Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

01

━━━━━━━━ ✤ ━━━━━━━━

[Ilha de Bornéu, Sudeste Asiático — 10h20min]

— Sério, eu odeio esse lugar! — a garota de longos cabelos castanhos claros reclamou.
— Ai Emily para de reclamar! — Brenda, a ruiva que ia à frente do grupo disse irritada virando-se para encará-la. — Você tá reclamando desde que a gente desceu no aeroporto!
— Esse clima úmido é horrível, essa floresta tá cheia de mosquitos e as plantas podem ser venenosas.

Brenda inspirou fundo algumas vezes tentando manter a paciência e olhou para a outra garota que vinha atrás, essa tinha cabelos negros, pele clara e olhos puxados.
— Sayuri, ainda falta muito? Por favor não me diga que não, ou eu vou fazer uma loucura. — comentou encarando a caçula que choramingava por conta dos mosquitos.

Sayuri deu risada e desdobrou o mapa que trazia no bolso da calça jeans.
— Não, a área que estamos procurando está próxima, alguns metros adiante.
— Maravilha! Vamos continuar. — Brenda virou-se fazendo seu cabelo ruivo esvoaçar e voltou a caminhar sendo seguida pelas duas e mais outra que vinha por último.

A caminhada se tornou um pouco mais difícil por conta do terreno levemente montanhoso e escorregadio. Mais cedo havia chovido naquela parte da ilha deixando poças de lama por todo lado.
— Eu juro que nunca mais participo de uma missão na selva! — Emily voltou a protestar e dessa vez Maya, a que vinha por último, deu risada.
— Para de reclamar. Olha esse lugar, é lindo.
— Lindo nas fotos que a gente vê pela internet, da próxima vez eu fico com a Verônica em casa, bem confortável.

Ainda reclamando, ela acompanhou o passo de Brenda e Sayuri que não haviam escutado a última parte da conversa. Maya parou um pouco e ergueu o rosto para o alto inspirando fundo, absorvendo o calor do sol e o cheiro da natureza ao redor.

A calmaria daquele lugar era bem-vinda ao seu interior tão tumultuado. Era quase como se pudesse silenciar o turbilhão constante que vivia dentro de sua cabeça.

Percebendo que suas colegas estavam muito distantes, ela caminhou apressada até acompanhá-las. Bornéu era maravilhosa, mas não se atreveria a ficar perdida.
— Sabem do que eu me lembrei? — Brenda perguntou de repente. — É exatamente aqui na ilha de Bornéu que se passa o filme Anaconda 2. E assim como os cientistas do filme, nós estamos procurando uma planta rara.

As outras três pararam e olharam para ela que deu risada.
— Valeu hein amiga, como se eu já não odiasse o bastante esse lugar! — Emily passou por ela com uma expressão irritada. — Agora vou ficar achando que vai aparecer uma cobra enorme!
— Uma cobra enorme não, mas se você continuar falando alto desse jeito, vai chamar atenção de algum predador que esteja por perto. — Maya avisou e ela arregalou os olhos voltando a caminhar.
— Medrosa. — Brenda murmurou rindo.
— Você não presta cara. — Maya também deu risada. — Já sabe que ela é assim e ainda fica cutucando.
— Fazer o que se a nossa caçulinha tem medo de tudo? — a ruiva sorriu maldosa dando de ombros enquanto Maya passava por ela balançando a cabeça.

O sol brilhava forte, indicando que o meio do dia se aproximava. Pararam um pouco para beber água e voltaram à exaustiva caminhada.
— É aqui. — Sayuri anunciou checando o mapa e olhando ao redor. — Esse é o ponto marcado pela Verônica.
— Não tô vendo nada de diferente. — Brenda checava a vegetação próxima procurando a certa. — Como é mesmo essa tal planta?
— É parecida com uma orquídea, com pétalas negras e o interior azulado. Se vocês acharem, tenham cuidado, ela é muito frágil.

Emily se afastou um pouco do grupo, procurando na vegetação rasteira, sem olhar para cima. Maya virou e arregalou os olhos, Brenda notou sua reação e já ia perguntar o porquê, quando a outra lhe pediu para ficar quieta e apontou na direção da garota.
— Puta merda! — a ruiva murmurou ao perceber.

Sayuri também se virou e tapou a boca para não gritar.

Acima de Emily, tinha uma cobra pendurada nos galhos das árvores, e a atenção do réptil era focada nela.
— Emily? — Maya chamou se aproximando devagar, sempre de olho no animal.
— Não achei nada, tem certeza de que a Verônica deu a localização certa? — ela respondeu ainda concentrada na busca pela planta.
— Emily, olha pra mim, devagar.

A menina ergueu o corpo de vez chamando ainda mais atenção da cobra e encarou as parceiras.
— O que foi? — perguntou notando as expressões preocupadas delas.
— Não se mexa. — Maya pediu se aproximando devagar.
— Por quê?
— Faz o que ela tá pedindo Emily, e não olhe pra cima. — Brenda alertou.

Contrariando o aviso da amiga, ela ergueu a cabeça olhando para cima, dando de cara com a cobra.
— Emily não faz nada! — Maya avisou tentando se aproximar. — Pode ser que ela não seja venenosa, mas não tem como a gente saber.
— Eu vou gritar! — a garota soltou um palavrão enquanto suava frio.
— Não! Fica quieta. Eu tô chegando.

Maya pegou um pedaço de pau e mirou na cobra, segurando firme.
— Emily... — ela praticamente murmurava.
— O que? — a menina choramingou.
— Quando eu mandar, você corre até onde Brenda e Sayuri estão, não hesite ok?
— Tá... tá bom.

Maya continuou concentrada no animal e soltou uma longa inspiração.
— Agora Emily! — ela gritou e assim que a garota correu, a cobra fez menção de pular.

Porém, ela foi mais rápida e acertou o animal, jogando-o longe.
— Ai eu tô viva! Tô viva! — Emily tateava o próprio corpo como se estivesse se certificando de estar inteira.
— Você tá bem? — Sayuri perguntou tentando não rir.
— Ela tá ótima, foi só um sustinho básico. — Brenda comentou dando risada. — Maya foi nossa heroína de hoje, bravo senhorita Sanchez.
— Que isso, eu não fiz nada demais.
— Oh gente... — Sayuri murmurou chamando a atenção das duas e apontando para a árvore próxima. — Acho que encontramos.

Pendurada, como se fosse um lindo arranjo colocado perfeitamente ali por alguém, pendia uma linda flor de pétalas negras e miolo azulado.
— Olha aí o nosso tesouro. — Brenda disse sorrindo.

...

O hotel em que estavam hospedadas ficava de frente para o belíssimo Mar de Java, ao sul de Bornéu. A praia de areia branca e águas azuis cristalinas se estendia abaixo convidando para um mergulho.
— Então, Bornéu é tão bonita quanto parece? — a voz perguntou alegre do outro lado da linha.
— É sim tia. — Maya respondeu olhando pela janela a praia lá embaixo. — Linda e perigosa, Emily quase foi atacada por uma cobra.
— Nossa, mas ela está bem?
— Tá ótima, sendo a nossa caçula de sempre.

Sayuri sentada em sua própria cama sorriu enquanto encarava a tela do notebook.
— Eu tô ligando pra avisar que deu tudo certo, nossa caçada foi bem-sucedida.
— Excelente, e o nosso item?
— Seguro.

Os olhos verdes olharam de relance para a maleta especial em cima de uma mesinha.
— Ótimo. O voo de vocês é amanhã de manhã.
— Nem me lembre disso, quase dois dias de viagem e três escalas. Singapura, Istambul e Chicago, eu dei uma olhada no itinerário.
— Emily e Brenda vão dormir a viagem inteira. — Verônica comentou divertida fazendo a sobrinha rir também.
— Ah com certeza, ainda mais que vai ter um luau essa noite aqui na praia em frente ao hotel. Quero nem ver como elas vão conseguir levantar cedo amanhã.
— Imagino que você e a Sayuri irão nesse luau.

Maya encarou a amiga sentada confortavelmente na cama ouvindo música ou qualquer outra coisa em seus fones de ouvido.
— Tia você sabe como as coisas são, dificilmente elas vão mudar.
— Ah cariño, como eu gostaria que você voltasse a ser aquela menina de antes.

