Harry
Três meses depois...
Meus olhos estão apertando contra as pálpebras, meu peito ainda queima quando o rosto dele entra no meu campo de visão, minhas veias pulsam com mais intensidade quando lembro como é ter seus lábios grudados nos meus. Uma maresia que antes era boa e agora foi tornando-se dolorosa.
“Você é um idiota mas eu te amo”, sua risada repercutiu nos meus pensamentos mais dolorosos.
Foi quando meu peito apertou com a lembrança porque eu sei que ele nunca mais vai voltar...
Isso dói porque faz pouco tempo que aquele maldito acidente aconteceu, os malditos gritos dele me assombram e o pior de tudo é que estou só, com várias facas atravessando meu coração do mesmo modo que está partindo mais os cacos dele.
E tudo o que eu consigo fazer é chorar muito até pegar no sono com a esperança de que no amanhã ele estará na nossa cama, esperando que eu acordei para poder me beijar e fazer um carinho na minha cabeça quando minhas mãos fazem um caminho por toda a curvatura do seu corpo.
A pior parte disso tudo é acordar e ver o outro lado da cama em um vago assim como estava o meu coração depois que ele se foi.
Por que ele tinha que ir?
Por que a escuridão tempestuosa invadiu nossas vidas e acabou com tudo o que tentamos construir?
Tento pedir pra que tirem minha vida mas não me atendem. Eu não quero viver sem Louis nela, eu me nego a sorrir e ter que amar outro alguém se não for ele.
Tem que ser ele!
Imagens do seu corpo sem vida invadem meus pensamentos junto com aquelas que ele está aqui comigo, então me pego chorando outra vez.
As pessoas pedem para mim seguir em frente mas não quero sem Louis, na verdade gostaria de mandar eles se foderem. Louis era a minha vida e quando ele se foi, a minha vida também. Aqui restou uma pessoa morta com a faculdade trancada — sem ânimo para viver, fadado a permanecer assim.
Porque sem Louis eu não sou nada.
E meu estado atual mostra muito bem isso. Eu preciso dele e eu quero meu Louis de volta. Meus olhos estão pesados devido aos dias em que eu passo chorando, como noite passada onde eu dormir depois de assistir os vídeos que fizemos, eles eram muitos e relembrar tudo foi a dor maior — a saudade de alho que não poderei ter nunca mais me envolveu.
Abri os olhos lentamente, encarando o teto branco quase caindo aos pedaços. Louis queria o arrumar mas eu disse que poderíamos esperar. Só que vendo agora... deveríamos ter arrumado antes.
Desvio o meu olhar para o relógio que marcava duas horas da tarde. Ultimamente isso é muito cedo para mim. Passaria minha vida dormindo se esse fosse meu refúgio. Contudo me obrigou a ficar de pé, logo sentindo a vertigem forte. Paro por um momento e depois caminho até o banheiro. Encaro meu reflexo vendo o devastado que eu me tornei: com cabelos embolados e rebeldes, uma barba que torna meu rosto ainda mais velho que não sou, os cachos demasiaram até meus ombros e me sinto como o homem das cavernas.
Enchi minha palma com água e jogo no meu rosto para despertar, em seguida me arrastou para a cozinha e prestes a pegar um cereal...até ouvir um “TUM, TUM, TUM” na minha porta.
A pessoa era insistente a medida que eu tentava a ignorar mas foi uma tentativa falha a minha. Com mal humor, destrancou a porta dando de cara com...
“Liam e Zayn”, digo com a voz arrastada e minha rouquidão é explícita.
∆∆∆
Meus olhos vibraram quando passo pela loja pela décima vez sem saber se eu entro para falar com ele. Louis Tomlinson é o aluno de literatura da universidade Case Western Reserve University assim como eu que estudava lá mas meu curso era comunicação. Enfim aquilo não importava mas sim o garoto de olhos azuis e pele bronzeada que trabalhava no Toy “R” us.
Não era a primeira vez que eu passava ali para o observar com uma covardia enorme de ir até ele. Estava inseguro de mim ou do que ele iria achar porque sou péssimo com palavras perto de alguém. Ainda mais quando eu gosto desse alguém.
“Você precisa ir falar com ele!” Liam comentou entediado.
