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𝐎𝐔𝐓𝐑𝐎 𝟏.𝟐


             Os vidros embaçados provocam uma visão distorcida das luzes de natal. Até o papai noel, do outro lado da rua tornou-se um boneco borrado, parecendo cera congelada. Mas ainda sim, há um tom acalorado naquela noite de inverno pré natalina. Pessoas atravessavam a rua principal carregando enormes sacolas, vestindo moletons em tons gritantes de verde e vermelho, tiaras imitando chifres de renas, gorros e acima de tudo casacos enormes por causa do frio.

Limpo as janelas do hall de entrada da boate, deixando a vista da rua decorada transmitir o mesmo calor para o interior do prédio. Um sorriso nostálgico desenha-se no meu rosto, capturo o momento em que uma criança agarra o embrulho vermelho e seus olhinhos se encherem de lágrimas, agradece o homem vestido de papai noel que segue seu caminho. A criança corre em direção aos pais e um irmão menor, entregando o presente a outra criança. Acontece um abraço em família, duradouro e tão acolhedor que tenho vontade de sair por aquelas portas de vidro e pedir por um braço também.

É acalentador, mesmo para aqueles que só observam. É inevitável pensar na minha família. Em como, àquela hora do dia estavam todos correndo de um lado para o outro com os preparativos. Posso ouvir a voz da mamãe mandando papai acender imediatamente aquele forno que só funcionava quando ele colocava as mãos, segundo ela. Papai logo perguntaria o motivo dela não ter pedido para fazer isso mais cedo. Minha prima, que sempre morou na casa dos meus pais, estaria ocupada com a decoração, pois apesar de não ter uma boa mão na cozinha, não havia nada que ela não pudesse fazer com papel crepom e cola de isopor. Então meu irmão mais novo, com quem nunca tive muita convivência pela nossa diferença de idade estaria reclamando sobre tudo e qualquer coisa, pois ele sabia que papai noel não existia desde os três anos de idade quando me pegou guardando seus carrinhos de plástico embaixo da nossa modesta árvore de natal.

O cheiro de bengalas de açúcar invadem meu olfato, mas nada se compara ao aroma de panetone de mercado e suco de uva que minha avó sempre trazia.

Estou com saudades de casa. Assim como eu sabia que iria ficar, porque datas como aquelas me lembram a infância, onde tudo tinha sabor e cheiro de inocência e felicidade.

Muito diferente do cheio de açúcar e álcool da Kairós Club.

O telefone vibra por baixo do avental cor cereja, e como se estivéssemos com os pensamentos na mesma frequência recebo uma ligação da minha família. Encaro a tela respirando fundo três vezes e ditando mentalmente que não iria chorar, sabia que ficariam aflitos ao me ver aos prantos.

Mas é em vão.

Basta ver minha mãe com seu vestidinho vermelho da loja da família e uma taça do que tenho certeza ser cerveja em mãos, caio no choro.


════════


Levo a bronca mais dócil e amorosa de toda a minha vida antes de desligar a chamada de vídeo, pois segundo meus pais e meu irmão pentelho, eu deveria ter aceitado ir com Chantel invés de passar o Natal sozinha. E eles também sentiam a minha falta, meus presentes estavam embaixo da árvore e assim que tivesse férias eu deveria os buscar, disse papai em um tom que não parecia um convite e sim uma ordem. É o jeito dele de dizer que não vê a hora de me ver em casa outra vez.

Sinto-me menos melancólica depois de ver a casa decorada e a mesa cheia de rabanadas recém fritas, por bons quarenta minutos era quase como se estivesse ali. Me senti feliz. Muito feliz mesmo.

Seco o rosto e retoco o batom vermelho prendendo as tranças em um rabo de cavalo alto. Jennie, Felix e Halle ━ a garota nova ━ já estavam em seus postos no salão, atrás do balcão e servindo mesas. A boate tinha sua decoração de Natal no ponto, pisca piscas coloridos, cortinas em tons de verde comemorativo, árvores decoradas no centro das mesas, guirlandas e claro um papai noel entornando uma garrafa de tequila.

