capítulo | 16
Não me lembro do momento especifico que perdi o juízo na noite passada, mas agora agradeço por tudo o que aconteceu entre nós dois. A cabeça de Giovana descansa no meu peito, e sua respiração está tão perto que se mistura a minha pele. Ela está tão próxima que meu coração começa a tamborilar e acelerar. E isso foi antes de ela se acomodar confortavelmente nos meus braços. Gosto do jeito que ela se sente ao meu lado e de como ainda está aqui.
Estou com muita vontade de ir ao banheiro, mas não consigo me mexer, porque tenho medo da reação da Giovana quando ela acordar. Mantenho meu olhar nela por um segundo antes de direcionar minha atenção para baixo. Algo pressiona minhas pernas e, com uma vergonha enorme, passo a mão lentamente para verificar se isso realmente está acontecendo... É nesse momento que percebo que meu amigo está pronto, em pé e em todo o seu esplendor.
Que droga! Isso tinha que acontecer justo hoje, justo agora? Não tenho o que fazer por que isso é... bem, involuntário, sinal de saúde sexual e acontece com todo homem. Mas não gosto de ele já estar assim.
Tento manter a calma e ficar tranquilo enquanto minha ereção continua se avantajando entre minhas pernas. Eu endireito a cueca, gentilmente, a princípio, começando a ajeitá-lo para não cutucar a Giovana. Ela dá um suspiro entrecortado e eu paraliso na mesma hora, afastando-me um pouco. A vontade de urinar não ajuda e a situação parece piorar.
Lentamente, faço o meu melhor para me desvencilhar dela, tendo o cuidado para não acordá-la. Quando tiro o seu braço de cima de mim, seu corpo responde se espreguiçando. Volto a ficar imóvel e tento alcançar o meu celular. Quando aperto o botão para verificar o horário, uma mão pequena e quente me envolve pela barriga nua e me puxa de volta ao lugar. Ah, droga, droga! Que ela não sinta nada.
— Bom dia — diz num sussurro. Sua voz passeia pelo meu ouvido e traz uma sensação estranha e deliciosa. Já acordamos juntos em outro momento, camas separadas, mas nunca tinha reparado em como a sua voz é grave e sexy. Um som gostoso demais aos meus ouvidos.
— Bom dia — respondo e sorrio. Um sorriso bobo, travesso e um pouco apreensivo por não saber o que ela está achando disso tudo.
— Não me diga que quer sair de fininho? — pergunta.
Meu coração para por um segundo, porque essas palavras me fazem perceber que ela está tranquila em relação à noite passada.
— Coisa nenhuma. Só estou com vontade de ir ao banheiro.
Ela retira o braço da minha cintura e suavemente beija a parte de trás do meu pescoço antes de falar.
— Você não tem show nesse final de semana, né? — Seu hálito quente aquece todo o meu corpo. Fico empolgado com a pergunta e começo a pensar diversas coisas proibidas, mas tento fingir que estou tranquilo.
— Não. Não tenho nada marcado na agenda. Talvez uma reunião mais tarde com Diego, mas posso remarcar sem nenhum problema.
Giovana beija meu ombro e levanta da cama. Ela está sem calcinha e com uma camisa um pouco maior que seu corpo, e posso dizer que mesmo depois de ontem, não estava preparado para essa visão.
Ela fica parada em frente ao guarda-roupa, de costas para mim. Algo acontece em meu peito quando não sinto mais o calor do seu corpo. Uma dualidade se forma dentro de mim: quero puxá-la novamente para a cama para ficarmos agarrados, mas também preciso levantar para não fazer xixi na cama. De qualquer forma, odeio o fato de termos perdido esse contato. Solto um resmungo, chateado.
Quando levanto, ela corre e passa em minha frente, se trancando dentro do banheiro. Nem acredito que dei esse vacilo!
— Desculpa, Lucas, mas eu também estou apertada — grita e sua voz sai abafada.
— Tudo bem, primeiro as damas, não é mesmo? — me ouço dizer.
Assim que ouço o clique da porta se abrir, invado o cômodo e nem espero que ela tenha saído completamente.
Quando retorno, já estou vestido, e ela deitada na cama, tentando entender o que aconteceu aqui. Sua expressão não é de arrependimento, mas de confusão, de receio talvez.
