De tanto te amar
Amava-te tanto, em febre, em brasa viva,
Alma e corpo em ti, sem medida, sem esquiva.
Cada átomo meu, por ti, era canção,
Em teu nome o sangue, em teu rosto a razão.
Dei-me inteiro, em oferenda desmedida,
Nutri teu querer, sequei a própria vida.
Fui lenha, fui chama, ardi em teu altar,
Cego de paixão, sem nada questionar.
Mas o fogo consome, a brasa se apaga,
E o excesso de amor, em vazio naufraga.
Esgotei a fonte, a taça, a alma, o ser,
De tanto te amar, já não sei te querer.
Hoje teu nome é eco, sem ressonância,
Teu rosto, pintura pálida, sem fragrância.
Teus gestos, canções antigas, sem compasso,
Não tocam, não movem, não causam mais espasmo.
Podes chorar, gritar, implorar em vão,
Meu peito é deserto, árido coração.
A exaustão lavou, limpou, varreu,
O amor que existia, em nada se converteu.
Não há raiva, rancor, sequer desdém,
Apenas o vácuo, o silêncio que contém.
De amar-te demais, em loucura infinda,
Resta o nada absoluto, a alma exaurida.
É o fim da jornada, o termo da viagem,
Onde o amor se esvaiu, sem deixar mensagem.
E eu, liberto enfim, da tua tirania,
Sigo outro rumo, em plena apatia.
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