26. "Não vou sair do seu lado, até que peça por isso".
— Eu conto ou você conta? — Lisa batia os pés parecendo eufórica, enquanto olhava de soslaio para Bambam.
— Não, espera...
— Querem me contar... que estão juntos? — Ambos arregalaram seus olhos, se entreolhando e em seguida visualizando meu semblante risonho.
— Como descobriu? — Bambam indagou chocado.
— Vocês estão de mãos dadas o tempo todo. Talvez por isso? — ri, enquanto analisava o rosto surpreso de cada um.— E isso não era nenhuma novidade. Eu já tinha percebido que rolava um clima desde sempre.
— Foi aquele dia da cafeteria que decidimos isso.— A ruiva contou sorridente, enquanto bisbilhotava vez ou outra o rapaz ao seu lado.— Enfim, nós vamos indo. O professor de física é uma fera com os alunos que chegam atrasados.
— Até mais! — abanei quando já estavam no fim do corredor, sumindo entre os armários.
Me dirigi até minha classe, estranhando ao não ver o Jungkook ali. Dei de ombros ignorando aquele fato, voltando minha atenção aos meus materiais sendo postos em cima da mesa.
Como o professor não estava na sala de aula ainda, os restantes dos alunos estavam conversando. Até mesmo os dois amigos de Jungkook que me cumprimentaram na entrada da sala.
— Ora...olha que bonitinha. Agindo como se não estivesse roubando o homem das outras..— Ergui meu semblante ao ver Aisha entrar pela outra porta da sala, a mais perto do quadro, enquanto olhava para mim.
Suas companheiras de sempre estavam atrás de si, mas não pareciam ter um semblante tão contente quanto a menina do meio. Como se não estivessem confortáveis de estarem ali.
— Você está falando comigo? — perguntei apontando para mim mesma, ainda me mantendo sentada em minha cadeira.
Toda a sala ficou em silêncio naquele instante, enquanto Aisha subiu no pequeno relevo de madeira que era aonde o professor geralmente ficava para dar sua aula.
— Sim, com a garota que roubou meu oppa.— No momento não consegui acreditar no que ela falava, mas quando direcionei meu olhar até Jin e Namjoon, eles não estavam mais sentados lá.— Seu pai deve ter morrido de desgosto, ao ver que tinha uma filha dessas. E sua mãe? Provavelmente a abandonou.
Eu estava com a cabeça baixa mais uma vez, mas agora a ergui. Me levantei sem muitas cerimônias, deixando minha cadeira cair pela velocidade e brutalidade a qual me ergui, atraindo olhares.
— Yeri, me dá o papel.— ela mostrou a mão para uma das melhores amigas que estava ao seu lado, a qual recuou dando uns passos para trás.
— Aisha, você já está passando dos limit-
— Me da essa droga aqui!— ela arrancou de suas mãos um cartaz. Senti meu corpo todo bambear ao ver uma foto do jornal local de Busan, o qual anunciava a morte por conta do acidente de carro. Aquela maldita ponte com o lado passando embaixo. Aisha o ergueu mostrando para toda a sala, enquanto eu sentia meu sangue borbulhar.
Não neguei mais nenhuma vez, apenas esbarrei nas pessoas que queriam ficar em minha frente, então encarei a garota no fundo dos olhos ao ficar frente á frente com a mesma. Arranquei o cartaz de sua mão, o rasgando enquanto a olhava sem hesitar nem por um instante. Ela parecia um tanto surpresa com meu ato agressivo e repentino.
— Como já pode ver....ele não morreu de desgosto. Morreu em um acidente de carro.— Consegui ouvir atrás de mim, alguns burburinhos soarem por parte da turma.— E minha mãe não me abandonou. Ela também morreu, logo que nasci.
A sala voltou a ficar um completo silêncio. Ninguém nem murmurava mais, para a sala que estava um completo caos quando cheguei.
Acho que todos ali ficaram tão impressionados quanto ela, e suas amigas recuaram mais ainda quando as olhei de soslaio.
Eu sentia uma certa raiva de tudo aquilo, e uma vontade de chorar parecia me sufocar ainda mais.
Sai pela porta caminhando até os corredores, arregalando meus olhos ao ver que a metade dos armários estava com aqueles malditos cartazes do acidente. Estavam por toda a parte, e eu poderia ter certeza que Aisha havia tido mais ajuda do que apenas das suas amigas de sempre. Eram muitos mesmo para só um quinteto colar em tão pouco tempo.
No final do corredor, um dos garotos dos populares, Kim Taehyung, arrancava-os dos armários com pressa ao lado de Yoongi e Jimin, que seguravam tantos papéis em seus braços, que chegavam á cair. Pareciam que não queriam que eu os visse.
— JiEun...— Yoongi chamou ao ver que eu os encarava. Seus olhos transbordavam preocupação.
Não queria parecer fraca na frente deles, então me virei correndo para o lado oposto daqueles corredores. Mais especificamente, para aonde ficava a saída da escola.
{***}
— Mas o Thanos já estalou os dedos! — Taeji ria enquanto eu ainda me mantinha indignada por ele ter derrotado meu homem de ferro.
— Acho injusto.— Murmurei, largando os bonecos, cruzando os braços e parecendo uma criança da mesma idade que os dois irmãos ali.
Senhora Re soltava um riso e outro enquanto nos observava brincando no jardim do lar, sentados em um tapete esticado em um chão de concreto que só continha-se em uma parte.
