10
Gente queria falar uma coisa pra vocês, para os leitores mais atentos, teve um pequeno erro de continuidade na história da Emily. No primeiro capítulo é mencionado que a Emily tem medo de cavalo e isso não é verdade, nos capítulos seguintes é mostrado que ela tem uma égua e ama cavalgar. Eu já consertei esse pequeno erro e peço desculpas a vocês.
━━━━━━━━ ✤ ━━━━━━━━
Maya tentava ler seu livro durante o voo, mas estava impossível se concentrar na leitura. Só de saber que o insuportável do Rodrigo estaria na hacienda quando ela chegasse, seu sangue fervia nas veias!
— Ele é tão insuportável assim? — Emily perguntou sentada ao seu lado e Maya a olhou sem entender.
— O quê?
— Você já releu a mesma página cinco vezes e está claramente irritada. E isso começou depois que a Verônica ligou avisando que o enteado dela está na hacienda, então eu só posso imaginar que o seu estado de ânimo tem a ver com isso.
— Tem sim. — Maya suspirou marcando a página e fechando o livro. — O Rodrigo é insuportável, ele nunca aceitou o casamento do pai com a minha tia e sempre destratou ela. Isso foi motivo de muitas brigas entre eles.
— Nossa! — Emily exclamou surpresa.
— Ele nunca se conformou com o fato de o pai ter deixado a hacienda para minha tia. Está tentando de tudo para invalidar o testamento.
— Mas se ele não gosta da Verônica, o que foi fazer lá?
— Irritá-la, tirá-la do sério. E eu estou aflita porque não estou lá com ela, para defendê-la e ajudá-la. Sei bem como aquele idiota pode ser desagradável.
— Eu acho que eu vou me enfiar no meu quarto enquanto ele estiver lá e não sair por nada. — Emily comentou divertida.
— É uma boa ideia. — Maya concordou dando risada.
O voo que elas estavam foi longo e extremamente cansativo, mais de vinte horas e com duas paradas, uma em Nova York e a outra em Miami. Sayuri e Brenda dormiram boa parte da viagem.
Quando o avião finalmente pousou em Cancún, Maya não via a hora de chegar logo em casa. Diferente das outras vezes, Verônica não foi buscá-las, pois não queria deixar Rodrigo sozinho na hacienda. Ela havia pedido que dois funcionários fossem até o aeroporto deixar o carro de Brenda.
...
— Então basicamente a gente vai dizer que somos todas amigas e fomos visitar a Verônica? — Brenda perguntou enquanto dirigia.
— Exatamente. — Maya respondeu. — É a verdade, só não estamos contando tudo.
— Eu confesso que estou com medo desse Rodrigo. — Sayuri comentou no banco de trás e todas riram.
— Eu também. — Emily concordou com ela.
Maya virou-se para encarar as duas.
— Simplesmente ignorem ele pelo tempo que aquele ser estiver por lá. Só temos que tomar cuidado com o que falamos, porque o Rodrigo pode ser insuportável, mas é esperto e inteligente. Melhor não falar sobre o que a gente faz.
— Ok, recado entendido. — Brenda afirmou. — Mas então a gente faz o que dá vida?
— Tia Verônica apenas disse que nós estamos indo visitá-la, que a viagem já estava marcada e nós estamos de férias. Agora, se ele resolver ficar por mais de um mês, a gente vai ter que fingir ir embora.
— Espero que ele não fique tudo isso. — Sayuri comentou novamente.
— Eu acredito que não. — Maya disse enquanto pegava o celular e avisava a tia que já estavam chegando. — O Rodrigo é o presidente das empresas em Guadalajara e dificilmente ele se afasta por muito tempo.
O carro passou pelo portão da hacienda e as meninas ficaram em silêncio. Cada uma pegou sua mala e entrou na casa.
— Lá vamos nós. — Brenda murmurou tirando os óculos escuros enquanto subia as escadas da varanda.
— Hola señoritas. — Blanca as saudou assim que entraram. — Sejam bienvenidas. Não se preocupem, a señora Verônica já me explicou.