Uma lágrima solitária rolou pelo rosto dela que limpou rapidamente.
— Dificilmente isso vai acontecer.
— Eu sei. — Verônica assentiu não querendo deixá-la chateada. Sabia o quanto aquele assunto machucava sua amada sobrinha. — Vá descansar meu bem, quero vocês logo de volta em casa.
— Tudo bem tia, estou com saudades.
— Eu também cariño. Hasta luego.
Hasta luego tia.

Maya tentou expulsar aquelas imagens da mente, aquela angústia que sempre se abatia quando relembrava do passado. Por mais que tentasse esquecer, ele sempre insistia em lhe atormentar.

...

— Que dor de cabeço do caralho! — Brenda reclamou enquanto se sentava na poltrona do avião.
— Se não tivesse bebido todas ontem no luau, não estaria sentindo dor agora. — Maya comentou sentando-se ao seu lado.

Emily, que também parecia um zumbi, e Sayuri se sentaram nas poltronas da frente.
— Bebi mesmo, mas valeu a pena. Amiga eu aproveitei como se não houvesse amanhã, você deveria tentar um dia.
— Não obrigada. — Maya respondeu simplesmente enquanto abria o livro que estava lendo recentemente.

O segundo capítulo de uma saga de fantasia com romance que estava fazendo muito sucesso. Um Reino de Carne e Fogo era o nome.
— Você que sabe. — Brenda comentou dando de ombros enquanto colocava os óculos escuros e recostava na poltrona tentando ficar confortável.


[Bacalar, Quintana Roo, México — 09h15min]

— A transação foi um sucesso. — Verônica anunciou alegre, um brilho de felicidade nos olhos amendoados. — Nosso cliente recebeu a orquídea rara e o dinheiro já está em nossas contas, dividido em cinco partes iguais, como sempre.
— Ótimo tia. — Maya também comemorou. — Mais um trabalho concluído com sucesso.
— Já tem ideia da nossa próxima missão? — Sayuri perguntou sentada na poltrona verde musgo.
— Vamos descansar uns dias, vocês estão de folga, vão aproveitar. Eu preciso resolver alguns problemas.

Maya encarou a tia, ela não havia falado sobre nada disso quando conversaram a sós mais cedo.
— Sério? — Sayuri se animou levantando-se da poltrona, os olhinhos puxados brilhando.
— Sim. — Verônica assentiu.
— Bom, nesse caso, eu vou comprar agora mesmo uma passagem para o Brasil, vou rever meus pais. — disse indo até a escada de madeira escura. — Ah, quando tiver o destino da nossa próxima missão, me manda as informações por e-mail e eu vou direto para lá.
— Tudo bem, fique tranquila.

Maya esperou até que a amiga sumisse no corredor lá em cima para conversar com a tia.
— Brenda e Emily ainda estão dormindo? — Verônica perguntou sentando-se no sofá preto de couro de três lugares.
— Sim. — a garota respondeu sentando ao lado dela. — Disseram que ainda estão cansadas da longa viagem.
— Deixe-as descansar, depois converso com as duas.
— Tia?
— Sim cariño.
— Você disse a Sayuri que tinha problemas pra resolver, é ele de novo, não é? O seu enteado.
— Você me conhece tão bem. — Verônica comentou sorrindo de leve enquanto fazia um carinho no rosto da sobrinha.
— Sempre tia.
— É ele sim, Rodrigo não aceita que eu tenha ficado com o controle de metade das ações da empresa e com este lugar.
— Esteban sempre quis que você ficasse com a hacienda, que tomasse conta porque sabia o quando você amava isso aqui.
— Eu sempre dizia a ele que aqui era o meu paraíso particular, por isso ele a deixou para mim. Pena que tivemos tão pouco tempo juntos.

Os olhos dela tornaram-se saudosos, lembrando-se do falecido marido que se foi tão cedo.
— Garoto ridículo! — Maya murmurou raivosa, nunca gostou do enteado de sua tia.

