'reputation', track 03; "i did something bad"

NARRADORA'

— A sua casa é muito bonita. — Bonnie Jones fez questão de elogiar a enorme cobertura de Robert, enquanto desfrutava da vista do lugar. O barulho de buzinas altas e carros correndo nas ruas soavam por todo canto do local; além do rock tradicional que tocava nos fundos dos restaurantes.

As noites em Nashville sempre eram agitadas e variadas. O centro da cidade era o ponto ideal para ouvir música e se divertir em bares com bandas ao vivo e festas aglomeradas.

Ao mesmo tempo em que Robert encarava Bonnie com um sorriso presunçoso estampado no rosto, o seu real companheiro, Payton Moormeier, a esperava do lado de fora do luxuoso prédio, já impaciente.

Uma música country tocava em baixo volume no rádio de seu carro escuro quando Moormeier contava os minutos apressadamente esperando por sua namorada, que tentava golpear mais um homem velho, fazendo com que as únicas coisas que restem no final, fossem esqueletos escondidos em armários.

— E esse relógio? — perguntou Bonnie com uma ponta de interesse, direcionando seu olhar para o objeto preso no pulso de Robert. Ela aproximou seu rosto do canudo que se encontrava dentro do drink que bebia, ingerindo parte do líquido. — Parece ter custado uma fortuna. — ela deduziu, enquanto suas pernas descobertas passavam pôr debaixo da mesa, procurando as posicionar sobre as pernas do homem também, na tentativa de seduzi-lo à todo custo.

Robert sorriu, satisfeito.
— É. — ele confessou. Por mais simples que tenha sido aquela suposição, ele sabia que era uma realidade, e ficava feliz em ver que o seu dinheiro gasto em suas próprias coisas era aparente para as pessoas.

Seu narcisismo o prejudicava mais do que ele poderia imaginar. E Bonnie nunca confiou em narcisistas, apesar de que, eles demonstravam a amar. Então se aproveitava disso; os manipulava como um violino, fazendo aquilo parecer simples. E ela sempre tinha truques na manga. Dizia a todos os ricos o que eles queriam ouvir em troca de benefícios irrecusáveis.

Até que o celular de Jones vibrou em seu colo. A garota desviou seu olhar para a tela brilhante do aparelho, que mostrava uma notificação de Payton.

"Você já conseguiu pegar alguma coisa desse cara ou não? Tem três homens olhando pro meu carro já faz meia hora! Vai logo com isso, caralho!" Bonnie leu a mensagem de texto de seu namorado mentalmente. Revirou os olhos.

— Eu tenho outro compromisso agora, tenho que ir. — ela despendurou sua bolsa prateada da cadeira e se levantou, ajeitando o próprio vestido. O orgulho do homem o impediu de pedi-la para ficar mais, então ele apenas a abraçou como despedida.

Suas mãos abertas e soltas durante o abraço foi o suficiente para que Bonnie conseguisse abrir as travas de seu relógio e o soltasse facilmente do pulso do mesmo. Deu um sorriso reconfortante antes de jogar o acessório dentro de sua pequena bolsa e sair do local.

Jones desceu o elevador e foi até o encontro de Payton, que permanecia dentro do carro de fuga, com os pés cruzados em cima do volante e com alguma comida na boca. Ela bateu no vidro do carro como sinal para que o mesmo abrisse a porta do mesmo, e assim ele fez.

— Conseguiu pegar alguma coisa ou não? — ele questionou, tirando os pés do volante e se ajeitando na cadeira de motorista. Bonnie jogou o relógio que havia furtado no colo de Moormeier. O garoto arregalou os olhos, segurando o objeto. — Puta merda. Sabe quanto isso deve custar?

— Sim, Payton. Não sou idiota para não perceber que isso deve render uma porrada de dinheiro. — ela afirmou, levantando as sobrancelhas confiante, enquanto Payton encarava o objeto com os olhos brilhantes. — Quer ficar para você? Depois eu posso conseguir outra coisa para nós vendermos.

— Valeu. — Payton balançou a cabeça e pisou no acelerador. Abriu as janelas do veículo para que conseguisse sentir ar fresco. O cabelo do mesmo voava, enquanto Bonnie procurava no rádio alguma música aceitável para escutar.

Todos diziam que a vida que Moormeier e Bonnie levavam era desprezível, desumana. Mas então por que então eles se divertiam tanto?