3 - Princesa Grace
Quando Lucky saiu do escritório do meu pai, meu pai voltou a se sentar com o rosto escondido em suas mãos, permaneci em silencio, sabia como ele estava chateado com o Lucky, afinal apenas o Lucky fica com essa rebeldia, eu queria que ele tivesse o tempo que ele achasse necessário para se acalmar. Ele finalmente me olhou parecendo ainda um pouco nervoso.
- Acho melhor adiarmos a reunião – eu disse delicadamente levantando-me.
- Grace vamos terminar aqui, quero ainda tratar uns assuntos com você – ele disse tentando controlar sua frustração.
- Papai talvez não seja o momento oportuno – eu ia dizendo quando reparei em seu olhar que dizia "sente-se", sentei e olhei para ele.
- Alguns reinos, apresentaram interesse em selar uma aliança por matrimônio, mas quero que essa seja uma escolha sua – ele disse me entregando algumas cartas.
- Papai, qual dessas seria a opção mais auspiciosa para Illéa? – perguntei e ele suspirou.
- Isso não importa Grace, o que importa é que você seja feliz – ele disse com ternura.
- Vou analisar as propostas – eu disse pegando as cartas.
- Iremos convidar todos os príncipes para seu aniversário, mas você ainda tem muito tempo para pensar nisso, você tem apenas quinze anos – ele disse.
- Quase dezesseis – eu o corrigi e ele riu, relaxando.
- Bom depois voltaremos a falar disse, pode ir filha, eu quero terminar uns assuntos aqui – disse meu pai.
- O senhor quer ajuda? – perguntei.
- Não, vá resolver as questões do seu baile – ele disse suspirando.
- Até mais tarde – eu disse beijando sua testa e saindo do escritório.
Eu fui direto ao meu quarto guardar as cartas, e depois passei no quarto do meu irmão e nós discutimos, fui ver minha égua nos estábulos ver a princesa geralmente me acalmava, fiquei escovando seu pelo, eu sabia sobre varias alianças boas, mas certa vez eu havia visto meu pai comentar sobre como a aliança com a Inglaterra seria interessante. Eu guardei as coisas de pentear a princesa, me despedi dela, voltei ao castelo e fui para meu quarto, senhor fofinho veio me cumprimentar e eu espalhei as cartas em minha cama e comecei a ler e perdi noção do tempo, bateram na porta e eu me virei para ver, era minha mãe.
- Não foi tratar dos preparativos do grande baile – ela disse vindo até mim.
- Me desculpe mamãe estava pensando sobre os pretendentes – eu disse.
- Todos virão para seu aniversário, com o intuito de cortejá-la – disse minha mãe sorrindo ao sentar-se ao meu lado na cama.
- Não sei o que pensar sobre isso – eu disse e ela riu.
- Apenas seja você mesma – ela disse.
- Ser eu mesma pode não funcionar – eu disse.
- Querida, você é realmente incrível e não digo apenas em beleza, mas o que você tem aqui – ela indicou meu coração – É muito mais importante e belo.
- Obrigada – eu disse abraçando-a.
- Não jantou conosco, já comeu? – ela perguntou e eu neguei com a cabeça.
- Vou pedir para a Carol ou para a Duda algo para comer – eu disse.
- Certo, nos vemos amanhã? – ela perguntou sorrindo.
- Sim, amanhã voltaremos ao planejamento – eu disse sorrindo.
Ela beijou minha testa e saiu de meu quarto.
Me levantei e chamei minhas assistentes, pedi a Carol para me trazer algo para comer e pedi a Duda para esperar, fui até a minha escrivaninha, peguei papel e caneta e comecei a escrever.
"Prezado príncipe Henry,
Tenho muito interesse em unir nossas nações, gostaria muito de conhecê-lo pessoalmente e tratar desses assuntos diretamente com vossa majestade.
Espero que possa vir no grande baile que será oferecido em Illéa, em honra ao meu aniversário. Gostaria de ter a honra da primeira dança com vossa majestade.
Atenciosamente,
Grace Schreave, Princesa de Illéa."
Fechei a carta com nosso selo e enderecei para o palácio da Inglaterra.
- Entregue essa carta, não quero que meu pai saiba ainda – eu disse a Duda ao entregar em suas mãos.
- Sem problemas Grace – disse Duda saindo com a carta.
******************
Os dias que se passaram eu trabalhei arduamente na decoração do baile, no dia do grande baile organizei os últimos preparativos da festa e fui me trocar, o vestido que escolhi era cinza, ele não tinha alças e o peitoral era em formato de coração todo bordado com pequenas pedrinhas que descia pela minha cintura em um único caminho até a saia que era toda drapejada e com alguns paetês. Escolhi o cabelo solto em cachos, as jóias eram brilhantes. As meninas conversavam animadamente em quanto me ajudavam com os preparativos e eu ficava pensando, eu jamais havia visto o príncipe Henry antes, espero que ele não seja muito estranho. Escutei a porta abrir do nada e eu me virei assustada, as meninas explodiram em risinhos.