Mimado e arrogante, era o tipo de pessoa que ela detestava ter por perto.
— Eu sempre disse a ele que poderia vir quando quisesse, ficar o quanto quisesse. Mas Rodrigo quer me expulsar daqui e lucrar. A hacienda fica em um lugar privilegiado, atrairia muitos turistas para essas terras, pela paisagem e a história que tem.
— Ele não vai conseguir tia, não vai conseguir tirar a hacienda de você.
— Ontem eu falei com o doutor Castro, meu advogado e ele disse que minhas chances são boas.
— Pois então, vamos acreditar. — Maya afirmou pegando as mãos macias de Verônica por entre as dela.
Gracias por tudo cariño.
— Imagina, você já fez muito mais por mim.

Por sua amada tia, ela faria qualquer coisa e enfrentaria qualquer um.
— Agora, nada de pensamentos tristes. Vá se distrair, está um dia lindo lá fora, vá fazer algo querida.
— Acho que vou andar a cavalo, estou sentindo falta.
— Ah tenho certeza de que o Rajar também está sentindo saudades.

Rajar era o nome do cavalo que ela havia comprado gastando uma pequena fortuna, mas quando viu o animal há seis meses foi amor à primeira vista e não hesitou por um momento sequer. Ele seria sacrificado por não ter mais serventia para o seu antigo dono, já que era usado como reprodutor.

Maya gostava do jeito impaciente do animal, combinava com o seu próprio temperamento indomável. Muitos não acreditavam que ela montava no enorme cavalo e o domava com maestria.

Trocou rapidamente de roupa, colocando calça jeans, botas de montaria e uma blusa folgada. Passou protetor solar e pegou óculos de sol, o dia prometia ser tremendamente quente.

Um dos funcionários da hacienda já havia selado seu garanhão todo negro e o deixou esperando por ela na saída do estabulo.
— Oi garoto. — Maya disse com voz doce chegando perto e o cavalo bateu a enorme pata no chão e relinchou. — Também senti sua falta amigo.

A hacienda Castilho ficava em Bacalar, uma cidade ao sul do estado de Quintana Roo, na belíssima península de Yucatán. Era considerada uma cidade pequena, mas por estar próxima da Riviera Maya e seus destinos exuberantes, acabava entrando no roteiro de muitos turistas, tornando-a bem movimentada, o que era ótimo para o comércio local.

A temperatura sempre alta era também um excelente atrativo, além de suas águas cor de verde esmeralda.

Maya deixou Rajar escolher para onde desejava ir, apenas queria sentir o sol em sua pele, a vitamina D sendo absorvida por seus poros o vento passando por entre seus cabelos.

Ter vindo morar com a tia no México foi a melhor coisa que ela havia feito depois de tudo que aconteceu, esse lugar era mágico e aos poucos ia lhe devolvendo a alegria, curando sua alma ferida e despedaçada.

Afastando os pensamentos tristes, ela incitou o garanhão negro em um galope. Rajar ficou mais do que feliz em atender ao desejo da dona.

...

— Nada como dormir na própria cama para recuperar o corpo do cansaço. — Brenda disse enquanto ela, Sayuri e Emily desciam a escada.
— Que ótimo ouvir isso. — Verônica comentou ainda sentada no sofá, agora com um notebook em seu colo.
— Eu estou renovada. — a ruiva jogou-se no outro sofá de dois lugares.
— Eu consegui uma passagem para hoje à tarde, amanhã eu estarei em São Paulo. — Sayuri anunciou contente.
— Que ótimo querida. — Verônica ficou feliz por ela. — Imagino que vocês duas já saibam que estou lhes dando folga esses dias.
— Já sim. — Emily que estava quieta, o que era bastante incomum, se pronunciou. — Eu acho que vou ficar por aqui mesmo, talvez ir até Cancún ou Cozumel badalar um pouco.
— Acho que vou com você, preciso de diversão.

Os olhos verdes de Emily brilharam e ela concordou exultante.

Verônica apenas olhou de uma para a outra, as duas garotas não tinham uma relação boa com suas famílias. Ela até queria ajudar, mas evitava dar palpites em suas vidas pessoas, a não ser que as próprias pedissem.
— Eu vou fazer as malas. — Sayuri disse. — Tenho que estar no aeroporto as catorze horas. Verônica eu te mandei um e-mail com alguns itens que podem render alguma coisa e estão perdidos já a um bom tempo.
— Sempre trabalhando, vá descansar.
— Isso mesmo, vá descansar pequena ninja. — Brenda a provocou com um sorriso debochado e Sayuri lhe mostrou o dedo antes de subir a escada. — Olha, ela tem garras.
— Pare de provocá-la, você é terrível quando quer.
— Desculpe Verônica, força do hábito. E a Maya, saiu?
— Foi andar a cavalo.
— Mas que safada! Nem me chamou! — a ruiva se levantou indignada.
— Você dormiu demais. — Verônica observou risonha.
— Deixa ela, vai ver só. Emily vamos comer alguma coisa.

As duas foram para a cozinha ainda debatendo sobre o assunto.

Verônica voltou a se concentrar na tela a sua frente.

Ela não imaginava que seu enteado pudesse causar tantos problemas. Rodrigo realmente estava ressentido por não ter ficado com hacienda após a morte do pai e estava fazendo tudo o que podia para tirá-la de suas mãos. Se ele por acaso descobrisse o que ela e as garotas faziam, estaria em uma bela encarrasca, além de ter que se explicar com a polícia.

Ir atrás de objetos "esquecidos" ou considerados perdidos não era crime, mas vendê-los no mercado negro e burlar vários sistemas de segurança pelo mundo, era sim ilegal. E nisso Sayuri se saía muito bem.

Cada uma delas era boa em algo, formavam o grupo perfeito.

...

Sayuri já estava quase em São Paulo, Brenda e Emily viajaram na tarde do dia seguinte para uma estadia de diversão em Cancún como elas mesmas haviam chamado. Tentaram convencer Maya a ir também, tendo até uma forcinha de Verônica, mas a moça foi irredutível e estava agradecida pela paz que reinaria na hacienda nos próximos dias.

Maya estava na piscina, tomando uma taça de vinho tinto italiano e revisando alguns itens, ajudando Verônica a escolher seu próximo alvo quando um movimento no jardim de plantas tropicais chamou sua atenção.
Lo siento señorita, não quis assustá-la. — Javier, um dos empregados apareceu por entre a vegetação.
— Não me assustou. — Maya respondeu com voz firme. — Mas o que está fazendo aqui a essa hora? Está tarde.
— A noite está quente, apenas resolvi dar uma caminhada. Fui atraído até aqui.

Os olhos negros do rapaz estavam fixos nela e Maya remexeu-se desconfortável. Não era de hoje que já havia notado o interesse dele nela e não gostava nenhum um pouco disso.

Ela abraçou o tablet junto ao peito e segurou firme a taça ao se levantar. Pretendia correr para dentro de casa, mas notou que precisaria passar perto dele para isso. Lamentou a roupa que estava usando, short curto expondo suas pernas e uma camiseta justa que moldava seus seios fartos, e ela estava sem sutiã, por isso o tablet em frente ao corpo como um escudo.

Os passos rápidos cruzaram a distância da área da piscina até a pequena escada de ferro.
— Boa noite. — ela murmurou sem encarar o rapaz e subiu os degraus rapidamente para refugiar-se dentro de casa.

Maya soltou a respiração que segurava ao entrar na sala de estar.
— Ele não desistiu?

A voz de Verônica lhe deu um pequeno susto e ela viu a tia sorrindo parada próximo a uma das janelas laterais que tinha vista justamente para a piscina.
— Não, e isso é ridículo.
— Não é ridículo cariño, Javier gosta de você, está tentando se aproximar.
— Pois ele que tira o cavalinho da chuva.
— Você precisa ver a dedicação que ele cuida do Rajar quando você não está aqui.

Verônica esperava que ao saber da afeição que o rapaz tinha pelo seu tão estimado cavalo, sua menina fosse amolecer um pouco, mas a reação foi justamente contraria.
— Ele está fazendo o que é pago para fazer tia, somente isso. Eu estou cansada, boa noite.
Buenas noches cariño. — Verônica respondeu enquanto a observava subir a escada.

Não se conformava de ver Maya daquele jeito e não sabia como ajudá-la, parece que a cada vez que tentava, ficava pior. Lhe doía saber o quanto ela sofria.