A empregada sussurrou e as garotas se entreolharam sem entender nada.
— Que maravilha! — Verônica disse alegre saindo do escritório. — Que bom que chegaram!
Uma a uma ela as abraçou como se realmente fizesse muito tempo que não se viam.
— Tá tudo bem tia? — Maya perguntou baixinho quando chegou sua vez de abraçar Verônica.
— Está sim meu bem, não se preocupe. Tudo sob controle.
Rodrigo desceu as escadas aparecendo no campo de visão das meninas.
— Mas que bela surpresa, as hóspedes chegaram.
Maya controlou-se para responder às palavras debochadas.
— Como vai Maya? Faz um tempinho que a gente não se vê.
— Muito bem Rodrigo, e você?
— Bem obrigado. — o olhar dele relanceou para as outras três. — Não vai me apresentar suas amigas?
Tentando não soltar uma risada debochada, Maya apenas o encarou arqueando uma sobrancelha.
— Brenda, Sayuri e Emily. — ela apontou para cada uma enquanto falava. — Meninas, este é o doutor Rodrigo Castilho Vidal, enteado da minha tia. — Maya disse com deboche e ele a encarou deixando claro que não tinha gostado. — Tia nós estamos cansadas e precisando de um banho.
— É claro, fiquem à vontade. Vocês já conhecem o caminho.
Rodrigo acompanhou com o olhar até todas sumirem no andar de cima.
Sayuri deixou as coisas em seu quarto e voltou correndo para o quarto de Maya.
— Licença. Tá ocupada?
— Entra aí. — Maya disse a olhando. — Tô arrumando as coisas. Ah, vou avisar você e preciso avisar as meninas também. Evita deixar a porta do seu quarto aberta, ou então esconde alguns itens. Para o caso de o insuportável ver e descobrir que a gente mora aqui.
— Tá bom. — Sayuri disse se jogando de bruços na cama de casal. — Falando nisso, amiga até que ele é gatinho hein.
Maya parou o que estava fazendo e encarou amiga.
— Gueixa você não inventa.
— Hei calma, eu só disse que ele é bonito, nada demais.
— Eu acho bom. Já ouviu aquele ditado, por fora bela viola, por dentro pão bolorento?
— Já sim. — Sayuri assentiu rindo.
— Pois é, ele se encaixa nisso.
— Anotado. Acho que a gente não vai fazer trabalhos por esses dias né?
— Com certeza não, com o Rodrigo aqui vai ser difícil.
Bateram na porta e Maya foi abrir.
— Oi tia, entra.
— Com licença meu bem. Eu tô atrapalhando vocês? — Verônica perguntou ao ver Sayuri.
— Imagina, se quiser eu saio.
— Não, pode ficar, eu vou ser rápida. É até bom você estar aqui Sayuri porque eu já falo com as duas, depois eu vou conversar com Brenda e Emily.
— O que foi tia?
— Acho que não preciso nem dizer para tomarem cuidado com o Rodrigo né?
— Não tia, eu já falei isso pra elas.
— Ótimo, eu também quero avisar pra vocês tomarem cuidado com a Blanca.
Maya e Sayuri trocaram um olhar.
— Por que tia?
— Quando o Rodrigo chegou ela me disse algo que realmente me deixou pensativa. Ela me perguntou se ele iria me atrapalhar.
— Mas como assim? — Sayuri perguntou sem entender, assim como Maya.
— Ela percebeu que nós fazemos algo "secreto". — Verônica explicou fazendo aspas com os dedos. — E que a presença do Rodrigo aqui vai atrapalhar nossos planos.
As duas garotas estavam chocadas.
— Ela percebeu! — Maya murmurou.
— Sim querida, Blanca é esperta e juntou as peças de pequenas coisas que nós provavelmente deixamos escapar. Ela ainda me disse que eu posso confiar nela e que posso lhe pedir ajuda quando precisar.
— Será que não é melhor abrir o jogo para ela?
