Hinata Hyuuga
Naruto continuou estático. A boca era macia e sentiu sua pele fervendo sem saber o que fazer. Fechou os olhos, e sentiu quando se separaram abrindo um sorriso bobo.
E então recebeu um tapa no rosto.
Arregalou os olhos depressa. Ela estava vermelha, com o rosto delicado crispado de irritação: - Por que não deu notícias!
–Hei, Hinata! –Hanabi saiu finalmente do espanto paralisante. – Não bata no Naruto! Ele é meu amigo!
A morena saiu de cima dele e sentou no chão, ainda chorando. Naruto estava em uma malha de sentimentos: os principais eram vergonha, confusão e desespero de ver a menina chorando de modo sofredor na sua frente. Tinha certeza que havia feito algo muito errado.
–Ei, desculpe, não vaze pelos olhos! – pediu sentando depressa estendendo a mão para a garota que a segurou forte e apertou. Ela estava muito corada, e limpava as lágrimas com a mão livre.
–Seu amigo me disse que haviam te matado, não sabe como fiquei... Desculpa pelo beijo, mas é que eu sofri tanto...
Naruto olhou para Hanabi pedindo socorro mas ela ainda os olhava espantada, sentada no mesmo canto, sem entender nada.
–Por que fez isso? Por que não voltou? – ela o encarou com os cílios piscando as lágrimas, e então parou e soltou sua mão ao ver o olhos confusos de Naruto. – Seus olhos estão... diferentes.
Naruto ficou mais vermelho e olhou para a mão que segurava a sua, que soltou seus dedos devagar. Ela corou e o olhava ainda com uma expressão tão confusa quanto a dele.
– Tem algo diferente em você. – ela falou em voz baixa o encarando.
– D.desculpe. – Naruto virou o rosto para o lado. – Eu não lembro de você.
A sentiu estremecer e quando a olhou os olhos da garota estavam tão tristes que se arrependeu de ter falado.
–Eu... não queria... – Tentou consertar.
–Ele perdeu a memória Hina. – Hanabi interviu já sem paciência com aqueles dois sentados na grama molhada da chuva recente que nem uns retardados com o rosto vermelho e os olhos cheios de confusão como se vissem fantasmas.
A morena olhou o garoto envergonhado com os olhos surpresos: -Você...não lembra?
Naruto negou devagar. Ficaram os dois em silêncio por um tempo, até que a menina se levantou do chão devagar. Naruto viu ela lhe estender a mão com um sorriso triste no rosto e aceitou. Era macia e pequena, lhe passando uma sensação boa. Se levantou e ficaram se encarando por alguns segundos: - Mas eu lembro do seu cheiro.
Ela arregalou os olhos e então riu mais feliz: - É exatamente o tipo de coisa que diria, é mesmo você.
Naruto ficou vermelho: -Pode me contar de onde me conhece? – pediu sem graça.
Ela assentiu e sem resistir acariciou o rosto envergonhado de leve na sua frente.
–Eu ainda estou aqui. – Hanabi replicou e foi ignorada.
–Pode contar para o Lobo Branco e para o Corvo também? – Naruto pediu gostando do carinho. Quase pendeu o rosto para o lado.
–Quem? – Ela o olhou confusa.
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–Então é isso, ele sabe até burlar o alarme. Kakashi vai ter um ataque.
Itachi falou irritado. Sem Kisame por perto sentia como se faltasse um de seus olhos. Ouviu batidas na porta, como de costume pegou a arma antes de verificar na câmera da entrada. Sentiu confusão e alivio.
E um belo chute na canela quando abriu.
–Te peguei cara de fuinha!
–Hanabi! Desculpe, Itachi-San.
Hinata estava olhando envergonhada na porta ao lado de um Naruto mais sem-graça ainda enquanto a pequena entrava sem cerimônias mexendo em tudo o que via pela frente, como sempre fazia quando ia visita-lo, depois de tentar lutar com Itachi.
Passou a mão na canela dolorida: - Tenho certeza que vocês tem uma explicação boa para isso. – Apontou para o dois. Eles ficaram ainda mais corados, Naruto encarava os próprios dedos das mãos e a menina mexia no cabelo. Itachi suspirou.
