Capítulo 45 - Em casa. Ou quase uma casa... ( DANIEL ) parte 3
Porque quando estamos contrariados com alguma coisa, até mesmo o que considerávamos o melhor lugar do mundo, vira só a tradução do inferno?
Minha vila, meu tão amado mundo... Agora não passava de uma casca do mundo que eu queria construir.
Veronika Page se abaixou ao meu ouvido, enquanto a raiva do que acontecia ainda me atingia, e me fazia sentir que um tiro dentro da boca doeria menos. Ela se movia como uma serpente, uma leoa prestes a atacar, sua voz ecoando no silêncio...
_ Vamos embora querido... Você tem muito trabalho a fazer._ Fechei minha expressão, tentando não demonstrar o medo, a raiva e a incredulidade do que sentia. Mas era difícil não atacar ela de novo...
_ Posso..._ Tentei começar, procurando um jeito daquilo não sair como se eu fosse uma criança de 3 anos assustada. Mas isso não era realmente possível... Então, continuei, tacando o foda-se pra ela._ Posso dar ao menos um abraço nela?
Jurei que ela me analisou de cima a baixo, ainda pelas costas. Por fim, sussurrou como uma víbora, se afastando em direção a porta.
_ Você tem dez segundos._ Não esperei nem ela finalizar a frase pra me levantar e correr para Clara. Passou um plano completo pela minha cabeça, mas antes de decidir se valia a pena arriscar tudo, ela continuou._ Se tentar QUALQUER coisa... O que eu te disse, já está contando querido.
Joguei o plano no chão, e com a mente pisoteei ele para depois jogar em um vácuo mental. Veronika se dirigiu a porta, os passos batendo no chão, enquanto eu jogava os braços pelo corpo de Clara, colocando minha cabeça no seu ombro.
_ Se você puder me ouvir..._ Murmurei, o mais baixo que conseguia, minha voz saindo pouco mais alta que uma brisa._ Tudo vai ficar bem...
_ Eu não me importo comigo._ Clara respondeu, em um tom ainda mais baixo do que eu. Tentei não arfar quando ouvi ela falar, estar bem..._ Você tem muito trabalho a fazer... Pare de ser a presa, seja o predador...
Não ousei concordar com a cabeça, apenas me afastei, olhando Clara, e vendo que não havia nem sinal dela ter falado comigo. Caminhei em direção a mulher que me observava por cima do ombro, sem olhar para ela, em parte com raiva, em parte com medo dela ver a esperança nos meus olhos.
Veronika Page me deixou na porta do banker, com apenas a roupa do corpo simples, camiseta branca, jeans preto e um tênis. Então, o primeiro lugar que me veio a cabeça pra ir foi o apartamento que eu, Clara e Nando dividíamos. Uma lembrança de antes do mundo desabar.
Subi as escadas do prédio, o zumbido constante das palavras de Clara ecoando na minha mente. Um lembrete, nada mais do que isso. A porta do apartamento estava trancada. A fechadura foi trocada, provavelmente tinham arrombado... E eu não tinha mais a chave.
Não sei o motivo. Talvez meu corpo não queria mais responder, mas, mesmo depois de não conseguir abrir a porta, minha mão continuava na maçaneta, e meu olhar vidrado na fechadura.
_ Eles arrombaram a porta, trocaram as fechaduras, instalaram câmeras..._ Uma voz baixa, calma, murmurou atrás de mim._ E nos pediram pra fingir que tudo estava bem... Sabia que eles estavam com você, mas ninguém quis me ouvir. Mesmo assim... Qual foi o preço? O que te pediram pra fazer antes de te soltar?
_ Um preço que não me atrevo a contar._ Murmurei, ainda os olhos vidrados na fechadura, sabendo muito bem quem estava me olhando por trás, me julgando com os olhos pesados.
_ Eles levaram muitas pessoas. Não pense que você é o único que tem porque chorar.
_ Eu sinto muito Melissa._ Disse.
_ Não. Você não sentem._ Rebateu, mais rápido do que eu esperava._ Você sente muito por ter voltado, por ter que estar aqui, por outras merdas que tenha feito. Mas não por mim...
_ Não duvide... Sinto muito, mesmo..._ Reforcei, mesmo sabendo que não mudaria muita coisa._ É minha cunhada, eu...
_ Não mais.
A resposta pairou no ar, uma promessa que teria que dizer a Nando se um dia voltasse a ver ele.
_ Vem. Vamos ver os outros._ Os passos dela ecoaram enquanto ela se distanciava. E por algum motivo, a segui.
A casa de Melissa estava lotada, cheia de pessoas que eu ainda me sentia feliz em saber que estavam vivas. O pequeno apartamento de dois quartos, sala, cozinha e banheiro, agora comportava 6 pessoas, entre elas, Melissa, Henrique, Yasmim, Gabriel, Tia Marina e Yeva. Onde estava Maylle, D.M, Natam, Tio Rodrigo, Tio Renato, Tia Lua...??
_ Maylle fugiu com D.M ontem de manhã, pra procurar você, Nando e o resto do povo da elite._ Melissa explicou, vendo que eu procurava os rostos no meio das pessoas, sem muito sucesso._ No dia em que aquela mulher chegou, ela levou minha mão, Tio Renato, Juliana e Natan. Meu pai morreu sem uma cirurgia na noite em que vocês foram embora. Mason também foi morto por ela._ Ela não parecia muito satisfeita com a morte de Mason, mas o que eu poderia falar... Era mórbido demais se ficasse satisfeita._ Quem você está vendo são os sobreviventes de todo esse massacre.
Apenas concordei com a cabeça, suspirando alto. O luto estava se tornando uma coisa tão normal na minha vida, que já não vinha mais com um baque, mas aos poucos. Como se acostumar com a ideia da pessoa não estar mais por perto. Mesmo assim, a cada passo para dentro da casa, tinha mais vontade de chorar... Não me permiti pensar mais nisso.
Se o apartamento em que eu vivia antes era em sua maior parte branco, mal decorado e bem vazio, o da Tia Marina era muito bem decorado, cheio de cores, plantas e objetos de decoração aleatórios. Estranho, que para quem não queria ficar na vila, tivesse um apartamento tão personalizado.
A sala tinha dois sofá em tons de azul bem vivos, e uma pequena poltrona branca, um hack cheio de livros e vários quadros de paisagens espalhados perto das plantas. A cozinha embutida não era muito diferente da minha anterior. Embutida na sala e separada por uma meia parede, mas essa era cheia de quadros e vasos de plantas. A mesa de jantar tinha uma toalha e um vaso de flores decorado, e o corredor, até onde eu conseguia ver também tinha várias plantas e quadros.
Mesmo com tanta cor, não havia nenhuma vida ali. Em um dos sofás estava jogada uma colcha e almofadas, que significava que alguém dormia ali. Mesmo decorado, parecia... Impessoal. Morto. Como se não pertencesse aquela casa.
O único vestígio de um sorriso ali era o de Tia Marina, que abriu o sorriso mais triste do mundo quando me viu. Ela abriu a boca pra falar alguma coisa, mas desistiu, então eu mesmo tomei a iniciativa.
_ Oi..._ Murmurei, envergonhado.
_ Oi._ Ela respondeu, o rosto triste.
Aquele olhar triste. Aquilo era culpa minha. Completamente culpa minha. Tentei bloquear o pensamento, mas não consegui, e antes que pudesse fazer qualquer coisa, as lagrimas já estavam escorrendo.
Tristeza, tristeza e mais tristeza meu povo... Clara tem algum plano? Oq acham? Coloquem suas opinioes e teorias nos comentarios, e não se esqueçam da estrelinha que me ajuda pakas!
Desculpa por não ter postado ontem! Meu Wattpad estava em manutenção, e eu n consegui postar capítulos!
Até quarta! Queen Pop Corn.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro