24 - Princesa Grace
Fui jantar acompanhada por Nuno, ele estava falando algo, mas eu não conseguia prestar atenção, eu apenas conseguia pensar nos olhos de Vladmir e a forma fria com a qual ele me tratou, claro! Eu fui tola em acreditar que aquele dia havia significado algo para ele, foi apenas um beijo e nada mais, possivelmente ele já beijara varias outras garotas e agora nem se lembrava de mim mais.
- Princesa? – me chamou Nuno quando entramos na sala de jantar.
- Perdão príncipe Nuno, estou um pouco cansada devido a viagem – eu disse arrumando rapidamente uma desculpa plausível por minha distração.
- Se desejar eu vou entender e podemos deixar o encontro para amanhã – ele disse.
- Não! Será bom ter sua companhia – eu disse sorrindo para ele.
- Excelente – ele disse sorrindo.
Sentei-me para jantar ao lado de Amberly, Nuno e Apolon estavam de frente para mim, Apolon estava conversando com Amberly quando nos sentamos.
- A pesca é um grande forte em algumas províncias – disse Apolon.
- Acho realmente fascinante – comentou Amberly sorrindo.
- Eu ainda não tive o prazer de conhecer a Grécia, soube que tem paisagens exuberante – comentou Antony.
- E tem mesmo, vocês deveriam ir nos visitar, seriam meus convidados – disse Apolon sorrindo e olhando para mim. Eu sorri para ele e então começou aquela velha disputa entre ele e Nuno, os dois começaram a comentar sobre seus países e eu apenas acenava e ocasionalmente sorria, não estava muito interessada em economia e o resto, acho que eu deveria me interessar em conhecer as pessoas que eles eram de verdade e era nisso que me focaria.
Quando o jantar acabou eu sai de braços dados com Nuno, vi uma pontada de ciúmes nos olhos de Apolon, mas o que eu poderia fazer? Um de cada vez eu sou apenas uma!
Acho que agora sei como o Lucky se sente em relação a ter tantas garotas querendo sua atenção, a seleção me parecia uma coisa divertida, mas agora eu me sinto perdida com isso.
Estávamos caminhando rumo ao jardim em silencio, acho que ele estava pensando em como iniciar uma conversa comigo e eu resolvi começar.
- Então príncipe Nuno, me fale um pouco sobre você – eu pedi.
- Não sei nem por onde começar, o que você gostaria de saber?
- Bom vamos por pequenas coisas, você gosta de musica? – perguntei.
- A sim, adoro!
- Que ótimo, você toca algum instrumento? – perguntei.
- Infelizmente não, eu nunca tive aptidão para isso, mas eu aprecio boa musica – ele disse sorrindo e nós nos sentamos em um banco.
- Entendo – eu disse sorrindo, não sabia o que dizer, se apenas falasse sobre minha pericia com instrumentos ele poderia achar que estou sendo inconveniente.
- E quanto a você? Gosta de musica? – ele perguntou.
- Sim, eu sei tocar alguns instrumentos – eu disse.
- Quais?
- Piano, violino, flauta, Violoncello e alguns outros – eu disse corando.
- Nossa, você é uma artista nata – ele comentou sorrindo.
- Puxei o lado artístico de minha mãe – eu disse corando.
- Escutei dizer que a rainha America canta divinamente, você canta também?
- Um pouco, não canto tão bem quanto Katherine ou minha mãe, mas eu sei cantar – eu disse corada.
- Gostaria muito de ver você cantar – ele disse pegando minha mão e a acariciando, achei que seria sensato deixar que ele pegasse minha mão, mas me senti instintivamente nervosa.
- Quem sabe um dia? – eu disse e ele riu.
- Eu iria gostar muito – ele disse quase em um sussurro.
- Então quem é o Nuno? – perguntei tentando manter uma conversa que não fosse acabar em beijos, me sentia receosa com beijos ainda.
- Você quer que eu me defina? – ele perguntou com um sorriso.
- Acho que seria bom para nós nos conhecermos melhor.
- Muito bem, sou carinhoso, atencioso, divertido e misterioso – ele disse de forma galante e eu sorri.
- Acho que esqueceu de comentar sua modéstia – eu disse rindo e ele riu comigo.
- Comentei que sou bonito, rico e bem sucedido? – ele brincou e eu ri ainda mais.
- Mas gostei do misterioso, qual é o mistério?
- Se eu contar deixaria de ser misterioso – ele disse cheio de charme.
- Justo! – eu admiti.