– Vamos, entrem os dois.
Ele conhecia Hinata e Hanabi há alguns meses. Logo quando elas se mudaram, Tsunade disse que ficasse de olho nas duas. Não contou muito, apenas o nome do pai, o que já era o suficiente.
– Ela me conhece. – Naruto falou rápido. Itachi olhou para a menina que confirmou.
–Bem, Itachi-san, vai ser uma longa história.
–Vamos para a biblioteca, Kakashi vai querer ouvir isso.
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Hinata olhou para o relógio de pulso e suspirou. Já passava das dez da noite. Neji não poderia passar a noite toda com Hanabi, ele tinha paciência de monge, mas sua irmã sempre contornava isso.
Finalmente avistou o pai saindo na estrada da universidade. O cabelo longo preso, o jaleco dobrado embaixo do braço e um rosto cansado. Ele andava estranho nos últimos tempos, sempre muito nervoso com tudo. E aquele pedido era ainda mais estranho, ela ir busca-lo na universidade aquela hora da noite. Ele não devia estar lá, mas o pedido foi tão urgente que não deu margem para perguntas, correu até ele para ajuda-lo com as caixas que ele trazia e coloca-las no banco de trás do carro.
–E Hanabi?
– Com Neji.
A voz dele estava exausta. Hinata ia abrir a porta do motorista quando o pai segurou seu braço e a virou para si, fazendo algo que não lembrava desde quando ela era uma criancinha: a abraçou.
–Escute, Hinata. – falou em seu ouvido. – Vamos para casa, enquanto eu estiver na garagem você vai pegar uma bolsa que deixei no quarto da Hanabi, Neji vai se encontrar com a gente e leva-la, ele já sabe.
–O que... – tentou olhá-lo mas ele a impediu aumentando o aperto.
–Vamos embora por uns tempos.
–E a faculdade... e... – Hinata fazia medicina na mesma universidade que o pai lecionava há um ano. Estava confusa com a conversa, mas nunca ouvira a voz do pai naquele tom, parecia em desespero.
–Eu já cuidei de tudo. Estamos sendo vigiados, disfarce.
–Si..sim.
Ele a soltou e deu um leve sorriso, totalmente recomposto. As mãos dela estavam suadas e tentou respirar direito.
– Professor Hiashi Hyuuga, não devia estar aqui a essa hora.
Sentiu o pai ficar tenso e virar. Devia ser um guarda da universidade: - Perdi a hora, mas já estamos da saída. – A voz do pai era contida, como sempre, sem transparecer nada – Vamos Hinata.
Ela abriu a porta mas foi impedida de novo, dessa vez por um barulho grande quando um peso caiu por cima do veiculo. Olhou assustada encontrando olhos castanhos muito perto de seu rosto e recuou quase caindo para trás se não fosse seu pai a segurando pelos ombros.
–Acho que não. – O segurança falou com a voz bem-humorada.
Hiashi recuou de perto do carro segurando Hinata consigo. A garota olhou para os dois lados enquanto o estranho pulava do teto do carro para o chão com leveza e a encarava.
–Eu me afastaria se fosse vocês. – O segurança falou e nesse momento sentiu o pai a puxar com força e o carro explodiu, os jogando no chão. Hinata sentiu o impacto e caiu no asfalto com força, perdendo a consciência por segundos. Quando abriu os olhos seu pai estava caído há um metro de distância tentando se levantar enquanto o homem que ela pensou ser o segurança da universidade se aproximava dele. Ele possuía o cabelo loiro longo em um rabo de cavalo e roupas escuras.
E para seu horror, puxava uma arma das vestes.
–Pai! – tentou gritar e sentiu uma dor onde batera a cabeça.
Hiashi voltou a cair no chão, sem forças e olhou para ela. Mesmo sem ouvir podia ler seu lábios: -Vai.
– Hiashi Hyuga, você recebeu um aviso mas não se importou. Só avisamos uma única vez.
–Deixei-a ir. – ouviu a voz calma do pai, sempre contida.
