Sentimento Maldito
Há alguns quilômetros,no sentido sudeste, numa distância considerável de Negrume e seu povo. Mas não tão distante da posição de k'larga,se encontra Sproosh.
Sproosh ainda se manteve imóvel por algum tempo,até k'larga desaparecer por entre os arbustos frutíferos gigantes.
Seu real desejo,era de que este dia,nunca tivesse de fato acabado.
Mesmo sentindo o leve sabor amargo do breve adeus, Sproosh gira seus calcanhares,e continua seu caminho.
Ao entrar numa floresta com faias de tronco largo, e branco,donas de folhas em tom de rosa claro. O ghuatua se deteve,e aspirou o doce ar de rosas,mel e canela na área.
Neste instante,percebe que o aroma de k'larga, é semelhante ao da área,dado ao colar feito com raízes de bromélias,cobertas por mel,e banhado com água de flores silvestres.
A felicidade deste ghuatua é tamanha,pois para se expressar, Sproosh inicia um canto e dança típica de matrimônio,onde neste instante,percebe seu desejo por fixar união entre as famílias.
Porém, sua explosiva felicidade se vai,quando lembra de seu incômodo obstáculo, Boatruus. Sproosh sabe que a tentativa de tal união, causará uma guerra entre as tribos. No entanto, Sproosh não pretende deixar que sua amada seja infeliz,presa num matrimônio sem intenção.
Após vadear pela floresta,o ghuatua chega num alto morro,onde se é possível ter uma linda vista de seu mundo.
O morro de grama púrpura baixa,possui muitas flores em formatos de meia lua e estrelas de cinco pontas,mas seu charme,está concentrado num pequeno lago de água lilás.
No centro do pequeno lago,se encontra uma belíssima árvore. Esta árvore possui um tronco ligeiramente largo, exatamente como o de um jovem cedro.
Seu tronco possui um tom de madeira clara, suas folhas curtas e achatadas,são de um fascinante,e mágico púrpura quase escuro.
De seu tronco, secretando por rasos sulcos, uma fina linha da mesma água no pequeno lago,corre lentamente para ele.
Não se é possível ver as raízes,pois estas estão no fundo do pequeno lago. Além de bela,o aroma exalado na área pela árvore, é satisfatório como o de avelãs.
O manto da noite continua a mover, e se espalhar no firmamento. Em sua altura privilegiada, Sproosh é capaz de notar uma distante estrela ligeiramente verde,uma entre tantas outras. Em sua rápida observação,o jovem percebe o tom fosco no brilho estelar.
Antes de ser surpreendido por um fortíssimo vento agourento,o ar se mostrava agradável,mas quando sem motivo,falou o nome de k'larga,e imaginou sua doce face. Um urro jamais ouvido, mostrou-se ao mundo de Rastchy.
Poucos segundos após o fim do urro monstruoso,o vento se modificou brutalmente. O ar que antes era fresco e aromático, tornou-se brutal,e nauseante.
A força de impacto,ergueu o ghuatua do solo,levando-o para além do morro.
Por trinta segundos, Sproosh foi posto as avessas no ar, enquanto vagava forçosamente com o vento.
Os movimentos brutais,garantiram ao jovem o deslocamento de seu ombro esquerdo, e a quebra de seu tornozelo direito,quando a forte lufada, lhe arremessou nas pedras abaixo do morro.
O ghuatua está situado há pouco mais de três metros do morro em que estava segundos antes.
Ambas as dores,eram lancinantes. Ambas afligem Sproosh de forma angustiante.
O ghuatua nunca havia passado por tais tormentos antes,o simples movimento,lhe causa grande agonia.
Caído numa área pedrogosa,não tão distante de um campo de altos formigueiros vermelhos. Sproosh transforma sua dor em força,e se vira com violência para o lado direito, impactando seu ombro na raíz alta de alguma árvore distante.
A raíz vem de uma grande árvore,há pouco mais de quinhentos metrôs,do ponto em que Sproosh se encontra. Rumo a região oeste de seu mundo.
A árvore, é totalmente negra e frondosa,onde da ponta de suas folhas longas e achatadas,com seu pecíolo e sua bainha,dona de um lindo verde oliva. Surge uma cristalina gota, pura como a da chuva. Constantemente.
Tal floresta,se encontra muito acima da posição de Sproosh,onde estas lindas e amedrontadoras árvores,vivem numa área de turfa.
Logo após o impacto sem piedade no ombro,veio a dor lancinante,mas o alívio não demorou para anestesiar o jovem. Aliviado, Sproosh se ergue,e com dificuldade,se arrasta para a área de turfa das árvores negras.
A subida não foi longa,mas para Sproosh foi uma eternidade.
Após caminhar com muita dor,e se encostar finalmente numa árvore,o ghuatua examina seu tornozelo. Ao sentir a pontada da dor, Sproosh sente novamente a agonia surgir,mas algo entre os troncos das árvores negras,lhe forçou a esquecer da agonia.