E o mais esperado, o sucesso do início do mês: O karaokê. Já havia apostado com Jennie quantas vezes teríamos que ouvir All I Want For Christmas Is You antes do fim do expediente. E bem, o quinto corajoso já subia ao palco.

Apesar de ser véspera do feriado Natalício a boate estava cheia, não era um número extravagante, mas consideravelmente alto para um data em que as pessoas deveriam passar com a família, mesmo que os americanos comemorassem apenas no dia 25, quem gostaria de passar o Natal de ressaca?

Era o que sempre me perguntava, até descobrir que a maioria das pessoas que transitavam por ali estavam à procura de companhia e não só de uma noite, envolvendo prazeres sujos. Queriam alguém para desejar Feliz Natal quando desse meia noite. Um copo de leite quente, perto do dia amanhecer. Queriam não estar sozinhos, e esse era um dos motivos que me faziam não odiar completamente estar ali naquela noite.

Sabe quantos drinks é possível fazer com o tema feriados de final de ano? Bem, eu não faço a menor ideia, mas as minhas especialidades têm feito sucesso entre os clientes. Primeiro, descobri que vinho quente pode ser sim uma opção, especialmente no inverno californiano. Segundo, choconhaque, chocolate quente e conhaque funcionam como queijo e goiabada e não menos importante Hot Vodka Lemon, a combinação de vodka quente com limão estranhou o paladar de alguns, mas estava dando certo. E havia o famoso Eggnog que servimos no final da noite, por se tratar de uma bebida tradicional.

Estava satisfeita com os pedidos de bebida quente vindo a todo vapor no bar, por este motivo estranhei quando ouvi Felix pedindo por whisky, e como eu era a mais próxima das garrafas de Jack Daniels o pedido acabou se tornando meu.

Alguém canta Under The Mistletoe errando as notas quando agarro a garrafa achatada e pego um copo cilíndrico à procura do cliente que ━ na minha opinião ━ estava fazendo pouco da lista de bebidas sazonais especialmente montadas para aquela noite.

Coloco o copo na mesa e a garrafa ao lado me abaixando para pegar o balde de gelo. Ouço um som que se assemelha ao limpar de garganta. Ergo o queixo de cenho franzido, confusa com a imagem que tenho à minha frente.

O cliente em questão, vestia-se de preto dos pés a cabeça, boné e máscara. Inclinei o rosto tentando ver seu rosto coberto pela aba do boné.

━━ Com ou sem gelo, senhor?

O corpo inclinou-se sobre o balcão, os dedos cobertos por luvas de couro levantam a aba do boné me dando visão do seu rosto.

━━ Senhor? ━ o sorriso descarado se forma embaixo da máscara, as bochechas infladas o denunciam. ━━ Já falamos sobre isso Jagiya. ━ disse baixo, sabendo que somente eu poderia ouvir.

━━ O que está fazendo aqui? ━ minha boca se move, mas não tenho certeza se minha voz realmente saí. Meus dedos parecem congelar, só então percebo que tenho apertado os cubos de gelo entre os dedos.

━━ Companhia. ━━ explicou servindo a si mesmo uma boa dose de whisky. ━━ Não se preocupe, eu não irei te atrapalhar. ━━ explicou colocando a garrafa de volta no balcão.

━━ Alguém pode te ver aqui. ━ olho para os lados aterrorizada e ao mesmo tempo tentando conter meus músculos faciais, estou a um passo de sorrir como uma tola.

━━ Daqui pouco ninguém vai lembrar o próprio nome. E eu estou usando boné. ━━ apontou para a própria cabeça. ━━ Jungkook me disse que isso é infalível com os americanos.

━━ Você é maluco. ━ concluo soltando um suspiro longo. Aparentemente ninguém dava mesmo a mínima sobre nenhum de nós dois ali. ━━ Toma cuidado. ━━ acabo desmontando a pose. ━━ É bom te ver aqui.

━━ Não fique tão feliz. ━━ retirou a máscara que cobria seu rosto. ━━ Só vim pela bebida de graça.

━━ E pediu whisky. ━━ resmungo ofendida. Ele bem sabia que eu havia orgulhosamente organizado o cardápio de bebidas para aquela noite.

━━ Prometo beber uma das suas especialidades depois. ━━ assegurou.

Ouço a garota nova me chamar, precisava de ajuda com a máquina de cerveja. Me viro para Yoongi e antes mesmo de dizer qualquer coisa, lança-me um olhar compreensivo.

━━ Vou estar ali.

Apontou para onde terminava o balcão, um canto onde uma árvore luminosa piscava e sentou-se. Só então notei que levava uma mochila consigo de onde tirou um computador e fones de ouvido. Não imaginava como ele iria conseguir trabalhar com todo aquele barulho.

━━ Jocelyn, por favor. ━━ berrou Halle outra vez. ━━ Isso vai explodir.

Spoiler: Não explodiu.

A onda de entrada de consumidores diminui, as mesas estão lotadas e poucas pessoas realmente aproveitam a pista de dança, aqueles que não estão sozinhos em um canto apreciando suas bebidas estão focados no karaokê, que mais uma vez se tornou a atração principal, ao menos no térreo. No segundo andar, onde Felix segurava as pontas com Jack ━ nosso faz tudo escalado para a noite e um extra ━ os mais jovens realmente se divertiam misturando destilados e dançando ao som de remixes ruins.

Meu olhar fiscaliza Yoongi mais vezes do que posso contar, ciente de que ele preferia a calmaria da sua casa alugada em um bairro pomposo de Los Angeles, temia que a qualquer momento fosse cansar e ir embora, e não o culparia por isso.

Mas não.

Ele ficou. Por mais uma hora, e mais uma hora. Com os olhos finos concentrados na tela do computador, ninguém realmente parecia desconfiar da criatura bonita sentada no canto do balcão, ainda mais com os bêbados que começavam a ficar chorosos.

Preciso levar mais copos para o segundo andar e percebo o olhar dele desgrudar da tela e acompanhar meu trajeto. Talvez não estivesse tão concentrado quanto eu imaginava. Deixo meia dúzia de vidros ali, recolhendo os quebrados e levando comigo para o andar debaixo. Checo o relógio no pulso, sobre a camisa de mangas longas branca que usava. Estava na hora do meu intervalo e também faltavam exatos cinco minutos para a meia noite. Mando uma mensagem para Yoongi me encontrar nos fundos.

Atravesso o salão avisando a Halle e Jennie sobre a minha pausa. Retiro o avental passando pelas portas, da cozinha, dispensa e alcançando os fundos. Aperto o arranjo entre os dedos, sem quebrar os galhos, sutilmente ansiosa.

━━ Nunca pensei que conhaque com chocolate quente fosse realmente bom. ━ ditou aproximando-se.

Ergo o braço segurando a ponta dos galhos de visco e puxo seu corpo pela gola do casaco preto que veste o tendo grudado a mim. Seu olhar vacila um pouco confuso com o meu ato. Ergue o queixo encarando minha mão.

━━ O que é isso?

━━ Nunca beijou embaixo do visco? ━━ estica a boca como quem diz que não faz ideia do que estou falando. ━━ Os Romanos acreditavam que o visco traz paz, que acaba com guerras. Tem poderes milagrosos, por isso beijamos debaixo do visco. ━ um sorriso singelo desenha seus lábios. ━━ Muito ocidental para você?

━━ Não mesmo, aceito qualquer oportunidade para te beijar, com ou sem poderes milagrosos. ━━ a mão grande agarra minha cintura.

O ar gélido que escapa da sua boca se choca contra a minha. Nossos narizes tocaram-se em um carinho gentil antes de nos beijarmos. É um beijo magnético, calmo e intenso. Onde me perco na ideia de que poderia fazer aquilo pelo resto da noite, que dirá dos meus dias. Com ou sem magia do natal, seu beijo me deixa sapateando nas nuvens, buscando seus ombros por equilíbrio, pois cada vez que nos unimos perco o eixo e só encontro outra vez no fundo dos seus olhos.

━━ Feliz Natal. . ━━ digo ao abraçar seu corpo afundando o rosto na curvatura quente.

Inesperadamente, não me sentia tão solitária naquela noite de Natal.


════════


Aceito o casaco grande que o rapaz tira e oferece para mim, depois de dizer inúmeras vezes que não era necessário, ele simplesmente ignora minhas palavras e joga a peça pesada sobre meus ombros. Decido não discutir mais, ele não ouviria mesmo. Sorte a sua o casaco ter seu cheiro, isso me faz esquecer imediatamente o motivo de estar discutindo por algo trivial às quatro da manhã, quando a boate finalmente fecha a porta e todos estão indo embora.

Entro na SUV preta, a qual já estava habituada e me aconchego no estofado macio, apesar de estar cansada não sentia sono.

Encaro o painel e o interior do veículo tendo uma sensação estranha, logo ergui o queixo fitando a figura que colocava os óculos de grau para dirigir, o ato me fez rir, pois eu nunca tinha o visto fazer aquilo. Não me censuro, mesmo quando me pega o encarando e pergunta o que há de errado. Só quero observá-lo, até a sua imagem ficar impregnada na minha mente.

Estico o braço tocando os fios agora sem o boné. Massageio sua nuca brincando com os cabelos cor de cobre recém retocados e ele não parece se incomodar em nada com meus toques, permanece atento a estrada, sossegado.

Deixo os sapatos na entrada da casa, caminhando de meias com estampa de árvore de natal pela sua sala de estar repleta de sacolas. Sou obrigada a desviar de uma e outra até conseguir me jogar no sofá

━━ Fez compras de Natal para a família toda? ━━ questiono esticando o pescoço para bisbilhotar uma das sacolas com nome de uma marca famosa. ━━ Vão achar que virou sacoleiro. ━━ faço graça me inclinando mais para ver entre os papéis de seda das embalagens.

━━ Annyio, já mandei presente para todos. ━━ explicou juntando meia dúzia das sacolas que estava no chão, apenas abrindo caminho. ━━ Esses são seus.

Meu cérebro simplesmente não processa a informação.

━━ Qual delas. ━━ ergo o tronco animada, querendo saber qual era meu presente.

━━ Todas. ━ gesticulou tão sutilmente que não parecia mesmo estar me mostrando todos aqueles presentes.

━━ Tem mais de dez sacolas aqui, não podem ser todas minhas. ━━ falei convicta. ━━ Vamos, qual é a minha. ━━ então ele aponta para uma e outra e outra seguindo até a última.

━━ Eu te dei meias comemorativas combinando com as minhas e um globo de neve. ━━ engulo em seco me levantando do sofá e pegando uma das sacolas de suas mãos. ━━ E você me aparece com presentes da Louis Vuitton e Valentino? ━━ encho o peito de ar. ━━ De jeito nenhum.

━━ Qual o problema, eu gostei das meias. ━━ puxou a barra da calça mostrando que usava meias idênticas as minhas. Bem, eu havia pensando muito no que dar de presente de Natal, mas que diabos você pode dar para alguém que tem simplesmente tudo? Meias são indispensáveis mesmo quando você é um milionário. Foi o que pensei. ━━ E não é nada demais, perguntei a sua amiga do que gostava e ela me mostrou uma lista de desejos em uma loja, seria muito trabalho escolher só um então peguei todos.

Levo as mãos à cintura, abobada com a facilidade que diz aquilo. Longe de mim fazer pouco caso dos seus presentes, que agora eu me roía de ansiedade para ver, mas aquilo era um grande exagero. Enquanto surtava, soltando o ar pelas narinas ele me encara com a expressão mais serena do mundo.

━━ Então, não vai abrir?

━━ Não posso aceitar tudo isso. ━━ solto as sacolas no chão. Ele faz o mesmo, dá um passo à frente e envolve minha cintura. ━━ É demais. ━━ sussurro, sentindo meu orgulho inquietar-se.

━━ Qual o problema em te presentear? Pode contar como um presente para o seu aniversário e os outros para o Natal e ano novo.

