11.  Eu só quero voltar para nós.

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point of view
CALUM HOOD
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Eu tranco meu carro devagar, deixando um suspiro sair pela minha boca mais uma vez antes de entrar na trilha fechada por árvores.

É cedo. Não faço ideia de que horas seja exatamente, mas sei que o sol nasceu a menos de uma hora, talvez seja seis, sete, não sei. Na verdade eu sequer dormi hoje.

Eu estava bem, seguindo minha vida tranquilamente até dois dias atrás, quando eu acordei com a notícia de que Alessia estava na Austrália.

Talvez seja estranho depois de tantos meses eu ainda sentir meu corpo tremer, minha respiração falhar e meu coração acelerar com esse simples fato. Não é que eu seja do tipo obcecado por ela, longe disso, mas a Alessia foi a mulher que eu mais amei e amo nesse mundo e eu ainda não superei, principalmente quando tem uma tecla batendo constantemente na minha cabeça dizendo que ela se foi por minha culpa.

Aperto minhas mãos nos bolsos e consegui sentir o ar frio bater contra o meu rosto, provavelmente eu esteja vermelho, mas também não me importei de pegar muitos casacos ou tocas antes de sair de casa.

Meus passos são o único barulho que consigo ouvir, além do som dos pássaros cantando ou animais pequenos que correm nas partes menos densas da floresta.

A trilha chega o fim e com isso já consigo sentir o sol mais forte batendo contra mim quando alcanço o pequeno chalé em frente a um lago, que agora está quase totalmente congelado e suspiro ao imaginar a xícara de chocolate quente que eu vou poder tomar assim que entrar na pequena casa.

Esse era o plano, ficar ali, pelo menos até amanhã, antes dos meus amigos surtarem e talvez chamarem a polícia. Mas ele foi por água abaixo quando eu dei a volta até a entrada do chalé e na varanda encontrei alguém que eu não esperava, pelo menos não aqui.

Penso se devo me manifestar logo depois que percebo que ela não me notou, ou se devo dar meia volta e ir embora, mas só de observar ela de pé, com um sobretudo branco extremamente grosso, seu cabelo está solto mas coberto parcialmente pela blusa e consigo ver suas mãos descobertas segurando a madeira molhada pela neve e quase sorrio ao ouvir seu pé batendo no chão repetidamente, um ato impensado que ela há muito tempo tem costume.

—Alessia?—Chamo depois de perceber que não teria coragem de simplesmente dar as costas, não depois de ter desejado a cada segundo vê-la novamente.

Ela se vira devagar e consigo perceber que seu peito sobe e desce rápido demais, enquanto seus olhos finalmente encontram os meus, me fazendo engolir em seco.

—Calum..—Meu nome saí como um sopro de seus lábios e eu me pergunto se devia me aproximar dela ou não—Eu..

—Você está bem?—Pergunto suspirando, não sei o que falar ou como iniciar uma conversa aqui, não esperava encontrar com ela, apesar de no fundo estar torcendo pra que isso acontecesse e agora que estamos aqui não tenho sequer noção de como me comportar.

—É.—Ela não diz exatamente e seu dar de ombros me deixa nervoso—E-eu não sabia que estava vindo aqui..

Ela aponta para a casa e eu me pergunto se ela entrou lá, já que depois de tanto tempo parada eu tive um trabalho grande em limpar ela nesses últimos dias antes de decidir ficar aqui. Foi uma loucura ter vindo aqui e tentado arrumar as coisas, mas era melhor do que simplesmente tentar mudar alguma coisa no meu apartamento, os dois lugares estavam repletos de memórias de nós mas o apartamento era um pouco pior.

—Eu gosto daqui.—Dou de ombros suspirando e finalmente caminho até seu lado, ficando em silêncio enquanto nós dois olhamos para o lago na nossa frente.

Ainda lembro de quando compramos esse lugar, sequer morávamos juntos na época, eu morava com o Ash e Luke e quando começamos a nos envolver era ridiculamente frustrante ter seu quarto invadido por dois malucos enquanto estávamos tentando namorar e um dia Alessia achou esse lugar na internet, ela queria um lugar tranquilo pra compor, mas bem no fim caiu perfeitamente bem para nós ficarmos sozinhos, ninguém sequer sabe desse lugar além de nós, então compramos juntos e aqui virou como uma casa por um curto período até a falta de internet e qualquer outra conexão nesse lugar começar a incomodar e meses depois eu estava comprando um apartamento pra mim.