- Agora por favor me diga quem é a Grace? – ele perguntou.
- Ah não, isso não é justo e é embaraçoso – eu disse fazendo manha.
- Mas você disse que seria para nos conhecermos melhor, então sua vez – ele disse me olhando intensamente.
- Ok, é justo! Vamos lá, acho que eu sou uma pessoa que gosta muito de animais, gosto de musica, ler, ajudar meu pai, meus irmãos... Não sei o que dizer eu não sou boa com isso – eu disse suspirando e completamente ciente de que ele ainda segurava minha mão.
- Vou te ajudar, você gosta de animais você é gentil eu acho, seu tato com musica te torna talentosa, intelectual e altruísta? O que acha? Gentil, talentosa, intelectual, altruísta, linda e com um toque de mistério... – ele disse aproximando-se de mim, eu corei com suas palavras.
- Porque mistério? Sou uma pessoa pouco misteriosa e interessante – eu comentei.
- Você não é interessante? Minha nossa não quero conhecer alguém interessante então, porque você simplesmente ofusca qualquer outra princesa, não se acha misteriosa? Sempre que está calada eu pagaria fortunas para saber o que está pensando, queria saber o que a torna as vezes tão fria, queria saber tudo sobre você, seus medos, suas esperanças, seus desejos... Nunca em toda minha vida conheci uma garota tão esplêndida quanto você – ele disse e eu corei ainda mais e desviei o olhar.
- Está exagerando – eu comentei.
- Desde a sua festa, eu estou esperando que você rompesse com o príncipe Henry, para ter uma chance com você, eu prometi a mim mesmo que te esperaria até o seu casamento, eu apenas procuraria outra depois que você se casasse – ele disse afagando meu rosto e puxando-o para que eu olhasse para ele.
Eu não podia acreditar, ele havia esperado por mim todo esse tempo? Ele estava fazendo algum tipo de jogo para que eu me derretesse por ele? Ele parecia sincero...
Ele era tão gentil e eu... Ele aproximou-se de mim, me deixou confusa, ele beijou-me nos lábios, seus lábios eram macios e experientes, beijar o príncipe Nuno era completamente diferente de beijar o Henry, era bom. Ele me beijava devagar e de forma terna, sua língua sabia como mover-se em sincronia com a minha. Mas não era como... Não era como o beijo que eu sonhava...
Eu não conseguia eu... Eu me afastei dele e ele estava arfando e sorrindo, eu não sabia o que fazer ou dizer, é ruim admitir isso, mas pela primeira vez em minha vida, quando a sirene que avisava sobre ataques rebeldes soou, eu me senti aliviada. Foi como ser salva de uma situação que eu não queria enfrentar.
- O que é isso? – ele perguntou e eu me levantei rapidamente e tomei sua mão.
- Venha, temos que partir, é urgente – eu disse puxando-o.
- Princesa por aqui rápido – gritou dois guardas para nós e eu literalmente corri amaldiçoando meus sapatos novamente.
Quando estávamos quase na porta avistei uma das garotas da elite correr. Oh céus será que ela se perdera no pânico?
- Vá indo que eu te encontro lá – eu disse soltando a mão de Nuno e corri na direção que a vi, a encontrei parada e confusa no meio do jardim.
- A sirene tocou temos que ir – eu disse a ela, e ela pareceu assustada em me ver.
- Eu... eu me perdi eu...- ela parecia alarmada.
- Vamos – eu disse pegando sua mão e ela correu comigo, ela corria bem mais rápido que eu, ela parecia uma maratonista, os guardas e o príncipe Nuno nos esperavam nas postas.
- Princesa não faça mais isso – disse Nuno vindo me abraçar.
- Não temos tempo para isso, vamos rápido – disse Edyon me puxando pelo braço e correndo sem pestanejar e não deixando o príncipe me abraçar.
Ele nos conduziu até um abrigo menor e o abriu, eu não queria ficar nesse abrigo, meus pais poderiam ficar preocupados.
- Princesa, vamos deixá-la em um abrigo menor e avisaremos seus pais, tememos por sua segurança – disse Edyon o chefe da guarda real.
- Mas, por favor, informe-os que estamos no abrigo – eu pedi entrando no abrigo, Rachel e Nuno me seguiram.
- Sim alteza – ele disse e fechou a porta.
Ficamos nos escuro, eu tateei até achar o interruptor e acender a luz, Nuno olhou em volta e sentou-se em um banco. A garota parecia preocupada.
- Vocês está bem? – perguntei a ela.