Ele era meu melhor amigo desde que fui a primeira festa na fraternidade que ele e Zayn moram com outros jovens. Ele também era da sala do Louis — o que de certa forma foi mais vantajoso para mim que ficava sabendo como Louis se comportava na sala.
Minhas pernas começaram a bambear freneticamente. Vejo o garoto se locomover até os ursos de pelúcia quando a loja fica sem cliente.
“Você é um bundão!” Zayn rir colocando o cigarro entre dentes.
“Bem provável que façamos a viagem de volta para o campus!”
“Calem a porra da boca!” Gritei encarando os meus dois amigos. Estava começando a ficar nervoso ao pensar em ir para perto de Louis. Contudo eu precisava tentar. “Eu vou.”
“Graças a Deus!” Liam ergueu as mãos e Zayn passou o braço ao redor da sua cintura.
Molhei a garganta caminhando para dentro da loja, parei inseguro e cogitei ir adiante, por cima do ombro vi Liam mostrando o dedo do meio para mim e Zayn fez um gesto ameaçador para Louis. Bufei, rolando os olhos. E entro na loja com cheiro de novo e gélida pelo frio que o ar condicionado fazia.
Louis estava em outra seção agora, subindo uma escada para arrumar os brinquedos na prateleira.
Olhei através do vidro e meus amigos apontavam para mim ir até Louis, neguei com a cabeça mas eles continuaram a me ameaçar com gestos. Queria ter vindo sozinho para poder fugir mas esse foi o propósito de eu trazer meus amigos comigo.
Eu sou um bundão.
“Pois não, posso ajuda-lo com algo?” Sua voz é tão doce e suave. Fecharia meus olhos somente para apreciá-la porque é muito linda.
Encarando meus amigos disfarçadamente, vejo Zayn e Liam fazendo uma dancinha estúpida onde suas bundas balançavam para os lados. Balanço a cabeça encarando Louis novamente, ele usava seu uniforme gola polo azul escuro, uma calça caqui preta — que mesmo folgada realçava sua bunda — e os vans que ele usava até mesmo na universidade. Percebo que seus olhos realçam mais quando ele está vestindo azul e também quando ele não está usando seu óculos de grau. Suspiro porque ele é ainda mais belo de perto.
Eu sei que pareço algum tipo de idiota o admirando sem dizer um “A” mas é que não sei o que dizer a ele para não parecer mais estúpido do que estou e sou.
Nunca o vi tão de perto como agora, queria capturar mais da visão que tenho dele assim. Em centímetros de distância.
“Oi! Tudo bem com você?” Louis estalou os dedos da minha frente.
Pisco várias vezes para poder acordar para a realidade. No fundo me sinto um verdadeiro idiota por não conseguir reagir bem na sua frente. Mas eu estava tão hipnotizado por ele. Nunca estive tão perto do Louis como estava agora a ponto de trocar palavras com ele. Nunca.
Me sinto estranho mas nervoso. E estou trêmulo o suficiente a ponto de apertar a minha mão uma na outra com ímpeto. Meu ar falta a medida que vejo seus olhos procurando meu olhar e a minha atenção.
Eu havia perdido a fala e precisava encontrar um modo de achar cada uma. Então olhei para os lados e sem pensar muito peguei a primeira coisa que vi pela frente.
“Eu vim comprar isso!”
Louis arqueou a sobrancelha.
“Uma Barbie?” Ele se mostrou curioso.
Olhei para a minha mão me sentindo um rolo. No fundo estava rindo de mim sabendo que Louis deveria me achar um idiota. Então tinha que bolar uma fala descente nesse momento para não ter que enfiar toda a minha cara no chão. Ia ser “maravilhoso” eu estragar tudo isso, não?
“Eu...hum...peguei errado.” Dei uma risada fraca colocando a caixa da boneca no lugar. “Pode me levar na seção dos ursos?” perguntei e o vi assentir com a cabeça.
Andamos pelo mini corredor de prateleiras e chegamos perto dos ursos de pelúcia. Louis foi para o lado e apontou para cada um que tinha ali.
“Fique a vontade senhor”
“Harry.” Eu disse a ele.
Louis mordeu os lábios e sua face foi ganhando uma tonalidade vermelha. E aquilo foi a minha coisa favorita dele.
“Como?”
“Me chame de Harry” Eu sorri.
