O dia estava frio, escuro e sem graça. A floresta estava tão silenciosa quanto nós, enquanto caminhava-mos. Ninguém queria falar nada. Ninguém queria se lembrar de nada do que aconteceu, mesmo sendo quase inevitável...
   E também tinha o problema da fome... Nos estávamos com muita fome, mas precisávamos poupar o máximo... Esse era um dos problemas que enfrentamos durante esses quatro longos anos, junto com os Zeloides, o frio e a falta de locomoção rápida. E também a saudade e o pesar das pessoas que ficaram para trás...
   Hoje, nosso grupo consistia em 12 pessoas: Eu, meu irmão Daniel, Clara, Henrrique, Juliana, Mel, Gabriel, Yasmim, Tia Lua e Tio Ronaldo, e Tia Marina e Tio Rafael. 12 bocas pra alimentar, 12 pessoas para aquecer e manter a sanidade mental. 11 pessoas para manter a sanidade, porque Clara ja perdeu a dela a alguns anos, quando Tia Fabiana, a mãe da Clara, da Tia Lua e da Tia Bruna... Morreu.
   Quando ela veio a falecer, ainda estávamos no navio. Clara guardou o corpo na mãe por alguns meses, até a segunda tragédia na nossa vida acontecer. Ela guardou o container e enterrou a mãe, depois que chegamos na Europa. Mas acho que foram traumas grandes demais para ela... A mente da Clara se deteriorou, e agora, ela diz que sua mãe, ou o espectro dela, a persegue aonde quer que vá. Não sei se e realmemte verdade, e acho que nunca vou saber, nem ninguém além dela.
   Nesses quatro anos, senti que andava-mos em circulos nas florestas, bosques, descampados e cidades em que passamos, procurando comida e coisas para sobrevivemos.
   A noite estava quase caindo, e a luz já havia quase desaparecido completamente. Não era bom caminharmos a noite, pelos motivos óbvios dos Zeloides, que não víamos um palmo a nossa frente, e a possibilidade de ficarmos - Ainda mais - Perdidos.
   _ Vamos parar agora...  Por favor..._ Eu pedi, me encostando em uma árvore. Ninguém protestou, e nos sentamos.
   Daniel se jogou ao meu lado, colocando sua arma na cintura e seu machado ao lado ( coisa que havia conseguido em uma vila). O estômago do meu irmão roncou fortemente, e ele deu um longo suspiro.
   Tio Rafael jogou alguns gravetos e um papel em um montinho, e botou fogo no papel com o isqueiro. Aquilo fez a pequena fogueira, na qual todos nós sentamos em volta.
   Melissa se encostou em mim, e entrelacou uma mão na minha. Passei a mão pelos ombros dela, apertando seus ombros. Tia Marina suspirou e tirou de dentro da sua mochila, bolinhos Ana Maria, para entregar para nós. Havíamos conseguido aqueles bolinhos em uma pequena cidade.
   Anoiteceu completamente bem rápido, e meu corpo relachou de um jeito que fez eu me sentir uma gelatina, de tanto cansaço. Mel encostou a cabeça no meu peito e eu encostei minha cabeça na dela, abraçando um pouco mais, tanto pelo frio quanto pelo conforto.
   Gabriel era o mais perto da fogueira. Ele esfregava as mãos sem luvas, concentrado. Gabriel era o que menos estava com roupas apropriadas pro frio... Ele, na verdade, estava reunindo histórias para contar, coisa que havia virado tradição a noite, pelo menos para ele. E meio que nos impedia de pirar completamente.
   _ Vocês lembram de uma vês, a uns 2 ou 3 anos, em que nos estávamos passando por uma vila perto de um rio, em Portugal?_ Gabriel começou. Ele tinha uma memória perfeita para essas coisas._ Nós estávamos perto do rio, quando a Juliana avistou uma grande ponte que cruzava o rio, feita de pedra e bem comprida. A gente acabou indo pra la, e lembro que o Fernando quase atirou a Mel da ponte.
   _ Seu senso de humor é duvidoso Gabriel._ Mel deu um meio sorriso.
   A partir daí eu não consegui ouvir mais nada... Quando fui ver, já estava meio que roncando.
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   Oieeee milhos pra pipoca!!! Td bem?!!
   Esse capítulo, foi mais para apresentar o local onde nosso grupo está agora. E sim, a Mel e o Nando estão juntos.
   Saiu atrasado, porque não consegui escrever até ontem. Desculpa.
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   Queen Pop Corn.