Uno
Planeta Terra, ano de 2703.
Lauren Jauregui's point of view
Meu avô costumava me dizer a seguinte frase:
"Sempre acredite que algo maravilhoso está para acontecer."
E eu sempre acreditava. Eu era aquele tipo de pessoa positiva, que sempre esperava o melhor de todas as situações; que me contentava com o simples, apenas pelo fato de ter felicidade na minha vida e não precisar de mais nada.
Sim, eu disse acreditava. No passado.
Deixei de acreditar que algo maravilhoso está por vir no momento em que um meteoro conseguiu adentrar a camada de ozônio da Terra, provocando o primeiro impacto daquele fatídico dia.
Eu era nova, tinha apenas 16 anos. Não estava preparada para nada disso. Bem, ninguém estava.
Olho ao redor e me permito cair em nostalgia, lembrando de um tempo que não volta mais. Um barulho me tira de meus devaneios a tempo de engatilhar a arma e atirar. Certeiro. Um tiro limpo bem no meio da testa.
"Tudo bem por aí, Jauregui?" Escuto a voz de minha amiga através da escuta.
"Era só mais uma dessas criaturas nojentas." Respondo.
Você deve estar se perguntando a quais criaturas estou me referindo, certo? Bem, nem queira saber.
Olho novamente ao redor, em busca de alguém, caminho por entre as enormes rochas ali presentes, me escondendo a cada dez passos para não ser vista por um bando dessas criaturas.
Meu olhar se perde novamente em algo. Um prédio, ou pelo menos o que sobrou dele.
Ainda me lembro do segundo em que toda a internet, as rádios e emissoras de televisão emitiam o aviso: "Tudo não passou de um susto."
Ingênuos.
O meteoro caiu no deserto do Saara, tranquilizando o mundo inteiro. Se os pesquisadores, cientistas ou qualquer pessoa desse tipo sabiam o que estava por vir, bem, esconderam muito bem.
Uma hora. Foi o tempo de paz que tivemos depois daquele meteoro.
Pessoas comentavam sobre o meteoro que havia tirado o tédio daquelas pobres almas fofoqueiras. Ainda me lembro do sorriso da minha irmãzinha ao dizer que era incrível o tamanho daquele meteoro. Meu irmão Cris não deu a mínima, mas assim que sua colega de sala passou em frente e comentou sobre o quão incrível aquilo foi, ele começou a dizer o quanto ele era apaixonado pelos fenômenos da natureza. Ainda me lembro de ter revirado os olhos e rido.
"Estamos há dois dias rondando tudo, está na hora de irmos." Ouvi a voz de Vero novamente, me fazendo espantar as lembranças.
"Entendido. Encontrou alguém?" Perguntei.
"Sim. Vários esqueletos." Disse rindo.
"Idiota." Sussurrei, pois algo chamou minha atenção. Vi que duas das criaturas brigavam por algo. Estiquei meu pescoço mas não consegui ver o que era. Dei mais uma olhada ao redor e quando me certifiquei que por entre aquelas rochas não havia nada corri para uma outra mais perto deles.
O clima era terrível, 58° graus Celsius. Estávamos adaptadas já por tantas missões, no entanto ainda morro de calor, claro. Não sou de ferro e apesar de tudo sou humana. Engatilhei a arma novamente e voltei a olhar, dessa vez de mais perto e qual não foi minha surpresa ao ver que brigavam, não por algo, mas sim por alguém.
Pelo menos parecia um alguém. Tentei enxergar melhor mas as rochas não facilitavam a minha situação e muito menos ambas as criaturas duas vezes maior do que eu, com duas patas e quatro braços. Sem mencionar os três olhos. Já disse que são completamente carnívoras? Ops, só mais um pequeno detalhe.
Respirei fundo e mirei minha arma na testa de uma deles, porém vi que mais dois se aproximavam e recuei.
"O que houve?" Verônica perguntava isso a cada suspiro diferente que eu dava. Era incrível a forma como ela me conhecia. Nos conhecemos assim que cheguei em Gênesis. Ela estava tão perdida quanto eu e aparentemente era tão rebelde quanto. Sobre Gênesis? Essa é uma história para outra hora.
"Zona B, próximo ao único prédio da região." Sussurrei. "Preciso de reforço. Acho que encontrei alguém."
"Me estás jodiendo, güera? Até que enfim ação. Chego aí em 20." E soltou um gritinho.
"20? Não dá pra ser mais rápida, não?" Reclamei.
"Estou a pé. Então não. De qualquer forma deve estar morto igual todos os outros." Falou. Bufei e dei mais uma olhada.
"Vê se anda logo." Falei. Um deles pareceu me ver, pois veio correndo em minha direção. Droga.
Não tive outra escolha. Mirei e disparei. Bingo. Outro eliminado.