━━ Ainda ficam meia dúzia sobrando. ━━ apoio as mãos nos seus ombros. ━━ Parece que eu estou... ━━ prendi o lábio entre os dentes travando ao completar a frase..

━━ Que está o que? Sendo mimada? Eu bem gosto de fazer isso. ━━ arqueou o canto do lábio pretensioso.

━━ Que estou tirando vantagem de você. ━━ então ele ri, ali na minha cara, como se tivesse ouvido a coisa mais ilária e idiota de toda a sua vida.

━━ Hajima, de onde tirou isso? ━━ tocou minha testa com a ponta do indicador. ━━ Como pode tanta bobagem passar em uma cabeça tão bonita? ━━ sugou a saliva da própria boca em um característico e riu outra vez. ━━ Não me pediu nada, foi eu quem decidi te dar presentes, não faz sentido.

Murcho, me sentindo tola por deixar aquelas bobagens invadirem minha mente, já não bastasse toda aquela coisa da internet, meu orgulho precisava interferir.

━━ Um só bastava. ━━ barganho envergonhada e encaro a gola da sua camisa.

━━ E perder a oportunidade de ter você pensando em mim por cada um deles? ━━ enrugou a testa. ━━ Não mesmo.

━━ Convencido. ━━ rolo as orbes me desfazendo do seu corpo. ━━ Mas vou te dar outro presente para compensar.

━━ Mais meias? ━━ empurro seu ombro, mas ele nem sai do lugar.

━━ Sim, para esse seu pé enorme.

━━ Só o pé?

━━ Calado. ━━ junto os lábios no intuito de conter uma risada. Não era sempre que ele tirava para ser piadista, mas quando começava se tornava impossível.

Concordo em abrir as sacolas de presentes e acabo sugerindo fazermos isso na frente da lareira. Yoongi me convence de que sabe como acionar o funcionamento do aquecedor costumeiro das casas americanas. Detalhe, ele não sabe. O fato de começar a levar uma surra o deixa de orelhas vermelhas repetindo "Hajima" e falando em coreano com a lareira, como se não fosse um objeto inanimado.

Só dez minutos depois, quando já parei de rir e abri duas sacolas com casacos da Louis Vuitton que vejo as chamas serem acesas, ele vibra, como se tivesse acabado de descobrir um milagre. Me pego absorta na sua imagem de novo, querendo fotografar mentalmente aquele instante. O cabelo desgrenhado depois de tirar o casaco, a roupa simples e o sorriso com dentinhos pequenos e gengivas adoráveis. Eu poderia guardá-lo na minha memória para todo o sempre.

━━ Vinho? ━━ sugiro.

━━ E uma tábua de frios. ━━ acrescentou. Levanto o polegar em concordância.

O casco cheio da bebida fermentada de uva vaga de um lado para o outro da sala. À frente da lareira damos risadas alteradas quando por pouco não arremesso meu celular nas chamas. Perto da poltrona maior, quando me enrosco no corpo maior e trocamos beijos quentes. Depois perto do corredor, quando levanta para buscar mais salame, pois eu havia devorado tudo que havia na tábua.

Um feixe de luz invade o canto do cômodo, próximo a televisão e nos damos conta que o dia ameaça amanhecer. Me apresso para fechar a janela e deixar-nos retornar aquele momento.

Me enrolo em um casaco retirado de uma das sacolas, Yoongi faz o mesmo rindo de mim e dizendo que o pegaria de volta. Vez ou outra me pegava tendo que repetir frases, pois o homem insistia em misturar as línguas deixando-me por vezes confusa.

A garrafa de vinho rola completamente vazia pelo carpete, e é substituída por garrafas verdes menores. Soju. Ele anuncia trazendo copos de shot, e diz que vai me ensinar a beber como os coreanos. Eu aceito o desafio. Tem todo um processo em que ele acerta o fundo da garrafa e a movimenta deixando-me tonta só de olhar.