— Aonde você vai?
Quero dizer que não pretendo ir a lugar nenhum, que vou cancelar uma reunião superimportante com o meu produtor e mais uma dezena de pessoas que podem me levar a um lugar bem mais alto na minha carreira, só para ficar com ela, mas não quero parecer um cara desesperado.
— Hummm... pra minha casa? — digo meio que perguntando.
— Você está me perguntando se pode ir pra sua casa?
Droga!
— Não, de forma alguma, am... — Seguro a palavra amor na minha garganta, por que não sei se utilizá-la agora seja uma boa ideia. — Só preciso tomar um banho, desmarcar a reunião e estou livre.
Gabriela abre o guarda-roupa, pega uma calcinha e um short e os veste. Agradeço mentalmente por seu corpo coberto.
— Er... Está tudo bem entre a gente? — pergunta. Está de pernas cruzadas e me olha com um sorriso apreensivo.
— Está. Lógico que sim. — Puxo uma cadeira e sento de frente para ela, bem próximo, mas ainda assim mantendo uma distância segura. Inclino a boca perto do seu ouvido e pergunto:
— Agora eu que quero saber... está tudo bem com você?
— Estou mais do que bem. — Ela mantém o mesmo sorriso enquanto acrescenta: — Você atingiu um lugar onde nunca estive antes.
Suas palavras são verdadeiras, e eu aprecio que ela me fale essas coisas, mas não é necessário. Por que a verdade é que ela me deu o melhor sexo da minha vida. Foi a primeira vez que fiz amor e em todo o tempo fiquei esperando que tivesse sido recíproco, mas sei que não foi. Sei que para Giovana foi apenas sexo e prazer. Mas não me importo. Esperei anos por isso e o que sinto ainda é válido.
— É muita loucura termos feito isso? — Giovana pergunta.
— Caraca, não me pergunta isso porque eu vou dizer que não. Mas com certeza foi uma loucura — respondo, aproximando-me ainda mais dela.
Preciso mesmo sair daqui. Estou prestes a sugerir que comecemos tudo de novo e, se isso acontecer, não sei se vou ter controle. Posso acabar estragando tudo. Ter feito sexo ontem foi um golpe de sorte e carência. Ela estava sóbria — jamais teria ido aos finalmente se percebesse que ela ainda estava bêbada —, mas entendo perfeitamente a sua vulnerabilidade e não paro de pensar se me aproveitei disso.
Estou tão perdido em meus pensamentos que não percebo que suas mãos alcançam meu rosto e então me beija.
— Por que você está fazendo isso? — pergunto, recuando um pouco.
— Pensei que você quisesse fazer sexo comigo de novo, Lucas — ela diz, sem rodeios. — Mas se isso for um problema para você, desculpe.
Ah, merda!
Ela entendeu tudo errado e eu me culpo por isso. Não quero que pense que não gostei da noite que tivemos por que eu não sou nem capaz de mensurar o tanto que isso mexeu comigo. Só quero fazer as coisas devagar, ir pelas beiradas, e chegar ao único lugar que realmente me importa: seu coração.
— Você está arrependido?
Ela me observa enquanto me afasto e empurro a cadeira para trás. De certa maneira, até parece desapontada. Sua expressão nesse momento me sugere um misto de confusão, desapontamento, arrependimento... Mas, acima de tudo, vergonha. Eu sou mesmo um zero a esquerda. Como posso fazer com que se sinta assim? Preciso melhorar as coisas.
Encaro seu rosto firmemente e digo:
— Verdade ou Mentira?
Ela se ajeita na cama, adotando uma postura confortável, mas me parece absurdamente sexy.
Minha nossa, essa mulher acaba comigo!
Seu rosto se franze, como se o que eu tivesse perguntando não tenha a ver com o momento. Mas esse jogo é o que nos traz a segurança de que somos sinceros naquilo que dizemos.
— Verdade ou mentira, Gioh? — insisto.
— Por quê?
Ela solta uma longa respiração, cruzando os braços antes de morder o lábio inferior e lançar seu olhar em minha direção. Quando ela morde o lábio dessa forma é sinal de que está com medo, confusa, apreensiva ou feliz. Quando diz respeito a nós dois, isso também é um sinal que ela está confortável e que posso prosseguir com a nossa conversa.
Olho bem para ela.
— Verdade — diz, sussurrando.
— O que você sentiu quando estava comigo ontem?
— Já disse. Você me levou a um lugar que eu achava que era inalcançável. Não quero que fique com o ego inflado, mas você me fez gozar ontem, Lucas. Nossa, eu nem estava preparada para aquilo. Sério, você é realmente muito bom no que faz. — Ela faz uma pausa e acrescenta: — E percebi que temos uma química absurda e uma troca de sentimentos, além da reciprocidade que vai além do tesão.
Suas palavras deslizam facilmente e estão cheias de verdade, mas não fico com o ego inflado como ela sugere. Muito pelo contrário, sinto uma pontada bem forte no meu peito. Não era exatamente isso que eu queria ouvir.
Quero perguntar: só isso, nada de diferente ou estranho? Nada além do desejo carnal? Mas engulo minhas palavras.
— Ei, agora quero que você me fale. Verdade ou mentira?
— Sempre a verdade, amor.
— O que você sentiu quando estava comigo ontem? — ela diz, repetindo minhas próprias palavras.
Sorrio.
— Tudo bem. Acho que me senti... com tesão — a provoco um pouco.
Giovana revira os olhos e arfa.
— Então você não sentiu nada?
— Como assim?
— Tesão é algo que você sente com pessoas com quem não têm ligação sentimental. Somos melhores amigos e eu o considero muito, por isso que não me arrependo. Mas nossa... Zero consideração da sua parte, né?
Seu rostinho me sugere desapontamento. Olho para ela e sorrio para que perceba que estou brincando.
— Você é... — Balanço a cabeça. — Nunca estive com uma mulher tão maravilhosa e perfeita como você. — Ela se acomoda na cama e abraça suas pernas. — Sinto como se não pudesse comparar você com nenhuma outra mulher, não importa o quanto eu tente. Por que não tem o que comparar. Mesmo depois de termos terminado tudo, depois das três vezes seguidas, tudo o que fiz durante esses trezentos minutos em que você estava dormindo, foi repassar cada instante maravilhoso de cada coisa maravilhosa que fizemos nessa madrugada. Se existisse um formulário que eu pudesse preencher para poder balancear qual foi a melhor relação que já tive, ou se existisse alguma nota maior que dez para que você receba o prêmio de melhor orgasmo já propiciado a mim, você superaria todas as expectativas.
Pelo amor de Deus, acabei de falar uma coisa que não deveria. Eu deixei meu coração articular as palavras em vez do meu cérebro. Posso ter complicado tudo a partir de agora, posso tê-la afugentado, mas eu não ligo. Durante muito tempo quis poder dizer isso e disse.
Giovana não responde. E não precisa, seu sorriso diz tudo. Ela não se assustou com o que eu disse, parece tranquila. Não sei como recebeu a informação, mas deve ter acredito por que nunca mentimos um para o outro. Eu senti amor, ela sentiu uma ligação sentimental, sei que posso estar dando corda suficiente para meu próprio desastre, no entanto, tudo isso me parece certo.
— Carambola, Lucas. Acho que você acabou aumentando um pouco tudo isso aí — comenta. — Mas adoro o fato de que tenha fortalecido a minha autoestima. — Ela morde o lábio e olha para mim. — Você é um garoto de ouro. Achei fofo. É gratificante que alguém tão seguro quanto você tenha gostado da minha capacidade sexual.
— Quanta besteira, amor. Não aumentei nada. E quero deixar claro que não desmereci nenhuma outra mulher. Só falei o que senti. Por que eu gostei muito de estar com você.
— Engraçado. Somos amigos há tanto tempo e nunca imaginei que isso fosse acontecer, e agora estou achando tudo isso absurdamente normal. Agora, olhe só para mim: sou namorada de um cantor maravilhoso e famoso, com várias mulheres caindo aos seus pés, mas que insiste em dizer que eu o matei de prazer.
Ela se diverte enquanto fala, mas sinto um aperto no peito pela forma com que ela me enxerga. Não entro nessa paranoia e me concentro no que tenho agora.
