21
Espero que curtam o capítulo e deixem a ⭐ se isso acontecer. Boa leitura! 💕
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Em nenhum outro momento da minha vida presenciei e experimentei algo tão gostoso. Talvez tendo consciência do que eu era, de como eu me sentia, conseguia perceber o quanto tudo no passado era falso. Era desconfortável. Era... era errado.
Aquele Jungkook não era o Jungkook de verdade. Era o Jungkook que eu tinha inventado na minha cabeça para me sentir melhor em relação a todos à minha volta.
Porque não magoar quem era importante para mim sempre foi a prioridade.
E aí as expressões, os gemidos, os toques e sensações que vinham de Jimin me mostravam o quanto aquele Jungkook era irreal. Que o Jungkook que estava com ele, naquele momento intenso, íntimo e só nosso, era o Jungkook que eu queria ser desde o começo.
Porra, transar nunca foi tão bom.
— Caralho... Como é bom foder de novo — ele soltou junto do ar que preenchia seus pulmões.
— As minhas pernas... estão tremendo. — Olhei para ele e nós dois rimos.
— Eu sei que fodo bem — se gabou. — Foi bom?
— Porra! — exclamei. — Foi delicioso. — Passei a mão na minha testa molhada. — Só que eu estou todo melado e suado. É nojento.
— Fresco. — Riu de mim.
Sou mesmo.
— Vamos tomar banho, pelo amor de Deus.
Concordou e retirou a camisinha, enquanto eu ficava de pé. Minhas costas estavam doendo por ter ficado na mesma posição por muito tempo, mas beleza.
— São duas da manhã — revelei depois de olhar meu celular. — Eram que horas quando nós subimos?
— Sei lá... Meia-noite, talvez. — Chocado. — A gente fodeu muito.
— Credo, que delícia. — Rimos. — Não tem mais música, então já deve estar todo mundo dormindo.
Eu destranquei a porta, peladão mesmo, e coloquei só a cabeça para fora, vendo se tinha alguém ali.
Tudo escuro.
— Vem. — Estiquei a minha mão para Jimin e só saí do quarto quando ele a segurou.
O banheiro ficava, praticamente, na frente do quarto, então nós só atravessamos e abrimos a porta branca.
Estava vazio. Ufa!
Tomamos banho e nos enxugamos com uma única toalha que tinha ali e depois voltamos, peladões, para o quarto e vestimos nossas roupas lá, antes de deitar na cama de novo.
— Sem sono total — murmurei, pegando meu celular.
— Estou cansado. Fiz a maior parte do trabalho sozinho — ele resmungou, deitando a cabeça no meu peito.
Eu só vesti a calça do pijama. Estava sem camisa, assim como ele.
— Dramático. — Me beliscou. — Ai!
— Não é drama. É um fato. — Entrei no Instagram e vi os stories que o Tae havia me marcado. — A gente beija tão gostoso. Olha isso...
— Concordo. — Acariciei suas costas enquanto entrava na galeria pelo aplicativo. — Posso postar?
Cliquei na foto em que estávamos abraçado que tirei mais cedo. Jimin estava de costas e eu estava com o rosto quase enfiado em seu pescoço, de olhos fechados.
Fofo.
— Tudo bem para você? — perguntou e me olhou. — Já está pronto para isso?
Pensei.
— Já — concordei. — Mas não é como se nunca tivessem me visto com um cara. Rodou um vídeo meu até no grupo do pessoal de medicina.
Ele riu.
— Mas você foi, praticamente, arrancado do armário. Agora é você quem vai postar e não outra pessoa. — Suspirei. — Está pronto para confirmar o que as pessoas especularam sobre você?
— Estou — nem hesitei em responder aquilo.
Ele ficou me encarando por um tempinho antes de se inclinar e me beijar. Foi apenas um selar longo, mas foi muito gostoso.
— Se você não se importa, eu muito menos — disse a mim, depois de nos separar.