- Bater na porta seria o educado a se fazer – eu disse séria.
- Que diferença faz? – perguntou Lucky retirando a gravata e a jogando no chão.
- E se eu estivesse me trocando? – perguntei ao colocar meus brincar, era incrível como Lucky era inconsequente.
- Ver você nua não me é novidade e nem algo que me agrade – ele disse em tom de brincadeira e olhando para Giovanna.
- A sim, claro, quando tínhamos sete anos? Porque foi a última vez que tivemos esse tipo de contato – eu ironizei e percebi que eles estavam trocando olhares significativos, era só o que me faltava!
- Não mudou grande coisa, você ainda parece um garoto para mim – ele me respondeu com sarcasmo e eu resolvi que não discutiria, não valeria apena, Lucky era obtuso demais para uma discussão saudável.
- Obrigada meninas, agora podem ir se trocar, eu quero vocês na festa – eu disse dispensando minhas assistentes, não quero meu irmão se envolvendo com elas, conheço o triste fim que todas as garotas que caíram em sua lábia. Elas saíram explodindo em risinhos e eu não disse nada.
- Quanta petulância da sua parte, tirou as meninas daqui por minha causa? – ele perguntou ele e eu me virei para o espelho.
- Conheço você muito bem, e eu sei que estava de olho nelas e com pensamentos indecorosos, nessa sua mente pútrida. – eu disse passando um batom em meus lábios.
- Nossa! Que linguajar culto – ele ironizou.
- Bom alguém tem que ter um linguajar mais culto, não é mesmo? – eu disse com sarcasmo, afinal o cérebro de noz do meu irmão não poderia ter um linguajar mais culto do que o que ele já tem.
- E esse alguém não sou eu – ele disse com cara de bobo e eu rolei os olhos.
- Obvio que não – eu disse colocando meu bracelete de diamantes.
- Alias você está bem bonita – ele comentou.
- Que bom que reparou – eu ironizei indo até ele, estava na hora e eu estava nervosa.
- O que? Eu tinha que olhar para as outras meninas primeiras, você é minha irmã vejo sempre – ele se defendeu e eu ignorei seu comentário simplório.
- Vamos? – perguntei pegando seu braço.
- Estamos combinando ou é impressão minha? – ele perguntou.
- Sim, estamos de cinza e foi proposital – eu disse dando de ombros.
- Como assim? E se eu estivesse usando um terno preto? – ele perguntou tolamente, com coisa que eu não o conhecia, Lucky sempre foi previsível, por esse motivo eu que bolava os planos.
- Você não usaria – eu disse arrastando-o para andarmos.
- Poderia usar – ele teimou antes de abrir a porta para sairmos de seu quarto.
- Não, você iria usar cinza, tanto que eu não precisei combinar nada com você, eu sabia que usaria cinza, você é previsível Lucky – eu disse arrastando-o para a festa...
- Como você sabia? – ele quis saber.
- Você estava de castigo e o cinza refletiria seu humor, então eu resolvi usar um vestido cinza também – eu disse resumidamente e ele ficou com a boca entreaberta.
- E porque você quis usar cinza? – ele perguntou pouco antes de entrarmos.
Meu arrumei, deu uma esticada na saia e o olhei.
- Reflete igualmente o meu humor – eu disse antes de arrastá-lo para dentro da festa com um sorriso nos lábios, um sorriso falso e nervoso.
Descemos as escadas e um príncipe de cabelos louros e olhos azuis me tirou para dançar, ele já me aguardava ao pé da escada, seria ele o príncipe Henry?
Começamos a dançar, ele não era nada mal, ele vestia um terno preto, camisa branca e gravata igualmente branca.
- Princesa Grace não sei se recebeu minha resposta, mas eu confesso que fiquei feliz com sua carta – ele disse ao me girar pelo salão.
- Infelizmente não, acredito que eu receba atrasada – eu disse sorrindo.
- Que pena, mas no final, cá estou – ele disse sorrindo.
- Fico feliz, mas vamos tratar de coisas importantes – eu disse enquanto dançávamos,
- Você é direta – ele disse rindo.
- Sim, gosto que as coisas sejam certas, eu aceito seu pedido de aliança por casamento – eu disse séria.
- E quanto ao seu pai?
- Ele aceitará a minha vontade, mas eu tenho uma condição.
- E qual seria?
- Apenas me casarei com você depois dos dezenove anos – eu disse francamente e ele meneou a cabeça.
- Apenas isso? Não vejo como um empecilho – ele disse sorrindo.
- Então está feito, dentro de quatro anos nos casaremos – eu disse engolindo em seco.
- Até lá terei tempo de conhecê-la melhor – ele disse quando acabou a musica, ele acariciou meu rosto e eu fiquei parada.
- Sim teremos muito tempo – eu disse nervosa e ele beijou a minha testa.
- Quando gostaria de anunciar? – ele perguntou.
- Após a festa, amanhã quem sabe? Você ficará hospedado certo? – eu perguntei.
- Sim – ele respondeu olhando para mim fixamente e eu me senti incomodada com a intensidade de seu olhar.