— Deixa de ser besta. — Eu me jogo na cama e começo a fazer cócegas nela.
Giovana me agarra e nossos olhares se encontram. E, apesar de nunca ter tido tanta vontade de arrancar a pouca roupa que ela usa, não posso arruinar essa oportunidade que tenho de fazê-la se apaixonar por mim. E pior ainda, não posso acabar com a nossa amizade. Preciso saber conduzir as coisas com paciência e tranquilidade.
Ela aperta os braços ao meu redor ainda mais e eu me perco num segundo. Meu sexo pulsa dentro do short e eu me contraio. Giovana sorri e me encara, lambendo os lábios. Preciso de todo o autocontrole para me afastar e não permitir que avancemos.
Consigo levantar seu braço o suficiente para me desvencilhar.
— É sério, Gioh. Preciso mesmo ir embora agora.
Ela ergue uma sobrancelha, depois senta, sem nenhum ressentimento.
— Ah, certo. Mas antes de ir você precisa fazer uma coisa.
Ela chega mais perto e fico em estado de alerta.
— Como assim? Você quer que eu faça o quê? — pergunto.
Ela fica bem próxima e sinto seu sorriso se formar no meu pescoço.
— Tenho um namorado que me levou ao auge da minha vida sexual. Ele não está interessado em fazer nada comigo agora, mas não é possível que ele me negue um beijo, né?
Percebo que ela está prestes a me beijar, então me inclino para a frente e ponho a mão em sua nuca, puxando-a para mim. Dou um beijo intenso nela e agarro a sua cintura.
— Lucas — diz ela, ofegante.
— Gioh — digo, imitando-a. Não sei e nem quero saber o que está prestes a dizer, tudo o que for falar agora pode esperar alguns segundos, pois preciso beijá-la novamente. Aperto seu corpo contra o meu e levo minha boca novamente até a sua fazendo as nossas línguas se encontram. Conduzo o beijo de forma suave e lenta, memorizando cada pequena coisinha que ela faz enquanto me beija, enquanto se derrete em meus braços. Não quero perder nenhum detalhe, nenhum.
— Vá logo! Mas volte aqui mais tarde.
Eu me inclino e beijo a cabeça dela.
— Pode deixar!
✰✰✰✰
Chego em casa em torno das 18h. Pensei que poderia me livrar facilmente da reunião, mas parece que minha equipe tinha uma ideia diferente em mente. Eles não me deixaram cancelar e ainda se mostraram indignados por eu sequer ter pensado nisso.
— A sua carreira está decolado, querido, então você deveria aquietar o seu fogo e pensar em tudo o que pode conquistar. Quer saber de uma coisa? Já vi artistas se afundaram e deixarem suas carreiras morrerem a partir do momento em que deixaram de participar de reuniões onde iriam assinar contratos preciosos com marcas importantes. Eles priorizam a responsabilidade. Então, se quer fazer sucesso nesse mundo, seja responsável — bradou por Skype a Natália, minha nova agente musical.
E ela tem razão. Muita coisa boa vai acontecer e eu preciso me manter focado. Sonhei e lutei muito para estar onde estou e não posso me dar o luxo de recusar um contrato de sucesso só porque tive a melhor noite de sexo da minha vida.
Com a ajuda do café, consigo me manter acordado na reunião que dura em torno de duas horas. Muitas coisas estão para acontecer e isso me faz ficar ainda mais empolgado.
Tomo um banho e, tudo bem que ainda estou me recuperando de ter passado a noite com Giovana — e com o fato de ela ter ficado totalmente de boa com isso —, e quase não consigo manter os olhos abertos de tanto sono e cansaço. Mas preciso ajudar a minha irmã ficando com meu sobrinho essa noite novamente.
Ela e o marido trabalham viajando e sempre que podem deixam o Miguel com a minha mãe, que está ocupada resolvendo algumas coisas da família em outra cidade. Por um segundo fico tentado a contratar uma babá, pensando na possibilidade de ir até a casa da Giovana para aproveitarmos. Então escuto o sermão da minha mãe sobre não gostar de estranhos perto do seu neto e que quase nunca estou em casa, por isso deveria aproveitar esse momento.