“Oh sim..bem..hum... Fique a vontade Harry e me chame caso tenha...hum... eu... Caso precise.”
Balanço a cabeça adorando ver ele todo envergonhado. E quando ele me deixou só, eu ri olhando para os vários ursos que estavam ali e me pergunto que ideia estúpida eu tive de não ir direto logo ao ponto. Eu me sinto idiota por não ter tantas palavras e não saber tomar atitudes. Eu sou um merda!
Mas sou um merda que está se saindo bem com Louis.
Olho para um dos ursos e levanto a mão para Louis que encontra meu olhar e sorri. Ao menos eu consegui fazer isso. Era um passo enorme ao meu ver. Ele já estava ao meu lado com o olhar em aguarde.
“Sim?”
“Não consigo me decidir” Pego o Olaf e o Picachu que tinham ali. “Qual dos dois?”
Louis franziu o cenho e esse detalhe o faz ficar ainda mais adorável.
“Hum.. Pra quem é?”
Eu poderia dizer que era para ele mas mal o conheço.
“Pra mim”
“Pra você?” Ele rir. Que risada mais encantadora.
“Sim. Por quê a surpresa?”
“Ah nada não”
Louis balançou a cabeça e apontou para o urso amarelo. “Parece com você”
“Você é muito engraçadinho”
“Eu sei” Ele rir mais alto.
Meu coração acelerou e meus ombros moveram para cima e para baixo. Depois de ficar com o Picachu, andei com ele até a gerente. Meu eu estava pedindo para mim agir de um pouco mais porque já dei um passo para ele falar comigo.
Parei meu andar e ele se virou estranhando. Do outra lado do vidro Zayn e Liam estavam fazendo sua dança ridícula.
“Tudo bem?”
Eu gosto de você, diga a ele!
Estava trêmulo e eu não sabia se era o certo.
“Não sou bom com palavras e não sei como você vai reagir a isso mas... Pode me passar seu número?”
Eu sou um lixo. Eu não consigo nem falar com o garoto que gosto e ainda falo de modo que o fez ficar sem reação. Dá pra ver sua pupila dilatada. Em como ele pensa que sou um psicopata. Ele não vai aceitar.
“Claro”
O quê?
“Pode me entregar seu celular?”
Imediatamente tiro o aparelho do bolso sem nada mais a dizer. Louis sorriu com as bochechas vermelhas e com os dedinhos digitou seu número e o salvou no meu celular. Assim o devolve para mim.
“Obrigado” Eu disse a ele. “Vou te ligar”
“E eu vou esperar”
Fui ao caixa com um sorriso idiota exposto no rosto. E paguei o urso e dei uma olhada de canto para Louis que piscou para mim. Sai da loja quase dando pulos altos mas não o fiz. Eu não acredito que vou poder falar com ele!
∆∆∆
“Você está acabado” Foi a primeira coisa que Liam disse ao entrar na minha casa.
“Oi Bro” Zayn me deu um abraço e eu retribuo sem jeito.
Após bater a porta, desisti de ir tentar comer. Minha cabeça começou a latejar com intensidade e achei melhor ir dormir. Outra vez.
“Você deveria cortar essa barba e esse cabelo horrível!” Meu amigo tenta ser...gentil?
Apenas o ignoro. Indo para a cama e me embrulho no edredom. Liam me segue em vai direto a cortina. Faz tempo que não fico com eles. Tempo em que eu ainda não superei a morte de Louis Tomlinson. E eu quero morrer mas não sei como fazer isso.
A luz invade meu quarto e eu me cubro.
“Feche essa porra” Estava irritado. Muito revoltado.
“Você não está bem”
“Eu estou bem” Eu disse.
“Você disse isso à um mês atrás”
“EU NÃO AGUENTO” Gritei com o peito queimando. “Ele morreu porra e não sobrou nada de mim, meu grande amor morreu e eu nunca vou superar isso”
Liam então me abraçou, passando a mão na minha costa. Não lutei para sair do seu abraço. Eu acho que eu precisava disso.
“Eu o quero de volta, Lee” Soluço. “Porquê eu ainda estou esperando ele voltar pra casa como ele disse. Todos os dias. Eu...eu estou morrendo”
Dizem que a dor precisa ser sentida. Mas prefiro estar morto do que ter que sentir essa dor.
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