— Eu prefiro não fazer isso Sayuri. Blanca é uma excelente pessoa e tem minha total confiança, mas o que nós fazemos é perigoso e eu não quero expô-la a isso.
As duas assentiram concordando.
— Ótimo, agora eu vou falar com Brenda e Emily. Maya você está com a nossa encomenda?
— Sim, está escondido. Você quer que eu o pegue?
— Não, por enquanto deixe-o assim. Na hora certa você me entrega.
— Ok.
— Tomem um banho e façam as coisas que sempre fazem, não se deixem intimidar pela presença do Rodrigo.
— Vou fazer isso agora mesmo, tô precisando.
Sayuri e Verônica saíram do quarto e Maya foi tomar banho.
...
As meninas se reuniram na cozinha enquanto Blanca preparava o jantar e Maya resolveu ajudá-la. Brenda e Emily decidiram fazer uma salada que viram na internet.
Rodrigo escutava as gargalhadas e foi até lá, curioso com o motivo dessa animação toda.
Brenda contava uma de suas aventuras amorosas fazendo as meninas rirem mais ainda e Blanca a encarava abismada.
— Quando eu digo que você é doida ninguém me escuta. — Maya comentou arrancando mais risadas.
— Gente sair com a Brenda é diversão garantida. — Emily disse enquanto cortava tomates. — Digo por experiência própria.
— Ou passar vergonha. — Sayuri murmurou olhando para a ruiva que a encarou indignada.
Elas perceberam Rodrigo entrando e pararam de conversar.
— Não parem por minha causa, continuem.
Blanca virou-se e se concentrou em suas panelas.
— O assunto já tinha acabado. — Maya disse encarando o enteado da tia.
Rodrigo apenas sorriu e puxou uma das cadeiras para se sentar.
— Vocês fazem o que dá vida mesmo? Sei que estão de férias e vieram descansar na hacienda, mas com certeza trabalham em algo. Maya eu sei que é formada em História.
As meninas ficaram subitamente nervosas, pois não sabiam se Verônica já havia dito algo a ele.
— Eu estava trabalhando em um museu já fazia um tempo e decidi sair, quero algo mais livre e independente. — Maya respondeu sem se deixar abalar.
— Como sempre, não é?
— Como sempre. — a garota assentiu sorrindo provocativa. — Brenda é publicitária em uma agência em São Paulo, está de férias. Sayuri acabou de terminar um estágio em uma empresa de contabilidade e já tem um emprego em vista, está apenas descansando um pouco a cabeça antes de mergulhar nos números. E Emily acabou a faculdade de Design de Moda e vai estagiar em um ateliê.
As três ficaram surpresas com as respostas prontas de Maya, porém não disseram nada, apenas sorriram.
— Que sorte, não é? Conseguirem folga todas ao mesmo tempo. — Rodrigo comentou olhando de uma para a outra.
— Por isso não podíamos deixar a oportunidade passar. — Brenda disse abraçando Maya. — Fazia muito tempo que a gente não se via.
— Sei. — Rodrigo murmurou descrente. Era bastante óbvio que ele não acreditava muito naquela história.
— Eu vou dar uma volta a cavalo antes do almoço. — Emily anunciou levantando querendo fugir dali o mais rápido possível.
— Vou com você. — Brenda avisou já caminhando em direção à porta da cozinha com ligação para a sala. — Só vou tirar essas sandálias e esse vestido. Me espera lá no estábulo.
Emily saiu sem dizer nada e Sayuri olhou de um para o outro.
— Eu me lembrei que preciso ligar para o meu futuro emprego e perguntar algo sobre a documentação.
A garota de ascendência japonesa também saiu, indo se refugiar em seu quarto.
— Parece até que elas fugiram por minha causa. — Rodrigo comentou debochado.
— Por que será né? — Maya provocou ainda sorrindo. — Deve ser o seu charme irresistível. Blanca você consegue se virar sozinha com o resto? — ela perguntou virando-se para a empregada.