— Jaehyo hyung, brinque com nós!— Taeji chamou o irmão que até então lia, tirando seus olhos das linhas escritas e nos olhando, enquanto arrumava os óculos pequeninos no rosto.
— Desculpa, mas estou estudando.— Ele sorriu gentilmente voltando a ler com o acompanhamento de seu dedo, para não se perder naquelas linhas que naquela idade seriam ainda um pouco confusas para mim.
— O que você quer ser quando crescer? — questionei, calmamente me sentando ao seu lado no banco de madeira pintada.
— Eu ainda não sei direito. Mas quero algo que me faça feliz.— Sorri com sua resposta, passando as mãos por seus cabelos macios os bagunçando em sua cabeça.— Noona!
— Desculpa, adoro fazer isso em crianças fofas como você.— Ri quando ele devolveu, bagunçando duas vezes mais minhas madeixas claramente mais longas que as do garotinho.
Antes que eu pudesse ter mais alguma conversa com ambos, Taeji se levantou correndo. Acompanhei com o olhar seu percurso até ele se abraçar em Jungkook, que até então não parecia surpreso ao me ver ali. Senti meu peito se aquecer ao ele se aproximar, então abaixei meu olhar para meu colo.
Por incrível que pareça ele não me encheu de perguntas. Apenas caminhou e se sentou ao meu lado calmamente pousando sua mão sobre a minha, entrelaçando nossos dedos. Segurei um sorriso singelo que insistia em escapar dentre meus lábios.
— A senhora Re está chamando vocês dois, meninos.— Jeon comentou. Os dois reclamaram em murmúrios enquanto se levantavam.
— Eu queria brincar mais com vocês! — o pequeno Taeji tentava insistir, enquanto seu irmão Jaehyo queria apenas obedecer o mandato da mais velha.
— Prometo que eu e Eunie vamos voltar mais vezes.— Kook comentou, sorri concordando enquanto olhava para o pequeno, que então resolveu acompanhar o garotinho mais velho. Segurando em sua mão.
Já era fim de tarde. O céu já era composto por todas as cores pastéis que ele carregava naquele anoitecer, enquanto um silêncio se mantinha entre eu e Jeon.
— Desculpa pelo o que aconteceu.— ponderou em dizer, chamando minha atenção.— Mais uma vez eu não estava lá, para defender quem foi atingido por Aisha. Ainda mais, quando a pessoa era você.
— Você não tem culpa de nada Jungkook.— engoli em seco, fazendo carinho em cima das costas de sua mão, a qual era entrelaçada na minha.— Como sabia que eu estaria aqui? — comecei, em uma tentativa de mudar de assunto.
— O boneco do homem de ferro não estava em seu quarto.— ri, ele com certeza não recuaria em entrar em meu quarto sem minha permissão. Mas até então, aquilo não me incomodava.— O que acha de eu te levar para casa? Já está tarde e você parece cansada. Chuto que passou quase o dia todo aqui...estou certo?
— Passei.— Senti-me envergonhada, mas apenas o acompanhei depois de se levantar.
{***}
Kook havia subido comigo as escadas até meu quarto, e esperou pacientemente eu tomar meu banho. Já havia pedido para ele ir embora caso estivesse cansado, mas apenas concordou em ficar ali lendo algumas histórias em quadrinhos que eu tinha em meu quarto. Como de uma das primeiras vezes que saímos juntos, na casa da árvore.
Já vestida, sai do banheiro. Sorri ao perceber que ele havia pego no sono deitado em minha cama.
Com certeza depois do dia que havia passado hoje, por mais que estivesse cansada, não conseguiria dormir de tanto pensar no ocorrido ou até mesmo, chorar lembrando daquela vez. Do dia do acidente de papai.
Engatinhei calmamente sobre os lençóis, tirando os sapatos de Jeon com calma e o cobrindo, colocando minha cabeça em seu peito. Abracei sua cintura o quanto pude, mas no momento não consegui segurar minhas lágrimas, então chorei baixinho ali mesmo.
Senti seus dedos mexerem em meus cabelos e o braço livre, abraçar mais ainda nossos corpos.
— Eu estou aqui por você Eunie. Pode chorar o quanto quiser.— falou baixinho, deixando com que as borboletas trabalhassem nas cócegas em meu estômago.— Não vou sair do seu lado até que peça para isso acontecer...e eu não falo só no momento de agora.
Senti meu peito se esquentar com suas palavras, e com o beijo no topo de minha cabeça enquanto ele aconchegava-me mais ainda em seus braços, e seu corpo em minha cama.
— Você fica aqui hoje...pelo menos até eu dormir? — indaguei em um cochicho mais para mim mesma, mas senti um alívio ao ele ouvir minhas palavras, me abraçando mais ainda.
— Eu vou, já até pensava nisso.— ouvi um riso nasalado por parte do mesmo.— Quer que eu cante para você?
Sorri boba com o seu pedido, então calmamente concordei. Não queria estar o incomodando, mas sua cantoria sempre seria bem-vinda por mim.
E foi daquele jeito que adormeci naquela noite. Sendo abraçada e aconchegada pelo corpo de Jungkook, e aproveitando sua voz doce de alguma melodia em meus ouvidos.
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Eu me iludo tanto imaginando que um dia poderia ser eu com ele, que vocês não tem noção. Talvez em outra dimensão isso aconteça..
Espero que tenham gostado do capítulo de hoje e que estejam bem. Se quiserem indicar a fanfic para alguns amigxs, será uma ajuda e tanto.
Até a próxima e se cuidem!
XOXO
❤️❤️❤️❤️
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