língua estalou enquanto ela tomava o café.

Os olhos correram para o novo uniforme de  Rebecca, um preto com um vestido lilás diferente do vestido branco e o blazer enorme azul claro igual ao céu.

   ── O que aconteceu com seu uniforme? ── Rebecca se agachou sobre o balcão como se estivesse contando um segredo.

  ── O Senhor Campbell vendeu vinte por cento das suas ações, significa que agora eu tenho  um novo chefe. ── pisquei.

   O Senhor Campbell não era de vender suas ações, muito menos de fazer parcerias, era muito orgulhoso para tal assunto, com a cabeça erguida e um sorriso de desdém quando lhe perguntavam sobre seus estúdios famosos de dança.

   ── Já o conheceu? ── inclinei a cabeça.

  Ela balançou a cabeça.

  ── Não, Sophie disse que ele está trabalhando na sede mas... ── a interrompi.
  
    Sophie era a assistente do Senhor Campbell, ou seja, qualquer coisa que acontecia no estúdio ou na sede ela era a primeira saber o que era.

   Ela parou de falar instante.

── Em Nova York, sei. ── sabia da sede em Nova York, afinal o Senhor Campbell tinha criado seu Império lá, por isso a sede estava lá, mas ao olhar para Rebecca  percebeu que ela lhe escondia algo. ── O que está me escondendo?

  Rebecca não respondeu imediatamente, apenas inclinando a cabeça em alerta.

  ── Aí vem ele. ── murmurou assustada.

  Não foi preciso,  do elevador saiu vestido em uma camisa azul clara e calça social preta, com sapatos  ao lado do Senhor Campbell a única pessoa que ela não esperava, sabia que ele apreciava balé , e piano mas isso...

── Liam... ── deixei escapar em um sussurro.

   Ele não levantou o olhar dos papéis de segurava até o Senhor Campbell chamar sua atenção, e quando olhei diretamente para ele as lembra casa da noite do baile de primavera da sua família vieram a minha mente.

  Vi sua mão se apertar nos papéis,  a garganta se movendo como se tivesse seca, ele desviou o olhar para o chão. O Senhor Campbell se aproximou quase o arrastando junto consigo, as vezes esquecia o quanto Liam podia ser tímido.  Do trio apelidado Mal, Liam  sempre foi o mais tímido entre os três, até entrar no ensino médio e perder completamente a timidez.

Rebecca intercalou o olhar entre nós dois, como se estivesse vendo sua novela preferida, o Senhor Campbell chamou seu nome, Liam levantou a cabeça para mim demonstrando por um instante a sua hesitação antes de mudar a própria postura.

   
── Oh querida Jean que bom que está aqui quero lhe... ── mas Liam o interrompeu.

  Seus olhos indo para minha bolsa de treino e meu cabelo antes de parar em meu rosto.

── Dispenso as apresentações Campbell já a conheço, bem até demais. ── mas a última parte tinha certeza de que somente eu tinha ouvido. ── Blake.── murmurou.

── Faythom. ── respondi da mesma forma.

  Erguendo o queixo.

  Recordando de anos atrás, do mesmo olhar que me lançou, igual ao que me olhava agora, como se estivesse memorando cada detalhe, cada parte minha, como uma foto que ficaria bem protegida em sua mente.

── Já se conhecem? ── o Senhor Campbell quebrou o silêncio.

  Liam levantou uma sobrancelha para mim.

  ── Ela é a irmã mais nova do meu melhor amigo. ── Rebecca emitiu um suspiro.

  Guardei uma nota mental de avisar para parar de ler livros, com o tema irmã do melhor amigo, para ela era como ver seu livro favorito acontecendo na sua frente, ao vivo e a cores, ela e o Senhor Campbell eram a plateia do pequeno drama até as outras bailarinas chegarem.

Dei de ombros, de forma indiferente ao seu olhar.

  ── Há quanto tempo se conhecem? ── o instrutor dela quebrou aquela tensão  palpável  no ar.

   ── Há dez anos. ── respondemos juntos.

   O Senhor Campbell balançou a cabeça.

  ──  Por que não me disse? ──  parecia inclinada a responder de forma rude, tipo:  o dinheiro dele não me importa ou por que te devo explicações? Mas ela mordeu a língua para se impedir de falar. Apesar de não ser a melhor pessoa, não tinha culpa da intriga entre ela e Liam.

── Campbell, acho que naquela época ela estava mais interessada na carreira de bailarina ── ele sorriu para ela. O desgraçado ainda sorri. ── Do que outra coisa.

Esperando que ela retrucasse seu argumento, esperando que ela agisse como ela.

  ── Por que não conta a eles o que fazia senhor Faythom? ── perguntei esperando que a sua máscara de bonzinho caísse. Ele adorava usar máscaras com todos, principalmente com ela, Jean tinha aprendido a usá-las também.  Porém naquele momento sentia  a máscara de falsa gentileza quebrar aos poucos.

  Então por que motivos não podia usar isso ao seu favor?

  ── Ajudava o meu pai em seus negócios. ── mentiu descaradamente.

   Sem se importar se  o desmentiria na frente do Senhor Campbell, mas duvidava que ele acreditasse nela, a influência que o sobrenome Faythom tinha era tão grande quanto o sobrenome Blake.

     Duvidava que Campbell se meteria entre eles.

      O jeito que olhava para os dois, esperando que fizessem qualquer coisa, ela se controlou fechando os olhos. E era isso que mais odiava em Liam, a tranquilidade com a qual ele estava lidando ali, já não bastava ter que aturar ele em eventos, agora ali, no lugar que se tornou seu refúgio depois daquela noite fatídica.

    O observou mordendo os lábios de forma inconsciente quando uma palavra ecoou em sua cabeça:
Não.
Novamente não.

  ── Desculpe mas eu tenho que ir treinar. ─── disse, o instrutor concordou em um aceno de cabeça.

VRebecca ainda assistia abismada a cena que se desenrolava a sua frente, Deus, nada podia dar certo na vida dela?  Olhou uma última vez para Faith antes de começar a andar em direção ao estúdio de dança.

── Me encontre no meu escritório depois. ── engoli em seco finalmente passando por ele.

Passei correndo para o estúdio, não o deixaria fazer novamente, fosse o que ele tivesse em mente, nunca mais. Não depois do que eles fizeram, fechei os olhos parando para respirar por um  segundo. Fosse qual fosses  o plano dele dessa vez não deixaria ele vencer.

Correndo para o elevador, uma vez que se abriu apertei o botão do terceiro andar, me escorando contra uma das paredes dele. Engoli o nó em minha garganta escutando as portas do elevador se abrirem.
 
    Andei pelo corredor até uma das Salas, enfim encontrando o estúdio ao meu redor, espelhos por todo o lado, encarei meu reflexo.

O esqueça, disse a mim mesma, enquanto me alongava sobre a barra, repreendendo cada pensamento meu por não ter visto seus olhos, me condenando, mesmo a metros de distância ele conseguia ter esse efeito sobre mim.

  Como se ela tivesse voltado a ser aquela adolescente louca por algum tipo de liberdade, por algum tipo de fuga dos seus problemas médicos. A garota que ainda odiava o fato dos pais a tratarem como se fosse feita de vidro por conta da sua glicemia.

    Eles se preocupavam, me lembrei. Assim como Axel.

   Aos poucos normalizei minha respiração, focando nos alongamentos que fazia, mesmo a lembrança  de mais cedo atormentando meus pensamentos.

    Se encostou na barra fria, tentando entender aquela sensação de nervosismo. 
    Sabia que não iria ao escritório dele.
 
   Nem mesmo se ele implorasse ou a arrasta-se a força pelo braço para seu escritório, daria um jeito de contorná-lo e ir para casa sem pensar em olhar para trás, não estava nem um pouco preocupada em ficar a sós com ele em um escritório.

  Ele que esperasse o quanto quisesse.

Seu corpo se recusou a descansar depois de noite passada e ela agora sentia no corpo os efeitos da noite mal dormida agora.

   Porém quando levantou o olhar para a sala que ficava acima do estúdio, que o Senhor Campbell construiu para não ter que descer de seu escritório sempre que quisesse vê-las, o pequeno auditório com vidros fumê.

   Uma pessoa o ocupava naquele momento. A observando com os olhos brilhando enquanto ela executava um giro, e se movia para frente.
 
       Liam.

   Não esperou. Simplesmente desligou a música, pegando a bolsa e saindo correndo para a porta secreta que sabia que dava no andar de cima. Apenas subindo uma escada, Rebecca tinha mostrado aquela porta há muito tempo para ela.
Foi assim que ela descobriu como Campbell chegava tão rápido ao estúdio sem ter que esperar o elevador descer do quinto andar do prédio para o terceiro. Corri escada acima chegando rápido ao quarto andar, entrando na porta onde Faythom estava gravado, Campbell com toda a certeza deveria ter mandado fazer.

     Achou ridículo.

   E ainda mais ridículo a aparência com a qual Faith apareceu, a camisa social com alguns botões abertos, um cigarro na mão.  Parecia ter dezessete anos outra vez, pensei, esperando que largasse o cigarro.

── Jean Blakea que devo sua ilustre presença no meu escritório? ── perguntou. ── Ou melhor, a que devo sua presença algodão doce?

  Evitei revirar os olhos.

── Vim pedir para que não me veja dançar.

      Liam inclinou a cabeça como se estivesse considerando as palavras.
       ──  Está pedindo muito não acha?
        
   Arqueei uma sobrancelha, cruzando os braços.

         ── Querer privacidade e pedir demais? ── ele deu de ombros, voltando a fumar seu cigarro dispensando as minhas palavras.