— Consigo sí señorita Maya, pode deixar comigo.
— Ótimo, eu também vou dar uma volta a cavalo. Estou com saudades do meu garanhão.
— Falando nisso, eu queria falar a respeito desse assunto com você. — Rodrigo disse quando ela passou por ele para sair da cozinha.
— Que assunto? — Maya perguntou o encarando.
— Você e sua amiga Emily criam cavalos aqui na hacienda,
Pressentindo que não ia gostar do rumo da conversa, Maya cruzou os braços e arqueou uma sobrancelha.
— O seu garanhão, segundo o que o empregado me disse, só você monta.
— E daí?
— Daí Maya que manter um cavalo assim, somente para você custa caro e...
— Pode parar por aí. — ela ergueu a mão sem deixar de encará-lo. — Eu mantenho meu cavalo, assim como a Emily mantém a égua dela. Não se preocupe com os custos do meu animal, não tem nada a ver com as despesas da hacienda.
Maya saiu da cozinha irritada com vontade de jogar algo na cabeça daquele idiota!
— Molequezinho insuportável! — ela esbravejou subindo a escada.
Verônica ia saindo do quarto e ouviu os resmungos da sobrinha.
— Tudo bem querida? — perguntou indo até ela.
— Aquele seu enteado nojento que me tira do sério!
Verônica sorriu com gosto.
— Acha isso engraçado tia? — a garota indagou cruzando os braços.
— Não meu bem, não é engraçado. Venha, você precisa se acalmar, respire e se acalme.
As duas entraram no quarto e Maya inspirou fundo tentando recuperar o controle.
— O que Rodrigo lhe disse? — Verônica indagou sentando na cama.
— Ele veio questionar o fato de eu e Emily criarmos nossos cavalos aqui.
— O que? — Verônica perguntou surpresa.
— Na cabecinha podre dele, ele achava que as despesas dos dois animais eram incluídas nas despesas da hacienda.
— E se fosse qual o problema? Eu pagaria com o maior prazer. Rodrigo está passando dos limites, eu vou ter uma conversa séria com ele.
Maya suspirou e se sentou ao lado dela.
— Tia não sei se é uma boa ideia a gente ficar, pelo menos eu, enquanto ele estiver aqui. Vou acabar perdendo a paciência. Ainda a pouco, antes de falar sobre os cavalos, ele veio nos fazer perguntas na cozinha, questionar nossa amizade e perguntar sobre os empregos das meninas.
— Não meu bem, você não vai a lugar nenhum, essa é a sua casa também Maya. Rodrigo realmente está precisando de uma situada.
Então, de repente, Verônica começou a dar risada.
— Qual o motivo da graça? — Maya perguntou tentando não sorrir também, mas já sendo contagiada pela alegria da tia.
— Antes eu tinha esperanças de que você e o Rodrigo se entendessem sabe, talvez algo a mais que amizade.
Maya encarou a tia fazendo uma careta e levantando da cama.
— Credo tia! Nem se ele fosse o último homem da face da terra!
— Hoje eu sei que estava equivocada, porque nunca daria certo. Vocês dois tem gênios fortes e ambos são explosivos. Você precisa de alguém mais calmo, sereno.
O sorriso se desfez nos lábios da garota enquanto ela calçava as botas estilo caubói.
— Eu não preciso de ninguém tia. — Maya afirmou categórica saindo do quarto.
...
Emily esperava perto do portão dos estábulos já com os dois cavalos selados, sua égua Brietta e um majestoso alazão cereja de temperamento dócil.
Ela aproveitava para tirar algumas fotos com os animais.
Ouviu risadas e virou-se vendo Maya e Brenda vindo na direção dela.
— Me esperem rapidinho, só vou selar o Rajar. — Maya disse antes de entrar correndo no estábulo.
— Tá tudo bem? — Brenda perguntou encarando a amiga que fazia carinho na égua baia.
— Sim, por quê? — Emily perguntou de volta.
— Não sei, você praticamente saiu correndo da cozinha quando o Rodrigo entrou.
