Cobiçou o infinito
Menino quis ser homem, leão indomável,
Domar o mundo à força, num gesto implacável.
Queria o cetro, o reino, a glória, o poder,
Mais do que a vida comporta, mais do que podia ter.
Cobiçou o infinito, sem ter raiz no chão,
Buscou o alto do monte, sem dar a mão.
Em cada passo, a ânsia de sempre mais alcançar,
Sem ver que a alma vazia, só a si podia enganar.
A mente se toldou, na febre da conquista,
A sanidade esvaiu, em vã e insana pista.
A vida se esfacelou, em cacos de ambição,
Restou o eco oco, de uma falsa asserção.
A esposa se afastou, vendo o brilho se perder,
Os filhos desertaram, sem ter a quem valer.
E ele, no trono frio, de orgulho e solidão,
Perdeu o mundo inteiro, em vã dominação.
Restou-lhe a persona, máscara de poder,
Ao qual se agarra forte, sem nada compreender.
Preso na imagem vã, do homem que não é,
No labirinto escuro, da própria fé.
Recusa a mudança, cego em seu próprio erro,
Afogado no ego, em trágico desterro.
E assim definha, o menino que rei quis ser,
Homem de ninguém, sem nada a colher.
No espelho, a figura fantasma, sem calor,
A persona vazia, disfarçando a dor.
Eterna prisão, o preço a pagar,
Por querer o mundo todo, e nada, no fim, amar.
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