30 - Princesa Grace
Quando me dei conta de que eu não podia permanecer tanto tempo nos braços de Vladmir eu o soltei assustada e fui para os braços de Apolon, ele me abraçou com força.
- Fico contente que esteja bem – eu disse olhando em seus profundos olhos azuis.
- E eu fico feliz que também esteja bem – ele disse docemente sorrindo para mim.
Eu soltei Apolon e abracei Nuno, mas ele pareceu um pouco distante, será que ele ficou chateado? Bom seria completamente compreensível, eu fui uma idiota!
- Está tudo bem Nuno? – perguntei a ele e ele pareceu sair de um transe.
- Claro, está sim – ele disse vagamente.
- Grace precisamos nos reunir para alguns momentos de chatice, quer dizer reunião – chamou-me Lucky rolando os olhos.
- Até depois – eu disse a eles e deixei Lucky me conduzir para a sala de reuniões.
- Eu vi aquilo – disse Lucky enquanto andávamos.
- Viu o que? – eu perguntei séria.
- Não se faça de boba Cê, você tem um penhasco pelo Vladmir, não sei por que continua com isso – ele comentou rindo.
- Primeiro eu não sei do que você está falando e segundo não entendi esse negócio de penhasco – eu disse dando de ombros.
- A vá! Grace apenas os cegos não enxergam os olhares que você lança para ele, hoje você correu para ele, porque não dispensa os príncipes e fica logo com o Vlad? – ele perguntou e eu não respondi apenas entrei na sala de reunião.
A verdade é que eu não queria ser indelicada com ninguém, não queria ferir ninguém, mas eu me sentia perdida e tinha algumas dúvidas quanto a Vladmir, o que eu sabia sobre ele? Eu não podia me entregar a um sentimento errôneo novamente. Não que alguma vez Henry tenha despertado qualquer tipo de sentimento em mim além de amizade, mas eu não queria ser precipitada de novo. Olhei em volta, estávamos esperando Edyon, todos estavam conversando e eu estava perdida em meus pensamentos e perdi tudo que foi dito.
- No nosso abrigo estava tudo bem, as meninas discutiram, mas nada demais – comentou Lucky e eu fiquei impressionada como ele mentia bem, nada demais? As meninas haviam brigado na nossa frente, estapeando-se e ele tem coragem de dizer "nada demais" com tanta naturalidade que ele passaria por um detector de mentiras na maior facilidade.
- Bom Ophelia estava um pouco preocupada, mas Pamela parecia completamente aflita e não foi fácil levar ela para o abrigo, a garota caiu três vezes no caminho e eu tive que voltar e busca-la – comentou Antony com enfado.
- Não me sai da cabeça que essa garota é muito suspeita, ninguém na face da terra é tão... Desastrada assim – comentou Amberly com um suspiro.
- Eu tive que levar a garota nos braços, no final das contas– disse Antony nada satisfeito e Lucky gargalhou.
- Eu fico inconformada como ela sobreviveu até agora se ela normalmente é assim – comentou Amberly.
- Por mim eu a mando para casa – disse Lucky dando de ombros.
- Laile disse que ela age normalmente, em seu quarto – disse Amberly.
- E o que sua dama tem a ver com isso? – perguntou mamãe.
- Laile é a dama dela agora. Forjamos que a dama dela surtou e foi embora então Laile assumiu – disse Amberly orgulhosa.
- E você é tão estupida que fez isso, francamente Amberly esperava mais de você – disse Lucky com deboche.
- COMO ASSIM ESTUPIDA? – perguntou Amberly brava batendo a mão na mesa.
- Ora não me venha com essa, toda Illéa conhece suas damas, lógico que se a Pamela fosse a informante ela não faria nada perto da Laile, nem eu faria – respondeu Lucky com escarnio e Amberly sentou-se chocada.
- Mas... Mas... – ela murmurou e então Edyon entrou na sala de reuniões.
- Majestades, Altezas – cumprimentou ele.
- Como foi Edyon? – perguntou meu pai ansioso.
- Excelente majestade, de fato teve o ataque conforme o nosso informante infiltrado informou que teria, mas foi bem diferente do outro ataque. Esse ataque parecia perdido, desparelhado, alguns tentaram chegar ao abrigo real, mas a maior parte parecia não saber bem o que fazer – comentou Edyon pensativo.
- Realmente interessante não acham? Quando Pamela não cai por aí, as coisas são desparelhadas – comentou Amberly que havia cismado com a moça, mas eu começava a realmente suspeitar dela também.
- O fato é que isolamos todas as moças de elite Amberly, não se esqueça disso – disse meu pai sabiamente.
- Tem algum plano de investigação Edyon? – perguntou minha mãe.
- Sim, estamos colocando em pratica – disse Edyon.
- Fizeram prisioneiros? – perguntou meu pai.
- Quarto majestade, além dos anteriores. O bom é que não tivemos baixas, como estávamos preparados conseguimos defender o palácio – disse Edyon feliz.
- E os prisioneiros falaram alguma coisa? – perguntou minha mãe.
- Ainda não tivemos tempo de interroga-los, mas não estamos muito otimistas, os outros nada falaram ainda – disse Edyon com pesar.
- Você acha que eles sabem a localização do nosso abrigo? – perguntou meu pai mudando de assunto.
- Acredito que sim senhor, o ataque nas entradas está intenso. Aliás apenas nas entradas que é usada geralmente pelas garotas da elite, o que me leva a certeza de que uma delas passa informações. Dei ordens antes de vir para a reunião, designei um guarda para postar-se na frente do quarto de cada uma delas, e eles irão escolta-las onde quer que elas vão, existem outros espiões pelo palácio que ficarão de olhos abertos nas moças – ele anunciou e eu vi Lucky se mexer na cadeira.
- Até quando eu estiver junto? – ele perguntou um pouco bravo.
- Possivelmente alteza – disse Edyon.
- Por hora é isso, a partir de agora ficaremos nos abrigos menores são mais seguros, tente evacuar o máximo de pessoas para abrigos e se preciso coloque-os no abrigo real – anunciou meu pai dando por encerrada a reunião.
Eu me levantei para sair, e vi quando Antony ficou para conversar com meu pai e o comandante. Eu não fiquei para ver como acabaria a discussão entre eles, esperei Lucky sair e o levei para uma salinha privada.
- Faça o que fizer não dispense Pamela – eu disse a ele.
- Já disse que ela é apenas descoordenada, Pamela não machucaria nem uma mosca – ele disse.
- Não importa, se mantermos os olhos nela será melhor, só a dispense se for para escolher sua esposa – eu disse e ele deu de ombros.
- Tudo bem, eu só preciso me manter longe dela, porque ela tem me irritado profundamente – ele comentou.
- Mas mantenha o bom senso e não a dispense – eu disse novamente.
- Já disse que tudo bem – ele disse bravo e saiu da salinha me deixando sozinha.
Se eles estivessem certos, eu tinha motivos para acreditar em Pamela, todas as vezes que ela ficava para trás, ou seja em todos os ataques as coisas tinham sido bem piores que hoje.
Eu saí da salinha e me dirigi para meu quarto, olhei para uma janela e estava escuro lá fora, acredito que era madrugada.
- Grace posso falar com você um instante? – pediu Nuno abordando-me quando cheguei ao pé da escada, ele parou próximo a mim, eu acredito que ele estava me esperando sair da reunião.
- Claro... – eu respondi a ele, ele inclinou a cabeça e caminhamos em silencio até uma sala de leitura, nós nos sentamos de frente um para o outro, ele me olhou nos olhos, Nuno me intimidava as vezes, ele tinha um ar intenso.
- Quero que seja sincera comigo, pode ser? – ele perguntou e eu senti medo, o que ele queria afinal?
- Claro, sem problemas – eu disse, mas não era a verdade essa história de ser sincera me amedrontava.
- Certo, serei direto. Eu tenho alguma chance com você? – ele perguntou e eu sorri nervosa.
- Claro que tem, por que não teria? – eu disse me sentindo nervosa, mas o que mais eu podia falar para ele?
- Por favor seja honesta comigo – ele pediu de uma forma que eu não sabia o que dizer fiquei em silencio – Olha, eu estou aqui porque eu gosto de você, você é inteligente, bonita, talentosa, mas eu preciso saber se você acha mesmo que eu terei alguma chance – ele voltou a dizer, eu precisava de tempo, não sabia o que dizer.
- Eu não compreendo – eu disse tentando ganhar tempo.
- Vou ser honesto com você, tudo bem? – ele perguntou.
- Claro, é o mínimo que eu peço – eu disse.
- Eu não amo você, eu admiro você, mas não amo, simplesmente porque eu nem tive muito tempo para conhece-la, seria hipocrisia da minha parte dizer que a amo, mas eu sei que eu me apaixonaria perdidamente por você se assim você permitisse, se tivéssemos mais tempo, até porque você é uma princesa incrível além de um bom partido – ele disse com um sorrisinho.
- Não estou entendendo – eu disse durante a pausa que ele fez em seu discurso.
- Se ficarmos juntos, seremos os mais distantes da coroa Grace, tanto da sua quanto da minha, compreende que poderíamos ter uma vida quase normal juntos? O que eu lhe ofereço é uma vida tranquila, longe do peso da coroa, longe dos holofotes, longe de tudo isso. Mas até que ponto estamos dispostos a abrir mão disso?
"O que eu quero explicar é que eu realmente abriria mão de tudo se você dissesse que eu tenho chance de ser escolhido, abriria mão da coroa apenas para ficar ao seu lado, mesmo que eu não possa dizer que te amo agora, eu sei que eu poderia dizer dentro de alguns anos, poderíamos ser felizes e poderíamos ser normais".
Eu pensei no que ele disse, ser normal? Eu jamais havia pensado nisso, realmente eu sou a última na linha de sucessão, casar com o Nuno me daria a chance de ser uma pessoa quase normal, meus filhos não carregariam o peso da coroa, meus filhos seriam mais normais ainda, mas será que eu queria ser normal? Eu cresci para ser real, cresci para reinar, cresci sabendo das responsabilidades de uma rainha, eu conheço os protocolos, eu não conheço outra vida, será que eu gostaria de ser normal?
- Se você me disser que não tenho chance princesa, - ele continuou me retirando dos pensamentos - Eu vou me retirar de sua seleção, eu recebi uma proposta da princesa Cecille, e com ela eu posso reinar a Inglaterra, eu sei que eu posso fazer coisas maravilhosas com a Inglaterra, eu sei que tenho boas ideias e que posso ser um bom rei. O rei João Pedro e a rainha Sofia ensinaram muito bem para nós como reinar – ele disse sorrindo referindo-se aos seus pais.
- Eu não quero ser um empecilho para você Nuno, se você acha que deve fazer isso vá em frente – eu disse sentindo um nó na garganta.
- Não é isso, você não é um empecilho, eu já disse antes que em Portugal Cristiano será o rei casado com Diana irmã de Apolon, o segundo na linha de sucessão será meu irmão Pedro, então eu estou no final, se você me der esperanças eu abro mão da coroa e ficarei com você, mas ficar aqui sem qualquer esperança e desperdiçar uma oportunidade como essa seria tolice. Eu sei que não sinto nada por Cecille, mas ela é uma jovem encantadora, sei que no final seremos bons amigos podemos até nos apaixonar no futuro – ele disse agora segurando minhas mãos.
- Nuno, eu estou muito confusa eu simplesmente não posso dizer a você que eu escolheria você, eu não sei, eu não os conheço bem ainda e eu gostaria de conhecer, mas você tem razão essa oportunidade é única e eu acho que você deveria ir, sei que a Cecille será muito feliz ao seu lado e juntos vocês podem fazer a diferença da Inglaterra – eu disse com pesar e vi que os olhos dele brilharam.
- Obrigada princesa – ele disse beijando minhas mãos, ele levantou-se, eu me levantei – Isso não é um Adeus – ele disse sorrindo.
- Nunca, sempre seremos amigos e eu tenho Cecille em alta estima – eu disse sorrindo e ele me abraçou.
- Quando você correu para Vladmir eu sabia que eu não teria chances em seu coração – ele disse e beijou minha bochecha – Não tenha medo dos seus sentimentos, siga seu coração princesa, porque eu sei como seu coração vale ouro – ele disse antes de me soltar e partir.
Eu queria falar algo, queria retrucar sobre o abraço em Vladmir, mas eu simplesmente não conseguia falar nada, eu me senti triste por ele partir, por um momento eu considerei uma vida normal ao seu lado, uma vida na qual meus filhos teriam direito a escolhas diferentes, eles teriam o direito da escolha, mas eu podia perceber como isso era importante para ele no final das contas, eu podia perceber seu desejo de fazer a diferença, sua vontade de ser um rei e não uma pessoa normal. Eu me senti estranha por ele não tentar, por ele resolver não me conquistar, mas valeria a pena? Eu apenas teria partido seu coração.
No fundo de meu coração eu sabia que não o teria escolhido, porque desde sempre eu nunca senti nada por ele além de simpatia.
Mas me alegrava o fato de que não era um adeus, era apenas um até breve.
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