Então eu postei no feed, com a legenda "gostoso", e marquei ele.
— Gostoso? — perguntou e riu quando eu assenti. — Você é um safado.
— Para a sua informação, eu estou falando do abraço.
— Sei. — Não parecia muito convencido, não. — Coloca "abraço gostoso" então.
— Não. Por dois motivos. — Bloqueei o telefone e o coloquei de volta na mesinha de cabeceira. — Primeiro que eu já postei. — Abracei ele. — E segundo que a ambiguidade foi proposital. Afinal, tanto o abraço quanto você são gostosos.
— Você não existe, sabia? — Assenti.
— Eu sou demais. Eu sei. — Revirou os olhos. — Coisa feia, Ji.
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Nós não demoramos muito depois daquilo para dormir. Ele dormiu primeiro, já que realmente estava cansado, mas eu não demorei tanto depois dele para pegar no sono também.
Eu... fiquei pensando em algumas coisas antes que enfim dormisse. Refleti em como poderia aquele ser baixinho e de cabelo colorido mexer tanto comigo. Com a minha cabeça, com a minha vida.
Como aquele cara que, naquele momento, ressonava suavemente em meu peito, seminu porque haviamos acabado de fazer sexo, pôde me causar tantas coisas ao mesmo tempo. Sentimentos.
Bons.
Então, quando menos esperei, eu peguei no sono. Como sempre, com Jimin sendo meu último pensamento.
Acordei horas depois e ele já estava acordado; mexendo no celular ao meu lado.
Eu me espreguicei e enfiei a cara no travesseiro ao deitar de bruços.
— Bom dia, flor — me desejou. Eu murmurei contra o tecido e ele riu por não entender nada. — Está doendo?
— Não — respondi, ainda de olhos fechados.
— Senta. — Franzi o cenho, abrindo os olhos. Contudo, assim que fiz o que pediu, abri a boca num gemido mudo, fazendo uma expressão dolorosa. — E agora?
— Porra... — Voltei a deitar de bunda para cima.
— Relaxa. Amanhã você está novinho em folha. — Voltou a atenção para a tela do aparelho.
— Que horas são? — questionei.
— Quase meio-dia. — Suspirei. — Eu fui lá embaixo. Está uma bagunça, mas não tinha ninguém acordado. Estão todos jogados pela sala.
— Misericórdia — murmurei, me forçando a ficar de pé sem sentar na cama. — Puta merda... Dói mais depois do que durante.
— Essa dor toda é só na primeira vez, relaxa. Nas próximas é mais suave. — Graças a Deus, né? — E o meu pau também não é modesto, então... você se acostuma.
Olhei para ele, tentando conter o sorriso.
— Você quer fazer isso de novo comigo? — perguntei.
— Você não? — Assenti quase que instantaneamente, demonstrando meu desespero para que aquilo aconteça de novo.
E o mais rápido possível.
— Quero muito — concluí.
— Ótimo. Eu também. E, se depender de mim, vamos transar todos os dias.
— Haja cu — eu falei quase que sem pensar e senti meu rosto esquentar quando ele riu alto.
— Vamos revezar, gato. — Piscou apenas um olho na minha direção. — Ser versátil tem seus privilégios.
Soltei um riso que poderia ser considerado tímido.
— Fazendo uma observação ao que você disse sobre o seu pau nada modesto. — Mas, apesar da timidez momentânea, eu continuei falando. — Isso não é um problema.
— Não? — Sorriu quando eu neguei.
— Ele é gostoso. Vou me acostumar rapidinho. — O vi morder a boca.
— Eu ainda preciso me acostumar com você falando essas coisas. — Quase revirei os olhos. — Mas é bom saber que você acha meu pau gostoso.
A tensão sexual estava foda ali e eu tinha certeza que se a gente continuasse naquele assunto, rolaria de novo. E, por mais que eu quisesse, precisávamos descer e ver se estava tudo bem. Foi por isso que eu mudei de assunto.
Não porque eu quis, vale ressaltar.