- Estou, eu estava andando pelo jardim e quando a sirene tocou, acho que me assustei e me perdi – ela disse de forma mecânica.
- Entendo... Então você é a...? – eu não sabia o nome de todas as meninas da elite.
- Rachel – ela disse.
- Bom Rachel este é o príncipe Nuno e Nuno Rachel é uma das garotas da elite – eu os apresentei e expliquei a ele quem ela era.
- Entendo, prazer Rachel – ele disse cordial, mas seu olhar mostrava que ele preferia que estivesse sozinho comigo nesse confinamento.
- O prazer é meu – disse Rachel de forma gentil, mas eu notei que ela foi seca em sua curta resposta automática.
- Então o que é tudo isso? – perguntou Nuno.
- Bom estamos sofrendo um ataque rebelde agora, temos que esperar as coisas serem resolvidas e até lá ficaremos confinados aqui – eu disse.
- Entendo, mas fico apreensivo quero dizer como eles conseguem invadir o castelo assim? – ele perguntou.
- Bom provavelmente eles tem ajuda de alguém que trabalha aqui, e estamos investigando – eu disse.
- Não estão sendo muito efetivos – comentou Nuno com a sobrancelha erguida.
- O que você sugere? – eu perguntei um pouco irritada mas tentando não transparecer em minha voz.
- coloque uma cerca elétrica e quem tentar entrar morrerá – disse Nuno de forma pratica.
- Que coisa horrível – disse Rachel e eu não pude deixar de rir.
- Claro Nuno, vamos colocar um fosso e vários jacarés famintos também – eu ironizei rindo.
- O que acha de um fosso de lava ardente? – ele perguntou e eu ri, Rachel pareceu não achar graça, ele a ignorou e continuou – O que eles querem? – perguntou Nuno.
- Não sabemos, antes eles apenas nos roubavam, agora eles estão violentos, entram e matam as pessoas, sujam, quebram as coisas e fazem todo esse alarde – eu disse.
- Às vezes eles queiram apenas mostrar que a monarquia não é o certo para o país – comentou Rachel.
- Você pensa isso? – perguntei.
- Não sei, mas nem todos estão felizes no reino – ela disse.
- Bom vamos pensar como um todo, com ou sem monarquia um país precisa de um representante, acha que o que meus pais fazem é muito diferente do que uma democracia? Acha que votar ou não faz grande diferença se da mesma forma que um rei pode ser tirano um mal governo pode também? – eu disse e ela pensou um pouco e me respondeu.
- Acho que quando um governo é tirano o povo tem o poder de tirar ele do poder e depositar suas esperanças em outro governo, acho que a escolha deveria ser para todos – disse Rachel corajosamente, ela não tinha medo de falar o que pensava para mim, mesmo sabendo que eu era.
- Para que a monarquia caia precisaria que o povo inteiro do pais estivesse infeliz, assim como um governo, não acho que toda Illéa esteja infeliz – comentou Nuno.
- São covardes – ela disse.
- Não acho! Acho que maior coragem vem de quem dialoga, quem apenas mata e infringe o caos é covarde, a palavra tem muito mais poder do que a brutalidade – eu disse e ela me olhou em tom de desafio.
- Talvez eles não queiram dialogar, porque não acham que seriam ouvidos – ela disse.
- São covardes, a tentativa existe a chance de falha é claro, mas antes você ao menos tentar dialogar do que se acovardar e matar pessoas inocentes – eu disse olhando-a seriamente.
- Vejo que entende muito sobre essa rebelião – observou Nuno.
- Não sei nada, apenas digo pelo que vejo – disse Rachel friamente.
- O que você vê? – eu perguntei.
- Illéa não é o mar de rosas que vocês pensam ser, existe muita fome e miséria no lado leste do país – disse Rachel.
- Impossível, não temos relato de uma visão tão horrível de Illéa – eu disse.
- Talvez seja a hora de vocês irem até a região leste e verem – ela disse.
- Você mora na região leste do país? – eu perguntei atordoada com suas ultimas palavras.
- Sim – ela disse simplesmente e então nos calamos, todos ficaram em silencio e ela acomodou-se em um canto e fechou seus olhos.
Eu não podia acreditar que Illéa estava com problemas, mas o que Nuno disse me deixou um pouco apreensiva, Rachel defendia idéias controvérsias e parecia entender bem sobre a rebelião, seria ela o contato que o comandante havia comentado? Eu ficaria de olho nela de agora em diante, porque era o certo a se fazer.
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