Entre as árvores,a exatos quatro metros e meio,um zumbido agudo teve início,e se silenciou na mesma velocidade. Porém,este ghuatua não conhece o som de um portal se abrindo,e fechando.
Mas compreende perfeitamente o que é uma aberração.
Recém chegado a úmida floresta negra,e observando cada ponto da área detalhadamente,está Neblor,o observador. Aliado de Negrume.
Foi questão de segundos, encontrar o primeiro ser vivo do plano de existência desconhecido. Os vários olhos de Neblor,encontraram o jovem ghuatua sem dificuldade,antes mesmo que Sproosh fosse capaz de perceber o visitante.
Sproosh foi tomado por um pavor desesperador,pois nunca havia visto bizarra criatura.
Os vários olhos de Neblor,mantinham frenéticos movimentos,até fixar no ghuatua. Neste instante, Sproosh paralisou.
Como num piscar de olhos, o ghuatua contempla a chegada de Neblor a sua frente,lhe encarando fixamente com todos os olhos. No entanto,o olho central, maior e bojudo acima de uma horrenda bocarra,brilha num intenso tom púrpura.
A aberração de corpo esférico,emana de si uma terrível aura maligna,onde de forma natural,amedronta qualquer ser vivo de coragem selvagem e indomável.
Sem resistência,o ghuatua foi dominado pelo observador, tornando-se paralisado. Em questão de segundos,todas as memórias e vontades de Sproosh,se perderam.
Enegrecidas pelo torpor em sua mente.
Num ato de curiosidade,o observador espia as memórias do ghuatua,afim de conhecê-lo melhor. Após sondar inúmeras memórias,desde as brincadeiras de criança, até sua adolescência, Neblor descobriu sobre o mundo de Rastchy,e o amor por k'larga.
Ao voltar de sua viajem pelas memórias do ghuatua, Neblor percebe as sombras nas árvores se mover,lhe dando a certeza da presença de Negrume no plano de existência. Em seu breve descuido,a magia de controle mental é desfeita,e Sproosh desperta de seu estado vegetativo.
Por mais detalhada que tenha sido a varredura na mente de Sproosh,o deus observador,foi incapaz de perceber a força no espírito do ghuatua. Com a forte ansiedade lhe dominando,este se fez menos perceptivo a tal força.
Enquanto estava em transe, Sproosh sentiu seu espírito ser desintegrado aos poucos. Sentindo o vazio se apoderar de sua vontade de existir,o ghuatua foi capaz de usar o instante de descontrole que surgiu,e se libertou.
Encarando o monstro, Sproosh mistura sua dor e medo,num único sentimento de fúria,e num saque rápido,desfere um golpe com sua machadinha em Neblor.
Incrédulo por tal ação,Neblor ainda foi capaz de perceber o golpe,e ao uso de teleporte,esquivou-se do ataque perfeitamente. Com magia em seu olho central,o observador percebe uma pequena aura arcana, envolvendo o corpo do jovem.
A aura,possui uma fina camada,quase como uma linha contornando o corpo de Sproosh. Porém,esta energia está em maior concentração no punho do ghuatua, conduzindo a energia do cabo,a lâmina da arma. Sem dúvida,tal ação não é do conhecimento do ghuatua.
A energia arcana é fraca,mas é o suficiente para ser vista por Neblor. Esta força tímida, é capaz de potencializar a força física de Sproosh.
Feliz por essa descoberta,o observador prepara novas magias,e inicia seu novo ataque.
Já o ghuatua,ainda se encontra de tornozelo quebrado,mas com sua arma em punho,não permite que o medo lhe domine novamente.
Neblor não tem nada a dialogar com sua vítima,onde dispara de uma vez,todos os seus raios ópticos.
Todos acertam o alvo com precisão,e rapidamente,o observador garante sua vitória.
Os seis disparos agem de imediato,onde cada disparo de energia,corresponde a um efeito diferente.
O primeiro raio,luminoso como uma forte luz,cegou a vista de Sproosh,o segundo raio,de tom laranja, lhe imobilizou. O terceiro de tom vermelho sangue, causou uma dor agoniante, o quarto de tom lavanda, lhe tirou quase toda a vitalidade.
O quinto raio de tom pastel, lhe encolheu.
E o último em tom de cobre,petrificou o jovem ghuatua.
Momentos antes de perder por completo sua consciência, Sproosh só tinha espaço para as lembranças com k'larga. Um amor responsável por sua felicidade,mesmo diante de seu inevitável fim. A última coisa a qual gravou em sua mente,foi o rosto de k'larga.
Ostentando um sorriso perverso em sua face medonha,o observador levita a versão minúscula e petrificada de Sproosh,fazendo-o desaparecer no ar. Neste instante, Neblor observa as sombras do mundo de Urvlhack,se retirar das sombras das árvores próximas, com agilidade.
Longe de Neblor,e ainda de joelhos no solo, k'larga passa a se sentir incompleta,detentora de uma angústia crescente.
Este sentimento maldito que lhe dilacera, é algo capaz de aumentar sua dor,de forma inexplicável.
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