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23 - Príncipe Lucky

Após deixar minha irmã descer para o jantar, tomei o caminho onde eu levaria Ophelia para o nosso jantar, eu havia pedido para servirem o jantar em uma sala do segundo andar, não havia pedido nada em especial. A verdade é que eu nem sabia o que exatamente pedir ou se eu gostaria de fazer algo assim, também existia o fato de não saber se valeria a pena algo assim.

Quando entrei na sala, estava realmente incrível, com velas, a mesa estava bonita e o ambiente tinha um aspecto...

- Romântico – elogiou Ophelia.

- Gostou? – eu perguntei a conduzindo até a mesa.

- Sim, mas não foi você quem pediu para fazer dessa forma, certo? – ela disse ao se sentar.

- O que? Claro que foi eu, eu que pedi para fazerem isso, eu que pedi as velas e os... Os negócios de enfeites e... Francamente eu me sinto ofendido com sua desconfiança – eu disse fingindo ultraje e me servindo.

- É eu vejo que não foi – ela disse rindo servindo-se de salada.

- Ok, não foi – eu disse rindo.

- Sabe Lucky você é atípico – ela disse rindo.

- Atípico é novo, eu já escutei peculiar, inusitado e vários outros, mas acho que atípico é novo mesmo – comentei pensativo e ela riu.

- Sabe Lucky você é como isso – ela disse mostrando uma cebola – Por conta das camadas e...

- Eu sou fedido? – perguntei brincalhão.

- Não! Claro que não, me refiro ás camadas – ela disse rindo.

- Claro, sei então sou fedido e desagradável entendi – eu disse fingindo ficar bravo.

- Ok, você não gostou da comparação com a cebola, vou usar uma fruta, já sei você é como um coco – ela disse e eu ri.

- Oco por dentro? Gostei! – eu disse rindo.

- Não! Eu digo um coco porque por fora você é durão, mas por dentro é doce – ela disse sorrindo.

- Acha mesmo que sou doce? – perguntei erguendo a sobrancelha, estava gostando dessa conversa.

- Acho que é doce como um limão – ela disse rindo e eu joguei o guardanapo nela o que a fez explodir em riso.

- Sabe eu me sinto leve quando estamos juntos, é bom apenas não falar de nada – eu confessei a ela.

- É realmente bom não falar de nada, ajuda a desestressar – ela disse voltando sua atenção a comida.

Então nós dois comemos em silencio, quando estávamos juntos nós ficávamos em silencio por vários minutos e não havia problema nisso ou aquele silencio desconfortável, era apenas não falar nada e era bom. Quando íamos para a sobremesa, queria questioná-la apenas por curiosidade.

- Ophelia, fale da sua família – eu pedi.

- Hm, o que você gostaria de saber? – ela perguntou servindo-se de sobremesa.

- Seus pais, avós, irmãos, o que fazem essas coisas – eu disse.

- Bom meus pais morreram há alguns anos atrás, então agora moro com meus avós, eu não tenho irmãos – ela disse calmamente.

- E o que você fazia fora da seleção?

- Nós temos uma pequena venda de verduras e vegetais, minha avó gosta de cultivar em sua horta e eu a ajudava sempre, meu avô também ajudava, vivíamos na maior parte do que plantávamos, meus avós gostam de uma vida saudável – ela disse sorrindo.

- Seus pais trabalhavam lá também?

- Não! Meus pais moravam no centro da cidade, meu pai trabalhava no banco e minha mãe em uma empresa de publicidade – ela disse calmamente, a forma como ela falava era calma e segura, ela nunca me fazia perguntas, as outras queriam saber até a cor da minha roupa intima, mas ela não perguntava, mas ela respondia de bom grado minhas perguntas.

- Deve ter sido difícil a adaptação, de uma vida agitada para a fazenda – eu comentei.

- Foi bom sabia? É uma válvula de escape, quando você ocupa sua mente fica mais fácil superar – ela disse.

- Como assim? – o que ela queria dizer com isso?

- Bom meus pais haviam morrido e meus avós não são do tipo que gostam de falar, minha avó me ocupou na nossa pequena fazenda e trabalhar com a terra me ajudou a superar, como uma válvula de escape – ela disse e eu olhei para o teto.

- Válvula de escape... – repeti suas palavras pensativo, acho que consigo entender o que ela quer dizer.

