"NÃO HÁ NADA TÃO HUMILHANTE OU TÃO INSPIRADOR QUANTO TESTEMUNHAR A CEIFA.... PARA AQUELES QUE VIVEM ISSO DE QUALQUER MANEIRA."

— Guia de campo para Cavaleiros de dragões por Coronel Kaori.

PRIMEIRO DE OUTUBRO é sempre Ceifa.
Segunda, quarta ou domingo, não importa onde caia em um determinado ano. No dia
primeiro de outubro, os cadetes do primeiro ano do Quadrante dos Cavaleiros entram no vale arborizado em forma de tigela a sudoeste da cidadela e rezam para que saiam vivos.

Visha não se preocupou em comer naquela manhã, ela sente pena de Ridoc, que atualmente está vomitando o conteúdo de seu estômago contra uma árvore à sua direita.

Dain caminha rapidamente até ela, um sorrisinho mínimo nos lábios, era engraçado, seu irmão estava ali, com ela, e mesmo assim, ele nunca pareceu tão distante como agora.

—— Boa sorte. — ele diz.  —— Você sabe qual dragão irá abordar?

Visha balança a cabeça em negação, sem realmente ter um dragão em mente. O arco que havia trago consigo no dia do alistamento, está firme em suas costas, junto da aljava de flechas de prata que ganhou do coronel Aetos quando completou dez anos de idade, as adagas embainhadas nas costelas e pelos bolsos do uniforme de couro. Dain acena com a cabeça e se afasta, deixando que ela se prepare o melhor possível para a Ceifa.

Uma espada está amarrada nas costas de Rhiannon, o cabo empurrando sua espinha enquanto ela salta, esticando os braços sobre o peito, um de cada vez.

—— Lembre-se de ouvir aqui. — diz o professor Kaori na frente de 147 dos cadetes batendo no peito. —— Se um dragão já selecionou você, eles estarão chamando. — Ele bate no peito novamente. —— Portanto, preste atenção não apenas ao seu redor, mas também aos seus sentimentos, e siga-os. — Ele faz uma careta. —— E se seus sentimentos estão lhe dizendo para ir na outra direção... ouça isso também.

—— Se você for em grupos, é mais provável que seja incinerado do que ligado. — argumenta o professor Kaori com alguém próximo ao centro do vale. —— Os escribas executaram as estatísticas. Você está melhor sozinho.

—— E se não formos escolhidos até o jantar? —um homem com uma barba curta pergunta.

Olhando além dele, está Jack Barlowe passando um dedo em seu pescoço em direção a Violet. Tão original. Então Oren e Tynan flanqueiam seus lados. É cada um por si hoje.

—— Se você não for escolhido até o anoitecer, há um problema. — responde o professor Kaori, com o bigode grosso arrebitado nas pontas. —— Você será apresentado por um professor ou liderança sênior, então não desista e pense que esquecemos de você. — Ele verifica seu relógio de bolso. —— Lembre-se de se espalhar e usar cada centímetro deste vale a seu favor. São nove horas, o que significa que devem estar voando a qualquer minuto. As únicas outras palavras que tenho para você são —— boa sorte. — Ele balança a cabeça, varrendo seu olhar sobre a multidão.

Então ele sai, subindo a colina à nossa direita e desaparecendo entre as árvores.

—— Tomem cuidado. — Rhiannon puxa Violet e Visha para um abraço desajeitado.

—— Você também.

—— Não morram. — Ridoc ordena.

Esse é  único objetivo, o que restou do  esquadrão se separa, cada um seguindo em sua própria direção.

[...]

Há uma clareira ao norte, e os olhos de Visha  se estreitam como um flash, como um espelho, refletindo o sol. Ou como um dragão dourado.

O pequeno rabo de pena ainda estava por ali aplacando sua curiosidade. Os olhos verdes de Visha se viram para o chão pouco antes de as vozes se aproximarem, e ela se encolhe contra o tronco para não ser vista.

—— Estou lhe dizendo, acho que vi isso vindo para cá. — É uma voz arrogante que ela imediatamente reconhece como Tynan.

—— É melhor você estar certo, porque se nós apenas caminharmos até aqui só para não encontrar nada, eu vou acabar com você. — a voz de Jack.

—— Tem certeza de que não deveríamos gastar nosso tempo procurando nossos próprios dragões em vez de caçar a aberração? — É Oren.

Visha corre para trás da cobertura da árvore quando o trio passa, cada um amarrado com uma espada mortal. Visha agarra o arco, a flecha posicionada firmemente.

—— Não é como se nossos dragões fossem criar laços com outros cavaleiros. — Jack dispara. —— Eles vão esperar por nós. Isso tem que ser feito. Aquele esquelético vai matar alguém. Temos que tirar ele de jogo.

Náusea gira em seu estômago e ela agarra o arco com mais força. Eles vão tentar matar o pequeno dourado.

—— Se formos pegos, estamos ferrados. — comenta Oren.

Aquilo era um eufemismo. Os dragões  não aceitariam gentilmente matarem um dos seus.

—— É o melhor. — argumenta Jack, seu tom caindo. —— É impossível de montar, uma aberração, e você sabe que rabo de penas são inúteis em combate. Eles se recusam a lutar. — A voz dele desaparece conforme eles se afastam, indo para o norte. Em direção à clareira.

—— Merda. — ela murmura baixinho, embora os idiotas estejam fora do alcance de audição agora. Ninguém sabe nada sobre rabos de penas, Visha se perguntava de onde Jack estava obtendo suas informações.

Ela não tinha como entrar em contato com o professor Kaori, e não houve sequer um indício de que os pilotos seniores estão observando, então ela também não podia contar com eles para acabar com essa loucura.

O dragão dourado deveria ser capaz de cuspir fogo, mas e se não puder? Há uma chance de eles não encontrarem. Eles estão indo na direção certa e aquele dragão é praticamente um farol brilhante. Eles vão encontrá-lo.

Visha mantém seus passos silenciosos e corre pelo chão da floresta em um ângulo ligeiramente diferente do pequeno bando de Jack, grata por ter crescido brincando de esconde-esconde com Dain e Violet na floresta.

O prado é grande o suficiente para dez dragões, cercado por várias árvores grandes, mas a dourada fica sozinha no centro, como se estivesse tentando se bronzear. É tão bonito quanto ela se lembrava, mas a menos que possa cuspir fogo, é um alvo fácil. 

—— Você tem que sair daqui! Eles vão te matar se você não for embora!

Sua cabeça gira em direção a Visha e depois se inclina em um ângulo estranho.

—— Sim! —  A voz de Violet sussurra alto. —— Você! Dourado!

—— Violet? O que faz aqui? — Visha se aproxima.

—— Escutei Jack e os outros, não podia deixar que eles fizessem isso.

O dragão pisca os olhos dourados e balança o rabo.

—— Vá! Corra! Voe! — Visha insiste.

As árvores farfalham do sul, e Jack entra na clareira, sua espada balançando em sua mão direita. Um passo depois, ele está flanqueado por Oren e Tynan, ambos com as armas em punho.

—— Merda. — Violet murmura.

A cabeça do dragão dourado estala na direção deles, um rosnado baixo ressoando em seu peito.

—— Vamos tornar isso indolor. — Jack promete, como se isso tornasse o assassinato aceitável.

—— Queime-os. — Visha grita.

Mas o dragão não faz nada. Além de seus dentes, é indefeso contra três guerreiros treinados. Vai morrer só porque é menor, mais fraco que os outros dragões... O dragão recua, seu rosnado ficando mais alto conforme ele arreganha os dentes. Visha levanta o arco, a flecha mirada bem na cabeça de Jack.

—— Você não pode fazer isso!— Violet grita.

—— Veja! — Jack sorri, apontando sua espada na direção delas. —— Podemos eliminar os dois elos mais fracos ao mesmo tempo! — Ele olha para seus amigos e ri, parando seu avanço.

—— Você devia ter parado no Parapeito, Jack. — Visha estica a corda do arco.

—— Se você pode voar, agora seria um bom momento. — Violet grita por cima do ombro para o pequeno dragão, sacando duas adagas das bainhas em suas costelas. O dragão bufa. Tão útil.

—— Você não pode matar um dragão. — Visha olha para os três.

—— Claro que podemos. — Jack dá de ombros, mas Oren parece um pouco incerto.

—— Você não pode. — Violet diz diretamente para Oren. —— Isso vai contra tudo em que acreditamos! — Ele se encolhe. Jack não.

—— Deixar algo tão fraco, tão incapaz de lutar, viver é contra nossas crenças! — Jack grita de volta.

—— Você vai ter que passar por nós, então. — Violet diz, a voz firme.

—— Eu realmente não considero isso um problema. — Jack rosna.

Visha atira, a fecha atravessa o ombro de Tynan, que se aproximava de Violet pelo lado esquerdo. Ele grita de dor. A Aetos rapidamente já está com outra flecha de prata armada de novo. O coronel Aetos podia ser o que fosse, mas ele garantiu que a "filha" não estivesse indefesa ao entrar ma academia.

—— Eu recomendo fortemente que você repense suas ações. — uma voz – a voz dele – exige do outro lado do campo à direita.

A nuca de Visha se arrepia quando cada um deles giram na direção da voz. Xaden está encostado na árvore, os braços cruzados sobre o peito, e atrás dele, observando com olhos dourados estreitos, suas presas expostas, está Sgaeyl, seu terrível rabo de adaga azul marinho.  

ੈ✩‧₊˚ Peço perdão desde já por qualquer erro ortográfico, eu tento ao máximo revisar, mas sempre escapa um ou outro, caso achem, me avisem para que eu possa arrumar. Não se esqueçam de deixarem suas opiniões sobre o capítulo. Eu amo ler os comentários. Beijos da Thay.