Comecei a correr desesperadamente, pois ao ver o outro cair no chão, notaram minha presença.
Os disparos das nossas armas eram silenciosos, para não chamar mais a atenção dessas aberrações. A arma foi inventada pelo nosso crânio, amiga e também a responsável por guiar nossa nave até aqui. Nas armas continha substâncias químicas capaz de fazer com que o cérebro dessas coisas não se refizesse, porque no começo, antes de termos as armas, nada era capaz de matá-los. Tudo no corpo deles se refazia. Foram tempos difíceis.
Enquanto eu corria eu lembrava do por que comecei a aceitar missões. O motivo? Bem, ver a cabeça de seu irmão ser esmagada por uma das pedras que caiu do céu e três meses depois, vivendo de restos de lixo, ver sua mãe ser devorada por uma dessas coisas não é algo que você possa superar jamais.
Mas o motivo real não é esse e sim o fato de ter me perdido de minha irmã e de meu pai naquela época. Me encontraram, fui resgatada, porém eles não. Volto pra cá com um único propósito, encontrá-los. Não sei se ainda estão vivos. Depois de 8 anos as chances disso acontecer são extremamente mínimas, mas sempre encontramos outros humanos por aqui, e prefiro ter esperanças de que estão vivos. Preciso manter algo vivo dentro de mim para não morrer de vez.
Me viro novamente para trás e acerto outro tiro. Olho para frente e vejo 5 dessas coisas bem ali, olho para o lado e mais 2 correndo em minha direção. Maldito sea este lugar. Rayos.
Paro e olho ao redor. Estou cercada. A la concha de tu madre, hijos de puta.
"Se é guerra que querem, é guerra que vão ter, hijos de la chingada." Falo em voz alta, engatilhando a arma e acertando tiro no máximo de crânios possíveis.
Sinto algo me empurrar e caio. O azul do céu me lembra do sorriso da Taylor sempre que via que o dia estava lindo assim. Volto a engatilhar a arma e....Aaaah! Bastardo de mierda.
Um tronco seco caiu sobre minha perna, graças al desgraciado este. Dói pra caramba, mas engulo a dor e atiro, porém acabo errando. Droga.
Troncos soltos é o que mais tem por aqui, depois de rochas. Aparentemente essas coisas se alimentam disso além de carne.
Vejo essa coisa vir pra cima de mim e puxo minha perna do tronco solto, dói porém não me preocupa isso. Tento engatilhar a arma novamente, porém ele foi mais rápido e conseguiu tirar a a arma de mim. Fecho os olhos e acerto um chute, tentando afastar ele de mim. Escuto o bicho cair no chão e suspiro em alívio.
"Não pense que seu chute tem esse poder, flaca. Foi minha arma." A voz de Vero na escuta me fez suspirar em alívio.
"Não passou nem 15 minutos. Você disse 20." Falei rindo.
"Fazer o quê se gosto de impressionar?" Falou rindo. Tentei me levantar e ao olhar pra cima lá estava ela, esticando a mão pra mim. Segurei sua mão e ela me puxou, me fazendo ficar em pé. "Porra, Jauregui, você sempre quer ficar com a diversão só pra si." Falou divertida. "Consegue andar?" Testei o pé no chão, mas logo me arrependi.
"Acho que torci esa porquería." Reclamei. Ela riu e me devolveu minha arma, erguendo meu braço e me fazendo caminhar até onde o humano estava. Duas daquelas coisas ainda estavam lá. Só não conseguiram o pegar pela sorte de ter duas rochas e o humano ter entrado ali, onde los grandotes não cabiam. Foi resistente quem quer que fosse e pelo menos morreu lutando, tentando. Mirei a arma e atirei na cabeça de uma e logo em seguida do outro.
Nos aproximamos do pequeno corpo e não era um humano, senão uma humana. Vero tratou de se comunicar com a nave para avisar que encontramos outro corpo de fácil identificação. Sim, levávamos os corpos mesmo mortos para onde estávamos, a fim de dar alívio aos corações aflitos. Um velório para a pessoa e descanso para sua alma.
"Zona B. Dispararei o aviso e você pode vir nos buscar agora."
"Vero?" Chamei.
"Espera aí, Laur." Falou. "Em 5 minutos?"
"Vero, carajo, te estoy hablando." Gritei.
"O quê é, porra?"
"Temos um porém." Falei fitando os castanhos de minha amiga.
"Que porém?"
"Diga a eles que não teremos nenhum funeral." Falei e ela franziu as sobrancelhas. "Diga a eles que a humana está viva."
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"Meu Deus, autora. Outra ideia doida?" Pois é gente. Sou doida e por isso arranjo ideias tão doidas quanto kkk.
Espero que gostem. ❤
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