Entorno o primeiro shot sentindo todo meu corpo retorcer-se. O gostinho adocicado no início me enganou tal como os coquetéis de tequila que provei em uma festa quando entrei nos meus vinte anos. Pelo ardor causado no topo da minha garganta, apostava que a bebida tinha um teor alcoólico similar aos destilados transparentes vendidos em botecos no Brasil. Pinga, me lembrava pingava pura. Mas o sabor era bem melhor.

━━ Aigoo, disse que não seria nada. ━━ zombou me vendo tossir.

━━ E não é. ━━ minto, obviamente, e encho outro shot. ━━ Só preciso me acostumar.

━━ Se não aguentar, pode parar. ━━ comenta, me encarando com um tom provocativo. Sinceramente, não fazia a menor ideia do motivo de estarmos disputando aquilo. Entorno outro copo, é menos pior do que o primeiro. ━━ Agora faça do jeito certo.

Ganho uma aula grátis de etiquetas para beber com coreanos. Yoongi fala sobre a forma que o Soju deve ser servido, algo sobre não encher o copo até derramar, e também havia a regrinha da diferença de idade. Eu deveria me virar, para que ele não visse que eu estava bebendo por ser mais nova.

Tentei, juro que tentei memorizar todas as regrinhas, mas ao secar a primeira garrafa, quem falava em coreano era eu. Estava bêbada, e por um milagre ainda mantinha parcialmente minha consciência.

As chamas da lareira pareciam mais fortes e embaçadas ao mesmo tempo. Descanso a cabeça no colo de Yoongi, que afaga meus fios com cuidado. Um silêncio ocasional se instalou. Ergo o olhar a tempo de vê-lo fitar intensamente as labaredas, o brilho flamejante refletindo em seus olhos felinos, seus pensamentos estavam longes.

Largou o copo meio vazio sobre o sofá e esfregou a nuca murmurando algo em sua língua.

Repentinamente um sorriso se forma, as gengivas proeminentes à mostra, seus olhos se espremem virando pequenos riscos arqueados. Pagaria com todo o tesouro do mundo, para saber o que se passava em sua mente. Não demoro a externar a ideia.

━━ No que está pensando? ━━ toma bons segundos e um lábio sendo castigado entre os dentes para me responder.

━━ Posso te contar um segredo? ━━ aceno positivamente. ━━ Tive um sonho estranho a alguns dias. Nós estávamos andando à beira do Rio Han de mãos dadas, era um dia agradável. Você estava tão bonita. Então fomos para uma cafeteria, apenas sentamos e conversamos sobre coisas bobas, como os casais normais. ━ faz uma pausa tornando-se indolente ━━Então despertei e senti inveja daquela versão.

━━ Por que? ━━ as palavras escorrem da minha boca, sem que eu notasse.

━━ Quero fazer essas coisas com você também, andar de mãos dadas no Rio Han, ver a primeira neve, deixar um cadeado na N Seul Tower. ━━ ele riu, mas não parecia completamente contente com o pensamento. ━━ Tenho pensado nisso ultimamente, e na mesma linha me imaginei constando que seria legal que conhecesse meus pais.

Sinto meu estômago dar um salto de 360º e me levanto. Não é ânsia, nem nada parecido. Mas um rebuliço que me deixa ver estrelas orbitando à minha volta. Encosto as costas no sofá, encarando as chamas assim como ele. Merda, estou bêbada demais para lidar com isso e ao mesmo tempo, não estou bêbada o suficiente para ouvir aquilo.

━━ Preciso de uma bebida. ━━ entorno os dois dedos restantes de soju, mas o álcool não é capaz de encobrir a queimação que suas palavras causaram no meu peito. Cada pequena molécula do meu corpo reage às suas palavras suplicando por piedade, o meu coração não iria aguentar naquele ritmo.

O meu silêncio entorpecido não o inibe. Parece verdadeiramente confortável ao falar.

━━ Eu entendo o seu medo de se envolver comigo, e respeito isso. Mas o que eu posso fazer quando esses pensamentos me deixam louco a ponto de pedir que nunca mais saia da minha vida, mesmo sabendo o quão cruel pode ser estar comigo? ━━ uma risada rouca ecoa do fundo da sua garganta. Minha pele se arrepia. ━━ Nunca pensei que me apaixonar fosse me tornar em um filho da puta egoísta.

━━ Eu iria dizer sim.

Seu rosto vira bruscamente encontrando o meu. Faíscas confusas brincam na sua íris, seu rosto compete com a tonalidade dos seus fios de cabelo.

━━ Sim? ━ levanta a sobrancelha, procurando por confirmação.

━━ Eu diria sim, se me pedisse para não sair da sua vida. Também diria sim para um passeio às margens do Rio Han. ━━ fecho os dedos apertando a garrafa vazia, engolindo o bolo que se formava na entrada da minha garganta. ━━ Algo me diz que seus pais podem não gostar de mim.

━━ Não me importo, eles sempre tiveram que tomar o próprio tempo para aceitar as coisas que amo, foi assim com a música. ━━ deu de ombros despretensiosamente, balançando a cabeça, tão seguro que parecia ter tudo sobre controle.

Uma risada escapa e eu me permito relaxar tombando a cabeça para trás, recostando no estofado. Meus olhos estão marejados, ganho um aperto no peito que parecia sempre ter estado ali, só era pressionado com mais violência agora.

━━ Se disser que pensou em me pedir em casamento também, eu vou embora. ━━ o tom irônico e divertido na minha voz entrega a tentativa de aliviar o clima.

━━ Talvez eu não deva falar sobre os nomes dos nossos filhos então. ━━ sintoniza a brincadeira. ━━ Eu realmente não posso ser pai de um Min Enzo. Vamos ter que arrumar um meio termo.

━━ Min Enzo? ━━ gargalhei jogando o corpo para frente. Ele está rindo também, batendo na própria perna em excitação. ━━ Andou pesquisando nomes e esse foi o melhor que conseguiu encontrar? Francamente.

━━ E você não dá valor ao esforço que faço por essa família. ━━ suga a saliva entre os dentes fazendo barulho.

Estico o corpo procurando espaço entre as suas pernas, me desfaço do casaco grande em busca de contato. Nossas risadas se apaziguam naturalmente, e em meio ao silêncio abraço seu corpo, apoiando a cabeça na curvatura do seu pescoço. Fecho os olhos sentindo o aroma, parecido com o que fui despertada quando nos conhecemos.

Notas de saída em álcool, whisky malte. Notas de fundo com aroma de pinho, fresco e vigoroso.

Tornou-se o meu cheiro favorito no mundo.

━━ É magnífico que eu possa aparecer nos seus sonhos. ━━ os dedos longos fazem um desenho nas minhas costas, escreve algo que não sou capaz de compreender.

━━ Eu não acho. ━━ sopra na altura do meu ouvido. ━━ Você é a garota dos meus sonhos Jocelyn, tive a oportunidade de sonhar você acordado. Isso sim é magnífico.

Me agarro a sua camisa, apertando seu corpo como se pudesse cravar sua presença em todo o meu ser. O seu encaixe, o seu cheiro, a textura da sua pele. Queria Min Yoongi como se dependesse do seu toque para me tirar de um sono profundo.

Como podia o destino ser tão cruel com a gente.

━━ Vai sentir minha falta? ━━ pergunto inebriada em sua existência.

━━ Como se tivesse deixado meu coração aqui.━━ segredou antes de beijar-me a boca apaixonadamente. 



𝑵𝒐𝒕𝒂𝒔 𝒇𝒊𝒏𝒂𝒊𝒔: Olha quem deu o ar da graça novamente. Como estão? Eu estou supimpa. 

Fiquei meio encima do muro com esse capítulo, mas enfim, coisas da minha cabeça - eu espero. Finalizar uma história sempre é meio complicado pra mim, mesmo tendo tudo planejado a risca. (Vamo parar de ser doida né?)

Enfim, os títulos dos capítulos de GOMD foram arquitetados se baseando no fluxo das músicas de um álbum, ou seja: Intro, Interlude, Skit e Outro que normalmente é a música final, e o nosso Outro esta dividido em 4 partes, sendo assim, nos vemos no último capítulo.

BEIJOS DE LUZ!

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