Envio uma mensagem de texto para Giovana perguntando se ela pode vir até a casa da minha mãe para ficar comigo; omito a parte em que teremos que cuidar do Miguel e que precisarei trabalhar em mais uma música por que o lançamento se aproxima.
E, em questão de minutos, Giovana aparece na minha porta.
Quero cumprimentá-la com um superbeijo. Juro pelos céus que quero! Ela está tão simples, mas tão linda ao mesmo tempo! Sua pele marrom-clara parece tão macia quanto antes.
Segura uma garrafa de vinho e carrega uma sacola com algumas coisas, que logo suponho serem aquelas besteirinhas que a gente gosta. Sem jeito e sem saber o que devo fazer, apenas fico de lado para dar espaço para que entre.
Ela me abraça apertado e beija minha bochecha.
— Oi.
— Oi! — respondo. — Entra!
Digo por força do hábito, mas Giovana já entrou desde o momento em que abri a porta.
— Então, o que sugere que façamos? — pergunta.
Aponto para o Miguel.
— Que tal cuidarmos dele? — Faço uma cara de criança abandonada. — Minha mãe precisou viajar de novo e eu tive que ficar com ele até minha irmã chegar mais tarde.
Fico observando enquanto Giovana morde o lábio e franze a testa. Ela olha para o meu sobrinho, o cumprimenta sem aquela voz de bebê habitual que fazemos para conversar com as crianças, e ergue o rosto em minha direção.
— Teremos que adiar isso aqui, hein? — diz, levantando a garrafa de vinho.
— Ah, com certeza — sorrio.
— Também precisamos cancelar outra coisinha que eu estava pensado — diz, bem sugestiva.
— Tipo o quê?
— Assisti a filmes na Netflix, comer doce adoidado e ficar falando besteiras.
Tudo o que ela disse é só um pretexto, e nós dois sabemos disso, mas, como meu sobrinho está bem aqui ao meu lado, agradeço pela sensatez e também não faço nenhum comentário. Fico contente por ela estar aqui e pela forma como as coisas estão se encaminhando... bom, não exatamente como eu queria, mas pelo menos demos um passo em direção a algum lugar.
— Estou vendo que de uma forma ou de outra o destino está lhe guiando para cuidar de crianças, hein — comento com certa graça.
Ela sorri, balançando a cabeça.
— Você ama crianças, né, Lucas?
Afirmo.
— Quantos filhos você pretende ter?
Com vocês, vários, penso.
— Não sei exatamente, mas pretendo ter uma boa quantidade.
— Coitada da sua esposa. Eu pretendo ter um, no máximo. Mas só depois que eu estiver formada, casada e com minha estabilidade.
Sorrio sem graça, porque vejo que Giovana está encarando o nosso momento como algo trivial, apesar de ter dito tudo aquilo sobre química, envolvimento e sentimentos.
E então, uma voz fininha e aguda pergunta:
— Titio, tô com fome. O que vamos comer?
Em pé, ao meu lado, meu sobrinho de quadro anos, vestindo seu pijama de Backyardigans, entediado e segurando seu carrinho do Max Steel, cutuca minha perna.
— Que fofo. — Giovana sorri enquanto pego o Miguel no colo, apontando para a cozinha.
— Vamos preparar uma comida legal — digo.
— Acho que posso gostar disso — ela responde.
Aproveito a oportunidade para olhá-la mais uma vez. Gosto de como se sente a vontade. Ela parece mesmo empolgada para ficar comigo e o Miguel, e digo isso baseado no sorriso de derreter corações estampado em seu rosto.
Ligo a televisão da cozinha num episódio qualquer dos Backyardigans e quando os bonecos começam a se apresentar, Giovana começa a sorrir e fica vidrada na tela.
— Parece que alguém aqui vai se viciar nos Backyardigans, né?
Ela me dá um pequeno empurrão e revira os olhos.
— É que parece legal — diz, entusiasmada.
— Não parece, não. É legal — afirmo, com mais empolgação ainda.
— Os Backyardigans é muuuuuuuuuuuuuuuito legal — complementa Miguel dançando e cantando a música, e eu o acompanho.
Giovana me encara sufocando um sorriso, como se dissesse "então, já temos um viciado aqui, hein", mostro a língua pra ela e nós dois começamos a rir.
Tudo parece perfeito!
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