– Eu sinto muito professor. – A voz era profissional. – Mas estamos apenas seguindo ordens – deu de ombros. – A essa hora seu sobrinho e sua caçula já receberam a visita de outros como nós.
Hanabi!
– Deidara. Acabe logo com isso. – A voz era do outro que caíra no teto do carro, era calma, serena. Hinata viu que ele se aproximava.
–Você é sem graça Sasori. – o outro resmungou.
O tiro foi silencioso. Não teria acreditado se não visse o estremecimento no corpo do pai. Um segundo, um terceiro. Não conseguia me mover, gritar, nada. Estava paralisada.
–Pai... – sussurrou sentindo as lágrimas se acumulando em choque.
Foi levantada pelo pescoço e suspensa. Era o outro de olhos castanhos e cabelos vermelhos. Sasori.
Olhou bem nos seus olhos. Eram totalmente frios. Ele puxou uma lâmina e tentou se livrar da mão que a prendia:- Pai! Pai!!
– É só uma ordem. – o outro falou apertando mais seu pescoço e fechou os olhos para sentir o golpe.
Que não veio.
Caiu no chão com força e respirou, tossindo em busca do ar.
– O que pensa que está fazendo? - Era a voz do loiro de cabelos longos. – Essas não foram as ordens!
Levantou a cabeça confusa. Havia uma terceira pessoa na cena. Ele segurava ainda o ruivo que ia matá-la e o jogou em cima do outro que falava. Não conseguia acompanhar a luta que se desenrolou. Sua cabeça pendeu para o chão e tentou alcançar o pai de quatro. Pegou o pulso carotídeo. Nada. Bateu em seu peito, fez as manobras. Algo lhe dizia que era tarde, mas não queria acreditar. Por fim o abraçou e chorou, ouvindo o som de tiros, de lâminas e gritos. Que cessaram de forma abrupta. Ouviu passos se aproximando e se encolheu mais abraçando o corpo sem vida de Hiashi Hyuuga.
Hanabi.
Pai.
Neji.
Que morresse agora, pouco importava. Sentiu que a levantavam. Grudou no corpo e gritou, mas seus pulsos foram seguros com força, a soltando do corpo no chão. Chutou, esmurrou.
–Eu não vou te machucar. Fique quieta garota! – A voz era fria e cheia de autoridade. Mas parou de lutar de imediato.
Olhou pela primeira vez para cima e encontrou olhos azuis frios nos seus, coroados por um cabelo loiro e bagunçado. Atrás dele viu os outros dois caídos no chão.
– Eu vou tirar você daqui. Mas fique quieta, não sou paciente. – Ele falou no mesmo tom puxando seu rosto. Não gostou de ser tratada assim, mas ele não esperou resposta. Sentiu uma mão em sua cintura e foi erguida nos braços do estranho e sua cabeça presa em seu peito.
–Meu pai! – gritou.
–Ele está morto. Você está viva. – A voz estava muito perto, sentiu a vibração no peito. Ele estava quase a sufocando.
–Me solta. – falou esperneando.
– Vou desmaiar você se não ficar quieta. – Ele caminhava a levando. Hinata parou de se mexer com a ameaça. Tinha a sensação que ele faria isso, e estava muito cansada fisicamente e mentalmente para se mexer. Só chorava.
–O que pensa que está fazendo 445?
A outra voz fez eles pararem. Hinata tirou com dificuldade a cabeça do peito para olhar quando o loiro se virou. Viu um ruivo alto de olhos verdes com uma espada na mão os olhando. O loiro não falou nada, mas sentiu que a apertava mais no peito.
– Acho que as ordens não eram essas. – o ruivo continuou.
– Eu sei.
Continuaram parados, imóveis. Então o ruivo deu as costas e começou a sair: - Espero que saiba o que está fazendo e as consequências para você.
O loiro não respondeu, ou ela não ouviu. Antes de apagar de vez teve a impressão que pulavam por cima do telhado da universidade.
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Quando acordou, pensou que tudo fosse um pesadelo. Virou na cama puxando o travesseiro para os olhos.
– Temos que sair da sua casa.