— Tem uma escova minha aqui. Quer? — Andei até a porta e a abri, olhando para ele em seguida. — A gente se beija e enfia o bilau um na boca do outro, acho que não tem problema dividir a escova uma vezinha.
— Você é tão delicado... Me assusta, sabia? — Ele riu, mas me acompanhou.
Não doía tanto quando eu andava. O bagulho era sentar. Aí sim doía. Monstruosamente.
Eu fiz meu xixi. Ele escovou os dentes e depois eu escovei os meus. E aí nós descemos.
Nem parece que tinham apenas seis pessoas na festa; e olha que Jimin e eu nem ficamos na sala.
Tinha latinha para tudo quanto é lado. Os travesseiros estavam espalhados pela sala, assim como a maioria das cobertas. Hoseok ainda estava dormindo no chão, entre as cobertas e abraçado a Miyeon. Seokjin estava sentado ao lado dela, como se tivesse acabado de levantar, e Taehyung passou por nós correndo cobrindo a boca com a mão e se trancou no banheiro que tinha ali no andar de baixo.
— Hm... A ressaca vai bater forte nele — murmurei, indo para a cozinha.
— Estou com fome — Jimin resmungou, sentando em uma cadeira da mesa de seis lugares enquanto me olhava ir até a geladeira.
— Se ninguém comeu tudo, ainda tem pizza. — Abri a caixa. — Ok. Tem.
Enquanto eu colocava o resto da pizza para esquentar no microondas, Seokjin se juntou a nós. E depois a garota pareceu sonolenta. E Taehyung também, com cara de derrotado.
— Está tudo bem? — Jin perguntou quando Kim mais novo sentou-se ao seu lado.
— Não. — Fez cara de sofrimento. — Eu nem bebi tanto assim... Parece que me moeram.
— Vocês fizeram uma zona — comentei, tirando a massa recheada de dentro do microondas quando esse apitou.
— Eu não lembro de nada do que aconteceu depois que o Hoseok deu um mortal para trás — Miyeon revelou e nós rimos.
— Como assim?
— Não sei. Acho que o Jin desafiou ele. Não lembro direito.
Coloquei os pedaços num prato e coloquei na mesa, mas não me sentei junto deles. Eu só peguei uma fatia e comi em pé mesmo.
Não riem de mim, ok? Não é fácil perder o cabaço com um cano PVC.
Mas é gostoso.
Entretanto, tem consequências. Não sentar é uma delas. Ser zoado pelos amigos quando eles descobrirem é outra.
Puts! Se Taehyung souber...
Se não, quando.
— Acho que a última coisa que me lembro foi... — o mais velho começou e parou, fazendo uma cara pensativa. — Vocês dois subindo. E aí só vem alguns flashes. Só sei que eu beijei todo mundo.
— Misericórdia, Jesus Cristo — Jimin soltou e eu ri.
Era engraçado quando ele usava expressões de crente. Ele não é crente.
— A gente se pegou? — Taehyung perguntou a Jin.
— Aham. — Fiz cara de nojo. — Todo mundo beijou todo mundo.
— Até a Miyeon? — Park perguntou.
— Todo mundo.
— Ainda bem que eu não vi isso — murmurei, vendo Hobi entrar e sentar-se ao lado do Park com a cara toda amassada.
— Bom dia — ele desejou, baixo.
— Boa tarde, na verdade — Jimin zoou. — Sabe seu nome?
— Não. — Abaixou a cabeça na mesa, sobre os braços.
— Está aí em pé parado igual a um dois de paus por quê? — Estava demorando para mexerem comigo.
E tinha justamente que ser Kim Taehyung.
— Estou com vontade — devolvi, vendo ele espremer os olhos para o meu lado e Jimin cobrir a boca.
Jimin acabou de me entregar.
— O que vocês aprontaram lá em cima, hein? — Dei de ombros. — Senta aqui do meu ladinho, Kookiezinho.
— Não quero. — Mordi um pedaço grande da pizza.
— Você deu o cu, Jungkook?
Eu teria negado se Park não tivesse começado a rir.
— Porra, Jimin! — exclamei de boca cheia.
— Você quer que eu comece agora? Ou depois? — Suspirei. — Eu disse que não iria te zoar aquele dia, mas hoje eu vou. Até eu enjoar.
Eu só fiquei quieto.
O vi subir na cadeira e pigarrear, fingindo ajeitar a gravata imaginária em seu pescoço.
Observação: ele ainda estava só de cueca.
— Eu me lembro bem... Era uma quinta-feira — ele começou a falar e todo mundo riu, inclusive eu. — Eu não me recordo exatamente a hora, mas era pela manhã. — A entonação e expressão eram hilárias. Dramático. — Jungkook e eu tínhamos acabado de chegar na faculdade. Ainda andávamos de ônibus naquela época e, no dia anterior, eu havia conhecido seu futuro namorado. Park Jiminie. Uma gracinha. — Revirei os olhos. — E aí, como um ótimo amigo que sou, ofereci meus conhecimentos para ensiná-lo sobre sexo gay. E ele me disse, com essas mesmas palavras, meus caros: "eu não vou dar a bunda nunca". — Todo mundo riu de novo. — Então eu olhei no fundo dos olhos deles e falei: — Ele olhou para mim e limpou a garganta outra vez. — "Eu vou te lembrar disso quando você for o passivo pela primeira vez, anota o que eu estou falando". Ele simplesmente revirou os olhos e mandou eu me foder. Mas aqui estou eu, dedicando esse discurso ao meu querido amigo, Jeon Jungkook, que não, prezados, ele não é mais virgem da bunda. Saúde. Obrigado. — Ele fingiu limpar as falsas lágrimas e eu só revirei os olhos, enquanto os outros quatro o aplaudiam. — Viu estrelas, Jungkook?
— Vi. — Ele riu. — Mas agora eu não consigo sentar.
— Vida de passivo não é fácil, meu amor — Jin disse. — Cuidou dele, né? — perguntou ao Park.
— Me esforcei — respondeu, todo sem graça. — Mas é o Jungkook que tem que julgar.
— Cuidou sim — respondi, também meio sem jeito. — Muito bem.
— Meu Deus! Eu ainda não acredito que você deu a bunda... — Ah, céus... Eu vou ser zoado pelo resto da vida. — Gente... Chocadíssimo!
— Me erra.
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Depois que nós comemos, só Jimin, Jin, Miyeon e eu já que os outros dois estavam ruins do estômago, nós fomos arrumar a bagunça. Afinal, os pais do Tae voltariam em algumas horas.
Abaixar também dói.
— Não riem do meu gatinho — Jimin brigou com eles, me abraçando pela cintura quando eu reclamei de dor por abaixar para pegar uma lata no chão e eles riram de mim.
— O karma vai pegar vocês — eu resmunguei, fazendo cara de choro. — O que vocês estão fazendo comigo é bullying. É covardia.
— Dramático! — os outros quatro mais velhos disseram juntos, e Park riu.
— Você está protegendo ele, mas ele fica te chamando de zé gotinha. — Forcei a língua contra a bochecha, destruindo Taehyung com os olhos.
Filho da mãe.
— Como é?! — Park me soltou e olhou para mim.
— Foi só uma vez. — Jin soltou um "mentira" baixo. — É que você é baixinho, hyung.
— Sou apenas três dedos mais baixo... — rosnou, irritadiço, e me cutucou no peito com o indicador. — Você acabou de entrar na minha lista de pessoas fodidas, Jungkook.
É... Estou fodido, parte dois.
— Hoje é o dia de enfiar no cu do Jungkook — resmunguei.
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Nós voltamos para casa assim que terminamos de arrumar tudo. Taehyung emprestou uma camisa ao loiro e nós fomos.
— Já viu os comentários da foto que você postou? — perguntou a mim, se jogando no sofá assim que chegamos.