         Ele continuou em silêncio por cinco minutos, assim, fumando seu cigarro e a ignorando como se não estivesse ali parada na frente dele. Queria bater os pés para que Liam olhasse para ela, para que a escutasse.
         
   Então disse, de forma categórica'

       ── Sou chefe, tenho o direito de vê-la dançar. Campbell te paga para dançar, isso te torna uma empregada Jean, apenas uma bailarina de teatro.── Apertei as unhas nas palmas das mãos, evitando dar a ele a satisfação de que estava certo.

── O senhor tem razão. ── forcei-me a dizer.

          Inegavelmente Liam tinha se tornado meu chefe,  era paga para estar ali e agora Liam tinha comprado ações e se tornado sócio, como podia dizer que não era seu chefe? Ele inclinou a cabeça para cima, olhando para ela como se estivesse acima dele.

       ── Não sou Campbell.

           ── O que? ── perguntou sem entender.

           Liam se aproximou.

        ── Não vou obrigá-la a me chamar de senhor.
           Olha como é generoso, pensei de forma irônica.

          ── Que caridoso da sua parte, o que mais vai fazer? ── Ele sorriu simplesmente. ── Pelo menos isso. ── resmunguei.

         ── Nada ainda, mas pelo menos consegui  te trazer até aqui. ── murmurou divertido. ── Planejava fugir pela escada de incêndio ou a porta da cozinha? Sei que estava planejando uma fuga, não adianta negar.

     Grunhi de frustração. Ele tinha me colocado exatamente onde queria, só facilitei seu trabalho.
    Ele se abaixou, o cheiro de cigarro veio até mim.
   
     ── Quer ser minha assistente? ── perguntou de repente. Neguei firmemente.

       ── Secretariado então?

        Secretaria? Dele? Nem morta gostava de ser bailarina e duvidava muito que Liam estivesse falando sério sobre isso.

    ── Quer ser minha Secretária? ── Tornou a perguntar.

        ── Obrigado pela gentil oferta mas não. ── tudo o que queria nesse momento era ficar o mais longe dele. ── Tenho que ir treinar.

      ── Seriamente?

     ── Quanto mais distância houver entre nós será melhor para mim. ── sorri falsamente para ele. ── Adeus.

      Se esse era o motivo de me chamar para seu escritório foi grande perda de tempo. Para mim e para ele.

    
     ── Realmente pensa isso, Ciderela? ── Sua voz ecoou pelo ambiente.

    Cinderela? Quanto tempo continuaria com aquela piada.

     ── Sim, é Jean não Cinderela. ── Resmunguei irritada.

       Liam apontou para a porta, fazendo uma pose ridícula enquanto saia.

Talvez estivesse na hora de uma coisa nova, talvez fosse a hora dela se mudar,ainda  não tinha  dezoito anos, mas o que eram alguns meses? Duvidava que aguentaria conviver com Liam em uma sala por mais de quinze minutos.

      Não havia nem sequer um sentido para ele estar ali a incomodando. Poderia muito bem estar fazendo a vida de outra pessoa um pesadelo.

     Esperava pelo menos ter o que queria. Dessa vez.

        Não era mais a garota idiota que muitos enganaram sem pensar nos seus sentimentos. Demorou muito para aceitar que não havia outra alternativa se não endurecer o coração.

         Se lembrava de tantas vezes em que acabou sendo humilhada,  tudo que ela pediu foram amigos e felicidade é não aconteceu. O pai parecia odiá-la, a mãe se importava ao menos um pouco, pelo menos tinha Valentina e Désiree mas elas tinham seus próprios problemas então havia Axel.

           Por mais que para o irmão ela sempre tivesse parecido uma garota legal, por assim dizer, que tinha seus ataques de rebeldia não era verdade. Ele não sabia nem de metade da história, era muito longa para se pensar em contar e definitivamente queria guardar para si mesma.

           Queria pensar que a gentileza podia descongelar até o ser mais frio, conquistar a todos porém só atraía pessoas incomodadas. Se surpreendia ao saber que o irmão não tinha nem ideia de como seu melhor amigo era com sua irmã.

         Foi fraca ao ponto de ser esfaqueada e quase morrer e nem se lembrar de quem havia sido. Droga, nem lembrava de seu salvador, bateu a porta dos vestiários quando sentiu a ardência nos olhos.

            Se pudesse descobrir a quem pertencia aquele medalhão, se obtivesse respostas. Ainda tinha um dia grande pela frente, fingir que a presença de Liam não incomodava estava se mostrando uma tarefa muito difícil somente esperava que retornasse logo a Oxford e que tudo em sua vida voltasse aos eixos.

       Suspirei passando as mãos pelo rosto. Seria um longo dia. Ao menos esperava que essa palhaçada acabasse de uma vez.

Notas da Autora: próximos capítulos contaram com flashback's