- Preciso ir, vou cumprimentar as pessoas – eu disse e ele assentiu, permitindo minha passagem, eu estava com o coração acelerado, ele era bem bonito, mas o que me deixava nervosa era a intensidade de seu olhar, cumprimentei algumas pessoas, então meu sobrinho Josh passou bravo por mim e eu vi o motivo, Lucky!
- Estava aterrorizando nosso sobrinho? – eu disse para Lucky e ele virou-se para mim.
- Deixa eu achar o Bruno, a Liz e o outro sobrinho que eu esqueço o nome, aí sim eles vão ver o que é aterrorizar – disse Lucky mal humorado.
- Richard! Esse é o nome do "outro sobrinho" – eu disse revirando os olhos.
- Que seja! Poderia ser qualquer nome não me importo – disse Lucky colocando as mãos atrás da nuca.
- Olha Luc, deixe nossos sobrinhos em paz tente se divertir, pare de ser tão cheio de "não me importo", finja que se importa – eu disse, eu não me importava com muitas coisas, não de verdade, mas fazia parte de ser princesa mostrar que se importa então eu mostrava que me importava.
- Por que eu faria isso?
- Porque é isso que as pessoas esperam de nós, guarde seus reais pensamentos para você mesmo – eu disse a ele, seria tão impossível assim ele pensar que não podemos expor dessa maneira nossos reais pensamentos?
- Esse é o problema da humanidade sabia? A falta de sinceridade que existe, viver de aparências... Pro inferno as aparências – ele disse frustrado e eu suspirei.
- Essas são as regras da sociedade Lucky, então apenas siga-as e seja gentil – eu disse séria, esse era o motivo de querer me casar apenas após a seleção, do jeito que o Lucky reagia, ele casaria com qualquer vadia que aparecesse em sua frente, não seria feliz e seria um príncipe bêbado que daria vexame e desonraria a família.
- Serei muito gentil – ele disse com um sorriso travesso nos lábios.
- Saiba que suas ações, são capazes de desencadear uma guerra, se não tomar cuidado – eu disse séria torcendo para que ele não fizesse nada demais.
- Relaxa irmã a noite é uma criança – eu disse beijando minha testa e saindo.
Eu fiquei furiosa, eu realmente ficava com medo desse jeito dele, Lucky parecia jamais se importar com nada, ele não podia agir como um príncipe de verdade?
- Princesa Grace – escutei uma voz com um sotaque arrastado e me virei, era um rapaz de profundos olhos azuis, cabelos escuros um rapaz realmente bonito e com um sotaque estranho – Sou o príncipe Apolon, da Grécia – ele se apresentou.
- É um prazer conhecê-lo – eu o cumprimentei.
- Eu gostaria de ter sido o primeiro a dançar com você, mas infelizmente o príncipe Henry chegou antes – ele disse sorrindo, mal sabia ele de que estava tudo combinado.
- Teria sido uma honra – eu disse e ele estendeu o braço para eu pegar.
- Já que não tive a honra da primeira dança, me dê a honra de um passeio – ele disse sorrindo e eu assenti.
Andamos até o jardim e nos sentamos em um banco.
- Minha irmã Diana não pode vir, mas é com grande prazer que eu vim, não podia deixar de conhecê-la, sou um grande fã das revistas que você sai – ele confessou e eu corei.
- São apenas fotos programadas, como sempre tiramos – eu disse e ele riu.
- Mas as suas fotos são sempre as mais belas – ele disse acariciando minha bochecha com sua mão e eu fiquei tensa.
- Eu preciso entrar – eu disse nervosa.
- Claro, mas primeiro – ele disse e puxou meu rosto para perto do seu, beijando meus lábios, eu fiquei rígida sem saber bem o que fazer, eu não correspondi o beijo, mas ele estava sorrindo quando nos soltamos.
- Como ousa? – eu disse chocada olhando para ele séria.
- Princesa eu... – ele começou a dizer meio abobado, mas eu não tive dúvidas do que falaria a ele, ele precisava entender que não estava lidando com qualquer uma.
- Com quem pensa que está lidando? Faça-me o favor! Só não lhe dei um tapa merecido em sua face, porque sei que isso pode ocasionar problemas entre nossos reinos, mas fique você sabendo que eu não sou o tipo de garota que você apenas chega e faz o que quer, EU SOU A PRINCESA DE ILLÉA! – eu meio que gritei para ele – Tenha mais respeito, majestade! – eu disse "majestade" com um quê de sarcasmo e me retirei sem esperar resposta.
Parti apressadamente, assim que entrei e me vi sozinha no corredor, toquei meus lábios, eu não estava pronta para essa avalanche de sentimentos, meu coração estava acelerado, porque o príncipe Grego alem de me beijar tinha que ser tão irritantemente lindo? Eu disse palavras duras a ele, mas era para deixar bem claro que eu não cederia como todos as bobonas que meu irmão pegava, para que eu corresponda um beijo precisará muito mais do que meia dúzia de palavras doces.
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