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Relação parental

Ele odiava ouvir gritos. E eles sempre apareciam pelas paredes. Não entendiam o que diziam, mas se encolhia e tapava os ouvidos em vão.

E logo depois eles apareciam.

Seu corpo reagia de imediato ao perigo, mas não tentava mais fugir. Da última vez a dor foi pior do que tudo que havia sentido, e só de pensar sentia enjoo. Continuou sentado e de cabeça baixa enquanto o soltavam. Não conseguia se levantar ainda, e uma mão foi passada ao redor de sua cintura o içando e prendendo a lateral de um corpo. Via os pés e o chão passando sobre os olhos semicerrados. Não esperneou, nem se moveu. Os homens estranharam. Era sempre ele que dava mais trabalho. Talvez houvessem domado a fera.

– Os resultados dele são os melhores. – Alguém falou. Era raro. Ninguém falava perto dele. Ele não conseguia falar também. Melhor ainda. Animais não falavam, de qualquer forma.

– O corpo aceita bem, apesar da pouca idade. Os ossos cicatrizaram rapidamente. Mas ainda tem febre. Pode ser uma rejeição.

Conforme adentravam na sala, seus olhos se abriam mais atentos. O cheiro, ele conhecia aquele cheiro de longe. Não se surpreendeu com a mão que tocava seu rosto e o levantava, retirando seus cabelos suados do rosto. Aqueles olhos muito escuros que o apavoravam, e o mesmo sorriso calmo.

– Sem nenhum brilho feroz agora. – O homem sorriu fazendo algo atípico, um carinho em seu rosto. – Estamos chegando em algum lugar.

Por que estavam falando com ele?

– O coloquem na jaula. – O homem dos olhos muito escuros soltou seu rosto e se sentiu aliviado.

– Ele ainda tem febre... Talvez não consiga...

– Ele vai conseguir. Faça. – a voz não deixava margem para objeções.

Foi levado para um lugar muito claro, os olhos ardiam e o deitaram no chão devagar. Queria ficar parado, cada parte do seu corpo ainda doía. Mas aquele cheiro forte o tomou e se virou rapidamente para sua condição. Seus olhos afiados buscaram a fonte do perigo e de repente ficou tudo escuro. Ouviu um rosnado e respondeu baixo, vindo de seu peito e saindo por sua boca. Ouviu o uivo longo, haviam mais rosnados, por todos os lados e se agachou

Agora era seu corpo que comandava. Ouvia os passos com clareza, e respondia como se dançassem, por isso quando o primeiro ataque veio soube exatamente de onde. Agarrou algo peludo por cima e suas mãos pequenas envolveram um pescoço. O movimento foi rápido e ouviu a dentada e o ganido. Algo passou por suas costas e sentiu uma dor horrível quando algo afiado rasgou sua pele. Mas ele era mais rápido, forte e letal. Ouvia o barulho dos ganidos, rosnados e da respiração calma que vinha de si.

Já estava exausto e caiu. Havia um ainda, sentia por cima do cheiro de sangue, mas não conseguiu se mexer a tempo e sentiu o peso em cima de si. As garras em seu peito e gritou de dor. Agarrou a boca e usou de toda a força que tinha, puxando. Foi um ganido surdo e o peso caiu imóvel em cima de seu corpo.

Tremia.

Toda adrenalina caia.

As luzes se acenderam e o que viu foi sangue por todo o lado e corpos no chão. Sentiu um nó na garganta e um soluço tomou seu peito.

Fechou os olhos, não queria ver aquilo. Preferia o lugar escuro. O levantaram e gemeu, ferido. O homem dos olhos muito escuros o olhava com um sorriso aberto: - Minha obra-prima.

Voltou a fechar os olhos. Queria sair dali.

Queria morrer

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–Ei, se acalme. Tudo bem...

