Epílogo
Saí das rédeas daquela vila.
Delanay me apoiou completamente, quando finalmente disse à ela que iria com meus amigos. Já tinha 16 anos, podia tomar minhas próprias decisões e foi o que eu fiz.
Tomei a decisão de ir com a família que encontrei por acaso, por quê, eles sim, destruíram preconceitos meus, e sem que eu percebesse se tornaram parte da minha história, e do que eu queria ser.
Encontrei no vento frio que fazia na mata, um lugar tão bom quanto qualquer casa, que era mais acolhedor do que qualquer cama quente ou lareira acesa. Um lugar em meio as folhagens, que me dava um conforto diferente, que não tinha nada haver com se acomodar, e sim, com novos desafios. E principalmente com novas batalhas.
Porque é isso que soldados como eu procuram. Novas batalhas.
Faziam apenas 12 horas e 23 minutos que largamos a vida antiga, e aquela vila para proteção de sobreviventes. Santa Maria del Subterrânea tinha ficado pra traz, junto com qualquer rastro nosso.
Não tínhamos um destino, de verdade. De acordo com a bússola, avançávamos para o Oeste, em direção a antiga Ásia, mas com certeza não tínhamos caminhado 10 quilômetros.
_ Vamos parar um pouco, por favor..._ Devon reclamou.
Estava escuro, a lua cheia iluminava a maior parte da floresta, mas mesmo assim, é complicado caminhar na mata no escuro. Nos mantínhamos longe de qualquer cidade, porquê Zeloides ainda estavam por ai, e por enquanto voltaram a ser nossa maior ameaça.
Nos sentamos, acendendo uma pequena fogueira. Não vamos chamar muita atenção, mas ela vai ajudar à nos aquecer de noite. Lara encarava as estrelas, pensativa, enquanto Daniel e Nando se entreolhavam, dando apertos de mão de apoio. As perdas ainda muito recentes, não sairiam da nossa memória tão cedo.
Devon desmaiou de sono rapidamente. Muitas vezes, eu me esquecia até que ele era só uma criança de 8 anos, que tinha passado por muita coisa em pouco tempo. As vezes, ele era mais forte até do que Delanay...
Lara, era uma das maiores incógnitas. Com uma explicação rápida, Daniel disse que ela era uma das melhores amigas da sua mãe, e que confiava completamente nela. Eu não discordo, mas sei quando alguém tem uma coisa escondida escondida no olhar. Reconheço isso de longe, e o olhar da Lara... Estava sempre perdido o suficiente pra ficar claro que ela pensava em algo maior que nós...
Dei um salto no chão quando um choro alto, de criança, me tirou das observações que fazia. O corpo todo em alerta, virei a cabeça rapidamente pro lugar de onde vinha o choro alto e estridente. Um barulho de "shiiiiu", tentou acalmar a criança, sem sucesso.
Daniel e Nando correram pra meta antes deu sequer poder levantar.
Parecia até que eles sabiam quem estava ali.
De dentro do mato, saiu uma mulher 30 anos, o rosto e as roupas meio sujas, o olhar assustado. Ela era uma réplica quase idêntica à Marina, tia do Nando e do Daniel, e na hora eu já soube quem era. Nos braços, uma criança, devia ter 4 anos, chorando, os cabelos escuros caindo em cascata nas costas.
Os gêmeos pareciam imensamente assustados e felizes, porquê sim, eles também sabiam quem elas eram.
_ Shiiii, calma, calma, está tudo bem pequena..._ Daniel murmurou para a menininha, a voz doce e suave._ Vai ficar tudo bem.
Pela expressão da mulher, ela também sabia quem os dois eram.
_ Minha filha, me devolvam ela!_ A mulher murmurou, quase chorando.
_ Não estamos roubando ela!_ Nando protestou._ Ela... Ela é..._ Engoliu em seco._ Nossa irmã não é?
Barbara olhou nós todos, encarando um por um (se demorando um pouco mais em Devon, que ainda dormia, sem nem ter ideia do que acontecia, e por algum motivo, em Lara também). Então, suspirou, e disse, a voz firme:
_ Eu sabia que esse dia ia chegar... Vocês são filhos do André..._ Então baixo o olhar para a filha, que fungava, soluçando com resquícios de sono e choro._ Ela está morrendo de sono... Não quis parar de dormir, é muito perigoso. O nome dela é...
_ Hanna Emily._ Os dois disseram, baixinho.
_ Vou colocar ela pra dormir. Vocês estão seguras com a gente._ Daniel anunciou.
Para bom entendedor, aquelas palavras bastavam. Irredutível e seguro, ele encarou Barbara, que agora se sentava, encolhida, perto da fogueira. Ela também entendia, eu mesmo sem conhecer os dois gêmeos que encaravam a pequena menininha com expressões idênticas, sabia que não tinha realmente como contestar. Ninguém contestaria.
Sem mais lágrimas nos olhos, Hanna Emily encarou, curiosa, os dois meninos, que ainda não sabia, serem seus irmãos. O mundo pareceu perder o ar, quando Daniel e ando encararam os olhinhos da menina. Olhinhos, que carregavam um tom, que antes tinham um único nome.
Olhinhos, de um inconfundível tom de cinza.
CHUTE NA FACE DE VOCÊS!!! VAMOS!! Eu não vou dizer nada nesse capítulo, porque meus agradecimentos merecem um capítulo só deles!!
Beijinhos milhos pra pipoca!!!
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