— Ruins? — indaguei.
— Também. Mas teve uns super fofos.
O fato foi que eu esqueci que doía sentar.
E me joguei no sofá também.
Mano... Eu vi estrelas de novo, mas não foi gostoso como da outra vez.
Eu olhei para Park com os olhos cheios d'água e ele fez cara de dor junto comigo.
— Eu esqueci — soltei fino, fechando os olhos.
Ele acariciou a base das minhas costas – já que eu estava todo duro e com a coluna reta – e chegou mais perto, beijando minha bochecha algumas vezes.
— Eu sei que você quer rir — murmurei, ainda de olhos fechados. — Pode rir. Eu deixo.
— Eu não vou fazer isso, gato. — Eu suspirei e relaxei as costas devagar.
— Eu não saio mais daqui — garanti. — Eu vou dormir aqui. Sentado. Desse jeito.
— Nossa... Dramático. — Olhei para ele, espremendo os olhos em sua direção.
— Drama não, zé gotinha. Porque não foi você que perdeu o cabaço e sentou com tudo. — Choraminguei no final da frase.
— Zé gotinha, Jungkook?! — Hm... Me fodi.
— Cuida de mim, hyung — pedi, manhoso.
Suspirou.
— Tudo bem. Vamos tomar banho e a gente fica quietinho no quarto. — Assenti. — Aí a gente conversa sobre esse apelidinho aí.
— Só me ajuda a levantar. — Riu e levantou, estendendo as mãos para mim.
Depois que eu fiquei em pé, dessa vez Park riu da minha cara sofrida, nós fomos para o banheiro e tomamos banho. E depois que nos vestimos – só cueca mesmo –, deitamos na cama do meu quarto.
— Sabe o que eu estava pensando esses dias? — falei, deitando a cabeça no peito nu alheio.
— Hm.
— Você poderia me explicar sobre o Hoseok, como disse que faria aquele dia. — Franzi o cenho. — Quero dizer, eu pesquisei um pouco, mas me confundiu mais. Cada lugar falava uma coisa diferente.
— Ok. — Acariciou meus cabelos. — O que exatamente você quer saber?
— A diferença entre bissexual e pansexual. Porque para mim é a mesma coisa. — Ele riu.
— Mas é a mesma coisa. — Comecei a contornar os gomos quase inexistentes da barriga dele. — Bissexuais sentem atração por dois ou mais gêneros, podendo sentir por todos também e pansexuais também sentem atração por todos os gêneros.
Franzi mais o cenho.
— E o que os diferencia? — indaguei.
— Contexto histórico. Uns anos atrás não se falava em sexualidades e identidade de gênero como é falado hoje, então algumas coisas foram modificadas; o manifesto bissexual, por exemplo. — Estalou a língua no céu da boca. Fofo.
— Hm... Saquei. Obrigado por me explicar. — Sorri ao olhar para ele e recebi mais carinho na cabeça. — E assexuais?
— O que tem?
— Quero entender sobre eles também. — Voltei a encostar a bochecha no peitoral, desviando os olhos.
— Não tem segredo. São pessoas que sentem pouca ou nenhuma atração sexual.
— Nem beijinho na boca? — Senti o abdômen alheio se contrair numa risada curta.
— Claro que sim. Se beijam e namoram como qualquer outra pessoa que beija e namora. — Brinquei com o cós da cueca. Na verdade, aquela cueca com certeza era minha. — Tem assexuais românticos, que se apaixonem. E os assexuais arromânticos, que não se apaixonam. Ou se consideram arromânticos por não terem gostado de ninguém até gostar.
— Que curioso — soltei. — Eu nunca me apaixonei por ninguém antes.
— Talvez você seja arromântico.
— Acho que não. — Mordi o lábio inferior. — Talvez eu só precise entender. Talvez eu já esteja apaixonado.
Ele ficou quieto, e eu incomodado com a sua quietude.
— Tem mais alguma coisa que eu precise saber? Ou deva saber? — Limpou a garganta.
— Hm... Demi? Não-binários? Sabe o que é? — Neguei.
— Lovato? — Ameaçou me dar um peteleco.
— Não, besta. — Arrastou a ponta dos dedos pelas minhas costas. Me arrepiou todinho. — Demissexuais. Pessoas que precisam desenvolver afeto para conseguirem ter relações sexuais. Algumas até mesmo para dar uns beijinhos precisam conhecer e criar um vínculo afetivo.
O olhei.
— Que intenso. — Concordou. — E o outro?
— Hm... A não-binariedade é uma identidade de gênero. Onde a pessoa sente que não se encaixa nem no sexo masculino, nem no feminino. Podendo se identificar como os dois ou nenhum dos dois. Ou apenas não se definir.
Mordi a parte interna da boca.
— Mas se ela não se identifica nem com um e nem com outro, ou não sente que faz parte de nenhum dos dois ou dos dois, qual tratamento usa? Ele ou ela? Ou...?
— Então... É bem simples. Não existe uma regra, cada pessoa se sente confortável da sua própria maneira. É só perguntar. Qual é o seu nome?
Ele não falou mais nada e quando olhei tinha a atenção em mim, então entendi que era para responder.
— Jungkook.
— Como gosta de ser chamado? Pelo feminino ou masculino?
— Masculino.
— Simples assim. — Sorri com a graciosidade. — Tem pessoas que atendem por um deles, outras por qualquer um, outras ainda pelo neutro. As pessoas não aderem muito, mas é uma luta da comunidade que o neutro seja validado. Na verdade, até pessoas de dentro da comunidade não concordam muito com esse terceiro pronome.
— Eu nem fazia ideia.
— Uhum... Tem bastante coisa que não sabemos, inclusive eu. — Suspirou baixinho. — A comunidade trans é uma das mais afetadas. Não que as outras da comunidade não sofram, mas... É surreal.
— Imagino. — Cruzei os braços em cima do peito dele. — E se... e se eu usar isso no meu TCC? Não, necessariamente, preconceitos, mas... Direito das pessoas que fazem parte da comunidade.
— É uma ideia incrível. — Contornou uma das minhas sobrancelhas com a ponta do polegar. — E tenho certeza que você vai se sair muito bem.
— Você vai estar aqui para ver, não é? — Ele franziu o cenho e pareceu surpreso com a minha pergunta. — Ainda vai estar aqui quando eu me formar, não vai?
— Você quer que eu esteja? — Assenti várias vezes.
— Eu quero.
Eu vi os olhinhos se encherem d'água numa velocidade impressionante.
— Então eu vou fazer de tudo para estar com você. — Sorri quando ele sorriu.
— Por que você está chorando? — Passei o dedo pela bochecha, tirando a lágrima que desceu por ali em direção à barba.
Jimin negou com a cabeça devagar.
— Tantas pessoas saíram da minha vida. Tantas me afastaram. — Outra lágrima desceu. Do outro lado. — É bom saber que você me quer na sua. Me quer perto.
— É claro que eu quero, nego. Você é uma pessoa incrível. — Eu sorri quando mais lágrimas desceram. — Para de chorar, zé gotinha! Ou eu vou chorar também.
— Eu vou dar um tapão na sua bunda, moleque! — me ameaçou, todo choroso.
— Crueldade — murmurei, subindo um pouco mais e enterrando o rosto no pescoço dele.
Fui envolvido e apertado pelos braços alheios, contra o corpo seminu abaixo do meu.
— Obrigado, gatinho. Você também é uma pessoa incrível. — Selei a pele macia.
Droga. Eu não queria ir para a faculdade no dia seguinte. Eu queria ficar o dia inteiro grudado naquele cara.
🌈ི꙰͝꧖๋໋༉🏳️🌈
E aí, anjos! Como vocês estão?
Se amem. Se cuidam. Se hidratem. Se protejam 💜
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