12 - Princesa Grace
Desci para o café da manhã ao lado do meu irmão, ao chegarmos para o café, Amberly estava com cara de poucos amigos, Antony parecia normal, ele estava absorto em uma conversa com meu pai e minha mãe. Quando nos sentamos a mesa, eu me sentei ao lado de Amberly e Lucky sentou ao lado de minha mãe, ficaram de frente um para o outro. Sabe seria mais fácil se ele ajudasse, Amberly não pareceu nada satisfeita de ficar de frente para ele, mas Lucky não lhe deu qualquer importância, ele parecia realmente interessado em escutar a conversa de nossos pais, mas eu o conhecia muito bem, ele estava em seu próprio mundo, bem distante dos problemas políticos de Illéa.
- Ficar emburrada só alimenta o cinismo dele – comentei para Amberly, baixinho.
- Ficou sabendo de tudo? – ela perguntou virando-se para mim.
- Sim, ele me disse – eu comentei e ela pareceu irritada.
- Ele te contou a versão dele, que é conturbada dos fatos – ela disse.
- Amberly, sinceramente não esperaria menos de Lucky, mas acredito que precisamos conversar, porem aqui não é a hora nem o local – eu disse mordiscando uma fruta.
- Perdi a fome, poderia me acompanhar? – ela disse levantando-se.
- Claro... – eu disse dando um olhar saudoso para meu café da manhã.
Amberly saiu a frente e eu a segui resignadamente, pedimos licença aos nossos pais dei a desculpa dos preparativos para o casamento e eles assentiram. Antes de sair eu dei um olhar significativo para Lucky que acenou com a cabeça e eu o vi contrabandear algumas coisas para seu bolso.
Lucky não era o demônio que todos pintavam, meu irmão era cuidadoso e ele sabia que eu estava com fome então para não levantar suspeitas ele afanaria comida para mim. As pessoas julgavam a casca externa de Lucky, porque não o conheciam de verdade e eu acredito que ele nunca se mostro de verdade a ninguém, apenas para mim, porque eu o conhecia profundamente.
Fui com Amberly até uma sala que era usada para pequenas reuniões.
- O que ele te contou? – ela perguntou quando fechei a porta.
- Isso importa? – perguntei suspirando.
- Claro quero saber o que farei, afinal eu não serei intimidada por um fedelho como ele – ela disse séria.
- Olha Amberly, o que você vai ganhar expondo nosso irmão? – perguntei calmamente.
- Você sabe o que ele estava fazendo? – ela rebateu.
- Você o pegou durante o ato? – perguntei sagazmente.
- Claro que não, que horror! Para a nossa sorte peguei antes – ela disse.
- Não sabemos se eles iriam até o fim, mas isso não vem ao caso. Ele não fará de novo – eu disse.
- Não vem a caso? Sabe o problema que esse tipo de coisa pode desencadear? Não somos mais a família real que o príncipe pode abusar de todas as selecionadas e estará tudo bem, estamos enfrentando muitos problemas e esse tipo de atitude de Lucky pode nos trazer ainda mais dores de cabeça – explodiu Amberly.
- Exatamente por estarmos em uma fase tão conturbada, você acha mesmo que devemos arrumar mais esse problema para a cabeça do papai? – eu disse sutilmente e ela ficou me olhando.
- O que espera que eu faça? Espere que ele faça algo pior? – ela perguntou brava.
- Não, espero que fique em silencio eu cuido do Lucky – eu disse e ela me olhou rancorosa.
- Fora de cogitação, isso é contra as regras – disse Amberly, sim as regras, o marido de Ambely era Antony, mas ela sempre teria um caso com as regras.
- Mas ninguém quebrou as regras – eu disse calmamente.
- Ele quase quebrou as regras – disse ela.
- Mas não quebrou.
- Ele ia se eu não tivesse chego – ela disse furiosa.
- Ele não faria isso – eu disse com confiança, mas eu sabia que ele faria sim, porém não era algo que eu podia contar a ela.
- Como sabe que não?
- Eu o conheço – eu disse.
- Eu também o conheço, e sei que ele faria sim – ela disse e meus olhos brilharam, como ela podia dizer que o conhecia?
- Desde quando você conhece o Lucky? – perguntei com um quê de ousadia.
- Desde que vocês nasceram – ela disse com um sorrisinho presunçoso.
- Conviver, ver as vezes não é conhecer, você nem mora no palácio, nós nos vemos raras vezes desde que sou criança – eu a desafiei.
- Já sei o bastante para crer que ele faria – ela teimou.
- Não Amberly, você não o conhece, você nunca passou muito tempo conosco, você sabe qual é a cor favorita do Lucky? Sabe o que ele gosta de fazer? O que ele gosta de comer? – perguntei e ela pareceu confusa.