...

— Eu já lhe disse que não! Não importa o que você faça ou diga, eu não abro mão deste lugar!

A voz de Verônica Castilho soou alterada atrás das portas duplas de mogno de seu escritório.
— Eu já falei com o meu advogado Rodrigo, não vou ceder! Esteban me deixou a hacienda porque sabia o quanto eu a amava, é meu santuário particular e não abro mão dela por nada neste mundo.
— É o que nós veremos! — a voz raivosa do rapaz ameaçou do outro lado da linha.
— Por que está tão decidido a provar que eu sou uma interesseira? Por que não acredita que amei seu pai desde o dia em que eu o vi pela primeira vez?
— Eu não ligo nenhum um pouco se você o amava ou não, a hacienda Castilho é minha por direito! Sempre esteve na minha família desde a época das antigas colônias.
— Então é por isso, não é? — ela perguntou abaixando o tom da voz. — Não é por dinheiro, você simplesmente não consegue aceitar o fato de que seu pai me amava tanto que me deu este presente e não o deixou pra você.

Rodrigo ficou quieto e Verônica soube que havia atingido o alvo.
— Ele amava você, Esteban te amava tanto...
— Cala a boca! Você não sabe de nada!
— Vá em frente, vá a justiça, conteste o testamento. Nada vai mudar a vontade dele de querer que eu fique aqui, de que a hacienda seja minha.
— Por pouco tempo, pode ter certeza disso.

Rodrigo encerrou a ligação sem deixar ela responder e Verônica suspirou enquanto recolocava o fone na base.

Queria fazer um acordo, resolver pacificamente, mas seu enteado não estava disposto a isso. Só lhe restava responder as suas ofensas na justiça e se defender. E para isso, teria que viajar.

Ao sair do escritório, ela viu Maya sentada em uma poltrona com o tablet na mão.
— Você ouviu? — perguntou sentando-se em um dos sofás.
— Ouvi sim, ele não vai desistir, não é?
— Não, e tudo isso só para provar que Esteban estava errado ao me deixar a hacienda. Ela sempre esteve na família Castilho por várias gerações e ter sido passada para mim é algo que Rodrigo não consegue aceitar.
— Pois então ele que se dane! — Maya soltou exasperada indo se sentar ao lado da tia. — Esteban lhe deu ela, é sua por direito.
Gracias querida, eu queria que fosse tão fácil assim, mas não é. Pelo que o doutor Castro me informou, Rodrigo vai contestar o testamento, invalidá-lo.
— Mas que cretino! Ele não pode fazer isso com você!
— Pior que pode.

Maya não sabia nem o que dizer, sua vontade era furar os olhos daquele moleque mimado.
— E o que a gente pode fazer pra tentar contornar isso?
— Seria bom se achássemos algo além do testamento que deixasse claro a vontade do Esteban em me deixar a hacienda.
— Tem algo aqui?
— Não, eu já olhei em cada gaveta daquele escritório, no meu quarto e nada. Eu vou até Guadalajara falar com os nossos sócios, ou alguém da família que queira me ouvir e ficar ao meu lado.
— Isso é tão injusto tia, não me conformo.
— A vida não é justa meu bem, nunca foi. Bom, eu vou ver se acho um voo para Guadalajara ainda hoje, quer vir comigo? Passear um pouco.
— Obrigada, mas eu prefiro ficar aqui.
— Tudo bem, você que sabe.

Verônica foi pesquisar voos para Guadalajara e fazer as malas enquanto Maya foi treinar um pouco na academia anexada a sauna.

Ela socava o saco de areia imaginando em sua frente o rosto do insuportável e arrogante Rodrigo Castilho. Seria bom se Sayuri estivesse aqui, assim as duas poderiam treinar juntas como sempre faziam.

A garota era um gênio em tecnologia, mas também praticava artes marciais, herança de seus descendentes japoneses.

Verônica conseguiu um voo para Guadalajara saindo de Cancún as nove horas da noite e antes de viajar, despediu-se da sobrinha lamentando um pouco por ela ficar sozinha, mas Maya sorriu dizendo que gostava de sossego.

━━━━━━━━ ✤ ━━━━━━━━

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro