Quando vi o Zeloide morder D.M, não sei o que aconteceu comigo. Alguma coisa, um fogo estranho subiu pelo meu sangue, ferveu, me deu vontade de estraçalhar o pescoço daquele Zeloide. Como se D.M fosse uma das pessoas mais importantes pra mim, mesmo eu sabendo que não é.

     Caminhamos em uma semi corrida pela mata, com D.M nas costas, alternando o peso dele entre nossos ombros, e Nando e Maylle.

     Nas mochilas que ele e Maylle trouxeram, tinham barracas e alguma comida, o que simplesmente salvou nossas vidas. Quando Louis assumiu que estávamos longe o suficiente, Nando montou a barraca e deitamos D.M lá dentro.

     Sinceramente, estávamos foda-se se ele poderia ser perigoso, se o sangue dele poderia nos infectar ou algo do gênero agora que era alguém mordido. Nos sentamos em volta, olhando e divagando sobre o que acontecia e como poderíamos ajudar.

     _ Quanto tempo acha que vai levar a transformação?_ Nando perguntou, a expressão triste.

     _ Pelo que eu sabia, assim que a pessoa é mordida, ela já se transforma, mas parece que não é exatamente assim..._ Louis murmurou, mais para si mesma, sem tirar os olhos da expressão de dor e da pele esbranquiçada do loiro.

     _ I fell..._ D.M tentou começar a falar, tossindo._ I feel the virus... Running in my veins... Trying to invade my brain...

     _ You have te rresist, man.... You must rresist!_ Maylle murmurou, pegando a mão dele sem medo. Ela apertou de leve, uma lágrima solitária escorrendo pela sua bochecha.

     _  You know it's not me May... It's te virus... But I'm doing ... My best ..._ Ele sorriu de leve pra el, apertando sua mãe também.

     "Sinto... Sinto o vírus... Correndo nas minhas veias... Tentando invadir meu cérebro.

     Você precisa rresistirr, carra... Prrecisa rresistirr!

       Você sabe que não sou eu que controlo May... É o vírus... Mas estou fazendo o meu... O meu melhor..."

     D.M sorriu pra ela, um sorriso tão triste que fez meu coração rachar um pouco mais, ficando mais triste do que já estava.

    _ Do you want to be alone?_ Maylle perguntou.

     _ I... I wanted to talk to Devon, really... Before i went._ Fiquei um tando surpreso com aquilo. Falar comigo... O que ele teria pra conversar, justamente comigo?_ Alone._ Continuou, dispensando ela, Louis e Nando. Queria falar comigo. Sozinhos...

     Os três concordaram com a cabela, saindo engatinhando da barraca. Antes que Maylle, que estava mais atrás, saísse, D.M a chamou de novo.

     _ May. Does your gun still have a bullet?_ Ela virou pra ele, concordando com a cabeça de leve._ Leve her here, please..._ Um arrepio subiu pela minha espinha, quando o entendimento da situação passou por mim, chegando junto com o medo.

     " Você quer ficar sozinho?

     Eu... Eu queria falar com o Devon, de verdade... Antes de ir. Sozinhos.

     May, sua arma ainda tem uma bala? Deixa ela aqui, por favor..."

     Achei que Maylle ia dizer não, que ia levar a arma com ela. Mas a loira apenas concordou com a cabeça de novo, tirou a arma do cinto e deixou do meu lado.

     (A partir de agora, tudo é conversado em inglês, mas para efeitos de dar mais impacto, estará traduzido direto)

   _ Você..._ Tentei começar, mas ele me interrompeu, se sentando com dificuldade.

   _ Devon... Antes de qualquer coisa, eu quero te pedir desculpas.

     Arqueei as sobrancelhas. Ele queria ME pedir desculpas? Alguma coisa estava extremamente invertida por aqui.

     _ Porque você acha que precisa me pedir desculpas? Acho que eu que tenho mais coisas para pedir perdão..._ Murmurei, segurando sua mão._ Como por exemplo, ser tão egoísta e invejoso com você...

     _ Você não é invejoso... Ou egoísta, ou qualquer outra coisa que pensem que você é... Você é obstinado, focado, que luta pelo que quer, mesmo... Mesmo todo mundo dizendo que não pode. _ Ele disse, tirando um pouco da franja do rosto com a mão livre._ Você estar aqui, ter bolado um plano pra consegui a equipe de elite, focado nisso, prova... Tudo o que eu disse é real!

     _ Eu sempre achei que você me odiasse._ Admiti.

     _ Eu nunca poderia te odiar._ Continuou._ Nunca poderia odiar minha única família...

     Fiquei completamente confuso. Família?

     Eu era órfão desde que me lembro. Sem pai, não, irmãos ou qualquer outra família. O que me contaram foi que eu fui deixado na vila, ainda bebê de colo, para ser cuidado ali. Rejeitado, desde sempre. Não tinha família, nunca tive.

     D.M percebeu a minha cara de quem não estava entendendo porra nenhuma, e continuou, fazendo um enorme esforço pra falar.

     _ Você já parou para... Para se perguntar... Porque tem tanta fixação... Pela equipe de elite?_ Perguntou, entre um folego e outro. Fiz que não coma cabeça, e ele respirou fundo pra falar.- Nossos pais... Eles era irmãos... Minha mãe era irmã da sua... E sei pai irmão do meu... Os quatro eram muito unidos, e moravam na nossa vila..._ Ele parou mais um pouco, tomando mais folego, os olhos fechados de cansaço._ E eram todos da equipe de elite da época... Até que nossas mães engravidaram... Em um espaço de dez meses de diferença. Eu nasci prematuro, e depois de pouco tempo... Meus pais voltaram a fazer missões... E quando você nasceu Devon..._ Ele me olhou, tão fundo que achei que D.M estava verificando minha alma, para se eu estava prestando atenção._ Teve um dia... Que eles foram, e não voltaram mais... Quando seus pais descobriram, deixaram você e eu com amigos deles... E como eram muito unidos... Foram procurar eles. Eu tinha acabado de fazer três anos, e você tinha pouco mais de dois..._ Eu sentia que as coisas não ficariam bem depois que ele continuasse. Mas precisava ouvir, precisava saber..._ Quando eles voltaram... O coração deles não batia mais... Eu já conseguia entender, mas você... Não compreendia como acordou com pais, e foi dormir sem eles... Pra te proteger, os amigos dos nossos pais decidiram... Não contar a verdade... Então, nos afastamos... E quando você ficou mais velho, contamos a história que você sabe... Não quis te contar depois, dos nossos pais, que eu era seu primo... Porque tinha medo de te machucar com isso...

     _ Porque conta agora? Porque..._ Ele não me deixou terminar.

     _ Você merecia saber... Antes de eu ir._ Sussurrou.

     OS olhos de D.M foram direto para a arma que Maylle deixou do meu lado. A promessa de que eu... Me recusei a terminar o pensamento.

     _ Por isso... Quero te pedir desculpas. Eu sou Denys Manuel, seu primo... E nunca me permitir aprender a ser fluente em outra língua a não ser o inglês, a língua dos nossos pais... Não nasci nos Estados Unidos..._ Murmurou. As lagrimas escorriam pelo seu rosto, e eu não tinha capacidade pra fazer nada.

    _ Todas as vezes que brigamos... Que você me fez parar na enfermaria...

     _ Pra te fazer forte._ Disse, como se aquilo fosse a melhor explicação possível._ Mas esse nunca foi o melhor jeito... Me-me desculpe... Por tudo...

     Respondi apenas com o silêncio.

     _ Devon... Eu não quero ser um deles._ D.M continuou. Eu sabia do que ele falava. Meias palavras sempre foram o suficiente pra mim._ Você faria isso?

     _ Porque?_ Foi tudo o que consegui dizer.

     _ Porque somos família. E família honra os próximos._ Respondeu.

     Eu deveria estar me contentando com isso?

     Eu deveria estar pegando aquela arma?

     Eu deveria estar apontando ela para o meu primo?

     Eu deveria ter apertado o gatilho?

     Eu deveria não estar chorando por causa disso?

     Os sons da floresta pareceram cessar com o tiro, com o luto que agora estávamos. Me permiti um ultimo pensamento, antes de largar a arma sem balas na grama.

     Não era eu que deveria estar no lugar dele?

   Profundo tudo isso não acham? A historia de D.M e Devon chega a um fim trágico... Coloquem suas opinioes e teorias nos comentários, e não se esqueçam da estrelinha que me ajuda demais!

   Até sábado! Queen Pop Corn.