— Não gosto do jeito dele, sei lá, muito arrogante.
— Isso ele é. — Brenda concordou sorrindo. — Mas vamos admitir que é um gato, e aqueles olhos...
— Você não tem jeito. — Emily comentou também sorrindo, mas lá no fundo concordava com ela. Rodrigo realmente era muito bonito. — Vai me dizer que você quer dar uns pegas nele.
— Acho que não, muito chatinho.
As duas deram risada de novo e instantes depois Maya saiu do estábulo trazendo Rajar.
[Escritório da Interpol, Lyon, França — 11h20min]
A pista que Davies e Renard tinham sobre o roubo ao Museu Britânico havia esfriado de vez.
Eles não tinham mais nada além daquelas imagens das câmeras do museu e do Aeroporto de Gatwick.
— Eu realmente achei que nós poderíamos pegá-las. — Louise murmurou enquanto olhava para a tela do tablet.
— Não desista ainda garota. — Joshua disse enquanto digitava no computador. — Elas vão dar um passo em falso.
— Quando? — a garota perguntou o olhando. — E a gente vai ficar aqui sentado esperando que elas façam algo?
— Você é ansiosa Louise, isso acaba te atrapalhando. Precisa aprender a ter paciência e esperar as oportunidades.
— Tá bom, papai.
Fazendo uma careta, a francesa continuou checando as notícias mais recentes, até que algo lhe chamou atenção.
— Olha isso. Milionário indiano é roubado dentro de sua própria casa, é o título da notícia. O milionário Komal Rahaman, que mora em Agra no norte da Índia, afirma que sua casa foi invadida por pessoas altamente treinadas, e apesar do moderno sistema de alarme, este não disparou no momento do roubo, possibilitando assim a ação rápida do criminoso. Tinha uma grande quantia em dinheiro vivo no cofre, mas o ladrão não teve interesse nos maços de notas em dólar e euro, apenas em uma rara pedra preciosa que Komal possuía. A polícia local segue investigando o fato.
— Que pedra é essa? — Joshua perguntou.
— Não fala aqui na reportagem.
— Pode ser um roubo "comum". — ele comentou fazendo aspas com os dedos.
— Pode, mas não custa investigar. Quando começamos a trabalhar juntos, me disse para seguir minha intuição, e nesse momento ela tá praticamente gritando que tem algo nisso aqui. — Louise explicou mostrando a tela do tablet.
Joshua sorriu recostando-se na cadeira.
— Touché garota.
Sorrindo também, ela se levantou indo procurar pelo agente Dubois.
Louise o encontrou em sua mesa, no chamado setor dos "agentes de escritório". Aquele pessoal responsável por fazer as investigações.
— Agente Renard. — o rapaz disse ao vê-la se aproximar.
— Olá agente Dubois, está ocupado?
— Não, pode falar.
— Gostaria que você descobrisse mais sobre isso aqui.
Louise mostrou a tela do tablet ao rapaz que imediatamente começou a digitar em seu próprio computador.
— Tudo que você conseguir descobrir me interessa.
— Certo. Como é algo recente, muita coisa ainda não foi divulgada, mas consigo dar um jeito.
— Ok. Assim que tiver resultados, me procure.
— Pode deixar.
— Merci.
...
Louise e Joshua estavam quase saindo para o almoço quando o agente Dubois apareceu na porta da sala deles.
— Eu posso voltar depois... — o rapaz disse já quase se virando para ir embora.
— Não. — Louise disse gentil. — Nós esperamos um pouco, diga o que descobriu.
Dubois entregou algumas folhas a ela.
— Ainda não consegui descobrir qual era essa pedra rara que foi roubada, mas as circunstâncias em que o roubo aconteceu são no mínimo intrigantes.
— Intrigantes como? — Joshua perguntou encarando Dubois e cruzando os braços.
— Até agora o que eu consegui descobrir é que o alarme não disparou porque ele foi desligado pelo ladrão do lado de dentro, e assim que ele saiu, ligou novamente.
— Então o criminoso, ou criminosa sabia bem o tipo de alarme que o Komal tinha em casa. — Louise murmurou pensativa.
— Provavelmente. — Dubois concordou com ela. — O criminoso também conseguiu evitar todas as câmeras de segurança ao redor da casa do senhor Rahaman, ele se movimentou pelos pontos cegos.
— A pessoa estudou o lugar de antes. — Joshua comentou. — Ela não foi filmada em nenhuma câmera? Externa ou interna.
— Não agente Davies. — Dubois negou. — Por quê?
— Ou essa pessoa sabia de todos os pontos cegos do condomínio, ou...
— Ou? — Louise perguntou querendo entender a linha de raciocínio do parceiro.
— Ou ela estava dentro do condomínio observando esse tal Komal bem de perto.
Aquilo realmente era algo a se considerar, Louise pensou consigo mesma.
— Falando nisso agente Davies, Komal Rahaman disse em depoimento à polícia que estava conhecendo uma mulher, uma turista portuguesa nos últimos dias. E acredita que estava na companhia dela quando sua pedra preciosa foi roubada.
Os dois agentes trocaram um olhar.
— Ele descreveu a aparência dessa mulher? Disse algum nome? — Louise indagou ansiosa.
— Sim, ela se apresentou como Soraya Navarro, filha de pai argentino e mãe portuguesa e disse que nasceu em Lisboa. Ele fez um retrato falado da moça, está entre os papeis que eu lhe dei.
Ela folheou rapidamente até encontrar o desenho. Deu uma boa olhada e passou o papel para Joshua.
— Loira. — Davies murmurou.
— Mas pode estar usando peruca. — Louise disse dando de ombros. — Mais alguma informação agente Dubois?
— Ah sim. — o rapaz consultou seu tablet. — Quando os policiais perguntaram se Komal suspeitava que a senhorita Navarro fosse uma suspeita, ele disse não saber. Já que ela nunca foi a sua casa, então não tinha como saber sobre a sua pedra, mas ela sumiu de repente e logo depois ele se deu conta de que fora roubado.
— Então Soraya Navarro foi embora sem se despedir?
— Exatamente agente Renard, fechou a conta e sumiu do mapa. O número de celular que ela passou ao senhor Rahaman só cai na caixa postal, a polícia tentou rastrear, mas não conseguiu nada.
— Você consegue fazer isso? Rastrear esse número? — Louise perguntou esperançosa.
— Podemos tentar definir um local aproximado, talvez uma cidade, mas pra saber exatamente onde ele está, só se atendesse uma ligação.
— Ela deve ter descartado o aparelho. — Joshua opinou levantando-se e saindo detrás da mesa. — E com certeza já deve estar longe da Índia nesse momento.
— O que eu faço? Continuou tentando descobrir mais alguma coisa ou paro? — Dubois perguntou olhando de um para o outro.
— Continue. — foi Louise quem respondeu. — Tente descobrir que pedra é essa, o porquê de ela ser tão rara e como foi parar nas mãos do Komal Rahaman. Tente rastrear também onde está Soraya Navarro, coloque um alerta discreto, nada que chame muito atenção.
— Sim senhora. Assim que eu tiver mais novidades, virei avisá-los. Com licença.
Dubois saiu deixando os dois agentes sozinhos.
— Acha que pode ser elas? — Joshua perguntou encarando Louise.
— Não quero me antecipar de novo, mas que tem algo de estranho nessa história, ah tem. Principalmente se não encontrarmos a senhorita Navarro.
— Vamos esperar que o agente Dubois descubra mais alguma coisa e aí vamos falar com o Bernard.
— Ok. Eu tô com fome, almoço agora?
— Bora, hoje eu pago. — Joshua disse pegando o paletó.
— Não creio! Você pagando o almoço Davies?!
— Não fique tão animadinha.
Louise gargalhou com gosto e seguiu para fora da sala junto com ele.
━━━━━━━━ ✤ ━━━━━━━━
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro