31 - Princesa Grace
As vezes a vida lhe prega peças, Nuno foi embora, fazia três dias que ele havia partido, mas eu me sentia receosa, eu estava com medo de meus sentimentos, Vladmir estava distante, Carol dizia que ele respeitava meu espaço, mas eu interpretava sua distante frieza como falta de interesse.
Apolon investia com tudo, ele o tempo todo me "encontrava" pelo palácio, toda hora estávamos conversando, ele tentava de todas as formas me conquistar, mas existia alto em seu olhar que me deixava desconfiada, ele não me amava, eu podia ver isso, seus cortejos eram vazios, eram galantes, mas vazios, eu não compreendia o porquê ele fazia isso, eu não entendia o que ele ganharia com isso. Certo dia ele me contou que ele reinaria a Grécia, que Diana se casaria com Cristiano e reinaria em Portugal ao lado dele, assim a coroa da Grécia seria dele, não que isso me importasse, mas ele queria uma aliança forte com Illéa.
Seria muito pretencioso de minha parte esperar mais do que uma aliança? Eu sentia que Apolon era mais frio que o inverno na Noruécia, embora ele parecesse quente e suas palavras fossem mais doces que mel. Quanto a Vladmir, o pouco que eu pude falar com ele a sós, ele parecia um pouco distante, mas eu não sei se meu julgamento ficava afetado devido aos malditos sentimentos que eu nutria por ele, mas os olhos dele brilhavam quando olhava nos meus, eu sentia meu corpo ganhar vida apenas ao escutar o som de sua voz, apenas o fato de poder tocar sua mão quente era o suficiente para me aquecer, eu não queria sair de perto dele, mas eu tinha tanto medo de todos esses sentimentos avassaladores, eu precisava conversar com alguém sobre isso, mas eu tinha que falar com a pessoa certa, eu não queria conversar com minhas damas, eu queria falar com Lucky!
Meu irmão, ele sempre reinaria em seu reino de gelo e sarcasmo, eu queria me abrir com ele, queria deitar minha cabeça em seu colo, queria que ele afagasse meus cabelos, queria que ele falasse as palavras duras que ele sempre falava para mim, parecia uma eternidade desde a última conversa franca que tivemos, ele andava diferente, mas as circunstancias me fazia não saber mais nada sobre ele.
Eu me levantei da sala de leitura que estava escondida a algum tempo, eu precisava me esconder porque se eu fosse vista Apolon viria me fazer companhia e eu não queria companhia. Sai da sala e fui a procura de meu irmão, eu precisava muito dele.
- Grace! Exatamente quem eu queria ver, que doce conhecidência – disse Apolon assim que eu adentrei as áreas comuns do palácio.
- Apolon – eu o cumprimentei me segurando para não rolar os olhos.
- Está um dia tão agradável, gostaria de um passeio no jardim? Poderíamos andar a cavalo – ele disse sorrindo.
- Apolon eu ficaria muito contente, mas preciso falar com meu irmão – eu disse olhando à minha volta procurando por ele.
- Posso ajudar a procurar – ele disse solicito e eu sorri para ele, a verdade é que Apolon estava me sufocando. O tempo todo ele queria ficar ao meu lado eu não podia respirar em paz.
- Claro – aceitei me xingando por minha cordialidade.
Procuramos por Lucky juntos, ele estava perdido em um monologo sobre a Grécia e seus planos para o reinado, eu acenava e fingia prestar atenção ao que ele falava, mas eu ansiava por achar meu irmão.
- Por favor... – escutei a voz de Brooke e corri na direção do som, meu coração acelerou, ela podia saber do meu irmão ou estar com ele.
- Mas eu não entendo, por que você quer isso? – era a voz de Lucky, e vinha de uma salinha de leitura.
- Grace você acha prudente... – Apolon estava falando algo, mas eu nem pensei apenas entrei na sala, Lucky estava em pé de frente para Brooke, ambos nos olharam espantados, seus olhos correram de mim para Apolon que vinha atrás de mim.
- Bater é educado sabia? Aprendi com uma garota por aí – disse Lucky com deboche.
- Desculpe Luc, preciso muito falar com você – eu disse e ele acenou para mim e voltou sua atenção para Brooke, ela olhou para Apolon e virou o rosto para olhar Lucky.
- Tem certeza? – ele perguntou a ela beijando suas mãos.
- Tenho, está na hora de voltar a vida normal – ela disse com lagrimas nos olhos.
- Mas eu ainda não fiz minha escolha Brooke – ele disse pesaroso.
- Eu sei, mas eu também sei que não seria uma boa esposa para você Lucky, somos incompatíveis e agora eu percebo isso – ela disse virando o rosto para o lado oposto de nós.
- Eu vou esperar lá fora – eu anunciei.
Eu saí da sala e puxei Apolon comigo, mas antes de sair eu escutei ele dizer.
- Se é o que quer, eu não vou me opor, espero que encontre o amor e a felicidade que sempre procurou e que eu jamais poderia lhe dar.
Ao escutar Lucky dizer isso eu fiquei impressionada, ele jamais falaria algo assim a alguns meses atrás.
- Bom você encontrou seu irmão, vou me retirar. Quem sabe mais tarde não faremos aquele passeio? – disse Apolon sorrindo e me tirando de meus pensamentos.
- Claro – eu respondi com um sorriso amarelo nos lábios e ele apenas partiu, o que eu achei realmente bom, Brooke saiu da sala e sorriu para mim.
- Ainda nos veremos, eu ainda sou filha do chanceler – ela disse sorrindo, mas com os olhos vermelhos de quem estava chorando.
- O que aconteceu? – perguntei sem entender e Lucky apenas balançou a cabeça para mim.
- Não deu certo – ela disse enxugando as lagrimas que escorriam de seus olhos novamente.
- Até breve – eu disse a ela com sincero pesar. Ela não disse mais nada ela caminhou na direção oposta que Apolon havia tomado, ela saiu com elegância a costumeira elegância dela.
Lucky indicou para eu caminhar com ele, não dissemos uma palavra até chegarmos ao seu quarto, ele fechou a porta atrás de si, olhou para mim e suspirou.
- O que você gostaria de falar comigo? – ele perguntou dirigindo-se para sua cama.
- Gostaria de saber primeiro o que aconteceu lá embaixo – eu disse olhando-o.
- Brooke pediu para partir, ela disse que não daria certo, ela jamais vai me amar – ele disse jogando-se em sua cama.
- Como assim? Você não é bom para ela? – eu perguntei sem entender e sentei ao seu lado.
- Não é isso, Brooke nunca vai me amar porque se apaixonou por outro, ela disse que não é certo ficar e disse que antes que algo ruim acontecesse ela preferiu sair – ele disse olhando para o dossel de sua cama.
- Acha que esse alguém é Apolon? – perguntei e ele deu de ombros.
- Não importa, ela fez o que tinha que fazer, confio que ela jamais tenha feito nada além de olhar, Brooke é muito correta e segue as regras a risca – ele comentou ainda olhando para cima.
- E você? O que sente? – eu perguntei tomando sua mão entre as minhas.
- Sinceramente? Nada! Ela foi e isso é um alivio para mim, eu não precisarei dispensar ela e ter de aguentar suas lagrimas e reclamações – ele disse dando de ombros.
- Mas as palavras que você disse a ela foram tão... Doces – eu disse e ele me olhou.
- Eu sei dizer a coisa certa também, sei destruir corações, mas eu sei como acalentar – ele disse sem emoção.
- Por um momento pensei que você tivesse mudado – eu comentei com um suspiro e ele riu.
- Mas eu mudei, antes da seleção eu não me importaria se ela voltasse para sua casa com o coração partido, eu me adaptei a elas, mesmo que eu não ame, elas me são caras, eu tenho a Brooke como uma boa amiga e não queria ferir seus sentimentos ou acabar com suas crenças. Sei que ela acredita em amor e felicidade, então desejei essas coisas a ela, eu espero que ela alcance o que ela deseja porque a Brooke é uma garota especial e incrível, mas eu não me sinto nada atraído por ela – ele comentou pensativo.
- Alguma delas te atraí? – perguntei.
- Sabe que sim, Rachel e Ophelia são as únicas que realmente importam para mim – ele disse casualmente.
- Qual delas vai escolher? – perguntei.
- Ora Grace, vamos sei que você é mais esperta que isso. Francamente se eu soubesse essa resposta teria acabado com a seleção de uma vez por todas e estaria desfrutando de uma lua de mel muito, excitante – ele disse rindo e eu rolei os olhos.
- Você continua o mesmo devasso de sempre – eu reclamei empurrando ele, ele riu então ergueu o tórax e apoiou os antebraços na cama.
- Devassidão não é uma doença que tem cura – ele comentou rindo e eu ri com ele, meu irmão no fundo ainda era o mesmo palhaço de sempre, aquele rapaz que dava em cima das moças do palácio e depois as descartava.
Ficamos em silencio por alguns minutos, eu não sabia o que queria falar com ele, na verdade eu sabia, mas não sabia como começar a falar, ele me olhou e então falou.
- O que você queria mesmo? – ele perguntou com a sobrancelha erguida.
- Não é nada, apenas faz tempo que não nos falamos – eu disse e ele fechou os olhos.
- Mentira! Diga de uma vez o que a trouxe até mim – ele disse e então abriu os olhos e me olhou, seus olhos pareciam em chamas, ele parecia ver dentro da minha alma, me senti desconfortável.
Eu suspirei e contei a ele sobre com Vladmir estava distante desde que Nuno foi embora, de como Apolon me cercava por toda parte, que me sentia prisioneira em nossa casa, eu tentava fugir de encontrar com Apolon que me sufocava, já Vladmir não vinha atrás de mim, ele era cordial quando nos falávamos, mas sempre breves encontros ocasionais, contei a ele como me sentia em relação aos dois, como Vladmir fazia eu me sentir viva. Durante todo um relato de prós e contras de Apolon e Vladmir, Lucky me escurou sem dizer nada, apenas balançava a cabeça ocasionalmente. Quando finalmente terminei eu olhei para ele com expectativa, esperava que ele me ajudasse.
- Sério essas coisas você devia contar para as suas amigas Grace, eu não me importo muito com isso – ele disse e eu bati em seu braço com força.
- Vim até aqui, me abri com você e você diz isso? – perguntei furiosa.
- O que espera de mim? Você espera muito de mim – ele disse dando de ombros.
- Eu devia saber que seria inútil – eu comentei me jogando na cama e ele soltou os braços e ficou deitado ao meu lado olhando para o teto.
– Olha embora eu tenha quase dormido em seu monologo, embora eu queria estapear seu rosto quando você se sente tão insegura, eu só posso dizer que você mesma arruma obstáculos onde eles não existem – ele disse.
- Como assim? Não entendi – eu disse olhando para teto, como assim me estapear? Eu queria estapear ele por dizer essas coisas.
- Grace você alguma vez olhou-se no espelho? Você é linda, você é inteligente, você é talentosa, muitas pessoas gostariam de ser metade do que você é. Não entendo sua insegurança! Não é porque é minha gêmea que eu estou dizendo isso, porque eu com certeza pegava você se não fosse minha irmã – ele disse rindo e eu o empurrei corando ligeiramente, receber elogios de Lucky, não era coisa comum.
- Não seja bobo, não sou tudo isso – eu disse corada.
- Não sei porque as mulheres tem essa mania de acharem que não são o que realmente são, você é bonita acostume-se. Outro fato é que você reparou que você morre de tesão pelo príncipe Vladmir e o Apolon desperta seu enfado? – ele perguntou e eu corei violentamente.
- O que? Que absurdo Lucky, não seja ridículo que coisa horrível a se dizer – eu disse brava.
- Ah qual é Grace, não é como se você fosse uma garotinha de dezesseis anos, você tem quase vinte! Você sente mil coisas pelo Vladmir e uma dela é tesão, desculpe, mas é a verdade nua e crua! Um homem que não te desperta isso não é alguém que você goste – ele disse rindo.
- Você sente essas coisas? Quero dizer por Ophelia e Rachel? – perguntei me sentindo sem graça.
- O que? Lógico! Aliás sinto isso por Sophie, mas por Sophie é apenas isso, existem tantos tabus por cima de sexo, tesão e todas essas coisas. Não é errado você sentir isso, é natural e humano, mostra que você tem interesse sexual por ele, no meu caso claro que tenho interesse sexual por elas, ainda sou eu – ele disse com um risinho.
- Mas será que eu apenas acho ele bonito? Só sinto desejo por ele? – eu perguntei olhando para o teto, não conseguiria encarar o Lucky.
- Você é burra ou se faz? – ele perguntou e eu virei para ele furiosa – Vê? Você gosta de se diminuir de não se achar bonita, mas se seu xingo você de burra você fica brava. Ache um meio termo nessas coisas – disse Lucky rindo.
- Por que está me ofendendo? – perguntei brava.
- Tratamento de choque, talvez com a ofensa você perceba como você está sendo ridícula – ele disse levantando-se e sentando.
- Não compreendo – eu disse levantando e permanecendo sentada ao seu lado.
- Grace olha tudo que você falou, você sente muitas coisas pelo Vladmir, isso não é apenas desejo, tem desejo também, mas você gosta do cara. Por que não acaba com isso de uma vez por todas?
- E se ele não gostar de mim? Ele não me procura ele...
- Ele tem bom senso, eu não procuraria também, ele não te procurar mostra que não está desesperado, você corre atrás dele? – perguntou Lucky e eu olhei para frente.
- Não... Conforme você eu sou o prêmio, ele devia vir até mim – eu disse emburrada.
- Bom o Apolon está sempre no seu pé, e outra você está caidinha por ele, porque não pode ir atrás do que você realmente quer? Pare de esperar Grace, não espere demais se não será tarde – disse Lucky.
- Como assim tarde? – perguntei.
- Ele pode precisar voltar a Rússia, e o mais importante não espere que ele seja um homem como papai, ele nunca será, Vladmir tem um jeito frio, no país dele ele foi criado para agir dessa forma – disse Lucky sorrindo.
- Como sabe?
- Nós treinamos esgrima juntos, eu conheço o Vladmir um pouco – disse Lucky sorrindo – Somos bem parecidos em algumas coisas.
- Eu não quero me enganar novamente – eu comentei olhando para o lado.
- Não irá se enganar novamente, porque a primeira vez foi uma completa insanidade, não acredito que aconteça novamente, eu sei que você gosta dele, vá falar com ele – incentivou Lucky.
- E se ele não gostar de mim? E se...
- E se você tentar? Se ele não gostar de você terá o Apolon como seu cãozinho, mas se ele gostar de você o que eu acho bem provável porque só um insano não gostaria. Bom então você quem escreverá o restante da história, mas apenas descobrirá se tentar – disse Lucky sorrindo.
- Tenho medo – eu disse me abraçando.
- Sei que tem, mas não tenha, não precisa temer, qualquer coisa eu espeto ele com a minha espada sem querer por você – disse Lucky rindo e eu dei um sorrisinho.
- Eu vou tentar – eu disse, ele ficou em pé e me puxou para ficar em pé também.
- Agora irmã, vá atrás de seu destino que o seu está muito menos enrolado que o meu – ele disse empurrando-me para fora de seu quarto.
- Agora? Não eu, não posso eu não estou pronta eu... – quando ele abriu a porta Vladmir estava plantado na porta de Lucky, ele ia bater na porta, pareceu confuso com a cena e eu corei imediatamente, perdi a fala.
- VLAD! Poxa íamos treinar agora não é? Não vai dar, sabe o que é? Eu vou sair com uma das minhas meninas, mas a Grace tem algo a dizer para você, então até mais! – disse Lucky e eu queria espanca-lo, como ele podia fazer algo assim comigo?
Vladmir me olhava confuso, Lucky saiu de perto de nós acenando feliz e eu simplesmente não sabia o que fazer, ou o que dizer, a única certeza que eu tinha era que e queria matar meu irmão.
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