- Sim existem vários tipos de válvula de escape – ela disse e me olhou intensamente.

- Você disse isso para mim especificamente? - isso foi algum tipo de indireta?

- Não, eu apenas disse. Mas isso se encaixa em algum momento de sua vida? – ela perguntou.

- Não, por isso que eu achei estranho – eu disse revirando os olhos.

- Então depois do jantar temos algum cronograma? – ela perguntou, mudando de assunto e eu achei ótimo.

- Não planejei nada – eu confessei.

- Típico! – ela exclamou.

- Ei! Quanta ousadia de sua parte – eu disse fingindo ultraje.

- Francamente, estou errada? – ela perguntou rindo.

- Não, eu nunca planejo nada mesmo – eu disse rindo e dando de ombros

- Posso? – ela perguntou e eu não entendi.

- Pode o que?

- Eu posso programar alguma coisa para nós? – ela perguntou e eu deliberei.

- Promete que não será algo maçante? – perguntei.

- Prometo! – ela respondeu rindo.

- Ok, mas você quer algum tempo para isso ou iremos agora? – perguntei.

- Algum tempo, agora irei me contentar com seus improvisos – ela disse rindo.

- Certo, sairemos assim que você terminar sua sobremesa – eu disse.

- Sim senhor – ela disse voltando sua atenção para o que estava comendo.

Terminamos nossas sobremesas e saímos da sala, eu estava ferrado tinha que levar ela em algum lugar e eu não fazia idéia de onde iria levá-la, então apenas andamos pelo palácio conversando mesmo, nada demais eu não era criativo, jamais fora criativo.

- Criatividade zero a sua não é? – ela comentou.

- Sou o príncipe mais criativo e charmoso da face da terra – eu disse pomposo.

- Criativo eu discordo – ela disse rindo.

- Então me acha charmoso? – eu perguntei quando paramos diante de uma grande janela.

- Talvez um pouco – ela disse ficando de frente para mim.

- Apenas um pouco? – perguntei fazendo charme.

Ela não falou nada, segurei sua mão direita com minha mão esquerda e com a minha mão direita eu acariciei seu rosto.

- Você sabe ser legal quando você quer ser legal – ela disse suavemente.

- Sim eu sei ser muitas coisas, quando eu quero ser – eu disse estreitando o espaço entre nós e beijando-a nos lábios, ela tocou meu rosto com sua mão que estava livre.

Quando a sirene tocou todos meu corpo parecia ter sido tomado de energia, me separei dela e olhei bem em seus olhos ela acenou positivamente para mim e corremos, eu a levei até uma entrada que levaria ao abrigo real.

- Vá para o abrigo e fique lá – eu pedi olhando-a nos olhos.

- Mas e você? – ela perguntou alarmada.

- Vou ficar, bem preciso ver se todas saíram – eu disse e ela me deu um breve abraço.

- Não se exponha demais – ela disse virando-se e cumprindo meu pedido.

- Vou voltar prometo – eu gritei para ela e ela acenou para mim, em seguida voltou a correr.

Fui ao andar da elite e olhei nos quartos, Brooke estava de saída.

- Ajudei a evacuar as outras, mas não encontrei Ophelia – ela disse alarmada ao me ver.

- Não se preocupe Ophelia está bem – eu disse.

- Então vamos – ela disse pegando minha mão.

- Vá indo, a Pamela já foi? – perguntei e ela rolou os olhos.

- Se ela não rolou as escadas e ficou inconsciente em algum lugar, sim – disse Brooke.

Percebi a ironia nas palavras de Brooke e ri, porque era isso mesmo, vi o príncipe Apolon meio perdido no corredor e eu gritei para ele, ele veio até nós.

- Brooke leve vossa alteza o príncipe Apolon com você, por favor – eu pedi e ela acenou.

- Não virá conosco? – perguntou o príncipe.

- Estou logo atrás de vocês – eu disse.

Eles correram para o Abrigo, eu corri para o meu quarto, eu precisava me armar, eu tinha minha espada que era muito melhor que nada. No caminho escutei muita gritaria e correria por toda parte, alguns guardas tentaram me mandar para o abrigo, mas eu consegui escapar deles, entrei em meu quarto e peguei minha espada.

Quando estava saindo do meu quarto eu encontrei um rapaz meio perdido e eu acho que o conhecia.

- Vá se esconder – eu disse a ele.

- Eu não sei onde ir – ele disse, ele tinha um outro homem com ele e esse estava armado.

- Quem é você? – eu perguntei sem entender.

- Eu sou o príncipe Vladmir Romanov – ele respondeu.

- Ah isso explica porque pensei que conhecia você, certo vamos – eu disse.

- Deixe que Nikolai vá à frente, passe as informações para ele – disse Vladmir e eu olhei para o homem que deveria ser o Nikolai, ele era alto, forte careca seus olhos eram escuros, ele me lembrava meu instrutor Zack com aquele olhar meio maníaco, mas o que me convenceu a deixar que ele fosse a frente era a arma que ele segurava e parecia saber muito bem como usá-la, enquanto eu tinha apenas uma espada de esgrima, me senti tão inútil.

- Tudo bem – eu respondi.

E fui dando as coordenadas, aquele homem se movia realmente com agilidade, Vladmir também, e eu fiquei impressionado, eles sabiam exatamente o que fazer escutamos passos e entramos em uma sala, Nikolai ficou escutando através da porta e eu escutei um soluço e me aproximei.

- Ah, só pode ser brincadeira! – exclamei e o príncipe russo me olhou com interrogação.

Pamela estava sentada abraçando suas pernas e chorando atrás de uma poltrona.

- Eu... eu – ela tentou falar mas voltou a chorar.

- Merda Pamela por que inferno não está no abrigo? Brooke disse que você saiu – eu disse bravo.

- Eu queria, mas eu tropecei e cai, Cléo estava muito a frente e não viu, acho que machuquei meu tornozelo, então me arrastei para esta sala – ela disse chorosa.

- Seu senso de auto preservação é mínimo não é mesmo? – eu perguntei retoricamente.

- Desculpe – ela disse e voltou a chorar.

- Pare de chorar, isso não vai te ajudar – eu disse bravo.

- Podemos ir – disse Nikolai.

- Suba nas minhas costas – eu disse.

- Mas eu...- ela começou a dizer.

- Apenas suba rápido, não temos muito tempo e eu acho que não é difícil fazer isso – eu disse, eu estava muito bravo era para todas elas estarem seguras, e ela não estava.

Ela subiu em minhas costas e nós partimos da sala, corremos em direção ao abrigo real, eu tentei os pequenos abrigos, mas estavam ocupados.

Encontramos alguns guardas no caminho e eles nos escoltaram, quando chegamos ao abrigo entreguei Pamela a um enfermeiro.

- Acho que ela torceu o tornozelo – eu disse sem emoção e saí de perto, pela primeira vez Pamela me tirara do sério.

Fui direto até minha mãe que me abraçou e ficou avaliando para ter certeza que estava bem.

- Estou bem, sem arranhões prometo, Nikolai aqui é realmente bom no que faz – eu comentei e ele sorriu.

- Você está bem príncipe Vladmir? – perguntou minha mãe a ele.

- Estou, tivemos sorte de encontrar o príncipe Lucky, realmente não sabíamos o procedimento – disse ele.

- Não tivemos muito tempo de conversar, mas assim que passar isso, o chefe da guarda passará todos os procedimentos de segurança a Nikolai – disse meu pai.

- Agradeço, sinto muito por ter chego tão tarde – disse ele.

- Não se preocupe com isso, fico feliz que estejam bem – disse minha mãe.

- Alias o Nikolai é incrível – eu comentei.

- O que dizer? Somos Russos – disse Nikolai com um sorrisinho.

- Não ligue para o Nikolai, ele gosta de se exibir – disse Vladmir.

Eu olhei para ele, ele estava diferente do pouco que me lembrava, mas o que eu poderia dizer? Não prestei atenção nele antes, não costumo ser bom de memória.

Então reparei que ele olhava em nossa volta discretamente, então comecei a olhar em volta também Grace não estava no abrigo e meu estomago afundou.

- Ela está em um abrigo menor – disse Amberly que segurava a mão de Antony.

- Como sabe? – perguntei.

- Um guarda veio nos comunicar, ela está com o príncipe Nuno e uma garota da elite – disse Amberly e eu olhei para elas.

Cléo estava aqui, Brooke estava conversando com o príncipe Apolon, ele parecia assustado, Sophie estava sentada a um canto e Ophelia também e me olhava, agora Pamela que estava com o enfermeiro cuidando de seu tornozelo, assim estava faltando... Oh céus Rachel!

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