—O que veio fazer aqui?—Pergunto nervoso depois de um tempo em silêncio.

—Trabalhar.. tenho algumas entrevistas marcadas por aqui e uma reunião pra acertar algumas coisas que eu acabei deixando pra trás quando voltei pro Canadá..—Ela responde um tanto hesitante no final e eu apenas balanço a cabeça.

—E por que voltou aqui?—Pergunto o que vem me atormentando desde que a vi, mas apenas recebo um olhar confuso que quase me faz rir—Nesse lugar, no chalé. Faz anos que aqui está fechado, você.. nunca mais quis voltar.

—Eu gosto daqui.—Ela respondo a mesma coisa que eu disse sobre o lugar e dessa vez eu solto uma risada fraca—Ei! Eu gosto daqui sim tá, eu só.. não tinha tempo pra voltar aqui.

—É, não tínhamos tempo pra muitas coisas..—A observação sequer era pra ter saído em voz alta, mas quando Alessia me olha com seus olhos triste me sinto péssimo por pensar nisso, afinal no fim foi minha culpa—Me desculpa.

—Tudo bem..—Ela apenas balança a cabeça e deixa de me olhar—Eu tenho que ir..

—O que?—Pergunto exasperado quando ela pega uma bolsa no chão que eu não tinha visto e se afasta de mim com pressa, me deixando sem reação até segurar seu braço a impedindo de continuar—Por que tem que ir tão de repente? Você não precisa..

—Por que quer que eu fique?—Ela se vira me olhando nos olhos e eu quase respondo a verdade sobre aquilo.

—Você não precisa ir embora porque eu estou aqui Alessia.—Respondo sem soltar seu braço e ela continua me olhando até soltar uma risada e balançar a cabeça negando.

—Não é só porque você está aqui Hood, é só que..—Ela não volta a me olhar, enquanto eu solto seu braço ficando de frente pra ela, vendo ela apertar suas unhas em sinal de nervosismo—Isso tudo é tão estranho..

—Pra mim também é.—Respondo suspirando e ela balança a cabeça mais uma vez antes de me encarar com seus olhos castanhos que nesse momento brilham em lágrimas que ela se esforça para não deixar cair.

—Estranho por que? É porque eu estou aqui? Você já deve estar namorando de novo e eu apareci de repente, eu só..—Sua voz falha e eu quase gargalho com o que ela fala.

—É estranho porque estamos vivendo em países diferentes e essa é a conversa mais longa que estamos tendo a muito tempo.—Respondo cortando o que quer que ela iria dizer depois—É só que depois de tanto tempo parece que estamos livres de tudo, eu.. odeio admitir isso, mas as coisas estavam estranhas entre nós antes de tudo.

—É.. como deixamos chegar naquele ponto?—Sua pergunta me deixa sem resposta nenhuma, era algo que eu nunca consegui entender—Eu estava tão cega que não vi que estávamos acabando um com o outro.

—Não foi apenas culpa sua.. eu não devia ter dito todas aquelas coisas como eu fiz, me desculpe por ter acabado com tudo de uma forma tão ruim.—Suspiro e quase me sinto aliviado só de saber que disse isso, eu nunca iria me perdoar pela forma como discutimos naquele dia, foi tudo tão..

—Está tudo bem, você fez o certo, eu..não teria coragem de terminar com você e se não fosse naquele momento tudo seria ainda pior.—Ela diz e sorri fraco, antes de enxugar uma lágrima tão rápida que eu mal vi—Eu só queria voltar para o que nós éramos, honestamente não estou machucada pelo fim, mas por tudo que perdemos enquanto nos ocupávamos com outras coisas.

—É, eu gostaria disso também.—Sussurro sem desviar nossos olhos e a vejo apertar seus lábios, antes de sorrir minimamente.

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19 de outubro de 2020
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Oi gente! Me desculpem

a demora, eu estou me 

preparando pra fazer um

vestibular mês que vem

e tive um bloqueio com 
e

ssa história, mas acho 

que agora já está tudo ok.

Até a próxima, fiquem bem!