'evermore', track 11; "cowboy like me".

PAYTON MOORMEIER

Após o ocorrido com o policial ontem à noite, eu apenas decidi que não iria contar nada do que ele me propôs para Bonnie. É óbvio que eu não a entregaria, mas é melhor para nós dois que ela não saiba disso por enquanto.

Já estamos em Nashville novamente, chegamos aqui pela manhã como planejado.

Bonnie e eu caminhávamos pelo shopping como se nada realmente houvesse acontecido. Como se eu não tivesse sido ameaçado no dia anterior. Como se eu não tivesse passado à noite em claro pensando na tal proposta do policial.

Mas eu apenas fingi que estava tudo bem. Me desliguei de todos esses pensamentos e continuei à andar pela enorme loja de roupas.

— Esse vestido ficaria lindo em você. — eu disse, apontando para o cabide que prendia a peça de roupa preta curta.

— Eu preferi esse. — Bonnie apontou para um dos vestidos da mesma sessão, mas esse era branco e um tanto mais largo.

— Também vai ficar bonito. — conferi a vestimenta. — Mas eu ainda prefiro o outro. — ela revirou os olhos e pegou os dois cabides com ambos os vestidos.

E então enquanto Bonnie ainda decidia qual dos dois comprar, repentinamente eu me lembrei que precisava ligar para a minha mãe até o final do dia com urgência.

Eu não costumo vê-la frequentemente e muito menos ter uma conversa com mais de dez minutos de duração, já que nós moramos em cidades bem distantes uma da outra. Por isso, sempre que posso, ligo e procuro saber como ela está.

Mas dessa vez eu a liguei com um propósito. Pediria à minha mãe o anel de noivado que um dia já foi dela, para que eu também pudesse pedir a mão de Bonnie em casamento.

— Ei, não sai da loja. Eu vou ligar para minha mãe. — ela franziu o cenho, mas logo assentiu.

E então eu fui até o peguei o meu celular no bolso da calça e procurei na Agenda o seu número.

— Alô? — assim que percebi que ela havia atendido, eu comecei. — Oi mãe, tudo bem?

— Oi meu filho! Eu estou ótima e você?

— Aqui está tudo bem também. — eu ri fraco.

Não queria citar o acontecimento de ontem à noite com os policiais, então apenas fui logo ao ponto.

— A senhora ainda tem o seu anel de noivado?

— Tenho sim. Ele está aqui bem guardadinho, por quê? — ela claramente já sabia exatamente o porquê, mas mesmo assim quis garantir. — Você vai pedir a sua namorada em casamento?

— É, eu não sou muito criativo, mas acho que tive uma ideia legal. — senti a empolgação da minha mãe pelo outro lado do telefone e ri com isso. — O ano já 'tá acabando, então eu pensei em levar a Bonnie para viajar e pedir ela em casamento lá. Bem no ano novo, à meia à noite.

— Que legal filho! Eu tenho certeza de que ela vai aceitar. Vocês são tão fofos juntos! — ela me motivou, e eu abri um sorriso bobo. — Depois me conte como foi tudo, ok?

— 'Tá bom, então quando você puder, envia o anel para Nashville. Mas o quanto antes, por favor. Eu ainda preciso planejar o pedido direito.

— Caralho Payton, bora logo! — Bonnie se aproximou de mim, me apressando. Eu ri e rapidamente me despedi da minha mãe, desligando a ligação.

— Você demorou tanto que eu já até comprei o vestido. — eu passei meu braço ao redor do pescoço da garota e saímos da loja.

— Qual? O preto? — ela assentiu. — Olha só, Bonnie comprando vestidos. Eu diria raridades. — apontei para a sacola, que continha com a peça neutra dentro.

— E eu diria antecipada. Depois você vai tirar ele mesmo. — murmurou ela, e eu comecei à rir.

— Tem razão.

— Ei, você esqueceu de me contar o que aconteceu ontem depois que eu corri dos policiais. — ela mudou de assunto, e eu arregalei os olhos só de lembrar daquela situação. — Você tentou subornar eles pra conseguir escapar ou o quê?

— Na verdade eu consegui fugir também. — improvisei com uma péssima resposta, mas espero que ela tenha se convencido. — Eu só fiquei correndo com o carro, até que quando percebi, eles nem estavam mais atrás de mim.

— Então você 'tá me dizendo que eles desistiram? — perguntou Bonnie, de braços cruzados e claramente já desconfiada. Eu apenas assenti.

É horrível ter que mentir desse jeito para a própria namorada. Mas de fato, certas coisas não podem ser contadas, por muitas vezes serem irrelevantes até certo ponto.

Assim como todos os homens velhos que Bonnie já havia enganado não importavam mais, os doces golpes que nós dávamos também não. Muito menos os esqueletos em ambos os nossos armários, que conspiraram muito para nos foder de vez.

Contudo, trair a confiança de Bonnie não era algo irrelevante. Mas eu fingia que era, já que nessa vida eu não a entregaria nem em milhares de anos.

𖥻 NOTAS!

— oii, bom dia, já beberam água hoje?
— votem e comentem ! <3