- Isso não vem ao caso – ela disse quando percebeu que eu não deixaria ela dizer que o conhecia, eu acredito que conhecer não é ver a pessoa apenas e trocar meia dúzia de palavras, eu vivo ao lado dele desde que nascemos, eu sei quando ele mente, sei quando ele é sincero e sei muito bem que ele se esconde atrás de uma máscara de ironia, que Lucky tem um coração maravilhoso, mas ele nunca mostra isso as pessoas, ele prefere se esconder atrás de sua fachada de cara rebelde e safado, e o que ele faz é para suprir o vazio que ele sente.
- Ele me ameaçou – ela disse finalmente após um período de silencio que ficamos nos olhando.
- E você irá ceder aos caprichos de um príncipe mimado? Irá encher a cabeça do nosso pai apenas para mostrar que ele não a intimida? Ora vamos, você é melhor que isso, melhor que ele então vamos acabar com essa birrinha ridícula – eu disse e ela pareceu atônita.
- Não sei, acho que o Lucky merece ser punido – disse Amberly em tom de reclamação.
- Ele merece mesmo, mas a vida lhe providenciará o que você realmente merece, não somos ninguém para julgar certo? – eu disse percebendo que estava ganhando.
- Você está responsável pelos atos de Lucky, se ele sair da linha um milímetro, eu não hesitarei em contar ao papai – ela disse friamente.
- Ele não sairá, por hora concentre-se nos ataques que eu cuido dele – eu disse séria.
- Está avisada – disse Amberly antes de sair ainda um pouco brava da sala, e eu permaneci na sala por alguns minutos.
Amberly era uma irmã difícil, ela não cedia fácil e eu sabia que ela mesma estaria de olho para o delatar, quando saí da sala fui a procura dele, o encontrei em seu quarto.
- E aí como foi com a chaterly? – ele perguntou em tom zombeteiro.
- Você está bem encrencado, eu me comprometi a ficar de olho em você, mas eu sei que ela também ficará, e ela disse que não hesitará em contar ao papai diante de mais um deslize seu, e você sabe que um deslize é contra as regras não sabe? – eu disse me sentindo cansada ao sentar em sua cama.
- As regras... Sim eu sei...
- Então sabe o que papai pode fazer se você as infringir certo? – perguntei e ele apenas balançou a cabeça e me entregou uma trouxinha e quando abri o agradeci, eu estava faminta.
- Sabia que estaria com fome – ele disse colocando as mãos atrás da nuca.
- Eu poderia pedir para as minhas assistentes um lanche – eu disse enquanto comia.
- Eu sei que sim, mas achei melhor lhe trazer algo para não levantar suspeitas de que o assunto entre vocês era sério – ele disse dando de ombros.
- Não acredito que você pensou nisso tudo sozinho – eu disse admirada.
- Vá se danar! – disse Lucky e eu ri.
- Brincadeiras à parte, por favor, eu não quero levar bronca por sua causa então se contenha – eu disse séria.
- Sabe o que me revolta? Não teve toda essa frescura com o Shalom – ele disse bravo.
- Claro que não, o Shal não era um safado – eu disse dando de ombros.
- Safado? – ele perguntou se fingindo de ofendido.
- Conheço outros adjetivos que possam defini-lo também – eu brinquei e ele balançou a cabeça negativamente.
- Só porque ele era um banana, não quer dizer que temos que seguir um padrão – ele disse cruzando os braços meio carrancudo.
- Ora vamos Lucky, se você tivesse um comportamento menos rebelde e indecoroso... – eu comecei e ele me cortou.
- Claro! Eu tinha que ser como o filho perfeito, não é mesmo? – ele disse com ironia.
- Olha Lucky, sem ataques de ciúminho certo? O que está feito está feito, você não é como ele e as pessoas desconfiam até da sua sombra, supere – eu disse ficando irritada com seu comportamento infantil de "Isso é injusto".
- Mas é injusto! – ele exclamou.
- Injusto ou não, não podemos fazer nada. Você podia mudar o jeito que as pessoas te veem sendo uma pessoa melhor – eu disse.
- Ah então não sou uma pessoa boa? – ele perguntou parecendo ofendido.
- Claro que não é, você é egoísta, é reclamão, safado, usa e abusa das pessoas, é manipulador... Quer que eu continue a lista? – perguntei farta.
- Não, eu já entendi – ele disse carrancudo.
- Por favor Lucky me ajude a te ajudar, eu quero que você faça sua escolha sem que envolva relações mais intimas – eu pedi e ele soltou os braços.
- Tenho outra escolha? – ele perguntou com voz cansada.
- Infelizmente não, a não ser que você queira que o papai faça a escolha por você – eu disse e ele balançou a cabeça negativamente e sentou-se na cama desolado.
- Odeio a minha vida sabia? – ele comentou e eu encostei minha cabeça em seu ombro.
- Não odeia nada – eu disse.
- Odeio sim, eu preferiria ser apenas um rico mimado, ser príncipe, rico e mimado não tem graça, muitas regras e protocolos a se seguir – ele disse com enfado e eu ri.
- Rico mimado? Nada modesto você não é mesmo?
- O que? Acha mesmo que eu queria ser qualquer um? Fracamente, eu gosto da boa vida – ele disse rindo.
- Pois é, sua rebeldia tem limites – eu comentei rindo.
- Claro que tem, existe um limite saudável em minha rebeldia – brincou ele e então bateram na porta, nós dois olhamos e ele pediu para entrar.
- Altezas – era Carol minha assistente, ela fez uma reverencia para nós dois antes de prosseguir – Foi difícil encontra-la alteza – ela comentou e eu sorri para ela, Lucky apenas rolou os olhos.
- O que é tão urgente Carol? – perguntei.
- Vossa alteza o príncipe Henry está no telefone e aguarda falar com a senhorita – ela disse e eu suspirei.
- Com licença Lucky – eu disse e ele deu de ombros.
- Tenho encontros para marcar – ele disse com seu sorrisinho.
Eu parti com Carol ao meu lado e percebi como meu irmão havia mudado em relação as minhas assistentes, mas agora ele tinha trinta garotas atrás dele, porque ele correria atrás das funcionárias do palácio?
Peguei o telefone assim que cheguei.
- Henry? Oi é a Grace – eu disse e escutei sua linda voz pelo telefone.
"Oi amor, como você está?" – ele perguntou docemente.
- Estou bem e você? – perguntei, de uma coisa eu jamais poderia reclamar, Henry tinha uma voz muito bonita, ele tinha um tom grave quando falava era bom escutá-lo.
"Muito melhor agora falando com você, estava com saudades" – ele disse e eu sorri feito boba para o telefone.
- Me conta como estão as coisas por aí? – eu quis saber.
"Bem, aliás que bom você perguntar tenho algumas coisas para te contar" – ele disse feliz.
- Cecile? – perguntei, eu estava preocupada com Cecile, ela havia ficado arrasada com a possibilidade de não casar-se com Lucky.
"Cecile está bem, daremos um baile em uma honra, ela poderá conhecer alguns príncipes e quem sabe escolher um?" – ele comentou.
- Espero que sim – eu disse sorrindo.
"E eu espero que venha no baile" – ele disse.
- Sabe que não posso – eu disse e ele pareceu não gostar.
"Grace seu irmão tem dezenove anos, ele sabe se cuidar, preciso de você ao meu lado nesse grande baile" – ele disse um pouco mais ríspido.
- Eu disse que não, eu não posso sair de Illéa agora, meus pais ou minha irmã mais velha ficarão encantados em representar Illéa no grande baile, mas eu não vou – eu disse com veemência.
"Mas Grace, isso é importante, preciso de você ao meu lado" – ele insistiu.
- Meu irmão também precisa, e eu acredito que ele precisa muito mais – eu disse.
"Não seja ridícula, ele pode muito bem se cuidar, preciso apresentar minha futura esposa aos figurões" – ele disse pomposo.
- Ora francamente, temos um trato – eu disse secamente.
"Mas esse trato é sobre o casamento, é apenas uma festa Grace" – ele disse.
- Não importa, será que não vê que depois do casamento eu terei menos tempo com o meu irmão? – perguntei.
"Faz parte da vida, temos que seguir em frente oras" – ele disse.
- Você nunca entenderia – eu disse ficando brava.
"Entender o que? Que você ama mais o seu irmão do que me ama?" – ele perguntou e eu fiquei estupefata, como ele ousava falar esse tipo de coisas para mim?
- Não acredito que falou isso, não existe e nem nunca existirá comparação. Lucky é meu irmão e eu o amo incondicionalmente, eu nasci com ele, eu cresci com ele, e eu sempre vou ama-lo, é como o amor que eu sinto por meus pais, existem coisas que nunca mudarão, se era isso que você queria escutar então sim. Eu amo meu irmão mais do que amo você e eu sempre vou amar, porque ele é a pessoa mais importante para mim. Existe um laço entre nós que nada e nem o tempo poderá abalar, nós sempre dividimos tudo até o útero de nossa mãe. Então percebe o quão ridículo você foi com sua colocação infeliz? – quando terminei estava arfando, estava muito brava, ele jamais poderia comparar o que eu sentia pelo meu irmão ao que eu sentia por ele.
"Grace eu..." – ele começou, mas eu estava farta de escutar.
- Chega Henry, tenha um bom dia, pense bem sobre tudo que eu te falei, o nosso acordo e sobre todas as besteiras que você me falou. Quando você terminar essa reflexão, aí então me ligue, antes disso permaneça calado que gostarei mais de você dessa forma – eu disse antes de desligar o telefone na cara dele.
Quanta petulância da parte dele querer se comparar ao meu irmão, embora o que eu sentisse por ele fosse algo fraternal e semelhante jamais seria igual, Lucky era como uma parte de mim, era como se sempre estivéssemos ligados, ele é a parte destrambelhada e eu sou a razão, sempre nos completando dessa forma. Não era atoa que havíamos vindo juntos a este mundo, eu gostava de pensar que ele nunca seria bom o bastante sozinho, por isso que eu havia vindo com ele, porque era o nosso destino, ficar juntos por laços inabaláveis.
7440z
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