Uma voz o alcançou e abriu os olhos. Estava encolhido com os ouvidos cobertos com as mãos, deitado em posição fetal na cama. Sua visão estava turva pelas lágrimas e ainda tremia. Empurrou a mão que estava na sua cabeça e pulou da cama depressa em posição de ataque com um rosnado baixo saindo do peito, procurando no escuro o perigo até perceber onde estava. Reconheceu o cheiro e se acalmou aos poucos. Quando a mão tocou sua cabeça dessa vez deixou e relaxou na posição.

Era o Lobo Branco.

Kakashi havia ouvido os gritos e caído do sofá. Eram tão sentidos, dolorosos. Correu temendo alguma invasão e quando entrou no quarto ouviu a movimentação na cama. Acendeu o abajur ainda com a arma a postos e o que viu foi o garoto se mexendo na cama, encolhido em meio a um pesadelo. Desde o dia da confusão na festa, eles vinham toda noite. Shizune anotava tudo o que o garoto a narrava depois, e ele fazia desenhos. Mas ainda assim, eles atingiam cada vez mais fortes, e dessa vez foi mais difícil acordá-lo. Kakashi escapou de um soco forte no rosto.

Sabia que era bom que ele estivesse lembrando. Mas uma voz lhe dizia, vendo o outro gemendo e chorando ali, e por sua narrativa a Shizune todas as noites, essa voz se perguntava se havia algo de bom ali. Se a ignorância de Naruto era o que mantinha sua sanidade.

Quando ele finalmente pareceu despertar o empurrou e pulou da cama. Ouviu o rosnado e mesmo na semiescuridão visualizou os olhos ferozes o perscrutando como um animal pronto para o ataque. Aos poucos enquanto procurava ao redor eles foram mudando, perdendo o brilho de raiva e se abrindo assustados e confusos. Kakashi sentiu uma dor no peito ao vê-lo tremer, caminhando devagar e com as mãos em rendição até ele. Quando tocou a cabeça loira o garoto o abraçou, para sua surpresa. Sentiu os braços agarrados com força na sua cintura, quase o machucando. Não sabia como reagir. Droga!

Ouviu o soluço e sentiu o choro abafado do garoto. Suspirou e colocou uma mão nas costas batendo de leve e a outra fazendo um carinho nos cabelos bagunçados. Olhou ao redor. Umas das situações mais inusitadas da sua vida. Já havia se metido em muitos problemas realmente perigosos, corrido risco de vida constante. E naquele momento, ali, era quando se sentia mais perdido e sem saber o que fazer.

O puxou para a cama devagar, se soltando do abraço muito forte. Naruto o soltou, ainda chorando. Deitou o garoto trêmulo e sentou a seu lado, ainda fazendo carinho no cabelo loiro e suado pelo pesadelo. O menino colocou a cabeça no seu colo voltando a agarrar sua cintura, ansiando por contato que o livrasse do medo. Kakashi continuou com o carinho até que ele parasse do chorar. Não notou quando ele voltou a dormir.

O ajeitou na cama, o cobriu e sentou na poltrona perto da cama fitando a criança recém adormecida sentindo algo diferente, uma preocupação, uma vontade insana de matar quem havia feito aquilo com o garoto.

Quando finalmente voltou a dormir, na poltrona, o sol já começava a nascer.

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–Podemos fazer como pais separados, você fica com a guarda e eu nos finais de semana. – Itachi pediu. Kakashi quase podia sentir o desespero do amigo, o que lhe deu vontade de gargalhar.

–Trato é trato Uchiha. Duas semanas só suas agora.

–Mas vocês estão se dando tão bem. – O outro suspirou tomando um gole de conhaque de uma vez. Outra novidade. Primeiro por que o Uchiha nunca se desesperava, e segundo por que nunca perdia controle com a bebida. O que estava prestes a fazer se Kakashi não tomasse o copo e escondesse sua garrafa. Eles conversavam na sala do Hatake enquanto Naruto tinha mais uma sessão com Shizune na cozinha.

Amanhã ele iria para a casa do Uchiha.

E Itachi tinha certeza que seria o fim da sua paz. Não havia nem contado a Sasuke ainda, seria uma linda surpresa. Por via das dúvidas tinha deixando a arma de choque ao alcance consigo, caso precisasse controlar aqueles dois. Só podia ser um pesadelo. Kakashi maldito que não tinha compaixão em uma hora daquelas. Só tinha quando não deveria, o que havia metido os dois naquele problema.

– Você vai sentir falta dele que eu sei. – O Uchiha falou com um sorriso que fez o outro virar a cara irritado. Ter o garoto ali até que não havia sido ruim. Ok, ele gostara mesmo da companhia dele, mesmo com todo o trabalho.

–Eu preciso trabalhar Uchiha. Aquela loira maldita me passou relatórios também, e ter Naruto por perto é o mesmo que dar adeus a paz para trabalhar. Mas isso você vai ver. – riu se vingando e arrancando um suspiro resignado do outro. – E trato é trato. Onde está sua honra Uchiha?

–Não sou meu irmão, meu apego a isso é menor.

Kakashi bufou.

–Shizune vai ajuda-lo seu maricas.

–Eu já vi Naruto furioso Hatake, e conheço meu irmão. Minha casa vai virar zona de guerra e vejo uma tragédia vindo.

–E eu sou dramático. Mas chega, ele vai amanhã. Venha as nove.

Itachi se sentiu derrotado. Tomou a garrafa de Kakashi e virou um longo gole. Que os céus o ajudassem.

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Naruto estava sentado no sofá com uma cara pensativa. Na mochila já estavam guardadas as poucas coisas que Kakashi havia lhe comprado nas últimas semanas: roupas, seu material para desenhos e ainda, ao lado, uma caixa de livros de Shizune.

A mulher, sentada na cozinha com Kakashi, olhava a cena com um pequeno sorriso.

–Ele gosta de você. – falou em tom divertido.

–Besteira. – O homem retrucou mais escondeu o rosto. Odiava quando a amiga tentava lê-lo, e naquele momento, realmente não conseguia admitir que se apegava ao garoto.

– E você dele. Pense bem Kakashi, é meio como ter um filho pequeno, com a vantagem que não precisa trocá-lo ou acordar de madrugada.

– Errada sobre a última parte. – o homem mandou irônico.

–Os pesadelos... – ela suspirou. – Ele teve de novo então?

–Sempre que dorme. Tem ajudado em algo?

–São muito confusos ainda, mas prova que ele está lembrando das memórias bloqueadas. Está só começando o processo.

–Então sabemos que ele foi torturado desde criança, treinado como se fosse um animal... Isso já dava para perceber. – falou com raiva.

–É nosso trabalho Kakashi. Fazê-lo lembrar.

Ela sabia mesmo lê-lo. Kakashi não respondeu. As memórias de Naruto eram cada vez mais ruins. Ele mal dormia agora, e saber que aquilo estava só começando...

– Eu sei que eu brinquei sobre o filho, mas não se envolva demais Kakashi. Não sabemos como essa história vai terminar. – Ela falou preocupada. Embora, no fundo soubesse que talvez fosse um pouco tarde para isso. Era impossível não se envolver com alguém como Naruto. Ainda mais Kakashi, que crescera em uma família conturbada, perdera o pai cedo. Era natural, que mesmo inconscientemente ele buscasse suprir essa falta em sua vida. Ela via pelo desespero do amigo em casar logo, embora todos os seus romances fossem fracassados.

Cuidar do Naruto com certeza ia ter alguma consequência nesse anseio que ele tanto negava por trás de demonstrações de coração frio. Ela via como ele se tornava susceptível perto do garoto, se irritava menos, e bastava um sorriso do menino para que ele se acalmasse, ou mesmo quando ele fazia algo genial, ela via um sorriso convencido e orgulhoso em Kakashi. Não se envolver emocionalmente? Difícil.

–Eu sei disso. – O homem resmungou.

As batidas na porta, características, encerravam sua conversa. Naruto continuava com a mesma cara pensativa, mesmo quando Itachi entrou para busca-lo.

– E seu irmão? – Kakashi provocou.

O Uchiha fechou a cara enquanto pegava a caixa de livros do Naruto e o menino se levantava sem olhar para ninguém.

–Falei pra ele que se não se comportasse o mandava de volta para Fugaku. – replicou. – Ele anda com um humor horrível, e mesmo que não admita Sasuke prefere passar um tempo longe dele.

–Seu velho sempre foi difícil. - Kakashi riu como se lembrasse de algo.

–Piorou com a idade, e o humor de Sasuke bate de frente com o dele. Minha mãe estava enlouquecendo e o mandou para cá nas férias. Eu não sei o que Sasuke aprontou, mas ele não quer ver Fugaku tão cedo.

–Você sabe que essa falsa cooperação não vai durar muito né? – Shizune falou serena. Ela conhecia o irmão de Itachi. O garoto era muito mais complicado que Kakashi, daí já se via o problema.

Itachi lhe lançou um olhar resignado: - Minta para mim Shizune.

A mulher riu. Naruto continuava calado indo sempre alguns passos na frente. Por causa deles todos tinham que ir de escada. Ele não entrava no elevador.

Quando chegaram na portaria o garoto parou no meio do saguão e eles viram uma garota de cabelo rosado e uma loira que entravam no prédio o encarando. Naruto ficou vermelho e Kakashi cutucou Shizune e riu. Havia conversado com Naruto sobre garotas. Se utilizou até de um livro de anatomia e tentou explicar sobre o sexo. As perguntas dele eram diretas, e a cada resposta de Kakashi o garoto ficara mais horrorizado, o que o fez rir como nunca na vida.

Mas não sabia se o ajudara ou piorara a situação. Antes Naruto não sabia o que estava acontecendo, agora não podia olhar para uma garota sem lembrar da conversa de Kakashi e dos livros que ele lhe dera, nem ignorar as reações do próprio corpo sem sentir uma imensa vergonha. Estava apavorado.

Parecia que iria ter um ataque.

A de cabelo rosa virou o rosto para baixo com um olhar irritado e vermelha, e a loira sorriu e acenou. Naruto retribuiu hesitante e ela veio quase correndo até eles. Naruto olhou em desespero para os lados. Os três adultos continuaram observando ainda parados perto da escada. Kakashi com um sorriso vitorioso, Itachi com uma cara de curiosidade e Shizune preocupada. Sabia como Kakashi era pervertido, temia só de pensar no que ele falara para o garoto.

A loira abraçou um Naruto que parecia paralisado: -Naruto!! Cada dia mais lindinho.

–O.oi. – Ele parecia que ia explodir de vergonha enquanto a garota apertava suas bochechas sem parar.

– Por que você não nos visitou? Mora no mesmo prédio! Sumiu depois daquele probleminha besta na festa...

Ela falava sem parar.

– Ele vai desmaiar – Itachi comentou olhando a cena.

–Tenho muito o que ensinar a ele. – Kakashi concordou. – Os livros que eu dei não estão servindo.

–Idiotas. – Shizune revirou os olhos e foi salvar Naruto antes que o garoto saísse correndo. – Vamos Naruto! O carro está esperando.

A loira o soltou beijando seu rosto e Naruto só saiu do torpor quando Shizune tocou em seu braço e quase arrastou o garoto para fora do prédio.

–Estraga prazer. – Kakashi resmungou.

– Respira Naruto. – Itachi falou de forma compreensiva ajudando o garoto a entrar no carro, ainda vermelho.

Quando o Uchiha entrou ele finalmente saiu do torpor de vergonha e olhou para Kakashi com os olhos tristes.

–Ei, não me olhe assim. Duas semanas, não gosta do Itachi? - Ele se agachou para ficar cara a cara com o garoto através da janela do carro. Shizune, um pouco atrás sorria minimamente e Itachi fingia que não via a cena ligando o ar-condicionado.

–Sim. – Naruto falou com um sorriso leve e mexendo os dedos.

–Vou visitar você. E Shizune também. Se comporte Naruto, não quebre a casa, durma cedo e pode me ligar.

Kakashi não precisava se virar para sentir o sorriso prepotente de Shizune. Parecia exatamente o que ela havia dito, mas ignorou quando o outro abriu um sorriso largo e assentiu. O sorriso de Naruto era totalmente ingênuo e caloroso, e até o Itachi da face impassível sorriu em resposta.

Kakashi bagunçou o cabelo do loiro e acenou vendo o carro partir. Maldita preocupação.

–Eles crescem rápido. – Shizune falou irônica. – Tem que deixá-los voar.

–Cala a boca maldita. – cuspiu entrando no prédio em passos pesados enquanto a outra não controlava a gargalhada.

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– Eis as regras: se cruzar no meu caminho eu acabo com você.

Itachi suspirou vendo o irmãozinho sair de casa batendo a porta com força enquanto Naruto permanecia sentado no sofá segurando a mochila confuso.

–Eu falei alguma coisa? – perguntou incerto.

– Não Naruto. Sasuke é difícil, tenha paciência sim.

Mal entraram em casa e o irmão deixara suas regras claras com o rosto frio que Itachi conhecia tão bem. Ao menos ele não tentara se embolar no tapete com o outro. O que mostrara que ele realmente não queria ver o pai, e colaboraria por enquanto.

– Vem, vou mostrar seu quarto.

A casa de Itachi era totalmente diferente do pequeno apartamento de Kakashi. Era grande, com quarto de hospedes, uma biblioteca, academia onde ele treinava artes marciais e um grande jardim nos fundos, murada, com uma vizinhança tranquila e de pessoas bem de vida.

O jovem Uchiha havia saído de casa após uma briga com o pai com apenas 18 anos, ainda na universidade, mas não ficara desamparado. A família de seu melhor amigo Shisui adorava Itachi e o acolheu. Eles haviam morrido em um acidente logo quando Itachi entrou na polícia, e para sua surpresa, ele havia entrado no testamento. Aquela casa e uma grande quantia lhe foram destinadas. Shisui pareceu não se importar, achando justo. O amigo não era muito ligado a dinheiro. Ele entrara na S.W.A.T. há alguns anos indo morar em Nova York, embora mantivessem contato sempre que possível.

Itachi não falava com o pai desde que saíra de casa, mantendo contato apenas com a mãe e com o irmão mais novo. Sasuke, quando criança era uma criança doce e alegre, mas mudara muito depois da saída do irmão de casa. Agora era agressivo e não demostrava bem sentimentos, além dos diversos problemas em que se metia para chamar a atenção dos pais. Apenas Itachi mantinha algum controle sobre ele, e até autoridade. Mandar ele para sua casa, com seu pai concordando, devia ser a última tentativa dos pais.

–É grande. – Naruto falou olhando ao redor de forma curiosa. Itachi riu. Ele parecia realmente uma criança pequena. Subiram as escadas e ele foi mostrando a casa pacientemente. Quando viu a biblioteca um sorriso largo e brilhante se abriu no garoto, aumentando mais ainda quando Itachi lhe disse que podia ter livre acesso a ela.

O quarto era confortável e tinha uma janela para o jardim e se via acima do muro a casa vizinha e as pessoas passando na rua. Era diferente de tudo que ele conhecia e ficou focando aquilo com um sorriso no rosto. Itachi riu da reação. O sorriso de Naruto era diferente de outros sorrisos. Talvez por ele ser tão inocente para as coisas do mundo, parecia caloroso, era impossível não sorrir de volta, não se sentir leve.

Itachi gostava da companhia do garoto, apesar de seu lado infantil, era inteligente e aprendia rápido de um jeito incomum. Quando visitava Kakashi conversava por horas com ele e se surpreendia com as perguntas diretas, mas pertinentes, e as conclusões, principalmente em relação a livros em comum. Se conseguisse controlar as brigas com Sasuke, seria agradável tê-lo ali.

Se conseguisse.

Notou que o sorriso de Naruto havia sido substituído por um ar melancólico enquanto olhava pela janela. Seguiu o olhar e viu que ele observava na estrada um casal andando com uma criança e se divertindo.

–Corvo, como é ter pais? – perguntou repentinamente, sem olhá-lo.

A pergunta pegou o Uchiha de surpresa. Se ajeitou na janela ao lado do outro e ficou olhando a cena enquanto pensava em como responder aquilo.

– Depende da família Naruto, meu pai, por exemplo, era bem severo, e minha mãe doce e serena. Mas em geral, é ter alguém em quem se apoiar e se sentir protegido. É o trabalho dos pais proteger os filhos.

–Como você, Kakashi e Shizune fazem comigo? – ele franziu a testa, ainda sem olhá-lo.

–Parecido sim. – Itachi sorriu de leve.

– Eu não tive pais.

–Você não sabe Naruto, pode apenas não lembrar.

– Eu não tive. Você disse que pais protegem os filhos. Eu não fui protegido por ninguém até conhecer vocês. – O adolescente sorriu de modo triste e o sorriso de Itachi sumiu. Estava a par dos pesadelos. Entendeu bem o ponto.

–Você não sabe o que aconteceu Naruto. Mas eu sei que se seus pais o conheceram eles amaram muito você. – Falou com convicção.

O garoto se virou para ele de forma curiosa: - O que é o amor? Eu li sobre isso mas... Eu não consigo entender.

Itachi riu de forma serena. O vento batia nos dois pela janela e fechou os olhos.

– Acho que não é algo para se entender. Ninguém entende, não se preocupe com isso.

Naruto continuou o olhando confuso: - Você já amou alguém? Como é?

–Sim, há pessoas que amo. Eu me preocupo com eles, e faria qualquer coisa para ajuda-los, e fico bem quando eles ficam. Não nos damos bem todo o tempo, mas eu sei que posso contar com eles e eles comigo. Acho que esse é meu tipo de amor.

Itachi se surpreendeu consigo mesmo. Geralmente não falava sobre isso. Geralmente não falava tanto sobre qualquer coisa. Mas falar com Naruto era diferente. Tornava tudo mais leve e fácil.

O garoto não respondeu. O que mostrava que havia entendido, ou pensado em outra coisa. A mente de Naruto fazia conexões rápidas e mudava de foco com facilidade. Ele não percebeu quando Itachi saiu, absorto nos pensamentos. E tudo o que o moreno pensou era, que naquele momento, Naruto parecia mais velho do que todo mundo.

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Sasuke andava pela vizinhança a passos duros com a mente fervendo. Não acreditava que Itachi estava fazendo aquilo com ele, colocando o loiro maldito debaixo do mesmo teto, e ainda o chantageando. Não podia voltar para casa, o pai ia mata-lo. Tinha que deixar a poeira baixar, e agora estava preso com aquele...Argh!

Não que gostasse tanto de Karin. Ao contrário. Ela era irritante e tinha consciência que podia traí-lo. Sasuke era péssimo para escolher namoradas. Era atraente, e haviam filas de meninas a seus pés, mas dentro de um relacionamento era frio demais, e eles sempre terminavam mal.

Mas ele tinha seu orgulho. E agora Itachi queria que ele o engolisse? Iria infernizar a vida daquele imbecil.

Sorriu ao pensar nisso. Descontaria tudo nele. Por esse ponto de vista, lhe agradava tê-lo ali. Ele não engolira a humilhação da festa. Não era tolo, e sabia que se a polícia não houvesse chegado teria perdido a luta. Nunca vira movimentos tão rápidos como aqueles, e uma força daquele tamanho. Nem vira de onde o golpe o atingira até estar no chão. Sasuke não era prepotente ao ponto de achar que ganharia de um embate físico.

Mas ele sabia onde bater para machucar não fisicamente. E já percebera que o respeito do outro pelo o irmão o fazia se controlar. Era humilhante. Não precisava de ninguém lhe defendendo ou se contendo! Fazia com que parecesse fraco.

Dobe maldito.

Parou em frente a casa e viu o idiota olhando a rua pela janela com cara de paisagem. Tinha que admitir que tinha curiosidade de saber por que Kakashi e o irmão estavam protegendo aquele garoto, que ora parecia uma criança ignorante, e outra um ser frio e feroz.

De repente o olhar do outro encontrou o seu. Eram muito azuis e nesse momento, pensativos. Recebeu um sorriso hesitante do outro e ficou vermelho por ter sido flagrado observando. Virou a cara com raiva e marchou para dentro de casa.

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Passava da meia-noite. Naruto não queria dormir. Já fora na biblioteca e lera tudo o que podia até os olhos doerem. Pensou em ir falar com o corvo, mas ele parecia ocupado.

Sentou no parapeito da janela e ficou olhando o céu. Foi quando viu um o irmão do corvo pulando a janela do quarto e saindo de modo furtivo pelo jardim, pulando o portão.

Aquilo o deixou curioso.

Ficou de pé e pulou da janela para o muro alto com facilidade, saltando na rua com leveza e se escondendo na escuridão. O moreno corria onde outros garotos o esperavam e eles agiam de um modo que Naruto não entendia. Riam sem motivo aparente, fumando aquele troço que dava enjoo e tontura. O irmão do corvo não fumava, mas com sua audição apurada ouvia que ele falava diferente do que ouvia ele falando com o irmão. Ria de um modo tão sem sentido quanto os outros e falava aquelas palavras que O lobo branco falava quando estava com raiva.

Notou também que falava dele. Ao menos achou que seria ele o "Loiro estúpido que vou fazer em pedacinhos". E outras coisas que Naruto ignorou, lembrando a si mesmo que ele era irmão do corvo, mesmo sendo tão diferente dele.

Ficou vendo mais um pouco enquanto eles se afastavam e entravam no bosque da rua. Não sabia se seria certo segui-los, já havia ouvido coisas bem desagradáveis sobre garotas e sobre ele mesmo.

Subiu de volta no muro e ia a seu quarto quando ouviu o som. Era lindo, melodioso. E lhe tomou por uma lembrança agradável, coisa que não tinha muito.

Fechou os olhos e lembrou de lençóis brancos e macios e risadas. Sentia-se envolvido em calor. A lembrança era turva, mas havia um homem muito parecido consigo o segurando no colo, e uma mulher de cabelos vermelhos como a namorada de Sasuke. Ela tinha um objeto em mãos, e saia aquele som bonito enquanto o homem segurava em suas mãos as batendo. Estavam todos em uma cama, e havia sol entrando e batendo neles por uma janela. Mas não conseguia focar nos rostos, parecia algo muito antigo. Naruto abriu os olhos e um sorriso brincou em seu rosto, ainda ouvindo o som. O seguiu. Parecia ser no muro vizinho.

Pulou para ele com facilidade e continuou caminhando com um equilíbrio incomum escondido pela escuridão. Vinha de uma janela de cima de uma casa de dois andares branca com azul, com um jardim ainda mais bonito do que o do Corvo. A janela estava aberta e pode ver uma garota de cabelos negros e olhos muito claros tocando o mesmo instrumento da de cabelo vermelho da sua lembrança. Era dali que vinha o som. Era tão bonito...

Naruto sentou e ficou olhando sentindo o vento misturado com aquela melodia e olhando maravilhado a maneira como a garota sorria. Sentiu um calor no peito. Então ela parou e se levantou da cama. Ficou em alerta, ela vinha para a janela. Naruto se ergueu com rapidez e pulou de volta para o muro da outra casa com agilidade ainda com o coração batendo muito rápido, mas não por medo.

Só se sentia feliz.

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