Se sentou depressa com a voz muito próxima e ele estava ali, sentado na poltrona vermelha do seu quarto como se fosse a coisa mais natural do mundo. Hinata pulou da cama e no processo tropeçou. Quando viu, rápido demais ele a estava firmando em pé. Tentou organizar os pensamentos enquanto ele a encarava com os mesmo olhos frios.
–Meu pai...
–Morto. – Ele falou direto. – Tudo aconteceu. E precisamos ir. Pegue o que for preciso, eles nunca imaginariam que eu traria você para sua casa, mas não podemos arriscar.
Hinata sentiu uma raiva dentro de si e se livrou das mãos dele.
–Quem é você? O que está fazendo? Cadê a Hanabi? E Neji? Por que eu iria com você para algum lugar...
–Escute aqui. – Ele pegou seu queixo com força a obrigando a olhá-la. – Eu disse que não sou paciente. Eu salvei sua pele Hyuuga, seu pai está morto. Sua irmã e seu primo estão seguros, por que me mandaram mata-los e para sua sorte não gosto de seguir ordens. Você vai agora pegar suas coisas e da sua irmã e vamos para onde eles estão esperando. Depois vocês estão por vocês mesmos. Agora faça o que eu digo, não teste meu limite.
Hinata tremeu e ele a soltou devagar e deu um suspiro. A garota abaixou o olhar, e quando levantou, estava sozinha.
Tudo foi rápido. Não sabia quem era ele, mas se a quisesse morta, ela estaria. Arrumou uma mochila rapidamente com poucas coisas, foi ao quarto do pai tentando não pensar que nessa hora ele estava morto e pegou o que havia no cofre. Foi ao quarto de Hanabi e pegou coisas para a irmã, foi quando lembrou da bolsa que o pai falara. Ela estava sobre a cama. A pegou sem olhar o conteúdo. Desceu as escadas depressa ansiosa para encontrar logo Hanabi e ver se ela estava mesmo bem. Encontrou o loiro sentado no escuro da sala. Todas as cortinas estavam fechadas.
–Não acenda a luz. – ouviu a voz ordenando perto dela. – Pegou tudo?
–Si..sim.
–Vamos...argh.
Ouviu o gemido e se virou depressa tocando nele. Um liquido viscoso e quente sujou sua mão.
–Você está ferido... – murmurou.
–Não importa. – Ele tentou desvencilhar sua mão mas ela a prendeu no pulso dele.
– Não vai conseguir não seguir uma ordem desse jeito. – replicou.
Ele riu irônico: - Você aprende rápido.
Pegou a mão dele e o guiou ao banheiro.
–Preciso acender essa luz.
Ele não respondeu, o que devia dizer um sim. O banheiro não era muito grande, mas o suficiente para que trabalhasse nele. Pegou a maleta de primeiros socorros.
–Se encoste na pia. – Ele a olhava do mesmo modo frio, parecendo que ia matá-la a qualquer momento se ela continuasse lhe dando ordens. Pouco se importou. – Não estava com pressa?
Ele fez uma cara feia e a obedeceu. O corte era na lateral do seu corpo, acima do quadril, e o sangue empapava as roupas. Hinata tocou na camisa mas ele empurrou sua mão.
–Não gosto que toquem muito em mim. Eu tiro. – a voz era ríspida.
Espalmou as mãos em um gesto de rendição e ele começou a remover o casaco escuro e jogou na pia, e depois a blusa removendo por cima.
Hinata havia acabado de perder o pai e quase ser morta. Ela não devia estar admirando o corpo bem-feito de um desconhecido que havia salvado sua vida e sido bruto desde a primeira palavra trocada.
Mas o corpo era admirável. Definido sem exageros, Tudo no lugar. Notou que ele havia parado de se mover e encontrou um olhar irônico nela que a fez ficar vermelha e começar a trabalhar.
Limpou o sangue e examinou o corte. Foi feito pela lâmina, durante a luta com o tal Sasori, provavelmente. Não era muito extenso, mas profundo.
–Vou precisar fazer pontos. – Falou pegando o material de sutura e aplicando o antisséptico para que não infecionasse no local.
–Sabe fazer isso? – ele perguntou sem emoção alguma.
–Estudo medicina, meu pai é médico. É claro que eu sei.
Ele não falou mais nada, apenas levantando mais o braço quando a outra fez sinal para isso. Estavam muito perto um do outro. Hinata era da altura exata do seu peito e o via respirar tentando se concentrar no que fazia. Penetrou com mais força do que o necessário, querendo se vingar pelo modo que era tratada, mas ele não estremeceu, ou gemeu, apesar de não estar usando anestesia.
–Você não sente dor?
–Acostumado. Vai demorar muito?
Mordeu o lábio com raiva e terminou depressa, fazendo o curativo. Ele vestiu a roupa e pegou na sua mão a puxando: - Vamos logo.
–Não precisa me puxar. – resmungou, mas não tirou a mão. – Por que estamos subindo?
– Não vamos sair pela porta, é perigoso.
Ele pegou as duas mochilas que ela colocara no sofá e subiram pela escada.
–Mas estamos no terceiro andar!
Ele não respondeu. Estavam no quarto dela. Abriu a janela olhando para fora de forma analítica, cheirando o ar como um animal farejando. Então a pegou sem prévio aviso no colo e pulou.
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Quando pousaram depois de uma viagem nada convencional, ela viu que estavam em um motel barato em um lugar da cidade que nunca vira antes. Novamente entraram por uma janela no quarto andar. Hinata passara a maior parte do tempo de olhos fechados agarrada na blusa dele como se fosse uma erva daninha.
Ainda estava assim quando ouviu um barulho de arma engatilhada e então um movimento rápido do loiro com ela ainda no colo e um grito de dor de alguém. Reconheceu a voz.
–Neji?
–Hinata!
Levantou os olhos e encontrou o primo de bunda no chão.
– Desculpe atacar vocês, pensei que era outra pessoa. – o moreno de olhos claros falou se levantando.
Hinata se mexeu de forma sugestiva. Então falou: - Hum, pode me colocar no chão agora.
Pensou por um momento que seria jogada, mas ele a desceu devagar. Neji correu até ela e a abraçou.
–E Tio Hiashi? – ouviu a pergunta em seu cabelo, sumindo nos braços do primo.
Balançou a cabeça de forma negativa e sentiu ele a apertando mais forte, começou a chorar. Por muito tempo. Quando finalmente parou se afastou. Os olhos de Neji estavam vermelhos.
–Hanabi? – ela perguntou rouca.
–Dormindo. Desculpe Hinata, mas seu pai disse que eu devia dopá-la que seria mais fácil. Ela vai acordar em duas horas.
Assentiu. Virou para trás e o loiro ainda estava parado no mesmo lugar desde a hora que chegara, recostada na janela e os olhando do mesmo modo gelado.
– Esse cara apareceu na minha casa e falou sobre a ordem de matar a gente. Seu tio havia me avisado sobre as ameaças e que vocês iriam fugir, não queria confiar nele, mas com uma katana na garganta ninguém tem escolha. E ele trouxe você viva, afinal...- O primo suspirou e sentou na cama com cansaço. – O que vamos fazer agora?
O loiro se moveu do lugar finalmente e pegou algo do bolso estendendo para Hinata.
Ela olhou para sua mão sem tocá-la, e ela a puxou com impaciência e colocou o papel na sua mão diante do olhar surpreso dos primos.
–O que é isso? – Hinata perguntou olhando nos olhos frios.
– O número da única divisão da polícia que não tem gente envolvida no que aconteceu com seu pai. Procure-os, peça proteção. Fiquem fora por um tempo. Seu pai já está morto, ele não vai querer a cabeça de vocês por muito tempo, perde o interesse, eu o conheço bem.
–Quem é ele? – Hinata perguntou estreitando os olhos, querendo saber quem fora o assassino de seu pai.
O loiro a encarou, e para sua surpresa deu um sorriso de canto: -Desista.
–Do quê?
– Se vingar. Esse não é um mundo para você. Cuide da sua irmã, reconstrua sua vida. Ele é meu.
E falando isso virou as costas para sair. As pernas de Hinata tomaram comando próprio. Não sabia por que estava fazendo isso. Só correu e o abraçou pelas costas, prendendo as mãos em seu peito. O loiro pareceu tenso, como se fosse jogá-la longe a qualquer momento. Mas então relaxou quando ela falou entre um soluço: - Obrigada.
Largou ele devagar. Ele virou para ela e sorriu sereno: - Disponha, Hinata Hyuuga.
E sumiu pela janela.
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–Meu pai havia deixado dinheiro na mochila, muito dinheiro para a gente se virar. – Hinata continuou a história. – Na mesma noite entramos em contato com a General Senju, e ela ouviu nossa história e nos tirou de circulação. Neji saiu do país, eu fiquei com Hanabi. E ela pediu Itachi – San para ficar de olho na gente.
Kakashi olhou para Itachi que assentiu.
– Viemos para a casa que estamos agora. Eu não o vi por um mês- olhou para Naruto. – Então uma noite cheguei em casa e você estava esperando.
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Hinata tirou os sapatos na estrada jogando de qualquer forma e seguiu descalço para a cozinha sem acender as luzes. Estava exausta. Jogou as chaves na mesa e abriu a geladeira para pegar água. Foi quando fechou que viu a sombra escura na sua frente. Jogou a primeira coisa que viu na frente: o copo de vidro.
O estranho se desviou e o objeto de espatifou na parede. Correu derrubando a cadeira em direção da gaveta das facas, mas não alcançou. Uma mão segurou sua cintura e a prendeu contra o armário. Tentou chutar no meio das pernas do agressor, mas ele imobilizou o ataque.
–Fique quieta, não tenho paciência.
A voz lhe fez parar de se mover de imediato, como se desligassem um botão. Estava ofegantes.Sentiu o aperto em si diminuir e ele a soltou devagar, sem se afastar. Então ela o abraçou tremendo:
– Porcaria! Me deu um susto!
– Porcaria? – ele perguntou confuso, ao menos não a afastou. – O que porcos tem com isso?
Ela o soltou e olhou pensando se ele estava sendo irônico. Mas não parecia. Deixou pra lá.
–Vo...você sumiu! – gaguejou falando mais baixo lembrando de Hanabi no andar de cima.
Ele não respondeu. Sentou na cadeira da cozinha. Hinata acendeu as luzes. Ele estava mais magro, com olheiras. O cabelo estava maior e parecia cansado.
– Minha desobediência teve consequências. – ele falou com um sorriso de canto.
–O que fizeram com você? – perguntou em um sussurro assustada.
Ele deu de ombros e ficou brincando com os desenhos na toalha de mesa: - Não importa mais. Me deixaram sair de novo, só vim dar uma conferida.
Ficaram em silêncio, ela não sabia como responder a isso.
– Quem faz isso com você? Qual o seu nome?
–Sem perguntas. – ele pediu. Realmente pediu. Não ordenou, ou foi irônico. Pediu.
Ela calou-se de novo.
– Eu quero vir aqui mais vezes, se for permitido. – ele a encarou com os olhos frios e sérios.
Hinata sentiu um arrepio de medo e mais alguma coisa, só assentiu. Ele estava de pé em frente a ela, muito rapidamente. Sentiu a mão de forma suave em seu queixo, fechou os olhos e sentiu o hálito em sua face, perto da sua boca por um instante, como se ele pedisse permissão. O puxou ela mesma para o beijo. Foi suave, diferente do que imaginou, sendo ele como era. Depois foi mais intenso. A testa dele se encostou na sua, quando abriu os olhos, ele não estava mais lá.
Durante aquela semana, ele voltava sempre, no mesmo horário.
Então sumiu novamente.
Com duas semanas, ao chegar em casa, um estranho lhe esperava na cozinha. Mas não era o de olhos azuis e loiro. Era um ruivo de olhos verdes. Lembrava bem dele, do dia da morte dos pais, ficou paralisada, sem saber se seria morta, se Hanabi estava segura. Para sua surpresa ele saiu da posição de braços cruzados em que estava recostado na mesa e lhe estendeu um papel. Hinata olhou e havia um desenho dela, sorrindo, tão perfeito como uma foto seria.
O outro cruzou com ela, e antes de sair pronunciou as palavras que lhe arrebentaram mais do que uma espada faria: - Ele morreu.
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